Deus é digno de toda a glória,
pois Ele criou todas as coisas, inclusive nós seres humanos (Ap 4.11) e nos
resgatou à custa do sangue de Seu próprio Filho (Ap 5.11-14). Ele é o Criador
(Gn 1.1), Sustentador (Hb 1.3), Redentor (Gl 3.13) e Consumador (Hb 12.2) de
todas as coisas. Ele criou tudo o que existe – incluindo a nós, seres humanos –
para o louvor da Sua glória (Sl 19.1; Is 43.7; Rm 11.36; Ef 1.4-6,11,12; Ap
4.11).
Em tudo o que
fez, Jesus buscou a glória do Pai (Jo 7.18; 12,27,28; 14.13; 17.1; Rm 15.7).
Ele nos advertiu que não buscar a glória de Deus torna a fé impossível (Jo
5.44). O Espírito Santo veio para glorificar o Filho de Deus (Jo 16.14) e somos
instruídos, na Palavra, a viver para a glória de Deus (1Co 10.31; 1Pe 4.11),
pois para isso fomos criados.[1]
Portanto, Deus
é zeloso de sua própria glória. Ele corretamente busca a Sua própria glória
acima de todas as coisas, pois, se procedesse de outro modo, seria idólatra.
Deus é o maior valor do universo; priorizar qualquer outra coisa além de Deus,
é idolatria (veja Rm 1.18-22). Assim, Ele declara: “Eu, o SENHOR, o teu Deus,
sou Deus zeloso” (Ex 20.5), e “Não darei a minha glória a nenhum outro” (Is
48.11). Ele jamais deixará de exaltar a Sua glória, “pois não pode negar-se a
si mesmo” (2Tm 2.13). Deus é o Sumo Bem,
e ao buscar a Sua própria glória, Ele nos apresenta o valor infinito de Seu
próprio ser, o resplendor da Sua santidade, a beleza infinita de Sua natureza,
que Ele compartilha conosco em amor. Por isso, o salmista exclama, extasiado:
“Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno
prazer à tua direita!” (Sl 16.11). Aurélio Agostinho, bispo de Hipona, declarou
a Deus em suas Confissões: “Tu és a
própria beleza!”. É esse amor por Deus, esse desejo pela glória de Deus e pela
Sua presença maravilhosa em nossas vidas, que desejamos transmitir às pessoas,
por meio de nossas vidas e ministérios. “Como a corça anseia por águas
correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo” (Sl 42.1,2). “Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de
lamento em veste de alegria, para que o meu coração cante louvores a ti e não
se cale. SENHOR, meu Deus, eu te darei graças para sempre!” (Sl 30.11,12). Deus,
o próprio Deus, é a única fonte da verdadeira alegria; por isso, a adoração
nunca é mecânica, ou automática: adorar é expressar a Deus o nosso amor, a
nossa gratidão, a nossa alegria e o nosso anseio pela Sua presença!
“Alegrem-se,
porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre
eles a tua proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome” (Sl 5.11).
“Em ti quero
alegrar-me e exultar, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Sl 9.2).
“Ó Deus, tu és
o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu
ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no
santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a
vida! Por isso os meus lábios te exaltarão” (Sl 63.1-3).
“A quem tenho
nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O
meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração
e a minha herança para sempre” (Sl 73.25,26).[2]
A Palavra de
Deus diz: “todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16), e “Pois
dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre!
Amém” (Rm 11.36). A respeito de Seu povo, Ele diz: “A quem criei para a minha
glória, a quem formei e fiz” (Is 43.7). Existimos para a glória de Deus! Essa é
a grande verdade que nós, cristãos reformados, devemos viver, ensinar e
demonstrar, levando as pessoas à verdadeira adoração, à verdadeira vida cristã.
Por tudo isso,
a adoração a Deus “é a função primordial que a Igreja deve exercer na face da
Terra. Adorar significa cultuar, orar, rogar, venerar, homenagear. Deus deve
ser adorado pelos seus filhos em vista de sua majestade, poder, santidade,
bondade, retidão e providência em favor dos homens”[3].
