O CONTEÚDO DA ADORAÇÃO
"E proclamavam uns aos outros: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória" (Is 6.3). [23]
Podemos estar certos de que o conteúdo da adoração dos serafins era a regra e não a exceção no Céu. Podemos, portanto, adotar tal conteúdo como modelo e paradigma do conteúdo de nossa própria adoração, pois os anjos adoram a Deus de modo perfeito.
Toda verdadeira adoração pública deve conter, no mínimo, certos elementos para ser considerada como tal. Encontramos tais elementos na visão de Isaías. São os seguintes:
Leitura da Palavra (v. 3)
É evidente que os serafins não leram a Bíblia nem consultaram nenhum manual de adoração. Mas também é evidente que eles não tinham necessidade disso: a Palavra de Cristo habita perfeita e abundantemente em seus corações (cf. Cl 3.16). A verdade que proclamaram no tocante à santidade de Deus encontra-se amplamente ratificada pelas Escrituras. Nós, no entanto, devido à nossa fraqueza humana, precisamos recorrer à leitura da Bíblia como auxílio indispensável a fim de expressar adequadamente nossa adoração.
As Escrituras devem guiar nossa adoração, caso contrário a mesma terá meramente "aparência de sabedoria" e "pretensa religiosidade" (cf. Cl 2.23). Quando os Apóstolos retornaram à igreja após serem interrogados, adoraram juntos a Deus citando as palavras das Escrituras (cf. At 4.25,26). O próprio Jesus sempre recorreu às Escrituras (Lc 4.17). E no livro de Apocalipse lemos o seguinte: "Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo" (Ap 1.3). A Bíblia é fundamental para que adoremos "em verdade" (Jo 4.24), e não segundo nossa própria imaginação. Se não permitirmos que a Bíblia seja o nosso guia, nossos sentidos podem ser desviados de nossa sincera e pura devoção a Cristo (cf. 2Co 11.3), e nossa "adoração" será simplesmente sentimental.
A leitura da Bíblia constitui um ato de adoração quando cremos que a mesma não somente contém, mas é a Palavra de Deus. A Bíblia deve ser lida - seja em público, seja a sós - com a plena convicção de que por meio dela Deus está falando conosco, e não de que estamos "discernindo" o que é Palavra de Deus para nós e o que não é.
Deus fala conosco para que possamos falar com Ele. A adoração não é simplesmente um monólogo de uma congregação que diz a Deus o que pensa sobre Ele. A adoração é o diálogo no qual Deus fala por meio de Sua Palavra, e Seu povo responde por meio dos diversos elementos do culto.
A leitura bíblica é um ato solene que deve ser feito com toda a dignidade e por pessoas idôneas. Afinal, é o único elemento inerrante do culto!
"A leitura da Palavra de Deus na congregação, ao ser parte integrante do culto (por meio da qual reconhecemos nossa dependência d'Ele e nossa submissão a Ele), e um meio santificado por Ele para a edificação do Seu povo, deve ser realizada pelos pastores e mestres". [24]
Oração
Em sua intervenção, os serafins não pareciam dirigir-se diretamente a Deus. No entanto, o que diziam sobre Deus é basicamente o que Jesus ensinou a seus discípulos ao dirigir-se ao Pai: "Santificado seja o teu nome" (Mt 6.9). Igualmente, quando Isaías reage à visão (v. 5), suas palavras mais parecem um solilóquio do que uma interpelação. Não obstante, refletem a oração de Gideão: "Ah, SENHOR Soberano! Vi o Anjo do SENHOR face a face!" (Jz 6.22). Mais adiante, no entanto, Isaías participa desse diálogo que é a oração, dizendo: "Eis-me aqui. Envia-me!" (v. 8), concordando maravilhosamente com a primeira oração do recém-convertido Saulo: "Que devo fazer, Senhor?" (At 22.10).
As manifestações dos serafins e de Isaías manifestam um profundo reconhecimento da grandeza e da glória de Deus, que deve fazer parte de toda oração genuína. Um profundo sentimento de indignidade e pecaminosidade diante de Deus e um oferecimento a Ele de tudo o que somos e temos para glorificá-Lo. Na oração nos oferecemos a Deus como um "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês" (Rm 12.1). Na oração oferecemos a Deus "um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hb 13.15). Não há nem um traço de egocentrismo na verdadeira oração. A ação de graças e o louvor deveriam predominar sobre nossas petições, de acordo com o modelo do Pai Nosso.
Certamente há lugar para a petição e a intercessão na oração, mas sempre subordinadas ao louvor e à ação de graças, e de modo coerente com eles. A oração jamais deve ser considerada como um meio para "obter coisas" de Deus, mas sim como um ato de adoração pelo qual Deus glorifica a Si mesmo ao responder graciosamente às nossas necessidades. A ordem bíblica neste sentido é: "Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas" (Mt 6.33).
Interessante a definição de Calvino a respeito da oração:
"É uma espécie de comunicação entre Deus e os homens, por meio da qual adentramos no santuário celestial, somos lembrados de Suas promessas e exortados a demonstrar, quando a necessidade assim o requer, que aquilo em que temos crido simplesmente em virtude de Sua Palavra é verdade, e não mentira e falsidade". [25]
Este conceito é muito diferente do sentido utilitário de muitas "orações" atuais.
A oração é uma resposta à revelação de Deus. O que Isaías disse cada vez que abriu sua boca foi em resposta ao que viu e ouviu. Ao longo da História os santos homens de Deus têm orado "sobre as Escrituras", isto é, lendo passagens bíblicos palavra por palavra ou frase por frase, e orando em harmonia com elas. O pensamento que controlava suas orações era chegar a Deus por meio da Palavra de Deus.
