sábado, 28 de abril de 2012

AGÊNCIAS DA ONU ESTIMULAM ABORTOS DE SELEÇÃO SEXUAL E DESVALORIZAÇÃO DAS MULHERES


Por Wendy Wright.
NOVA IORQUE, 9 de março (C-FAM). As agências mais importantes da Organização das Nações Unidas estão ativamente promovendo duas principais causas do imenso desequilíbrio sexual da Ásia, acusou uma especialista de políticas populacionais nesta semana durante uma conferência de mulheres da ONU.
Falando num painel durante a Comissão sobre a Condição das Mulheres que a ONU faz todo ano, a Dra. Susan Yoshihara identificou três razões para o fenômeno da “escassez de meninas” na China, Índia e que está se espalhando para outras nações. As causas principais para as matanças em massa, disse ela, são o acesso a tecnologias que facilitam o aborto, uma preferência por filhos e o desejo dos pais ou do governo por famílias pequenas.
Entre 33 milhões e 160 milhões de meninas não estão vivas hoje devido ao aborto ou ao infanticídio. “As meninas são mortas porque são meninas. Dificilmente isso é sinal do avanço das mulheres”, disse a Dra. Yoshihara. Contudo, as agências da ONU incumbidas de promover direitos humanos, saúde, crianças e mulheres agressivamente promovem duas das três razões para os abortos de seleção sexual: famílias de tamanho pequeno e abortos.
Numa declaração conjunta sobre “Prevenção à seleção sexual por preconceito sexual”, o Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos, o UNICEF, o FNUAP, a Organização Mundial de Saúde e Mulheres da ONU afirmam falsamente que os países são obrigados a tratar os abortos de seleção sexual sem negar acesso aos abortos, declarando que seria “mais uma violação dos direitos dela à vida e saúde conforme estão garantidos em tratados internacionais de direitos humanos, e empenhados em acordos de desenvolvimento internacional”.
Não existe, nos tratados ou acordos internacionais, nenhuma obrigação de aborto.
O problema é horrendo. Em geral, a China tem 120 meninos para cada 100 meninas. Em algumas partes da China, esse número é 150 meninos para cada 100 meninas que nascem. Na Índia, a “desejabilidade de meninas cai com cada filho”, com os pais “não medindo nenhum esforço para garantir que seu segundo bebê seja um filho do sexo masculino”, disse a Dra. Yoshihara.
Décadas atrás, defensores do controle populacional financiados por ricas fundações ocidentais implementaram programas de grande escala em países visados como China e Japão. De acordo com Yoshihara, eles investiram em métodos de seleção sexual porque reconheceram os efeitos multiplicadores de selecionar meninas na população. O aborto se tornou o método preferido de redução populacional, considerando que os agentes poderiam identificar uma mulher grávida com mais facilidade do que identificam uma mulher que está pensando em ficar grávida.
As consequências dos programas de controle populacional carregam pesados custos sociais e de segurança internacional. Menos mulheres nas sociedades estimulam sequestros, vários homens possuindo a mesma mulher e tráfico humano. A rápida queda na fertilidade significa menos pessoas para sustentar uma crescente população idosa. Reconhecendo a iminente falta de jovens para preencher fileiras militares, líderes governamentais poderão ter atitudes agressivas para com outras nações enquanto puderem.
Na China, diariamente 500 mulheres cometem suicídio, relatou Tessa Dale de “All Girls Allowed” no painel patrocinado por REAL Women do Canadá. Tessa descreveu casos de abortos forçados de terceiro trimestre que matam tanto mãe quanto filho, e de uma mãe que foi forçada a escolher entre entregar uma de suas duas filhas ou ser esterilizada. Desejando um filho do sexo masculino, ela não conseguia decidir. Autoridades governamentais então tomaram sua filha mais nova.
Meninas são raptadas com a idade de 2 ou 3 anos, enquanto são novas demais para imaginar como voltar para casa.
“All Girls Allowed” fornece apoio para famílias chinesas que acolhem suas filhas, especificamente trabalhando em vilas com desequilíbrios sexuais que chegam até a 170 meninos para 100 meninas.
Líderes da ONU apresentam falsas escolhas para as nações em desenvolvimento, comentou a Dra. Yoshihara. Os países precisam decidir entre desenvolvimento e crianças; promover direitos humanos (definidos como incluindo aborto) ou ter famílias.
“É uma escolha mortal”, declarou ela.
Traduzido por Julio Severo. Fonte: Friday Fax.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

NO BRASIL, A MORTE VESTE TOGA


 “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto.”
 Rui Barbosa.

Rui Barbosa foi um homem à frente de seu tempo. Suas palavras demonstram isso com clareza. Rui Barbosa fala hoje, mesmo depois de morto suas declarações fazem eco, na já carcomida consciência, se é que há sobra de alguma, dos jurisprudentes atuais.

Com base na liberdade de expressão e no direito de contradizer o que já se tem por estabelecido e certo, e também com base na patologia da contradição dos defensores do aborto, farei uma avaliação do assunto.

O Supremo Tribunal Federal aprovou o aborto de fetos anencefálicos, e para isso, se valeu de argumentos filosóficos sobre o que é vida e sobre o início da vida. Todavia, a ciência não se presta a responder a estas questões de cunho existencial. Para substanciar suas teses, os ministros debateram sobre a vida e vida para o direito. No argumento da Ministra Rosa Weber, que votou a favor da descriminação, à anencefalia não se aplica o conceito de aborto, pois o aborto caracteriza a interrupção da vida, o que é incompatível com a anencefalia.

Arx Tourinho, relator da matéria na OAB, e Conselheiro Federal pela Bahia, argumenta que a interrupção da gestação de anencefálicos não é aborto; ressalta ainda que a polêmica deve-se a pessoas desatentas aos princípios jurídicos; e a defesa pela vida de um anencefálico, privando a mãe de um procedimento cirúrgico para a expulsão do feto, na verdade, é pratica medieval.

O supracitado tem como base de sua argumentação, o fato de que a mulher tem direito à saúde e ainda, evocando o direito à dignidade da pessoa humana, alega em seu sentir, que a interrupção de gravidez de feto anencefálico não é aborto. Pois o mesmo não passa de uma patologia. Afirma, porém, que a OAB está defendendo a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social. Assim Tourinho interpreta o artigo 44,I da lei 8.906/94.

Ademais, Arx usa certas declarações científicas, onde anencefálicos são classificados como: “Patologia”, “representação do subumano por excelência”, “mal formado”. E ainda, o anencefálico é um ser subumano, sem cérebro, com forma de gente, mas sem a essência do humano. E que diante de fatos comprovados e do princípio da dignidade da pessoa humana, a mulher tem o direito de interrupção terapêutica de uma gravidez, marcada pela patologia, que constrange e perturba a ciência e os homens.