Tudo em nossos
cultos deve ser planejado e realizado para glorificar a Deus, e não a homens. Adoração
inclui reverência (Is 6.5; Ap 5.14). “A adoração é um aspecto do culto a Deus
no qual o adorador fica tão comovido, cheio de temor reverente e enlevado pela
sua consciência da glória e majestade de Deus, que cai prostrado diante dEle”[4].
O sentimento é o mesmo de João, ao deparar-se com o resplendor do Cristo
glorificado: “Quando o vi, caí aos seus pés como morto” (Ap 1.17). Cultos
elaborados de modo a entreter ou mesmo divertir os participantes, nada têm a
ver com o verdadeiro culto cristão, onde a presença majestosa do Senhor infunde
temor, respeito e reverência.
Adoração,
portanto, é a atividade de glorificar a Deus em nossas vidas – e no culto - com
nossos dons e talentos, nossas vozes e instrumentos, com todo o nosso coração,
de modo a engrandecer a Deus na congregação. É “o ato que revela ou expressa o
quanto Ele é grandioso e glorioso. A adoração representa a reflexão consciente
da dignidade e do valor de Deus”[5]. A adoração genuína significa que “buscamos
com fervor a satisfação em Deus; que o buscamos fervorosamente como o nosso
prêmio, o tesouro, o alimento da alma, o deleite do coração, o prazer do
espírito. Ou para dar a Cristo o alto lugar de honra – ou seja, buscar com fervor
tudo o que Deus significa para nós em Cristo crucificado e ressurreto”[6]. Que
possamos transmitir todo o valor, a dignidade, a plenitude de alegria, de vida
e de excelência que há em Deus! “Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo;
ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos,
hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração” (Cl 3.16).
Fomos criados
para a glória de Deus. A primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster, “Qual o fim principal do homem?”,
tem como resposta: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se
nEle para sempre” (Sl 86.9; Is 60.21; Rm 11.36; 1Co 6.20; 10.31; Ap 4.11; Sl
16.5-11; 144.15; Is 12.2; Lc 2.10; Fp 4.4; Ap 21.3,4). “Portanto, adorar é uma
expressão direta do nosso principal
propósito na vida”[7]. Adorar a Deus é o motivo pelo qual fomos criados! Nada é
mais importante; nada pode substituir a adoração.
A adoração
genuína, com conhecimento bíblico e reverência, fará com que o nosso coração se
alegre na presença de Deus (Sl 16.11; 27.4; 73.25; 84; 92.1-5). Deus também
alegra-se em nós (Is 62.3-5; Sf 3.17).
Quando adoramos, nos aproximamos de Deus (Hb 10.19-22; 12.18-24), Deus se
aproxima de nós (Tg 4.8), recebemos o socorro do Senhor (Hb 4.16) e os inimigos
de Deus fogem (2Cr 20.21,22).[8]
Adoremos,
portanto, “em espírito e em verdade” (Jo 4.23), isto é, no Espírito Santo (em
comunhão com Deus e com a igreja) e de acordo com a sã doutrina bíblica, para
que nossa adoração seja de fato “aceitável, com reverência e temor” (Hb
12.28,29), mas também com “alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8). Adoremos ao
Senhor porque Ele é digno!
NOTAS
1. Este parágrafo foi baseado em PIPER, John. Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus em missões. São Paulo:
Cultura Cristã, 2001, pp. 22-23.
2. Cf. PIPER, John. Teologia da Alegria: a plenitude da
satisfação em Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2001, pp. 63-85. Este
livro está sendo publicado atualmente sob o título Em Busca de Deus.
3. MARTINS, Jaziel Guerreiro. Manual
do Pastor e da Igreja. Curitiba: A. D. Santos, 2002, p. 18.
4. DICKIE, Robert L. O que a Bíblia ensina sobre Adoração.
São José dos Campos: Fiel, 2007, p. 49.
5. PIPER, John. Irmãos, nós não
somos Profissionais: um apelo aos pastores para ter um ministério radical.
São Paulo: Shedd Publicações, 2009, p. 247.
6. Ibidem, p. 250.
7. GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 848.
8. Este parágrafo foi baseado em GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, pp. 849-852.
Um comentário:
Muito bom. Quando entendemos esse princípio aprendemos a buscar a glória de Deus cada vez mais e em cada área da nossa vida
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