quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

TEMPOS DE ANGÚSTIA


Que estes últimos anos são tempos difíceis e que os dias atuais vivem de contradição, não há dúvidas. A sociedade tem uma capacidade de metamorfosear-se de forma incrível. Algumas bandeiras levantadas hoje eram impensáveis há alguns anos atrás, verdades científicas tidas como irrefutáveis já caíram, a moda, por mais moderna que seja, sempre se inspira em algo do passado, mas sempre com retoques atuais.

Nada reflete com mais veemência os dias atuais do que o relativismo. O relativismo, filosoficamente, defende que as verdades (morais; religiosas; políticas e científicas) mudam de acordo com a época e conforme a sociedade muda.

Dentro do arcabouço relativista, ninguém é detentor de uma verdade absoluta, pois a mesma não existe, cada grupo e cada indivíduo tem a sua verdade, e a verdade de um não é necessariamente a mesma verdade do outro.

No âmbito moral (e acredito que este seja o mais importante, pois todos os outros são resultados deste), o relativismo ensina que algo é moralmente errado para um e pode não ser para outro, pois os valores morais são diferentes. Aí costuma-se dizer; “esta é a tua verdade, não a minha”. Neste sentido manifesta-se o quão prejudicial é viver o relativismo.

No âmbito moral o relativismo leva a tomada de posições contraditórias e doentias. No âmbito político, manifesta-se de modo que, a despeito da grande arrecadação de impostos e do altíssimo custo dos parlamentares ao bolso do contribuinte, poucas leis são projetadas de forma que supra o anseio da maioria, o que seria de se esperar em uma democracia, ou até a palavra democracia deve ser relativizada?

Quão absurdo, um religioso evangélico orar agradecendo a Deus por dinheiro de corrupção, talvez tivesse lido alguma carta instrutiva de Judas Iscariotes, recebida por sonho de barriga cheia. Ainda, quando alas católicas retrocedem em sua luta quando lembradas que, se seguirem com a oposição teriam seu acordo (Vaticano X Brasil) revisto.

Há uma ausência de verdade para guiar a sociedade? Não! A verdade existe. Esta verdade não é científica, que, aliás, não se propõe a ser a verdade, foi elevada a este nível, por pseudo-cientistas que vivem por fé, não por razão - talvez uma razão de botequim, regada a uísque, café e brioche! Porém não pelos resultados experimentais de seus laboratórios, pois se os mesmos fossem levados a sério, os livros didáticos há muito teriam deixado de lado as farsas ensinadas a gerações passadas, como a existência do Homem de Neanderthal, por exemplo.

A verdade existe, e não é relativa a cada indivíduo e a cada sociedade, tempo e cultura, mas uma verdade universal, eterna e infalível. Sim. Estou falando da verdade única e absoluta sobre o universo, Deus e sua Palavra escrita – a Bíblia.

Quantos e tantos tentaram minimizar o impacto deste livro sobre as sociedades. A Bíblia foi queimada, proibida de ser editada e lida, confiscada e seus leitores foram mortos e torturados, porém, como alguém disse no passado: “a Bíblia é uma bigorna que tem gasto  muitos martelos”, podem bater, não farão nenhum arranhão na Verdade Divina, ela será sempre a ser a verdade absoluta, a despeito da raiva dos opositores.

Verdades como somente a Bíblia: pois somente este livro pode indicar o caminho para a felicidade e a paz e ainda torna o leitor sábio e um bem aventurado.

Somente Cristo: Ele e somente Ele é o redentor, não compartilha sua missão com mais ninguém, os que ele salvou Ele intercede, salva e os torna santos, Ele é o único Mediador e ninguém mais.

Somente a fé: é o instrumento usado por Deus para levar a cabo sua obra no coração humano. Todos têm fé, um cientista quando diz: “o mundo teve origem através do big bang”, está meramente expressando a sua fé, pois ele não pode reproduzir o big bang em laboratório, este evento, se é que existiu, não pode ser experimentado. Um filósofo quando alude às palavras de Platão ou de Sócrates, o faz por fé, porque não se sabe se as palavras realmente foram ditas por esses filósofos, suas cópias são distantes pelo menos quase mil anos de seus eventos, porém não se diz que com a Bíblia se dá o mesmo? Eu respondo não! Os mais de 24.000 fragmentos e textos existentes comprovam sua veracidade (sem contar os manuscritos do mar morto, que é praticamente palavra por palavra), e através dos métodos atuais de pesquisa, pode-se ter absoluta certeza que a Bíblia que lemos hoje, é a Bíblia que Jesus lia e que os Apóstolos e evangelistas escreveram.