Em alguns círculos está sendo ensinado o conceito de "visualização" das orações, isto é, que não devemos nos limitar a pedir certas coisas, mas devemos visualizar mentalmente suas características concretas: cor, forma, modelo, etc. A semelhante disparate respondemos que a única coisa que Isaías "visualizou" foi a glória e a santidade de Deus, e isso através de uma teofania. Calvino, já no século XVI, advertia a respeito desse perigo, ao comentar sobre o Pai Nosso:
"Finalmente, devemos guardar-nos com toda a cautela em nossas orações para não sujeitar nem ligar Deus a determinadas circunstâncias, nem limitá-Lo a tempo, lugar ou modo de realizar o que pedimos; assim, nesta oração somos ensinados a não legislar para Deus, nem impor a Ele condição nenhuma, mas sim deixar totalmente a Seu beneplácito que Ele faça o que bem entender, do modo, no tempo e no lugar em que tiver por bem". [26]
Com exceção dos serafins, o elemento coletivo da adoração encontra-se ausente na experiência de Isaías, que se expressa sempre na primeira pessoa: "Ai de mim", "Eis-me aqui", etc. Porém, a adoração comunitária é sempre ressaltada nas Escrituras. A própria oração-modelo, o Pai Nosso, pressupõe em seu início uma comunidade que se dirige de forma unânime a Deus. Até há bênçãos especiais associadas a esse tipo de oração (cf. Mt 18.19,20). Portanto, muitos crentes revelam incoerência quando, num contexto de uma reunião de oração, clamam "meu Pai". Não é essa, de modo nenhum, a ênfase da Bíblia.
A oração coletiva ou comunitária apresenta-se a nós como uma prática habitual da Igreja primitiva (cf. At 1.13,14; 4.24ss; 12.12) que demonstra sua importância como parte do culto a Deus. [27]
A oração pública se distingue da particular - entre outras coisas - pela sensibilidade que devemos ter para com os que ouvem e assentem. É lamentável que muitas vezes se ore por pessoas ou motivos desconhecidos para os demais participantes, ou que se ore com um tom de voz que torne a oração ininteligível para os demais. Para tais casos bem que poderíamos aplicar as palavras de Paulo em 1Co 14.15-17.
Existe o perigo da ostentação na oração pública. O fariseu da parábola (Lc 18) é um bom exemplo de tal atitude, que não se limita simplesmente a elogiar suas próprias virtudes, mas também seu conhecimento bíblico.
É importante notar a relevância que as Escrituras dão aos homens no contexto do culto: "Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões" (1Tm 2.8). Se bem que as mulheres podem e devem orar na igreja (cf. 1Co 11.13), não é bíblico que elas dominem a reunião de oração enquanto os homens permanecem calados.
Cânticos
"E proclamavam uns aos outros" (Is 6.3).
É interessante notar que a Bíblia nunca menciona que os anjos cantem. Mesmo que algumas versões da Bíblia possam dar a impressão de que o fazem, nos textos originais não é assim. Em numerosas ocasiões eles são apresentados falando a Deus no Céu e aos homens na Terra, mas nunca cantando.
Na visão de Isaías, os seres celestiais praticavam uma espécie de antífona. O termo hebraico para "proclamar" aqui é hillel, que significa, entre outras coisas, gritar de alegria. Poderia ser considerado, pois, como o equivalente angélico ao canto humano.
O cântico, como parte da adoração, tem sido a prática do povo de Deus desde os tempos mais remotos. A primeira manifestação dessa prática musical aparece no famoso cântico de Miriam, a irmã de Moisés, após a derrota do exército egípcio (Ex 15). Posteriormente os cânticos no Tabernáculo e no Templo (registrados no livro dos Salmos) desenvolveram essa atividade cúltica (Sl 105.1,2; Jr 20.13).
E no Novo Testamento encontramos Jesus e seus discípulos cantando um hino no final da última ceia (Mt 26.30). Outras referências ao canto comunitário podem ser encontradas tanto em Atos quanto nas epístolas (At 16.25; 1Co 14.15; Cl 3.16).
Parece, no entanto, que o cântico não foi uma atividade generalizada na Igreja pós-apostólica, pois Agostinho informa que a igreja de Milão começou a utilizar o canto em tempos de Ambrósio, e no segundo livro de suas Retratações ele afirma que tal costume teve início em sua época na África. [28]
Nossa norma, no entanto, deve ser a Bíblia, e o modelo que esta nos mostra constantemente é o cântico comunitário. Portanto, nenhum coro, grupo ou solista deve suplantar a participação de toda a congregação no louvor lírico. A Reforma, precisamente, resgatou o canto coletivo do ostracismo ao qual havia sido relegado pela igreja medieval. Hoje, no entanto, corremos o risco de retornar às práticas medievais mediante as "apresentações" de grupos, bandas e artistas evangélicos.
Nosso texto ressalta o poder do louvor celestial, indicando que, ao mesmo tempo em que devemos evitar o volume estridente e exagerado de alguns "louvores" modernos, também devemos nos precaver contra expressões apagadas e desmotivadoras em nossa adoração. O versículo 4 nos informa que "ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram". Uma das características dos crentes galeses é formar coros de 1000 vozes (talvez em resposta ao desejo expressado no hino de Wesley, "Oh, quem me dera mil línguas para cantar louvores ao meu grande Redentor"). Ouvir tais demonstrações musicais pode nos ajudar a ter uma ideia da potência do louvor que há no Céu.
Um conceito errado que foi introduzido em nossos cultos é o de "tempo de louvor", o espaço dedicado para cantar ao Senhor, como se esse fosse o único modo de adorá-Lo, sem perceber que as Escrituras ensinam que "um sacrifício de louvor" é "fruto de lábios que confessam o seu nome" (cf. Hb 13.15), já seja cantando, orando ou pregando.
Os cânticos não devem predominar no culto cristão. É interessante perceber que em Atos dos Apóstolos vemos somente uma única vez os cristãos cantando, e esta é (surpreendentemente) quando "Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus", na masmorra em Filipos! (cf. At 16.25). O cântico cristão deve ser considerado (por melhor que seja) como um auxiliar em nossa adoração, pois, como diz Calvino, seu propósito é ajudar "o espírito a pensar em Deus (...) pois sendo frágil e quebradiço, facilmente pode distrair-se com diversos pensamentos, se não recebesse todo tipo de ajuda". [29]
A isso podemos acrescentar que o cântico nos ajuda a expressar sentimentos que somente palavras não poderiam. Ele também nos ajuda a memorizar passagens bíblicas.
Os diversos cânticos que eram entoados no Antigo Testamento costumavam ser acompanhados de música instrumental, ainda que os instrumentos não afogavam o canto, como acontece hoje em alguns lugares. A música jamais deve ser um fim em si mesma, mas sim um meio que facilite o louvor a Deus. E ainda que o Novo Testamento não mencione nenhum instrumento musical, não devemos utilizar o argumento do silêncio para condenar seu uso.