Diante de tais argumentos far-se-ia difícil defender um desvalido, levado ao matadouro? De maneira nenhuma. Pois o que é aparente nem sempre corresponde aos fatos. Veremos, pois então.

A ciência e o início da vida

Qualquer pessoa que esteja familiarizada com o caso Roe versus Wade (caso de maior repercussão sobre a questão do aborto nos Estados Unidos da América do Norte), lembrará que a Suprema Corte daquela nação julgou favorável ao aborto. Naquele momento, um grupo de 220 médicos, cientistas e professores entregou um breve “amicus curiae”.

No sumário apresentado, logo foi exposto que a vida humana começa na concepção, o que através da ciência moderna – a embriologia, a medicina fetal, a genética, a perineonatologia e a biologia em geral, fundamentam que já na sétima semana, a criança (ainda não nascida) possui feições familiares externas a todos os órgãos internos de adulto.

O Congresso norte-americano, no ano de 1981, promoveu audiências que giravam em torno da pergunta: “Quando começa a vida?” o professor de Medicina, Micheline Mathews-Roth, de Harvard, enfatizou que: “na biologia e na medicina, é fato aceito que a vida de um organismo individual reproduzida por meio de reprodução sexual tem início na concepção...” (Os fatos sobre o aborto, pg 13).

O médico deve  sempre ter presente a obrigação da preservação da vida humana.

A implicação simples da questão do debate sobre quando começa a vida humana é simples; se começa na concepção, logo, aborto nada mais é do que assassinato, isto é, matar vida humana.

 O Dr. Bernard Nathanson relata como os avanços da tecnologia moderna o levaram a mudar seu posicionamento, de favorável ao aborto (o que de fato se comprova pelo fato de que o médico já havia realizado mais de 60.000 abortos), passando a ser contrario ao infanticídio, sendo hoje um oponente feroz ao aborto – o que o levou a mudar de ideia não foi a emoção ou a filosofia ou simplesmente pensamento religioso – mas a medicina fetal (Os fatos sobre o aborto, p.18).

Do mesmo modo como aconteceu nos Estados Unidos da América, no Brasil também foram feitas audiências públicas, realizadas em 2008, para discutir a questão do aborto - no caso específico, de anencefálicos. Louvável foi a participação da CNBB, como: “amicus curiae” onde tomou a palavra o Padre Luiz Antônio Bento (Doutor em Bioética pela Universidade Lateranense e Academia Alfonsiana de Roma, Assessor Nacional da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, e autor do livro Bioética).

Dr. Luiz Antonio, ao dirigir-se ao relator, ministro Marco Aurélio, declara:

“Só pelo fato de pertencer à espécie humana, esse indivíduo (o Anencefálico) tem uma dignidade; e é essa dignidade que queremos reafirmar, que precisa ser tutelada, que precisa ser respeitada. Assim, o feto anencefálico é um ser humano vivente e sua reduzida expectativa de vida não nega os seus direitos, a sua identidade. O fato de ter mais ou menos tempo de existência não faz com que ele deixe de ser sempre um ser humano, que precisa de cuidado, sobretudo neste caso” (Audiência pública do dia 26 de Agosto de 2008).

Acertadamente, Padre Antonio coloca a o aborto Eugênico, como uma espécie de seleção racista, o qual deve ser severamente desprezado:

“O aborto seletivo é filho desta cultura que vê uma vida que não responde aos seus parâmetros como um obstáculo e uma ameaça. O aborto eugênico é uma ação discriminatória e - digamos também - racista, com a intenção de se suprimir uma vida que não está em conformidade com a que se espera, porque vem marcada por uma anomalia; essa se configura, verdadeiramente, como uma eutanásia pré-natal” (Ibidem).

O fundamento usado pelo relator da AOB e por alguns ministros do STF como pano de fundo de suas argumentações favoráveis ao aborto de anencefálicos firma-se no argumento do feto visto como uma “patologia”, mal formado e no argumentar de alguns médicos, subumano.

A conclusão lógica dessa linha de raciocínio é que o feto, não sendo humano em sua natureza, talvez em sua forma, não pertence à classe de amparados pelo direito à vida e proteção legal do Estado. Todavia, o Doutor Rodolfo Acatauassú, Mestre e Doutor em cirurgia geral pela UERJ, defende o contrário:

“Se o feto fosse uma malformação não humana, se o feto nunca pudesse nascer vivo, se a criança tivesse em morte encefálica, a premissa da ADPF poderia ter algum embasamento; mas, como o feto tem o genoma humano, todos os dados genéticos estão presentes na vida desse indivíduo, como o feto pode nascer vivo, como a criança não está em morte encefálica, a premissa da ADPF não tem embasamento” (Rodolfo apud Luiz Antônio Bento – Em audiência pública dia 26 de Agosto de 2008).

Se o rumo jurídico seguir a tendência atual, embasado em argumentos falaciosos, filosoficamente travestidos de avanço social e científico, brincando com a vida, filosofando sobre o que é ou não é ser humano; se a retórica falaciosa prevalecente tomar vulto, nos próximos anos feto nenhum será considerado um ser humano, a menos que seja desejado pela mãe, perfeitamente saudável (sem doença alguma – sem nenhuma má formação). O seletivismo racista, hitleriano, novamente encontrou amparo entre os homens atuais. Como diria Ronald Reagan: “todos os que defendem o aborto, já nasceram”.

A sobrevivência dos mais aptos

Com base na seleção natural da sobrevivência dos mais aptos, pergunta-se então: por que defender as baleias? Ou qualquer animal em extinção? Deixe a vida tomar seu rumo natural.

Se hoje, os anencefálicos não são considerados humanos, por motivo de sua deficiência física, simplesmente no entender dos juízes e advogados atuais, o que poderá acontecer no futuro aos portadores de outras deficiências, tais como os autistas? Ou os que nascem com a “Síndrome de Down”? E tantas outras anomalias ou enfermidades – será que num futuro não muito distante, estes que tem o amparo legal por parte do Estado não serão considerados também como patologia? E dignos apenas do constrangimento e espanto para com a ciência e para os homens, como são considerados os bebês anencefálicos hoje?

Incompetência dos competentes – é o Legislativo quem faz leis, não o Judiciário.

Onde está o Legislativo brasileiro neste momento? Poucos são os que se manifestam diante daqueles que decretam a permissão da morte, presumindo a não vida.

Se o procedimento abortivo tem por finalidade abreviar o sofrimento da mãe, quem, todavia, pensará na morte de um indefeso que foi legado ao lixo por não ser perfeito em sua constituição física? Um ser humano de fato é condenado pelo filosofar da ciência a uma subumanidade?!

Defendem-se baleias, ursos, tigres e etc. Porém um ser humano deficiente, quem defenderá? Debates bastam para determinar onde começa a vida? Quem pode tirá-la? E quem deve ser classificado como ser humano?