Porém a fé que salva é um presente de Deus, não pode vir do homem, pois em seu estado natural o homem está morto por causa do pecado e nada mais é do que um rebelde para com Deus; seus desejos anseiam por tudo aquilo que Deus detesta, porém Deus com sua graça comum a todos os homens permite que haja bondade, e beleza em muitos atos humanos.

A fé para a salvação é presente de Deus assim como a graça, que é definida como um favor que não se merece (ninguém merece a salvação). Assim, portanto, ninguém se salva, é salvo por Deus (Ef 2.8,9).

Os Cristãos verdadeiros não se curvam a ninguém, a não ser a Deus e a Jesus o Cristo, não somos contra governo algum, porém temos o nosso governo celestial, e a nossa constituição que é a Bíblia.

Nosso Rei nos ordena a não nos intimidarmos com as ameaças de morte ou perseguição, portanto senhores, avante, avante e avante.

Não fugiremos à nossa responsabilidade de defendermos o que é correto e a verdade, e por ela não abrimos mão, e como diria Paulo, o grande apóstolo, não retrocedemos nem por uma hora, para que a verdade do evangelho permaneça entre vocês, se alguém quer nosso louvor, saiba que não o terá, somente rendemos louvor e dobramos nossos joelhos a Deus, pois somente a Ele toda a Glória.

Nunca em toda a história do Cristianismo houve tanta perseguição quanto nos dias atuais. Deste a morte de Estêvão, que inaugurou a grande galeria de mártires santos, nunca em toda a História, cristãos têm sofrido tanta oposição como agora.

Homens e mulheres, pessoas às quais esse mundo não era digno, foram mortas pelas perseguições movidas pelos fariseus, escribas e saduceus dos tempos bíblicos; foram queimados; torturados e jogados às feras pelos Césares, enforcados e jogados em campos de concentração por Hitler, são mortos por fanáticos islâmicos; perseguidos pelo FBI como criminosos, (Cf. o Caso de: Jenkins x sua ex-parceira lésbica Lisa Miller), onde Pastores Menonitas estão sendo presos...

Outros são obrigados a fugir para o exterior como Julio Severo, que por sua militância em defender a família foi perseguido e está sendo perseguido. Todos os citados aqui, não se sentem como simples vítimas de cortes supremas tendenciosas e relativistas, mas seguidores e seguidoras de Jesus Cristo e por ele enfrentam qualquer coisa. Afinal; poderiam eles dizer outra coisa diferente do que disse o antigo mártir Policarpo, quando este, instado a negar sua fé diante da ameaça de morte disse: “como poderia negar aquele que por longos anos só me tem feito o bem? Vocês me ameaçam com o fogo que queima e logo se apaga, pois, desconhecem o fogo da justiça de Deus que permanece sempre acesso pela eternidade”.

Opor-se ao relativismo em todas as instâncias traz resultados, e não se enganem, sempre trouxe, se o caminhar com Cristo cobrar o seu preço hoje, estaremos dispostos a pagar.