De qualquer modo, nem todo tipo de música é igualmente válido para a adoração. A música cristã é importante porque pode produzir em seus ouvintes e em seus intérpretes um determinado efeito. Mas que tipo de efeito é o desejável? Aquele que faz mover os corações - ou aquele que faz mover os quadris? Determinados ritmos podem ser associados a lugares e ocasiões bem mundanos, e não aos átrios do Senhor. Determinados ritmos apelam para a carne, jamais nos elevam a Deus. [30]
Quanto ao conteúdo, se bem que é recomendável utilizar os Salmos, não há razão para não utilizar outras porções das Escrituras ou mesmo composições baseadas na Bíblia. A exortação para cantar "salmos, hinos e cânticos espirituais" (Ef 5.19) não pode significar "salmos, salmos e salmos". O que importa é que as letras sejam bíblicas (cf. Cl 3.16) e que reflitam de forma equilibrada todas as doutrinas. Não é admissível cantar ao Senhor somente como Rei e esquecer outros atributos divinos, bem como a cruz, a graça, o perdão, a salvação e tantos outros conceitos chave. Nossos cânticos deveriam ter conteúdo teológico. Não basta um ritmo contagiante!
O subjetivismo generalizado que, como uma epidemia, contagiou inúmeras igrejas, é igualmente inaceitável. Os evangélicos têm cantado para si mesmos, cantado sobre o que sentem, sobre o que necessitam, sobre suas experiências (?), etc, como se a excelência da verdade bíblica fosse insignificante, e o importante fosse o "sentir-se bem". É irônico que, muitas vezes, o louvor (supostamente dirigido a Deus) tenha como personagem principal aquele que está cantando. Isso não quer dizer que devemos evitar o elemento subjetivo em nossas músicas e em nossas orações. Mas quando o elemento subjetivo predomina sobre o objetivo, abre-se a porta para todo tipo de incoerências e absurdos.
No tocante à adoração musical, deve haver tanto preparação quanto espontaneidade. O cântico é uma expressão externa, e portanto não deve ser vítima da improvisação. Mas ao mesmo tempo deve haver liberdade suficiente para que, espontaneamente, a congregação possa repetir os cânticos, ou parte deles, se assim é orientada a fazê-lo, como aconteceu em alguns avivamentos.
Pregação
"E proclamavam uns aos outros: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória" (Is 6.3).
Isaías não teve uma visão que deveria ser investigada ou decifrada. Ele viu e ouviu. Essa combinação, naturalmente, não era novidade no Antigo Testamento. Abraão (Gn 15), Jacó (Gn 28), Moisés (Ex 3; 33), Josué (Js 5.13-15) e outros tiveram experiências semelhantes. E a Palavra foi fundamental em suas experiências.
Igualmente, na adoração cristã - que busca, entre outras coisas, obter uma visão de Deus pela fé - a pregação da Palavra deve ocupar o lugar central. Não é exagerado, portanto, dizer que "há um sentido no qual a pregação não é simplesmente um elemento, mas a própria base da adoração". [31]
A importância e a centralidade da pregação encontram-se severamente abaladas na atualidade. O Dr. Lloyd-Jones queixava-se, já em sua época, da atividade de certos "dirigentes de louvor" que procuravam produzir uma "atmosfera" para a adoração, mas que empregavam tanto tempo para isso, que no final não havia tempo para pregar naquela atmosfera! [32] Em geral, hoje lutamos contra a tendência de abreviar cada vez mais o tempo dedicado à pregação com o objetivo de aumentar ainda mais o erroneamente chamado "período de louvor" e outros elementos secundários. Como diz W. H. Cadman,
"A adoração cristã é ao mesmo tempo a Palavra de Deus e a resposta humana em obediência à Palavra".
Obliterar a pregação é privar o povo de Deus de um meio de graça essencial, primordial para a sua obediência e serviço. Como afirma Calvino,
"A Igreja não pode ser edificada a não ser pela pregação externa, e os santos não poderão manter-se unidos uns aos outros por qualquer outro vínculo que não seja o de guardar a ordem que Deus estabeleceu para a Sua Igreja" [33] (Ef 4.12).
Não é possível ignorar a importância que a Bíblia atribui à pregação, tanto dentro como fora do contexto da adoração. O Novo Testamento utiliza mais de trinta verbos para expressar a atividade da pregação. Os termos "Palavra de Deus", "Palavra do Senhor" ou simplesmente "Palavra", nas epístolas paulinas, são utilizados muitas vezes para indicar a palavra pregada (cf. Cl 4.3; 1Ts 1.6,8; 3.1; 2Tm 2.9; 4.1; etc). [34] Com isto concorda Bullinger: "A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus". [35]
Somos informados que os Apóstolos estavam "todos os dias, no templo e de casa em casa", e que "não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo" (At 5.42). E a pregação de Paulo em Trôade excede em muito os parâmetros modernos da homilética (cf. At 20.9).
Obviamente, nem tudo que é chamado de pregação é digno desse nome. Por isso, um antigo documento cristão nos lembra as características que a verdadeira pregação deve ter:
"O ministério da Palavra deve ser levado a cabo com esforço, simplicidade, fidelidade, sabedoria, seriedade, amor e tal como ensinado por Deus". [36]
Nesse sentido, é essencial que a pregação seja expositiva. Isso significa não somente (como alguns pensam) explicar uma série de versículos consecutivos, mas também a fiel exposição e aplicação do que as Escrituras dizem, seja um versículo ou uma passagem isolada, seja uma série de sermões sobre um determinado livro da Bíblia. Não podem ser considerados como pregação os sermões que consistem meramente em comentários sobre assuntos atuais, ou notícias de jornais, ou novelas, ou discussões éticas ou filosóficas. Essas formas de "pregar" carecem da autoridade distintiva que provém unicamente da Palavra de Deus. [37]
É importante, pois, que os cristãos - seguindo o exemplo dos bereanos - exerçam seu direito ao livre exame das Escrituras, porque se aqueles o exerceram mesmo diante de um Apóstolo, quanto mais devemos aplicá-lo a aqueles que encontram-se, hoje, tão distantes da inspiração apostólica!
As Ofertas
"Eis-me aqui. Envia-me!" (v. 8)
Isaías não trouxe nenhum tipo de oferta ao Senhor. Mas o que fez - e essa é nossa melhor oferta a Deus - foi oferecer a si mesmo. Sim, como disseram os serafins, "a terra inteira está cheia da sua glória" (v. 3), então tudo o que nela há pertence a Deus (cf. Sl 24.1), e duplamente os remidos!