Diante da evidente situação de usurpação de competências, o que faz o povo? O que fazem os religiosos? O que fazem os advogados?

Noticiando o fato, o jornal do Brasil veiculado no dia 16 de abril, traz elencados os pareceres dos ministros no caso, o qual, aqui, refere-se ao ministro Cezar Peluso, último a votar, de acordo com o regimento, o presidente da Corte foi o segundo voto divergente. Começou por dizer que: “a vida não é conceito artificial criado pela ciência jurídica para efeitos práticos”, já que “a vida e a morte são fenômenos pré-jurídicos dos quais o direito se apropria para determinados fins”. E frisou: “Todos os fetos anencéfalos, a não ser que estejam mortos, têm vida. Se o feto não estivesse vivo, não poderia morrer”. Assim, ainda segundo Cezar Peluso, “o aborto provocado de feto anencéfalo é conduta vedada, de modo frontal, pela ordem jurídica, e esta Corte não tem poder ou competência para abolir ou atenuar o crime de aborto”.

Argumentos com base no silencio – já que o Congresso nada diz, faremos as leis?

Desde o ano de 1997 e antes disso ainda, projetos de lei sobre o aborto vagueiam de lá para cá no Congresso nacional. E por diversas razões não passou. Porém, alguns argumentam que, por vias de silêncio do Legislativo, outro poder deve tomar a dianteira sobre a questão e levá-la adiante. O silêncio neste caso pode muito bem ser visto como a não aceitação do poder Legislativo em sancionar tal absurdo sórdido chamado aborto. Neste caso o silêncio é uma negativa.

O silêncio ao posicionar-se diante de tais usurpações não seria conivência?

Porém, enviei e-mails para vários deputados, e até o presente momento nenhum foi respondido. E até esta data não tenho visto manifestação pública relevante sobre o caso, o que leva a supor que neste caso o silêncio deva ser conivência.

O que dizem:

Ives Gandra da Silva Martins:

“Estou convencido - apesar de ser eu um modesto advogado de província e ele, brilhante guardião da Constituição - de que a decisão é manifestamente inconstitucional. Macula o artigo 5º da Lei Suprema, que considera inviolável o direito à vida. Fere o § 2º do mesmo artigo, que oferta aos tratados internacionais que cuidam de direitos humanos a condição de cláusula imodificável da Constituição. Viola o artigo 4º do Pacto de São José, tratado internacional sobre direitos fundamentais a que o Brasil aderiu, e que declara que a vida começa na concepção.” (fonte: http://www.feth.ggf.br/Aborto.htm)

Ministro Ricardo Lewandowski

Votou contra a liberação do aborto de feto anencéfalo"Não é lícito ao maior órgão judicante do país envergar as vestes de legislador criando normas legais. [...] Não é dado aos integrantes do Poder Judiciário promover inovações no ordenamento normativo como se parlamentares eleitos fossem." (Fonte: 
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/veja-como-votaram-os-ministros-do-stf-sobre-aborto-de-feto-sem-cerebro.html)

Implicações religiosas

Em um país em que sobeja a corrupção em todas as esferas sociais, impostos elevadíssimos corroem o povo. A governabilidade já chegou a patamar de conchavo e os assim chamados “valeriodutos” inspirando lavagens de dinheiro a nível nacional. Cuecas forradas com o fruto da corrupção; sanguessugas estão à solta e como sempre tudo acaba em pizza.

A “Marcha contra a corrupção” ocupa pouco espaço na mídia e na vida nacional, alguns políticos ainda acham seu salário pequeno e no apagar das luzes votam seus aumentos salariais.

Tartarugas marinhas têm sua preservação e aos ovos de sua prole são asseguradas vultosas somas, visando proteção. Diante do fato de um animal raro abatido, a prisão é certa.

Porém a vida humana é pretensiosamente relegada, um pesar, suspiro e nada mais. Então tudo passa e vamos ao próximo caso, vivendo de escândalo em escândalo e desta forma o povo se embrutece e paralisa. A sociedade atual esta demonstrando o que tem aprendido com reality shows.

Não há saber sem pressupostos, não há fundamento argumentativo que em algo não se fundamente. Pois bem, meu argumento alicerçou-se na base de toda a justiça – A Bíblia, e sua ética.

Nos Estados Unidos, os protestantes. No Brasil os católicos. No ocidente de uma forma geral, os cristãos estão sendo relegados a uma esfera de cidadãos de segunda classe. Seu ponto de vista não é respeitado, seus valores são desprezados.

O Salmo 139 enfatiza que Deus vê o ser humano no ventre de sua mãe, quando ainda substância informe, e que Deus formou o espírito do homem dentro dele (Zacarias 12.1), segundo o traducionismo teológico, não herdamos somente características genéticas, mas também a alma. Somos considerados humanos desde o momento em que somos substância ainda informe, que momento seria esse?

Visto que Deus deu a vida, somente Ele pode tirá-la e ninguém mais, quem poderá dizer que “não é humano” aquele que tem em seu DNA a carga genética da humanidade?

As cartas foram lançadas sobre o carmesim manto dos fetos que serão assassinados com a corroboração da lei. A Bíblia aconselha neste momento ainda:

Provérbios 31.8,9:

“Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados.”

Salmo 82.2-4:

“Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.”

Finalmente:

Provérbios 24.11,12:

“Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos. Se disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?”

domingo, 22 de abril de 2012

SEM FALSIFICAR A PALAVRA

Por J. C. Ryle.

"Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus" (2Coríntios 2.17, NVI). 

Não é pouca coisa falar a uma congregação de almas imortais sobre as coisas de Deus. Mas a responsabilidade mais importante de todas é falar a um grupo de ministros do Evangelho como o que vejo diante de mim neste momento. Atravessa-me a mente a terrível sensação de que uma só palavra equivocada que possa arraigar-se em algum coração frutifique e no futuro, desde algum púlpito, possa causar danos cujo alcance desconhecemos.

Mas há ocasiões em que a verdadeira humildade pode ser vista não tanto nas confissões em  voz alta de nossa fraqueza, mas sim quando esquecemos verdadeiramente de nós mesmos. Desejo, portanto, esquecer meu ego nesta ocasião ao dirigir minha atenção a esta passagem das Escrituras. Se não digo muita coisa sobre meu sentimento de insuficiência, creia que não é porque não o tenha.

A expressão grega traduzida como "negociamos" deriva de uma palavra cuja etimologia não encontra consenso entre os lexicógrafos. Refere-se ou a um comerciante que não leva seu negócio honradamente ou a um produtor de vinhos que adultera o vinho que põe à venda. Tyndale a traduz como: "Não somos como aqueles que mutilam e modificam a Palavra de Deus". Na versão Rhemish lemos: "Não somos como muitos, que adulteram a Palavra de Deus". Na Versão Autorizada inglesa, numa nota à margem, lemos: "Não somos como muitos, que utilizam com engano a Palavra de Deus".