domingo, 18 de dezembro de 2011

CIRCO GOSPEL



No Circo Gospel tudo é tão surreal
Quebrar maldição hereditária é coisa normal
Decretar bênção, prosperidade, cura e riquezas
“Exigir nossos direitos como filhos das promessas”
Dar entrevista para o bispo
Num carro importado, sem ligar para o fisco
Clamar em nome de Jeová
E mandar a crise passar
Rompendo em fé ordenar a Deus
Que nos obedeça, pois somos sacerdotes seus
Cantar heresias, entoar mantras e louvores ao ego
Porque é mais lucrativo do que glorificar ao Deus vivo
São tantos apóstolos, patriarcas, príncipes e reis
Não precisam mais da Bíblia nem de suas leis
E tome marcha pra Gezuiz, ato profético e igreja do poder
Tem gente que não muda nem se renascer
“Pra que santidade, se é tão gostosa a vaidade?”
“Pra que doutrina, se meu carro não tem nem buzina?”
Querem mais é enriquecer, conquistar, prosperar
Por isso seguem seus gurus sem ao menos questionar
Um país de tolos, um circo gospel
Pastores mercenários, multidões interesseiras
Correndo atrás do vento, rumo ao nada
Trocando a verdade por mentiras grosseiras
Tudo por interesse
Tudo por interesse
E muitos se perdem para sempre
Diante de tanta ganância e sandice
Por isso, meu amigo,
Pregue a Palavra, proclame a sã doutrina
Sei que hoje em dia isso é um perigo
Mas é nosso chamado, nossa vocação
Num tempo de apostasia, numa era de perdição
Sabendo que os eleitos serão finalmente salvos

Mesmo em meio a tanta degradação.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ADORAÇÃO: QUEM É DEUS E PORQUE ELE É DIGNO DE SER ADORADO

Deus é digno de toda a glória, pois Ele criou todas as coisas, inclusive nós seres humanos (Ap 4.11) e nos resgatou à custa do sangue de Seu próprio Filho (Ap 5.11-14). Ele é o Criador (Gn 1.1), Sustentador (Hb 1.3), Redentor (Gl 3.13) e Consumador (Hb 12.2) de todas as coisas. Ele criou tudo o que existe – incluindo a nós, seres humanos – para o louvor da Sua glória (Sl 19.1; Is 43.7; Rm 11.36; Ef 1.4-6,11,12; Ap 4.11).
           
Em tudo o que fez, Jesus buscou a glória do Pai (Jo 7.18; 12,27,28; 14.13; 17.1; Rm 15.7). Ele nos advertiu que não buscar a glória de Deus torna a fé impossível (Jo 5.44). O Espírito Santo veio para glorificar o Filho de Deus (Jo 16.14) e somos instruídos, na Palavra, a viver para a glória de Deus (1Co 10.31; 1Pe 4.11), pois para isso fomos criados.[1]

Portanto, Deus é zeloso de sua própria glória. Ele corretamente busca a Sua própria glória acima de todas as coisas, pois, se procedesse de outro modo, seria idólatra. Deus é o maior valor do universo; priorizar qualquer outra coisa além de Deus, é idolatria (veja Rm 1.18-22). Assim, Ele declara: “Eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso” (Ex 20.5), e “Não darei a minha glória a nenhum outro” (Is 48.11). Ele jamais deixará de exaltar a Sua glória, “pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13). Deus é o Sumo Bem, e ao buscar a Sua própria glória, Ele nos apresenta o valor infinito de Seu próprio ser, o resplendor da Sua santidade, a beleza infinita de Sua natureza, que Ele compartilha conosco em amor. Por isso, o salmista exclama, extasiado: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita!” (Sl 16.11). Aurélio Agostinho, bispo de Hipona, declarou a Deus em suas Confissões: “Tu és a própria beleza!”. É esse amor por Deus, esse desejo pela glória de Deus e pela Sua presença maravilhosa em nossas vidas, que desejamos transmitir às pessoas, por meio de nossas vidas e ministérios. “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1,2). “Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. SENHOR, meu Deus, eu te darei graças para sempre!” (Sl 30.11,12). Deus, o próprio Deus, é a única fonte da verdadeira alegria; por isso, a adoração nunca é mecânica, ou automática: adorar é expressar a Deus o nosso amor, a nossa gratidão, a nossa alegria e o nosso anseio pela Sua presença!

“Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome” (Sl 5.11).

“Em ti quero alegrar-me e exultar, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Sl 9.2).

“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão” (Sl 63.1-3).

“A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl 73.25,26).[2]
           
A Palavra de Deus diz: “todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16), e “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém” (Rm 11.36). A respeito de Seu povo, Ele diz: “A quem criei para a minha glória, a quem formei e fiz” (Is 43.7). Existimos para a glória de Deus! Essa é a grande verdade que nós, cristãos reformados, devemos viver, ensinar e demonstrar, levando as pessoas à verdadeira adoração, à verdadeira vida cristã.