Adoremos, pois, a Deus com tudo o que somos e o que temos. Como diz um antigo cântico:
Todos juntos louvemos
Ao Senhor, a quem devemos
O que somos e o que temos,
Tudo d'Ele vem!
Se cremos que cumprimos com este aspecto da adoração simplesmente dando nosso dinheiro, ou o dízimo, estamos muito enganados. Se bem que o dízimo é o mínimo que devemos dar, também o que fica para nós pertence ao Senhor, inclusive todo o nosso ser. E devemos usar e administrar tudo para a glória de Deus. Na adoração oferecemos a Deus nossos corpos em "sacrifício vivo" (cf. Rm 12.1, ARA). A adoração é um exercício integral. Mesmo na nova criação teremos um corpo - um corpo glorificado - com o qual também adoraremos a Deus por toda a eternidade.
Dito isso, é importante reconhecer que nossas ofertas monetárias, procedentes de um coração agradecido, são mais do que mera contribuição. Como diz Herbert Carson,
"Nossas ofertas são a prova de nosso reconhecimento da providência de Deus". [38]
Davi, falando dos preparativos para a construção do Templo, reconheceu que nossas ofertas são uma devolução a Deus daquilo que Ele nos deu de antemão (1Cr 29.14).
Devido à nossa natureza pecaminosa, o ato de ofertar nunca foi fácil, e menos ainda nestes tempos de consumismo. Esse fator leva muitas vezes a dar ao Senhor daquilo que sobra, depois de termos satisfeito todas as necessidades artificiais que o marketing moderno nos faz sentir. Isso repercute negativamente na obra de Deus, que muitas vezes sofre um estancamento devido à falta de recursos.
Por outro lado, no entanto, a solução não está num enfoque excessivo sobre finanças que em algumas ocasiões apela ao sentimentalismo (ou a outros métodos indignos) para recolher fundos. Pelo contrário, se os crentes veem suas ofertas como uma forma de honrar o Senhor (cf. Pv 3.9), seguirão o exemplo dos filipenses em seu cuidado material para com Paulo (Fp 4.18).
Muito se tem debatido sobre a conveniência ou não de recolher ofertas no transcurso do culto - especialmente em consideração aos não-crentes que possam estar presentes. Não entraremos nesse debate aqui, mas certamente não deve faltar no culto a menção - especialmente em oração - de que estamos trazendo nossas ofertas ao Senhor.
Os Sacramentos
"Logo um dos serafins voou até mim trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. Com ela tocou em minha boca e disse: Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado" (vv. 6-7).
Habitualmente consideramos como sacramentos do Antigo Testamento a circuncisão e a Páscoa. Evidentemente, Isaías não estava participando de nenhum deles nessa ocasião. No entanto, a ação de um dos serafins de tocar seus lábios com uma brasa viva pode muito bem ser descrita como sacramental.
Se consideramos um sacramento como uma ordenança "na qual mediante os símbolos visíveis é representada, selada e aplicada nos crentes a graça de Deus em Cristo e os benefícios do pacto da graça" [39], ou como "um sinal visível e exterior de uma graça espiritual e interior" [40], a qualificação faz muito sentido. Não há dúvidas de que Isaías recebeu um sinal visível pelo qual foi-lhe aplicada a graça propiciatória de Deus em Cristo.
Os sacramentos [ordenanças, para os batistas] são parte integrante do culto cristão, e não devem ser celebradas como se fossem um mero apêndice do mesmo. Eles marcam o caminho da adoração ao mostrar de forma pictórica a obra de redenção proclamada pela Palavra.
Os sacramentos demonstram que a adoração acontece por meio da cruz, que não há outro caminho para a presença de Deus além do "novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo" (Hb 10.20). Por isso canta o salmista: "Então irei ao altar de Deus, a Deus, a fonte da minha plena alegria. Com a harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus!" (Sl 43.4).
Os sacramentos, assim como o culto cristão em sua totalidade, são para os remidos: "Com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus..." (Ap 5.9,10). "Cristo amou a igreja e entregou-se por ela" (Ef 5.25). Esses sinais externos proclamam a realidade espiritual e interna de que Cristo morreu pelos eleitos e somente eles são dignos de participar dos símbolos da redenção.
É importante, portanto, que os sacramentos estejam unidos à Palavra e que sejam definidos por ela. [41] Não somente uma brasa viva foi aplicada aos lábios de Isaías, mas também foi-lhe dada uma explicação a respeito daquela ação simbólica. É interessante notar que Agostinho de Hipona descreveu os sacramentos como "palavras visíveis".
Portanto, rejeitemos os "sacramentos" que a Igreja de Roma têm acrescentado, pois, como dizem os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, os verdadeiros sacramentos foram "ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho". Calvino diz:
"Aprendamos, pois, que a parte principal dos sacramentos consiste na Palavra, e que sem ela são corrupções absolutas, como as que vemos hoje no papismo, no qual os sacramentos se transformam em peças teatrais". [42]
Os sacramentos são uma proclamação do que Deus tem feito para a nossa salvação, não uma tentativa humana de aproximar-se de Deus e ser aceito por Ele. Demonstram que a fé cristã é teocêntrica, e não antropocêntrica: "vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha" (1Co 11.26).
Os sacramentos são uma prática habitual da Igreja primitiva (cf. At 2.41,42; 9.18; 10.48; 16.33; 20.7; etc) e, especialmente, a Ceia do Senhor era muito mais frequente. Celebrá-la poucas vezes por ano não faz justiça ao modelo apostólico.
Muita discussão tem sido gerada em torno da questão se os sacramentos são meros símbolos [posição batista tradicional] ou meios de graça [posição reformada tradicional]. Particularmente concordo com Calvino, que os sacramentos são meios de graça. Se não fossem, seria difícil entender a Ceia como participação no corpo e no sangue de Cristo (cf. 1Co 10.16).
Assim como as demais partes do culto, os sacramentos devem ser celebrados com decência e ordem. A prática da igreja de Corinto era certamente reprovável (1Co 11.20-22), como também qualquer atitude que careça da devida solenidade e reverência. Se Cristo nos concedeu tais símbolos externos, o elemento exterior, longe de ser circunstancial, é parte essencial dos mesmos. Celebrar, por exemplo, a Ceia com Coca-Cola não deixa de ser uma incongruência tão grande quanto utilizar frutas em vez de pão.
