Introdução
Certo autor, ao descrever a importância do Antigo Testamento, intitulou sua obra de “o livro que Jesus lia”, não há dúvida em que todo o cristão já se deparou com a pergunta ao ler o livro de Número, por exemplo: “por que estou lendo isso” ou “no que isso será relevante para minha vida”. O antigo Testamento tem sido negligenciado nos púlpitos, isso porque alguns têm usado suas figuras para vender rosa, água e etc...
Levando alguns, a outro extremo, o de não pregar nele e sobre ele.
Cristo é descrito em cada livro da Antiga Aliança, exposto em cada cena graciosa, em cada geração que passa a esperança do messias que viria aumentava como a luz que surge na manhã.
A pregação no Antigo Testamento
Como vimos, o Antigo Testamento exerce primordial importância para a nossa compreensão de como se desenvolveu o Teísmo judaico-cristão. Como se desenrolou gradativamente a revelação do plano de redenção e como foram surgindo às doutrinas centrais encontradas no Antigo Testamento.
A pregação no Antigo Testamento ontem. Uma prática quase esquecida.
Quando leio obras como: Justino de Roma, mais conhecido por Justino o mártir, que de forma magistral, usa o Antigo Testamento não somente para defender a fé cristã, mas também para apresentar a Jesus o Messias a um grande mestre judeu de seu tempo chamado Trifão. Justino lembra a Trifão que não existe sabedoria maior que entre os profetas de Israel, pois esses mesmos profetas, e até mesmo o próprio Moisés falavam de um maior profeta futuro, de uma nova aliança que seria estabelecida, não como a aliança do Sinai, mas uma aliança em que Deus imprimiria a sua lei nos corações. E estamos falando de um homem que escreveu em torno de 150 d.C. e que usava amplamente o Antigo Testamento.
Mesmo estando no Século XVI, Calvino demonstra o Antigo Testamento de maneira encantadora, veja-se, por exemplo ‘As institutas’. Lutero olhando para Romanos 1.17. Descobriu que: “o Justo viverá pela fé, não esqueceu ele por certo, que o profeta Habacuque 2.4 já havia dito isso, e que o próprio Abraão foi justificado pela sua fé. De forma arrebatadora leio o “velho Hodge”, “o antigo Strong”, o “esquecido Bavinck”. Todos eles através de sua erudição conquistaram prestigio, e através de sua fé o Reino eterno, deixando-nos a responsabilidade de sermos Cristãos de uma Bíblia completa, e de uma tarefa inacabada, apresentar Cristo a todos, ao gentio que não sabe nada do Deus único e ao judeu estudioso da Torah. todos precisam compreender o evangelho, o evangelho da salvação pela fé no Ungido de Deus, descrito em todo o Antigo Testamento, e revelado no Novo Testamento.
A pregação no Antigo Testamento hoje. Uma necessidade que precisa ser redescoberta.
Por mais incrível que pareça atualmente o Antigo Testamento está sendo Deixado de lado. Raramente ouço mensagens com base no Antigo Testamento, e quando as ouço, são na grande maioria das vezes mensagens sem sentido, quando não ‘erradas’. E isso, falo a nível nacional.
Não deveria ser assim, mas o que pude constatar é que; com o passar do tempo, com o avanço da tecnologia e do conhecimento e comodidade, na facilidade que se tem de adquirir conhecimento, o povo e não somente o povo, mas o que é mais trágico, os “ministros” têm se esquivado do estudo sério das Escrituras, em especial o Antigo Testamento, daí ouvirmos absurdos, tais como os que dizem que Deus não saberia qual seria a atitude de Abraão, por isso Ele provou a Abraão pedindo Isaque em holocausto, há ainda aqueles que logo após as Tsunamis em 2004 na Indonésia, taxaram Deus de impotente por não impedir desastres, mas o desastre é que essas declarações não são de ateus ou críticos do cristianismo, mas de cristãos, e pior, de líderes, poderia ainda falar de muitos outros casos, mas creio que me estenderia demasiadamente tratando desse aspecto da soberania e onipotência de Deus, tão amplamente ensinados no Antigo Testamento. Poderia fazer menção daqueles que trazem elementos ritualísticos do judaísmo para dentro do cristianismo
Tudo isso é um reflexo da tendência mundial, que está muito em voga hoje, que é: ‘desprezar a teologia tradicional’, com todos os seus elementos bíblico-históricos, com isso vemos a crescente onda de relativismo teológico e moral a que passa a igreja mundial hoje.