Na construção dessa frase, o Espírito Santo inspirou Paulo para que declarasse a verdade de forma negativa e positiva. Esse tipo de construção adiciona claridade ao sentido das palavras e as torna inequívocas, além de intensificar e fortalecer a asseveração nelas contida. Dão-se casos de construções similares em outras três extraordinárias passagens bíblicas, duas em referência ao batismo e uma com respeito à questão do novo nascimento (cf. Jo 1.13; 1Pe 1.23; 3.21). Percebemos, portanto, que nosso texto contém lições tanto positivas quanto negativas para a instrução dos ministros de Cristo. Umas coisas devem ser evitadas. Outras, devem ser procuradas.

A primeira lição negativa é uma clara advertência contra a falsificação ou a utilização enganosa ou "comercial" da Palavra de Deus. O Apóstolo diz que "muitos" procedem dessa forma, assinalando que mesmo em sua época havia alguns que não tratavam a verdade de Deus com honra e fidelidade. Aqui temos uma resposta contundente àqueles que afirma que a "igreja primitiva" era de uma pureza exemplar. O mistério da iniquidade já estava operando. A lição é que devemos evitar qualquer asseveração falsa com respeito à Palavra de Deus, a qual fomos encarregados de pregar. Não devemos acrescentar-lhe nada. Não devemos tirar-lhe nada.

Muito bem, quando pode-se dizer que estamos falsificando a Palavra de Deus na atualidade? Quais são os recifes e os bancos de areia que devemos evitar se não quisermos fazer parte dos "muitos" que manipulam enganosamente a verdade de Deus? Algumas indicações a esse respeito podem ser mui úteis.

Falsificamos a Palavra de Deus da forma mais perigosa quando lançamos qualquer sombra de dúvida sobre a inspiração plena das Sagradas Escrituras. Isso não é meramente corromper o vaso, mas sim contaminar toda a fonte. Isso não é meramente poluir o cântaro, mas sim envenenar todo o poço. Uma vez enganados neste ponto, toda a essência de nossa religião estará em perigo. É uma fissura no fundamento. É um verme devorador na raiz de nossa teologia. Uma vez que permitirmos que esse  verme ataque a raiz, logo o tronco, os galhos e as folhas começarão a decair pouco a pouco. Sou bem consciente de que a questão da inspiração está rodeada de certas dificuldades. Mas em minha humilde opinião, apesar de certas questões que não podemos resolver agora, a única postura adequada e segura que podemos adotar é esta: que cada capítulo, cada versículo e cada palavra da Bíblia são inspirados por Deus. Jamais deveríamos abandonar nenhum princípio teológico, como também não abandonamos os princípios científicos devido a aparentes dificuldades que não podemos eliminar na atualidade.

Permitam-me mencionar uma analogia sobre esse importante axioma. Aqueles que estão familiarizados com a astronomia sabem que antes do descobrimento de Netuno havia dificuldades que preocupavam muito a maioria dos astrônomos a respeito de aberrações na órbita do planeta Urano. Essas aberrações confundiam as mentes dos cientistas e alguns deles indicaram que poderia ser demonstrado, por meio delas, que o sistema newtoniano não era correto. Mas, naquela época, um conhecido astrônomo francês chamado Leverrier leu, ante a Academia de Ciências, um artigo no qual estabelecia o grande axioma segundo o qual não seria apropriado renunciar a um princípio científico por causa de algumas dificuldades que não podiam, no momento, ser explicadas. Ele disse: "Não podemos explicar as alterações da órbita de Urano por enquanto. Mas estamos certos de que mais cedo ou mais tarde demonstraremos que o sistema newtoniano está correto. Talvez alguém descubra algo um dia que prove que essas alterações orbitais de Urano são perfeitamente explicáveis, sem descartar o sistema de Newton". Alguns anos depois, os angustiados olhos dos astrônomos descobriram, finalmente, o último grande planeta: Netuno. E foi comprovado que as alterações na órbita de Urano eram causadas pela presença de Netuno, e que o astrônomo francês havia estabelecido um princípio científico sábio e correto: afinal, Newton continuava certo. A aplicação desta história é óbvia.

Tenhamos o cuidado de não renunciar a nenhum princípio teológico básico. Não renunciemos ao grande princípio da inspiração plena das Escrituras por causa de algumas dificuldades que possam surgir diante de nós. Chegará o dia em que tais dificuldades serão resolvidas. Enquanto isso, podemos estar certos de que as dificuldades que enfrentam quaisquer outras teorias da inspiração são muito maiores do que as que nós enfrentamos.

Em segundo lugar, falsificamos a Palavra de Deus quando fazemos afirmações doutrinárias equivocadas. Fazemos isso ao acrescentar à Bíblia as opiniões da Igreja ou de "Pais" da Igreja como se tivessem a mesma autoridade das Escrituras. Fazemos isso quando subtraímos coisas da Bíblia a fim de agradar aos homens ou quando, por um sentimento de falsa liberalidade, evitamos qualquer afirmação bíblica que possa parecer radical, dura ou estreita. Falsificamos a Palavra de Deus quando tentamos suavizar qualquer coisa que se ensine com respeito ao castigo eterno ou à realidade do inferno. Fazemos isso quando elevamos certas doutrinas a alturas desproporcionais. Todos temos doutrinas favoritas e nossas mentes estão constituídas de tal forma que é difícil ver claramente uma verdade sem esquecer que existem outras verdades igualmente importantes. Não devemos esquecer a exortação paulina de ministrar "de acordo com a medida da fé". Falsificamos a Palavra de Deus quando exibimos um desejo excessivo de encobrir, defender ou maquiar doutrinas como a da justificação pela fé sem as obras da Lei por medo da acusação de antinomismo; ou quando fugimos de afirmações sobre a santidade e a santificação por medo de sermos considerados legalistas. Falsificamos a Palavra de Deus quando evitamos utilizar a linguagem bíblica ao mencionar as doutrinas. Temos a tendência de evitar termos como "novo nascimento", "eleição", "adoção", "conversão", "segurança" e substituí-los por expressões inócuas, como se tivéssemos vergonha da linguagem clara e direta da Bíblia.

Em terceiro lugar, falsificamos a Palavra de Deus quando a aplicamos de forma equivocada. O fazemos ao não discernir os diferentes tipos de pessoas em nossas congregações, quando nos dirigimos a todos como se fossem salvos em razão de seu batismo ou de sua associação com a Igreja e não traçamos uma linha entre os que têm o Espírito e os que não O têm. Não somos propensos a deixar de lado os chamados claros aos não convertidos? Quando temos 800 ou 2000 pessoas diante de nosso púlpito e sabemos que uma grande parte delas não é salva, não corremos o risco de manejar defeituosamente a Palavra de Deus em nossas exortações práticas, ao não deixar suficientemente claro o que a Bíblia diz aos diversos tipos de pessoas que formam a nossa congregação? Falamos claramente aos pobres, mas falamos claramente também aos ricos? Falamos claramente ao nos dirigir às classes altas? Este é um ponto respeito ao qual temo que necessitamos examinar nossas consciências.