A comunhão fraternal
"E proclamavam uns aos outros" (v. 3).
A adoração dos anjos tinha uma dimensão vertical (para Deus) e uma dimensão horizontal (uns aos outros). É evidente que eles procuravam louvar a Deus, mas o faziam numa dimensão coletiva. É o que poderíamos chamar de comunhão fraternal na adoração.
Esta é, sem dúvida, uma das razões para a existência do culto público. Quando adoramos a Deus como igreja, não buscamos simplesmente dar "mais glória" a Deus, mas sim ter comunhão uns com os outros.
Os cristãos primitivos conheciam, indubitavelmente, esse aspecto da adoração. Não somente perseveravam na doutrina dos Apóstolos, nos sacramentos e nas orações, mas também na comunhão dos santos (At 2.42).
O autor da epístola aos Hebreus pede a seus leitores, num contexto de culto, que se exortem mutuamente (Hb 10.25). Paulo, em 1Co 11 - 14, tem como premissa que os membros participam de comunhão fraternal na adoração. A forma que essa comunhão adota depende da interpretação e aplicação feitas pelas igrejas, mas de qualquer modo, jamais uma igreja pode ser um mero centro de pregação ou - pior ainda - um centro de espetáculos no qual os membros não passam de meros espectadores.
Historicamente os reformadores adotaram, geralmente, os conteúdos cúlticos indicados nesta seção. Assim, o culto das manhãs de domingo em Genebra constava dos seguintes pontos:
1. Frase bíblica: Salmo 124.8.
2. Oração de abertura (escrita na liturgia) buscando a misericórdia de Deus.
3. Salmo cantado.
4. Oração livre (escrita pelo próprio pastor).
5. Leitura bíblica.
6. Sermão.
7. Oração principal (escrita na liturgia).
8. O Pai Nosso.
9. Salmo cantado.
10. Bênção final (a bênção de Arão, Nm 6.24-26). [43]
Além disso, no culto de comunhão era lido o Credo Apostólico. Em tempos posteriores, os puritanos independentes, provavelmente sob a influência de John Owen, eliminaram do culto todas as orações litúrgicas, ainda que a lógica dessa mudança (já que os hinos são orações litúrgicas com música) não pareça muito correta. [44]
OS EFEITOS DA ADORAÇÃO
"Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (v. 5)
Em certo sentido, a visão de Isaías não foi uma experiência agradável. Na verdade, ele sentiu-se muito mal: "Ai de mim!". Sentiu-se "perdido", literalmente "silenciado", incapaz de dizer ou fazer coisa alguma na presença de Deus. Sentiu-se, acima de tudo, indigno de louvar a Deus com seus "lábios impuros".
Obviamente ele teve uma impressão maravilhosa da glória e da santidade de Deus, mas o texto ressalta seu sentimento de indignidade.
A adoração genuína deve ter algum efeito, em maior ou menor grau, sobre nós. Caso contrário, é bem provável que não tenhamos adorado em nenhum sentido. A presença de Deus - a "fumaça", v. 4, é uma manifestação da presença divina, como podemos ver em outros casos no Antigo Testamento - e o som de Sua voz não deixam ninguém impassível.
A adoração a Deus põe em evidência nosso estado pecaminoso diante d'Ele. Isso é algo que podemos esquecer facilmente em nosso dia a dia, mas que voltamos a sentir vividamente na presença de Deus.
Essa experiência não significa uma pecaminosidade especial por parte dos adoradores; santos homens de Deus, nos tempos bíblicos, sentiram-se extremamente pecadores na presença de Deus: Moisés diante da sarça ardente, Elias no monte Horeb, Jó diante do torvelinho, Ezequiel junto ao rio Quebar, o Apóstolo João em Patmos, etc...
Não estou comparando tais visões com a experiência cotidiana da adoração cristã, mas, essencialmente, o elemento comum é a manifestação da presença de Deus e isso estabelece um inegável paralelismo.
A depravação total dos seres humanos torna-se ainda mais evidente ao contemplar a Deus e ao nos comparar com Ele em vez de com nossos semelhantes. Então percebemos a imensa iniquidade que contamina todas as nossas faculdades. Interessante notar que a característica comum a todos os avivamentos do passado é a profunda convicção de pecado que apoderava-se de todos os que participavam de tais eventos.
Certamente a adoração deveria significar uma experiência agradável na presença de Deus (cf. Sl 16.11). Mas a ênfase atual na alegria e no júbilo na adoração - em vez de convicção de pecado, temor e reverência - é completamente oposta ao modelo bíblico. De fato, pode-se perceber facilmente uma evidente contradição entre a "extravagância" da adoração moderna e as manifestações visíveis da presença de Deus na Bíblia (cf. Ml 3.2). Existe um enorme contraste entre a irreverente familiaridade para com Deus na adoração atual e os "lábios impuros" de Isaías e seu povo.
A adoração pode ter efeitos físicos em alguns casos. "Os batentes das portas tremeram" (v. 4). E quando os Apóstolos oraram em certa ocasião com outros crentes, "tremeu o lugar em que estavam reunidos" (At 4.31). Semelhantemente, nossas emoções podem - e devem! - ser afetadas pela adoração, mas sua manifestação dependerá de nosso temperamento e de outros fatores. Não somente nossas faculdades morais e intelectuais estarão envolvidas; deve haver um elemento emocional também. No entanto, as emoções devem ser a consequência de um entendimento intelectual e de uma aceitação moral. Existe sempre o perigo do emocionalismo barato e da manipulação das emoções em determinados círculos, mas isso não deve impedir que exista um lugar correto para as emoções em nossos cultos. Uma adoração sem sentimentos não é coerente com um encontro real e pessoal com Deus.
AS CONSEQUÊNCIAS DA ADORAÇÃO
"Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: 'Quem enviarei? Quem irá por nós?'. E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!" (v. 8).
A visão de Isaías não teve somente efeitos imediatos, mas consequências duradouras. Em outras palavras, não somente afetou as emoções do profeta, mas também a vontade do profeta.