No presente a ‘Teologia’ não é mais uma teologia, mas transformou-se numa ‘antropologia’, pois o foco de tudo não é mais a Deus e sua soberania. Mas o homem e “seus direitos”, e essa antropologia que tem sido ensinada e pregada trouxe do túmulo velhas heresias a muito esquecidas na outra América, como a teologia do processo ou teologia relacional, abraçada por pessoas que tem muito destaque na mídia evangélica, sem falar na crescente fé no universalismo.
Não é somente o Antigo Testamento que tem sido banido de nossas cátedras e de nossos púlpitos, mas a Bíblia como um todo, tem sido desprezada, a doutrina está sendo trocada pela “revelação”, nunca antes se viu uma geração tão ignorante com referencia a Bíblia como a nossa atual geração. Desde que Gutenberg deu a Bíblia ao povo, nunca se viu tanto o povo sem Bíblia.
Entre os fatores primordiais para a exclusão do Antigo Testamento dos púlpitos, eu poderia citar, a falta de conhecimento do mundo antigo, costumes e das épocas em que os livros foram escritos, levando em consideração que estamos separados por milênios dos acontecimentos registrados, há também o abismo dos costumes por se tratarem de um povo oriental, muitas vezes há incompreensões de fatos históricos e, ainda imprecisão do idioma hebraico que tem contribuído para diferenças nas traduções, no entanto a falta de preparo teológico por parte dos “ministros” tem sido de longe, o maior motivo para o banimento do Antigo Testamento.
A pregação no Antigo Testamento amanhã. Uma tarefa monumental.
A pregação tendo como base o Antigo Testamento é muito importante, e necessária; como já falei, o Antigo Testamento nos apresenta o pecado do homem, e a impossibilidade de haver alguém sem pecado. Quando nos deparamos com o sacrifício levítico, nos aparatos do tabernáculo e posteriormente do templo. Impossível é não pensarmos em Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, que como cordeiro mudo foi levado pelos seus tosquiadores, aquele Messias, rei pobre, que o profeta Zacarias descreve entrando em Jerusalém, que na cruz nós o reputávamos por aflito e ferido de Deus, aquele de quem os homens virariam o rosto e zombando diriam nas palavras descritas por Davi no Salmo 22: “confiou em Deus, que o livre”.
Daniel disse que Ele seria retirado da terra, realmente importava que o Messias devesse morrer, mas o túmulo não teve poder para segurá-lo, nem mesmo os melhores soldados de elite do mundo puderam o fazer continuar na sepultura e, o Salmo 24 irrompe em alegria em descrever suas exaltações nas maiores alturas celestiais: “Levantai, ó portas, os vossos frontões, elevai-vos, antigos portais, para que entre o rei da glória! Quem é esse rei da glória? É Iahweh, o forte e valente, Iahweh o valente das guerras. Levantai, ó portas os vossos frontões, elevai-vos, antigos portais, para que entre o rei da glória! Quem é esse rei da glória? É Iahweh dos Exércitos: ele é o rei da glória!”.
Por isso Devemos nos voltar mais para o Antigo Testamento para melhor entender o plano de redenção, a nossa situação, nossa salvação e nosso futuro. É mister que voltemos a usar o Antigo Testamento com a seriedade e sobriedade que ele merece, para ensinar a essa geração que não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Conclusão
A pregação tendo como base o Antigo Testamento é de particular importância para o cristianismo, pois é a preparação para o Novo, e traz as mesmas verdades, de forma mais velada. Quando Spurgeon preparou uma série de sermões sobre os salmos, ele intitulou-os de “os tesouros de Davi”, o Antigo Testamento é um Tesouro disponível a nós e nosso povo, que se abra então o livro sagrado do antigo pacto e ensinado sobre a graça que pairava sobre a igreja do Antigo Testamento.
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