Passemos agora às lições positivas do nosso texto: "antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus".


Deveríamos ter o propósito de falar "com sinceridade" - sinceridade de propósito, de coração e de motivações - e de falar como quem está profundamente convencido da verdade que proclama, como quem possui fortes sentimentos e um terno amor por aqueles a quem se dirige.


Deveríamos ter o propósito de falar "como homens enviados por Deus". Deveríamos nos esforçar para nos sentir como homens que foram encarregados de falar em nome de Deus e em Seu lugar. Em nosso pavor de cair no romanismo, frequentemente esquecemos as palavras do Apóstolo: "Honro o meu ministério". Esquecemos quão grande é a responsabilidade do ministro do Novo Pacto e quão terrível é o pecado daqueles que, quando um verdadeiro ministro de Cristo se dirige a eles, recusam-se a receber a sua mensagem e endurecem seus corações.


Deveríamos ter o propósito de falar "diante de Deus". Não devemos perguntar a nós mesmos  o que as pessoas pensam de nós, mas o que Deus pensa de nós. Latimer recebeu, em certa ocasião, o chamado para pregar diante de Henrique VIII e começou seu sermão da seguinte forma: "Latimer! Latimer! Lembre-se de que você está falando diante do excelso e poderoso rei Henrique VIII; diante daquele que tem poder para enviá-lo à prisão, diante daquele que tem poder para ordenar que você, Latimer, seja decapitado. Latimer, tenha cuidado para não dizer nada que ofenda os ouvidos reais!". Então, depois de uma pausa, Latimer prosseguiu: "Latimer! Latimer! Lembre-se de que você está falando diante do Rei dos Reis e do Senhor dos Senhores, diante d'Aquele perante quem o próprio rei Henrique VIII deverá apresentar-se um dia; diante d'Aquele que você mesmo deverá prestar contas um dia! Latimer, seja fiel ao Senhor e proclame toda a Palavra de Deus!". Oh! Que seja este o espírito com que nos retiramos de nossos púlpitos: não preocupados pensando se os homens ficaram satisfeitos ou insatisfeitos, nem se estarão nos elogiando ou nos difamando; mas preocupados, sim, com o testemunho de nossa consciência de que temos falado diante de Deus.


Por último, deveríamos ter o propósito de falar "em Cristo". O significado dessa expressão não está claro. Grotius diz o seguinte: "Devemos falar em Seu nome, como embaixadores de Cristo". Mas Grotius tem pouca autoridade. Beza diz: "Devemos falar sobre Cristo, a respeito de Cristo". Isso é boa doutrina, mas dificilmente representa o significado exato dessas palavras. Outros dizem: devemos falar como unidos a Cristo, como aqueles que receberam a misericórdia de Cristo e cujo único direito de dirigir-se aos demais provém de Cristo. Outros dizem: devemos falar através de Cristo, com a força de Cristo. Talvez esse seja o melhor sentido. A expressão no grego corresponde à de Filipenses 4.13: "Tudo posso naquele que me fortalece". Seja qual for o significado que atribuímos a essas palavras, uma coisa é bem clara: devemos falar em Cristo, como quem recebeu misericórdia; como quem não deseja exaltar-se a si mesmo, senão ao Salvador; como quem não se preocupa com o que os homens possam dizer, mas somente com que Cristo seja glorificado e magnificado em seu ministério.


Em resumo, todos deveríamos nos perguntar: Alguma vez manipulamos enganosamente a Palavra de Deus? Compreendemos o que é falar da parte de Deus, diante de Deus e de Cristo? Permitam-me fazer-lhes perguntas diretas. Há algum texto na Palavra de Deus que não conseguimos expor? Há alguma afirmação na Bíblia que evitamos falar à nossa congregação não porque não a entendemos, mas porque contradiz alguma ideia que temos a respeito da Verdade? Se é assim, perguntemos a nossas consciências se estamos manipulando enganosamente a Palavra de Deus.


Há algo na Bíblia que estamos deixando de lado porque tememos parecer duros e ofender parte de nossa audiência? Há alguma afirmação, seja doutrinária ou prática, que mutilamos ou desmembramos ou escondemos? Se é assim, estaremos tratando com a Palavra de Deus com a honra devida?


Oremos para que sejamos guardados de falsificar a Palavra de Deus. Que nem o temor ao homem nem o favor dos homens nos induzam a rejeitar, evitar, mudar, mutilar ou maquiar texto algum da Bíblia. Sem dúvida, quando falamos como embaixadores de Deus, devemos fazê-lo com santa ousadia. Não temos motivo algum para nos envergonhar de qualquer afirmação que façamos desde nossos púlpitos sempre que esteja de conformidade com as Escrituras. Com frequência tenho pensado que um dos grandes segredos da maravilhosa honra que Deus tem colocado sobre um homem que não pertence à nossa denominação (refiro-me ao Sr. Spurgeon) é a extraordinária coragem e confiança com que ele fala no púlpito às pessoas a respeito de seus pecados e do estado de suas almas. Não se pode dizer que ele o faça com medo de alguém ou para contentar alguém. Parece dar o que corresponde a todo tipo de ouvinte: ao rico e ao pobre, ao nobre e ao camponês, ao erudito e ao analfabeto. Trata a cada um com claridade, segundo a Palavra de Deus. Creio que essa mesma coragem tem muito a ver com o sucesso que Deus tem dado ao seu ministério. Não nos envergonhemos de aprender uma lição dele nesse aspecto. Vamos aos nossos púlpitos e façamos o mesmo.

John Charles Ryle (1816-1900), "um homem de granito, com o coração de uma criança", foi o primeiro bispo de Liverpool, escritor prolífico e defensor do caráter protestante da Igreja da Inglaterra. Mais de 100 anos depois de sua morte, seus sermões e escritos ainda falam poderosamente aos cristãos de hoje. O sermão acima foi pregado em Weston-super-Mare, em agosto de 1858, por ocasião do Aggregate Clerical Meeting, sob a presidência do arquidiácono Law, registrado em notas taquigráficas por um dos ouvintes e mais tarde redigido em língua inglesa para publicação.

Fonte: RYLE, J. C. Advertencias a las Iglesias. Moral de Calatrava (Ciudad Real): Peregrino, 2003, pp. 28-35.