A experiência de Isaías não consistiu meramente num incidente isolado em sua vida ou no argumento para contar uma história ou escrever um livro. Pelo contrário: marcou um momento transcendental que condiciou definitivamente a sua vida e todo o seu ministério posterior. Para Isaías, seu encontro com Deus teve consequências que podem ser resumidas numa palavra: serviço. Ou, especificamente, serviço evangelístico.
A manifestação de Deus para Isaías não teve meramente o propósito de que o profeta contemplara a glória divina. Deus buscava não somente um adorador, mas também um servo; alguém que levasse a cabo uma importante missão em nome de Deus. A pergunta (e o desafio) de Deus foi geral: "Quem enviarei?". A resposta de Isaías foi particular: "Eis-me aqui. Envia-me!". A adoração bíblica nunca pode ser uma experiência mística e introspectiva, mas sim tremendamente prática. É triste observar nos participantes de certos tipos de "adoração" que, depois do culto, não demonstram o menor interesse nem mesmo pelos seus irmãos ao lado.
De acordo com a Bíblia, a adoração precede o serviço, não o contrário. Como acertadamente indica John Blanchard:
"A adoração vem antes do serviço, e o Rei antes dos assuntos do Rei".
Ou, nas palavras de A. W. Tozer:
"Deus quer adoradores mais do que obreiros; certamente, os únicos obreiros aceitáveis são os que aprenderam a arte da adoração".
Ou, como Calvino expressou séculos atrás:
"O primeiro fundamento da justiça é sem dúvida a adoração a Deus".
E como indica John Murray:
"Aquele ou aquilo a quem adoramos determinará nossa conduta".
A fé reformada não deve, portanto, ser confundida com o hipercalvinismo que, com seu conceito fatalista da predestinação, inevitavelmente evoca apatia e desânimo. C. H. Spurgeon, por exemplo, cria piamente na predestinação; no entanto, ninguém pode duvidar de seu zelo evangelístico, sua paixão pelas almas e de suas insistentes exortações para que os pecadores se voltassem para Deus. Sua posição neste sentido encontra-se perfeitamente retratada no livro O Spurgeon que foi esquecido, de Iain Murray (Editora PES).
A adoração nos capacita para servir melhor a Deus. A comissão de Isaías poderia ser chamada de "missão impossível": pregar uma mensagem que todos desprezariam e cujo ápice seria uma destruição total (vv. 9-13). Diante disso ele bem poderia perguntar: "Mas, quem está capacitado para tanto?" (cf. 2Co 2.16). E a resposta bem poderia ser: somente aquele que foi capacitado por Deus por meio da adoração. Somente assim pode-se prestar um serviço teocêntrico, não condicionado pela resposta das pessoas e sem recorrer a métodos de marketing, sem a ansiedade de contar novos convertidos, porém olhando somente a glória de Deus. Somente assim pode-se perseverar ("Até quando, Senhor?", v. 11) sem resultados imediatos ou aparentes. Isaías não chegaria sequer a ver o exílio. Referindo-se aos versículos 9 e 10, Alec Motyer reconhece: "Não há modo de escapar ao claro significado dessa passagem". [45]
Somente na presença de Deus compreendemos que Ele não nos envia para ter sucesso, mas para sermos fiéis. Não para colecionar números e estatísticas, mas para ser "o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo" (2Co 2.15).
Somente podemos servir a Deus adequadamente depois de ter uma visão de Deus, convicção de pecado e certeza do perdão. Como disse Davi, "Então ensinarei os teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti" (Sl 51.13).
Somente assim Isaías pôde oferecer a si próprio, dizendo: "Eis-me aqui!". Isaías ofereceu a si mesmo a Deus antes mesmo de conhecer qual seria a sua missão. É que, quando contemplamos a face de Deus em adoração, não são os dons ou as atividades concretas que contam, mas sim o ardente desejo de servir a Deus.
CONCLUSÃO
Creio ter demonstrado a tese principal deste artigo: que a fé reformada [calvinista], com seu alto conceito de Deus, da soberania e da glória divinas, é a que melhor nos capacita para adorar a Deus e fazê-lo de modo agradável a Ele, honrando-O, ao mesmo tempo em que nos capacita, igualmente, para servi-Lo adequadamente.
No entanto - e isto é fundamental - somente numa vivência espiritual, real, piedosa e efetiva, esta fé poderá dar os desejados frutos que glorifiquem a Deus.
No Terceiro Milênio de Cristianismo, no qual nos coube viver, poderemos continuar adorando a Deus se permanecermos na fé herdada de nossos pais e que - se Cristo não voltar antes - poderemos deixar como um precioso legado para os nossos filhos.
SOLI DEO GLORIA!
NOTAS
[23] Interessante a tradução oferecida por Leupold: "O que enche a terra constitui a Sua glória". Exposition of Isaiah, página 128. Evangelical Press, 1977.
[24] The Subordinate Standards of the Free Church of Scotland, Directory for the Public Worship of God, páginas 138-139.
[25] Instituição, III, xx, 2.
[26] Ibid., III, xx, 50, § 3. Sobre o Pai Nosso em geral, veja os comentários de Calvino na Instituição, III, xx, 34-52.
[27] Ibid., III, xx, 29-30.
[28] Ibid., III, xx, 32.
[29] Ibid., III, xx, 31.
[30] Selecciones Literarias nº 29, artigo "Música, maestro!".
[31] Herbert Carson: "Halleluja!", página 27.
[32] Dr. Lloyd-Jones: Preaching and Preachers, página 17. Publicado no Brasil sob o título Pregação & Pregadores, Editora Fiel.
[33] Instituição, IV, i, 5.
[34] Nuevo Diccionario de Teología, artigo "Predicación".
[35] Segunda Confissão Helvética, capítulo 1.
[36] Directory for the Public Worship of God da Igreja Livre da Escócia.
[37] Para um tratamento amplo sobre a pregação expositiva, veja Denis Lane: Predica la Palabra (Editorial Peregrino, 1989). Em português, veja Hernandes Dias Lopes: A Importância da Pregação Expositiva para o Crescimento da Igreja (Editora Candeia); David Otis Fuller: Spurgeon Ainda Fala (Edições Vida Nova); John Stott: O Perfil do Pregador (Edições Vida Nova); Charles W. Koller: Pregação Expositiva Sem Anotações (Editora Mundo Cristão); Haddon Robinson e Craig B. Larson: A Arte e o Ofício da Pregação Bíblica (Shedd Publicações); Jilton Moraes: Homilética: da pesquisa ao púlpito e Homilética: do púlpito ao ouvinte (Editora Vida).