Por tudo isso, a adoração a Deus “é a função primordial que a Igreja deve exercer na face da Terra. Adorar significa cultuar, orar, rogar, venerar, homenagear. Deus deve ser adorado pelos seus filhos em vista de sua majestade, poder, santidade, bondade, retidão e providência em favor dos homens”[3].

Tudo em nossos cultos deve ser planejado e realizado para glorificar a Deus, e não a homens. Adoração inclui reverência (Is 6.5; Ap 5.14). “A adoração é um aspecto do culto a Deus no qual o adorador fica tão comovido, cheio de temor reverente e enlevado pela sua consciência da glória e majestade de Deus, que cai prostrado diante dEle”[4]. O sentimento é o mesmo de João, ao deparar-se com o resplendor do Cristo glorificado: “Quando o vi, caí aos seus pés como morto” (Ap 1.17). Cultos elaborados de modo a entreter ou mesmo divertir os participantes, nada têm a ver com o verdadeiro culto cristão, onde a presença majestosa do Senhor infunde temor, respeito e reverência.

Adoração, portanto, é a atividade de glorificar a Deus em nossas vidas – e no culto - com nossos dons e talentos, nossas vozes e instrumentos, com todo o nosso coração, de modo a engrandecer a Deus na congregação. É “o ato que revela ou expressa o quanto Ele é grandioso e glorioso. A adoração representa a reflexão consciente da dignidade e do valor de Deus”[5]. A adoração genuína significa que “buscamos com fervor a satisfação em Deus; que o buscamos fervorosamente como o nosso prêmio, o tesouro, o alimento da alma, o deleite do coração, o prazer do espírito. Ou para dar a Cristo o alto lugar de honra – ou seja, buscar com fervor tudo o que Deus significa para nós em Cristo crucificado e ressurreto”[6]. Que possamos transmitir todo o valor, a dignidade, a plenitude de alegria, de vida e de excelência que há em Deus! “Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração” (Cl 3.16).

Fomos criados para a glória de Deus. A primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster, “Qual o fim principal do homem?”, tem como resposta: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nEle para sempre” (Sl 86.9; Is 60.21; Rm 11.36; 1Co 6.20; 10.31; Ap 4.11; Sl 16.5-11; 144.15; Is 12.2; Lc 2.10; Fp 4.4; Ap 21.3,4). “Portanto, adorar é uma expressão direta do nosso principal propósito na vida”[7]. Adorar a Deus é o motivo pelo qual fomos criados! Nada é mais importante; nada pode substituir a adoração.

A adoração genuína, com conhecimento bíblico e reverência, fará com que o nosso coração se alegre na presença de Deus (Sl 16.11; 27.4; 73.25; 84; 92.1-5). Deus também alegra-se em nós (Is 62.3-5; Sf  3.17). Quando adoramos, nos aproximamos de Deus (Hb 10.19-22; 12.18-24), Deus se aproxima de nós (Tg 4.8), recebemos o socorro do Senhor (Hb 4.16) e os inimigos de Deus fogem (2Cr 20.21,22).[8]

Adoremos, portanto, “em espírito e em verdade” (Jo 4.23), isto é, no Espírito Santo (em comunhão com Deus e com a igreja) e de acordo com a sã doutrina bíblica, para que nossa adoração seja de fato “aceitável, com reverência e temor” (Hb 12.28,29), mas também com “alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8). Adoremos ao Senhor porque Ele é digno!




NOTAS

1. Este parágrafo foi baseado em PIPER, John. Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus em missões. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, pp. 22-23.
2. Cf. PIPER, John. Teologia da Alegria: a plenitude da satisfação em Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2001, pp. 63-85. Este livro está sendo publicado atualmente sob o título Em Busca de Deus.
3. MARTINS, Jaziel Guerreiro. Manual do Pastor e da Igreja. Curitiba: A. D. Santos, 2002, p. 18.
4. DICKIE, Robert L. O que a Bíblia ensina sobre Adoração. São José dos Campos: Fiel, 2007, p. 49.
5. PIPER, John. Irmãos, nós não somos Profissionais: um apelo aos pastores para ter um ministério radical. São Paulo: Shedd Publicações, 2009, p. 247.
6. Ibidem, p. 250.
7. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 848.
8. Este parágrafo foi baseado em GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, pp. 849-852.