Traduzido do espanhol por F.V.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

Breve Histórico do Movimento Pentecostal


Entre os anos 1893-1900, surgiram e se proliferaram nos Estados Unidos as chamadas "Igrejas de Santidade", que enfatizavam o batismo no (ou com, ou por) Espírito Santo como uma "segunda bênção" a ser recebida pelos cristãos (a primeira seria a salvação) e a perfeição moral como uma consequência dessa segunda bênção. Podemos reconhecer claramente o eco das teologias de John Wesley e Charles Finney influenciando tais igrejas.

Em 1901, Charles Fox Parham começou a ensinar que o falar em línguas seria a evidência do batismo no Espírito Santo. Atos 2.1-4 deveria ser normativo para todos os cristãos. Algum tempo depois, em 1906, William Seymor, na rua Azusa (Los Angeles), liderou o que seria conhecido mais tarde como "Movimento Pentecostal". Tal movimento chega ao Brasil em 1910, com a Congregação Cristã. No ano seguinte, 1911, os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg causam uma divisão na Primeira Igreja Batista de Belém do Pará, fundando aquela que é hoje a maior denominação evangélica do Brasil: a Assembleia de Deus. Essa foi a "primeira onda" do movimento pentecostal em solo tupiniquim.

A segunda onda veio na década de 1950. Em 1951 foi fundada a Igreja do Evangelho Quadrangular (Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e voltará). Em 1955 nasce a igreja O Brasil para Cristo (primeira igreja pentecostal fundada somente por brasileiros). Em 1962 surge a Igreja Pentecostal Deus é Amor. A ênfase destes novos pentecostais era a cura divina.

A "terceira onda" pentecostal veio a partir de mais divisões causadas em igrejas tradicionais, ortodoxas, já existentes. Não nasceram de novos convertidos, de novas igrejas, mas de cismas e desavenças em igrejas já estabelecidas. Assim, da Convenção Batista Brasileira,  por exemplo, saíram os batistas "renovados" que fundariam, mais tarde, suas próprias convenções, como a Convenção Batista Nacional (1967). Nessa época começa também o Movimento Católico de Renovação Carismática: parte do povo católico romano passou a imitar alguns aspectos do movimento pentecostal em sua liturgia e teologia.

A "quarta onda" foi a que mais estragos causou e continua causando ao evangelicalismo brasileiro, pois nela surgiram as chamadas "igrejas neopentecostais", cujas doutrinas afastaram-se tanto do Cristianismo bíblico que podem corretamente ser classificadas como seitas pseudocristãs. Em 1977 surgiu a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo. Em 1980 R. R. Soares funda a Igreja Internacional da Graça de Deus. Mais recentemente, Valdemiro Santiago criou a Igreja Mundial do Poder de Deus (e - pasmem! - já existe a "Igreja Mundial Renovada"...). A ênfase neopentecostal é o pernicioso "evangelho da saúde e da prosperidade". Verdadeiras máquinas caça-níquel, tais "igrejas", além de enriquecer tremendamente seus (donos?) líderes (somente num país como o Brasil tais homens podem prosperar à custa da ignorância do povo e da cumplicidade das autoridades), são conhecidas por mesclar elementos do espiritismo, ocultismo e de religiões afro-brasileiras com uma pitada (bem pequena, por sinal) de passagens bíblicas esparsas e sempre fora de contexto. Ignorância e ganância são os pilares de sustentação de tais "igrejas".


Batismo no Espírito Santo: o ensino pentecostal

De modo geral, todas essas igrejas e denominações, desde a primeira até a quarta "ondas", ensinam que o  batismo no Espírito Santo é uma "segunda bênção", que devemos buscá-la com afinco, e que nem todos os cristãos são batizados no Espírito Santo.

Mas, o que a Bíblia diz?


Batismo no Espírito Santo: o ensino bíblico

O Antigo Testamento fala da "promessa do Espírito":


"A fortaleza será abandonada, a cidade barulhenta ficará deserta, a cidadela e a torre das sentinelas se tornarão covis, uma delícia para os jumentos, uma pastagem para os rebanhos, até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta" (Isaías 32.14,15).


"Pois derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes" (Isaías 44.3).


"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias" (Joel 2.28,29).


Especialmente em Joel, notamos que a promessa é que o Espírito será derramado sobre todos, "até sobre os servos e as servas": ninguém que pertence ao Senhor deixará de receber o derramamento do Espírito Santo. O Senhor também promete derramar seu Espírito sobre todos os povos.


No Novo Testamento, o Espírito é derramado, em primeiro lugar, sobre os judeus:


"Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2.1-4).


Esta é a experiência que os pentecostais querem que seja "normativa" para todos os cristãos: o falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Porém, curiosamente, eles não mencionam o "som como de um vento muito forte" e o surgimento do "que parecia ser línguas de fogo" como evidências igualmente obrigatórias. Por que será?


Falando em línguas, os discípulos proclamam "as maravilhas de Deus" aos habitantes de Jerusalém e aos visitantes que ali estão, vindo de todas as partes do mundo, que os ouvem falando em seus respectivos idiomas nacionais (versículos 5-12). Mas alguns zombam, dizendo que aqueles cristãos estão bêbados. Em resposta, Pedro apela para a profecia de Joel, citada acima. Ele prega Jesus Cristo àquela gente, e como resultado cerca de três mil pessoas tornam-se cristãs (versículos 13-41).


Era necessária uma manifestação visível da vinda do Espírito Santo à Igreja, para marcar a nova era inaugurada por Jesus. Por isso o som de vento, por isso a aparição de algo semelhante a línguas de fogo (não fogo verdadeiro, mas algo parecido com fogo, de acordo com o texto bíblico), por isso as línguas faladas para que todos entendessem o que estava acontecendo. Estava inaugurada a Era do Espírito! Estava cumprida a profecia de Joel e era necessário que houvesse manifestações visíveis e perceptíveis para que tal cumprimento fosse percebido e reconhecido.


Em segundo lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito Santo sendo derramado sobre os samaritanos:


"Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo" (Atos 8.14-17).


Aparentemente houve alguma manifestação visível do recebimento do Espírito nos crentes samaritanos, pois foi claramente percebido por todos à volta, embora o texto não mencione o falar em línguas nem o som de vento nem as línguas semelhantes a fogo (cf. versículos 18-25).


Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do derramamento do Espírito sobre aqueles samaritanos, e isso na presença dos Apóstolos Pedro e João, dada a antipatia e o desprezo com que os judeus encaravam aquele povo. Os samaritanos eram considerados piores do que cães, e daquele modo Deus deixou bem claro a Pedro, João e os demais crentes judeus que os samaritanos podiam, sim, fazer parte do povo de Deus.