[38] Herbert Carson: "Halleluja!", página 82.
[39] Louis Berkhof: Teología Sistemática, página 737 (da edição espanhola).
[40] Livro de Oração Comum da Igreja da Inglaterra.
[41] Instituição, IV, XVII, 39.
[42] Citado por E. J. Young: The Book of Isaiah, volume 1, página 252.
[43] Nick Needham: "Reformed Worship: Lessons from History?", revista Grace, dezembro de 1996.
[44] Ibid.
[45] The Prophecy of Isaiah, página 78.
FONTE: Segunda parte do artigo Una fe que lleva a la adoración, capítulo 4 do livro:
PUIGVERT, Pedro (org.). Una Fe para el III Milenio: El Cristianismo histórico: lo que es y lo que implica. Moral de Calatrava (Ciudad Real): Peregrino, 2002, pp. 173-197. Leia a Parte 1 aqui. Traduzido do espanhol por F. V.
As manifestações dos serafins e de Isaías manifestam um profundo reconhecimento da grandeza e da glória de Deus, que deve fazer parte de toda oração genuína. Um profundo sentimento de indignidade e pecaminosidade diante de Deus e um oferecimento a Ele de tudo o que somos e temos para glorificá-Lo. Na oração nos oferecemos a Deus como um "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês" (Rm 12.1). Na oração oferecemos a Deus "um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hb 13.15). Não há nem um traço de egocentrismo na verdadeira oração. A ação de graças e o louvor deveriam predominar sobre nossas petições, de acordo com o modelo do Pai Nosso.
Certamente há lugar para a petição e a intercessão na oração, mas sempre subordinadas ao louvor e à ação de graças, e de modo coerente com eles. A oração jamais deve ser considerada como um meio para "obter coisas" de Deus, mas sim como um ato de adoração pelo qual Deus glorifica a Si mesmo ao responder graciosamente às nossas necessidades. A ordem bíblica neste sentido é: "Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas" (Mt 6.33).
Interessante a definição de Calvino a respeito da oração:
"É uma espécie de comunicação entre Deus e os homens, por meio da qual adentramos no santuário celestial, somos lembrados de Suas promessas e exortados a demonstrar, quando a necessidade assim o requer, que aquilo em que temos crido simplesmente em virtude de Sua Palavra é verdade, e não mentira e falsidade". [25]
Este conceito é muito diferente do sentido utilitário de muitas "orações" atuais.
A oração é uma resposta à revelação de Deus. O que Isaías disse cada vez que abriu sua boca foi em resposta ao que viu e ouviu. Ao longo da História os santos homens de Deus têm orado "sobre as Escrituras", isto é, lendo passagens bíblicos palavra por palavra ou frase por frase, e orando em harmonia com elas. O pensamento que controlava suas orações era chegar a Deus por meio da Palavra de Deus.
Em alguns círculos está sendo ensinado o conceito de "visualização" das orações, isto é, que não devemos nos limitar a pedir certas coisas, mas devemos visualizar mentalmente suas características concretas: cor, forma, modelo, etc. A semelhante disparate respondemos que a única coisa que Isaías "visualizou" foi a glória e a santidade de Deus, e isso através de uma teofania. Calvino, já no século XVI, advertia a respeito desse perigo, ao comentar sobre o Pai Nosso:
"Finalmente, devemos guardar-nos com toda a cautela em nossas orações para não sujeitar nem ligar Deus a determinadas circunstâncias, nem limitá-Lo a tempo, lugar ou modo de realizar o que pedimos; assim, nesta oração somos ensinados a não legislar para Deus, nem impor a Ele condição nenhuma, mas sim deixar totalmente a Seu beneplácito que Ele faça o que bem entender, do modo, no tempo e no lugar em que tiver por bem". [26]
Com exceção dos serafins, o elemento coletivo da adoração encontra-se ausente na experiência de Isaías, que se expressa sempre na primeira pessoa: "Ai de mim", "Eis-me aqui", etc. Porém, a adoração comunitária é sempre ressaltada nas Escrituras. A própria oração-modelo, o Pai Nosso, pressupõe em seu início uma comunidade que se dirige de forma unânime a Deus. Até há bênçãos especiais associadas a esse tipo de oração (cf. Mt 18.19,20). Portanto, muitos crentes revelam incoerência quando, num contexto de uma reunião de oração, clamam "meu Pai". Não é essa, de modo nenhum, a ênfase da Bíblia.
A oração coletiva ou comunitária apresenta-se a nós como uma prática habitual da Igreja primitiva (cf. At 1.13,14; 4.24ss; 12.12) que demonstra sua importância como parte do culto a Deus. [27]
A oração pública se distingue da particular - entre outras coisas - pela sensibilidade que devemos ter para com os que ouvem e assentem. É lamentável que muitas vezes se ore por pessoas ou motivos desconhecidos para os demais participantes, ou que se ore com um tom de voz que torne a oração ininteligível para os demais. Para tais casos bem que poderíamos aplicar as palavras de Paulo em 1Co 14.15-17.
Existe o perigo da ostentação na oração pública. O fariseu da parábola (Lc 18) é um bom exemplo de tal atitude, que não se limita simplesmente a elogiar suas próprias virtudes, mas também seu conhecimento bíblico.
É importante notar a relevância que as Escrituras dão aos homens no contexto do culto: "Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões" (1Tm 2.8). Se bem que as mulheres podem e devem orar na igreja (cf. 1Co 11.13), não é bíblico que elas dominem a reunião de oração enquanto os homens permanecem calados.
Cânticos
"E proclamavam uns aos outros" (Is 6.3).
É interessante notar que a Bíblia nunca menciona que os anjos cantem. Mesmo que algumas versões da Bíblia possam dar a impressão de que o fazem, nos textos originais não é assim. Em numerosas ocasiões eles são apresentados falando a Deus no Céu e aos homens na Terra, mas nunca cantando.
Na visão de Isaías, os seres celestiais praticavam uma espécie de antífona. O termo hebraico para "proclamar" aqui é hillel, que significa, entre outras coisas, gritar de alegria. Poderia ser considerado, pois, como o equivalente angélico ao canto humano.
