terça-feira, 4 de agosto de 2009

QUEM FORAM OS VERDADEIROS APÓSTOLOS DE TODOS OS TEMPOS SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO

Franklin Ferreira e Alan Myatt, teólogos batistas (o primeiro brasileiro, o segundo norte-americano), assim descrevem o ofício apostólico:

“Os Apóstolos – pessoas comissionadas especialmente por Cristo para formular e propagar o evangelho. Seu comissionamento era feito diretamente por Cristo, e suas prerrogativas apostólicas, comprovadas por sinais miraculosos (Gl 1.1,2; 1Co 9.1; 2Co 12.12). Neste sentido, ‘a função dos apóstolos foi única e irrepetível: eles receberam a Revelação, que é o sentido e a mensagem da igreja’ (Edmund Clowney, “A Igreja”. São Paulo: Cultura Cristã, 2007).” (1)

Louis Berkhof, famoso teólogo norte-americano do século passado, assim escreveu em sua Sistemática:

“Apóstolos. Estritamente falando, este nome só é aplicável aos doze escolhidos por Jesus e a Paulo. (...) Os apóstolos tinham a incumbência especial de lançar os alicerces da igreja de todos os séculos. Somente através das suas palavras é que os crentes de todas as eras subsequentes têm comunhão com Jesus Cristo. Daí, eles são os apóstolos da igreja dos dias atuais, como também o foram da igreja primitiva. Eles tinham certas qualificações especiais: (a) foram comissionados diretamente por Deus ou por Jesus Cristo, Mc 3.14; Lc 6.13; Gl 1.1; b) eram testemunhas da vida de Cristo e, principalmente, de Sua ressurreição, Jo 15.27; At 1.21,22; 1Co 9.1; c) estavam cônscios de serem inspirados pelo Espírito de Deus em todo o seu ensino, oral e escrito, At 15.28; 1Co 2.13; 1Ts 4.8; 1Jo 5.9-12; d) tinham o poder de realizar milagres e o usaram em diversas ocasiões para ratificar a mensagem, 2Co 12.12; Hb 2.4; e e) foram ricamente abençoados em sua obra, como sinal de que Deus aprovava seus labores, 1Co 9.1,2; 2Co 3.2,3; Gl 2.8.” (2)
A seguir, apresento um breve resumo da discussão de Wayne Grudem sobre o ofício apostólico, em sua Sistemática.

“Quando o termo ‘apóstolo’ refere-se a um ofício especial, refere-se àqueles homens que receberam um tipo singular de autoridade na igreja primitiva: autoridade para falar e escrever palavras que eram ‘palavras de Deus’ em sentido absoluto. Não acreditar neles ou desobedecer a eles era o mesmo que não acreditar em Deus ou desobedecer a Deus. Atualmente, porém, ninguém pode acrescentar palavras à Bíblia e tê-las na conta de palavras de Deus. Não há mais apóstolos hoje e nem devemos esperar mais nenhum apóstolo. A razão disso baseia-se no ensino do Novo Testamento a respeito das qualificações apostólicas e da identidade dos apóstolos. Para alguém ser apóstolo, era necessário: 1) ter visto Jesus Cristo após a ressurreição (ser testemunha ocular da ressurreição), At 1.2,3,22; 4.33; 9.5,6; 26.15-18; 1Co 15.5-9; 2) ter sido especificamente comissionado por Cristo como seu apóstolo, Mt 10.1-7; At 1.8, 24-26; 26.16,17; Rm 1.1; Gl 1.1; 1Tm 1.12; 2.7; 2Tm 1.11.” (3)

Há um parágrafo de Grudem que transcrevo na íntegra:

“Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado ou proveitoso, porque simplesmente confunde quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de “apóstolo”. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes da História da Igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título ‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter”. (Página 764).

Alguns pontos que gostaria de destacar:

1 – Os apóstolos eram nomeados (comissionados) pelo próprio Jesus Cristo em pessoa, em carne e osso, diretamente e sem intermediários;

2 – Para ser apóstolo, era conditio sine qua non ter visto Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos – era requisito indispensável ser testemunha ocular da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo;

3 – Em dois mil anos de História da Igreja, ninguém jamais ousou assumir para si mesmo o título de apóstolo, nem jamais permitiu que outros assim lhe chamassem (a única exceção, possivelmente, são os papas, e num certo sentido, nem mesmo eles se autoproclamam “apóstolos” no sentido neotestamentário).

Portanto:

1 – Jesus Cristo virá em pessoa, em carne e osso, diretamente, em sua Segunda Vinda. Ninguém em sã consciência e à luz da Bíblia pode querer argumentar ter tido uma “entrevista” com Jesus Cristo em pessoa e ter sido designado diretamente por Ele como apóstolo, profeta, ou seja lá o que for;

2 – Ninguém pode preencher a exigência de ter testemunhado a vida, morte e ressurreição de Cristo, simplesmente porque esses fatos ocorreram há dois mil anos;

3 – Francamente, não creio que aqueles que hoje em dia proclamam a si próprios “apóstolos” com tão descarada audácia, cheguem aos pés de homens como Atanásio, Agostinho, Anselmo, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, João Calvino, Ulrich Zwinglio, Menno Simmons, Jonathan Edwards, George Withefield, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, John Stott, Billy Graham e tantos outros (homens dos quais o mundo não era digno, como diria o autor de Hebreus), e destes, nenhum ousou sequer cogitar a possibilidade de proclamar-se “apóstolo”. Nem mesmo Timóteo jamais foi chamado apóstolo, e jamais ousou exigir para si semelhante título!

4 – Como foi dito por Berkhof e Ferreira, os apóstolos do Novo Testamento são os apóstolos da igreja de todos os tempos; isto é, a igreja atual ainda tem seus apóstolos, ou melhor, o ensino deles, nas páginas do Novo Testamento. Eles são nossos apóstolos atuais, como o foram da igreja primitiva. Não precisamos de “novos apóstolos”! Veja 1Jo 1.3.

Impossível, portanto, deixar de concluir que aqueles que nos tempos atuais exigem para si mesmos ou para outrem o título de “apóstolo”, o fazem bem de acordo com a afirmação de Wayne Grudem, citada acima.
NOTAS:
(1). FERREIRA, Franklin, e MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
(2). BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz para o Caminho, 1990, p. 589. (Este livro está sendo publicado atualmente pela Editora Cultura Cristã).
(3). GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999. (Reimpresso várias vezes, as atuais reimpressões vêm acompanhadas de um CD-ROM).

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