Em terceiro lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito sendo derramado sobre os gentios:


"No outro dia chegaram a Cesareia. Cornélio os esperava com seus parentes e amigos mais íntimos que tinha convidado. Quando Pedro ia entrando na casa, Cornélio dirigiu-se a ele e prostrou-se aos seus pés, adorando-o. Mas Pedro o fez levantar-se, dizendo: 'Levante-se, eu sou homem como você'.
"Conversando com ele, Pedro entrou e encontrou ali reunidas muitas pessoas e lhes disse: 'Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum. Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção. Posso perguntar por que vocês me mandaram buscar?'
"Cornélio respondeu: 'Há quatro dias eu estava em minha casa orando a esta hora, às três horas da tarde. De repente, colocou-se diante de mim um homem com roupas resplandescentes e disse: Cornélio, Deus ouviu sua oração e lembrou-se de suas esmolas. Mande buscar em Jope a Simão, chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que mora perto do mar. Assim, mandei buscar-te imediatamente, e foi bom que tenhas vindo. Agora estamos todos aqui na presença de Deus, para ouvir tudo o que o Senhor te mandou dizer-nos'.
"Então Pedro começou a falar: 'Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas novas de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. Sabem o que aconteceu em toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele.
'Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que foi a ele que Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome'.
"Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus.
"A seguir Pedro disse: 'Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós!' Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias" (Atos 10.24-48).


Todos os gentios que estavam ouvindo a Pedro foram batizados no Espírito Santo - "como nós", conforme o próprio Pedro reconheceu. Os judeus "ficaram admirados" de que "até sobre os gentios!" foi concedido o dom do Espírito. Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do batismo no Espírito Santo, para provar aos judeus que "até mesmo aos gentios" Deus concedera tamanha graça. (O "dom" do Espírito Santo, conforme Atos 2.38 e 10.45 deixam bem claro, é outro modo de dizer "o batismo no Espírito Santo").


Em quarto lugar, o Novo Testamento mostra o dom do Espírito Santo sendo concedido aos discípulos de João Batista.


"Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: 'Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?'
"Eles responderam: 'Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo'.
"'Então, que batismo vocês receberam?', perguntou Paulo.
"'O batismo de João', responderam eles.
"Disse Paulo: 'O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus'. Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens" (Atos 19.1-7).


O mesmo padrão repete-se aqui: uma demonstração notável do batismo no Espírito Santo era necessária, para demonstrar que aqueles "discípulos" agora eram, verdadeiramente, parte integrante da Igreja de Jesus Cristo. Aqueles homens, provavelmente judeus da velha aliança, ainda esperavam o Messias prometido pelos profetas e por João Batista. Paulo lhes anunciou a boa nova de que o Messias já viera, na pessoa de Jesus. Assim que receberam a mensagem, receberam igualmente o batismo no Espírito Santo, tal como ocorreu com Cornélio e os demais gentios em sua casa.


Nas epístolas do Novo Testamento encontramos mais informações a respeito do batismo no Espírito Santo.


"Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória" (Efésios 1.13,14).


Devemos prestar atenção a estas palavras. Fomos selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa quando ouvimos e cremos na palavra da verdade, o evangelho. Nesse momento - no instante da nossa conversão - recebemos o dom do Espírito Santo, assim como Cornélio e os discípulos de João Batista. No momento da nossa conversão, recebemos o Espírito Santo da promessa - aquele mesmo de Joel, aquele mesmo de Atos 2, aquele mesmo do Pentecoste. Ou seja: o batismo no Espírito Santo ocorre no momento de nossa conversão, quando recebemos o dom do Espírito, o Espírito Santo da promessa, que nos "sela" como propriedade exclusiva de Deus.


"Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória" (Romanos 8.12-17).


Todos os verdadeiros cristãos são guiados pelo Espírito Santo. Eles O receberam - todos, sem exceção - e agora são guiados por Ele, adotados como filhos pelo Deus vivo, tornados herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo - em suma, nada lhes falta. Não há necessidade de uma "segunda bênção". Quem está em Cristo tem o Espírito e é filho do Pai, herdeiro de Deus. Não há nada faltando aqui. Não há nada para ser "completado" aqui.


"Mas quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3.4-6).


Todos os verdadeiros cristãos receberam o batismo no Espírito Santo no instante de sua conversão: Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo; o qual Ele derramou sobre nós generosamente. O batismo - o "lavar" - é regenerador, é renovador, pois nos purifica dos pecados e nos torna nova criação em Cristo (2Co 5.17). É o batismo - que Ele derramou generosamente sobre nós - no Espírito Santo, que nos purifica e renova.


"Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito" (1 Coríntios 12.13).


Esta passagem é claríssima. Num só corpo - a Igreja - todos nós (sem exceções!) fomos batizados em um único Espírito! Não importa se você é judeu, samaritano, romano, grego ou até mesmo brasileiro - no instante em que você foi inserido no corpo de Cristo (a Igreja), isto é, no momento de sua conversão, você foi batizado no Espírito Santo. Simples assim. É o que o texto diz, é o que o Novo Testamento ensina, embora muitos não aceitem.


Mas, e as línguas? Não são as línguas evidência do batismo no Espírito Santo? No entanto, nem todos os que se convertem falam em línguas - alguns falam, outros falam depois, e ainda outros jamais falarão em línguas. Se o batismo no Espírito Santo ocorre no instante da conversão, como as passagens bíblicas supracitadas indicam, por que nem todos os que se tornam cristãos falam em línguas no instante de sua conversão?


A resposta bíblica é clara: porque as línguas são um dom, distribuído pelo Espírito Santo a quem Ele quer distribuir, e nem todos os cristãos recebem o mesmo dom. Em Atos, o falar em línguas era necessário para marcar a vinda do Espírito Santo e inaugurar a era da Igreja e para indicar que aos cristãos judeus que o Espírito Santo seria derramado sobre todos os povos, sem distinção. Hoje tais manifestações visíveis já não são necessárias: o Espírito já veio, a era da Igreja já começou e há cristãos de praticamente todas as etnias.


Vejamos o ensino bíblico:


"A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer" (1Coríntios 12.7-11).


Note bem: a um é dada a palavra de sabedoria... a outro... palavra de conhecimento; a outro... fé; a outro... dons de curar (...) a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Cada cristão recebe um dom diferente, e não há nenhum dom que seja comum a todos. A mesma ideia é ressaltada na passagem seguinte:


"Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dons de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons" (1Coríntios 12.27-31).


Falam todos em línguas? A resposta, obviamente, é não. Nem todos têm dons de curar, nem todos falam em línguas, porque não existe nenhum dom que seja comum a todos os cristãos, pois somos "membros uns dos outros" e cada um tem uma função específica no corpo de Cristo. "Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros do corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (1Coríntios 12.17-19).


Portanto, biblicamente, o falar em línguas não é evidência do batismo no Espírito Santo; o batismo no Espírito Santo não é uma "segunda bênção", mas ocorre no momento da conversão quando somos "selados", "lavados" e "regenerados" pelo Espírito Santo. A Bíblia é clara! O movimento pentecostal, surgido no início do século passado, simplesmente não levou em consideração os fatos bíblicos, mas trocou o ensino das Escrituras por experiências pessoais, particulares, mal interpretadas. Também desprezou dois mil anos de história da Igreja: teria o Espírito Santo se enganado durante tanto tempo, guiando e orientado os cristãos sobre o batismo no Espírito Santo de modo diferente do ensino pentecostal, e isso durante cerca de dois mil anos?


Mas então, o que acontece com os cristãos que afirmam, e que estão convencidos, que receberam uma "segunda bênção", um "batismo", tempos depois de sua conversão, batismo esse assinalado (na maioria das vezes, mas não em todas elas) pelo falar em línguas?


Tais experiências podem muito bem ser explicadas pelo que as Escrituras chamam de "ser cheio do Espírito Santo", isto é, a plenitude do Espírito, que sói ser acompanhada pelo recebimento ou desenvolvimento de dons espirituais.


A Plenitude do Espírito: o ensino bíblico


A Bíblia nos ordena a ser cheios do Espírito. Somos instados a buscar uma vida de plenitude do Espírito Santo:


"Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito" (Efésios 5.18).


Em nenhum lugar as Escrituras ordenam ao crente que busque o batismo no Espírito Santo. Se o batismo no Espírito fosse uma "segunda bênção", uma segunda experiência na vida cristã, como quer o movimento pentecostal, certamente a Bíblia nos diria isso claramente e mais, nos daria ordens e instruções para buscar o batismo. No entanto, o que a Bíblia ordena? Não que recebamos o batismo no Espírito (já o recebemos quando da nossa conversão!), mas que nos deixemos encher pelo Espírito! Aos crentes é ordenado não que busquem o batismo no Espírito Santo, mas que sejam cheios do Espírito Santo.


A plenitude do Espírito em nossas vidas nos capacita para a obra de Deus. O ministério só pode ser corretamente cumprido na plenitude do Espírito:


"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor" (Lucas 4.18,19).


"Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que deverão dizer" (Lucas 12.11,12).


"Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" (João 14.26).


"Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito" (João 15.26).


"Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês" (João 16.13-15).


Testemunhar, proclamar, pregar, conhecer as coisas de Deus - tudo isso é tornado efetivo pelo Espírito Santo. Sem Sua atuação em nossas vidas, não temos meios de servir a Deus de modo eficaz. Precisamos ser cheios do Espírito Santo.


"Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: 'Autoridades e líderes do povo!'" (Atos 4.8). Pedro recebeu ousadia e sabedoria para proclamar o Evangelho mesmo diante da oposição dos líderes religiosos.


"Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa..." (Atos 6.3). A escolha dos Sete deveria ser feita com base na plenitude do Espírito. Para executar corretamente o serviço à Igreja, tais homens deveriam ser "cheios do Espírito Santo", requisito fundamental para o ministério cristão.


"Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus" (Atos 7.55). No momento do martírio, Estêvão foi cheio do Espírito Santo e recebeu, assim, força e encorajamento para enfrentar a morte horrível por apedrejamento, avistando o Senhor Jesus que, "em pé" (e não sentado em Seu trono) o esperava na glória celestial.


"Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse..." (Atos 13.9). Paulo também recebeu o enchimento do Espírito, que o capacitou a enfrentar e vencer o mago judeu que tentava impedir que o procônsul romano Sérgio Paulo ouvisse a Palavra de Deus.


Precisamos ser cheios do Espírito Santo.


A Capacitação do Espírito


O Espírito Santo nos enche e nos capacita para o serviço cristão (2Coríntios 3.3-6). A vida cristã é vida no Espírito. É Ele que nos vivifica em Cristo, e nos transmite as bênçãos da salvação que Jesus Cristo conquistou para nós, de acordo com o desígnio eterno do Pai.


"Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8.13,14). O Espírito Santo nos guia, nos orienta em nossa caminhada e nos ajuda a mortificar nossa natureza pecaminosa.


"Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8.26). O Espírito nos capacita a orar, e quando não somos capazes de fazê-lo, Ele mesmo intercede por nós até mesmo "com gemidos inexprimíveis". (Alguns creem que aqui Paulo está se referindo ao falar em línguas, porém não é o crente que "geme", é o próprio Espírito, e isso com gemidos inexprimíveis, isto é, não com palavras, seja em que língua for - estranha ou conhecida).


Em 1Coríntios 2.1-16, o Apóstolo nos indica que a mensagem e a pregação cristãs devem consistir não meramente de palavras de sabedoria humana, mas de "demonstração do poder do Espírito" (v. 4). As coisas de Deus nos são reveladas pelo Espírito de Deus (versículos 10-12). O homem que não tem o Espírito (não regenerado, não salvo) não tem condições de compreender "as coisas que vêm do Espírito de Deus" (v. 14). O Espírito nos dá "a mente de Cristo" (v. 16).


Já mencionamos que os dons espirituais são distribuídos pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.4-11,27-31; Efésios 4.11; Hebreus 2.4; 1Pedro 4.10,11). O maior dom, entretanto, é o amor (1Coríntios 13), que é o "fruto" do Espírito em nós, isto é, o resultado da obra do Espírito Santo em nosso caráter:


"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (...) se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito" (Gálatas 5.22,23,25). A maior obra do Espírito Santo em nossas vidas é a transformação do nosso caráter depravado e desesperadamente corrupto, que só sabe produzir as "obras da carne" (Gálatas 5.19-21), no caráter santo e justo do Senhor Jesus Cristo, no processo da santificação. (E falta de caráter cristão é justamente o que pode ser observado, frequentemente, na liderança neopentecostal).


O Espírito de Deus nos capacita para a adoração genuína e nos faz perder toda a confiança em nossa própria capacidade humana diante das demandas espirituais da obra de Deus (Filipenses 3.3). O Evangelho somente pode ser pregado "pelo Espírito Santo enviado dos céus" (1Pedro 1.12). Os autores bíblicos registraram sem erro a Palavra de Deus porque foram movidos ou impelidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.21).


A doutrina do Espírito Santo é de importância fundamental para a Igreja, pois somos habitação do Espírito, e como vimos, sem Ele não há vida cristã, nem ministério, nem dons espirituais nem pregação genuína. Não temos o direito de jogar fora o claro ensino bíblico a respeito do Espírito Santo em troca de experiências pessoais e de movimentos surgidos muito tempo depois da Igreja ser estabelecida e que se arrogam o direito de trazer "novos ensinos e revelações" supostamente da parte de Deus. Sola Scriptura - Somente as Escrituras. A Bíblia é suficiente e única, e não pode ser substituída por nenhuma nova doutrina. O movimento pentecostal surgiu nos primórdios do século XX. A Palavra de Deus terminou de ser escrita há dois mil anos atrás, e nada deve ser acrescentado a ela.


"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.29).