O cântico, como parte da adoração, tem sido a prática do povo de Deus desde os tempos mais remotos. A primeira manifestação dessa prática musical aparece no famoso cântico de Miriam, a irmã de Moisés, após a derrota do exército egípcio (Ex 15). Posteriormente os cânticos no Tabernáculo e no Templo (registrados no livro dos Salmos) desenvolveram essa atividade cúltica (Sl 105.1,2; Jr 20.13).
E no Novo Testamento encontramos Jesus e seus discípulos cantando um hino no final da última ceia (Mt 26.30). Outras referências ao canto comunitário podem ser encontradas tanto em Atos quanto nas epístolas (At 16.25; 1Co 14.15; Cl 3.16).
Parece, no entanto, que o cântico não foi uma atividade generalizada na Igreja pós-apostólica, pois Agostinho informa que a igreja de Milão começou a utilizar o canto em tempos de Ambrósio, e no segundo livro de suas Retratações ele afirma que tal costume teve início em sua época na África. [28]
Nossa norma, no entanto, deve ser a Bíblia, e o modelo que esta nos mostra constantemente é o cântico comunitário. Portanto, nenhum coro, grupo ou solista deve suplantar a participação de toda a congregação no louvor lírico. A Reforma, precisamente, resgatou o canto coletivo do ostracismo ao qual havia sido relegado pela igreja medieval. Hoje, no entanto, corremos o risco de retornar às práticas medievais mediante as "apresentações" de grupos, bandas e artistas evangélicos.
Nosso texto ressalta o poder do louvor celestial, indicando que, ao mesmo tempo em que devemos evitar o volume estridente e exagerado de alguns "louvores" modernos, também devemos nos precaver contra expressões apagadas e desmotivadoras em nossa adoração. O versículo 4 nos informa que "ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram". Uma das características dos crentes galeses é formar coros de 1000 vozes (talvez em resposta ao desejo expressado no hino de Wesley, "Oh, quem me dera mil línguas para cantar louvores ao meu grande Redentor"). Ouvir tais demonstrações musicais pode nos ajudar a ter uma ideia da potência do louvor que há no Céu.
Um conceito errado que foi introduzido em nossos cultos é o de "tempo de louvor", o espaço dedicado para cantar ao Senhor, como se esse fosse o único modo de adorá-Lo, sem perceber que as Escrituras ensinam que "um sacrifício de louvor" é "fruto de lábios que confessam o seu nome" (cf. Hb 13.15), já seja cantando, orando ou pregando.
Os cânticos não devem predominar no culto cristão. É interessante perceber que em Atos dos Apóstolos vemos somente uma única vez os cristãos cantando, e esta é (surpreendentemente) quando "Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus", na masmorra em Filipos! (cf. At 16.25). O cântico cristão deve ser considerado (por melhor que seja) como um auxiliar em nossa adoração, pois, como diz Calvino, seu propósito é ajudar "o espírito a pensar em Deus (...) pois sendo frágil e quebradiço, facilmente pode distrair-se com diversos pensamentos, se não recebesse todo tipo de ajuda". [29]
A isso podemos acrescentar que o cântico nos ajuda a expressar sentimentos que somente palavras não poderiam. Ele também nos ajuda a memorizar passagens bíblicas.
Os diversos cânticos que eram entoados no Antigo Testamento costumavam ser acompanhados de música instrumental, ainda que os instrumentos não afogavam o canto, como acontece hoje em alguns lugares. A música jamais deve ser um fim em si mesma, mas sim um meio que facilite o louvor a Deus. E ainda que o Novo Testamento não mencione nenhum instrumento musical, não devemos utilizar o argumento do silêncio para condenar seu uso.
De qualquer modo, nem todo tipo de música é igualmente válido para a adoração. A música cristã é importante porque pode produzir em seus ouvintes e em seus intérpretes um determinado efeito. Mas que tipo de efeito é o desejável? Aquele que faz mover os corações - ou aquele que faz mover os quadris? Determinados ritmos podem ser associados a lugares e ocasiões bem mundanos, e não aos átrios do Senhor. Determinados ritmos apelam para a carne, jamais nos elevam a Deus. [30]
Quanto ao conteúdo, se bem que é recomendável utilizar os Salmos, não há razão para não utilizar outras porções das Escrituras ou mesmo composições baseadas na Bíblia. A exortação para cantar "salmos, hinos e cânticos espirituais" (Ef 5.19) não pode significar "salmos, salmos e salmos". O que importa é que as letras sejam bíblicas (cf. Cl 3.16) e que reflitam de forma equilibrada todas as doutrinas. Não é admissível cantar ao Senhor somente como Rei e esquecer outros atributos divinos, bem como a cruz, a graça, o perdão, a salvação e tantos outros conceitos chave. Nossos cânticos deveriam ter conteúdo teológico. Não basta um ritmo contagiante!
O subjetivismo generalizado que, como uma epidemia, contagiou inúmeras igrejas, é igualmente inaceitável. Os evangélicos têm cantado para si mesmos, cantado sobre o que sentem, sobre o que necessitam, sobre suas experiências (?), etc, como se a excelência da verdade bíblica fosse insignificante, e o importante fosse o "sentir-se bem". É irônico que, muitas vezes, o louvor (supostamente dirigido a Deus) tenha como personagem principal aquele que está cantando. Isso não quer dizer que devemos evitar o elemento subjetivo em nossas músicas e em nossas orações. Mas quando o elemento subjetivo predomina sobre o objetivo, abre-se a porta para todo tipo de incoerências e absurdos.
No tocante à adoração musical, deve haver tanto preparação quanto espontaneidade. O cântico é uma expressão externa, e portanto não deve ser vítima da improvisação. Mas ao mesmo tempo deve haver liberdade suficiente para que, espontaneamente, a congregação possa repetir os cânticos, ou parte deles, se assim é orientada a fazê-lo, como aconteceu em alguns avivamentos.
Pregação
"E proclamavam uns aos outros: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória" (Is 6.3).
Isaías não teve uma visão que deveria ser investigada ou decifrada. Ele viu e ouviu. Essa combinação, naturalmente, não era novidade no Antigo Testamento. Abraão (Gn 15), Jacó (Gn 28), Moisés (Ex 3; 33), Josué (Js 5.13-15) e outros tiveram experiências semelhantes. E a Palavra foi fundamental em suas experiências.
Igualmente, na adoração cristã - que busca, entre outras coisas, obter uma visão de Deus pela fé - a pregação da Palavra deve ocupar o lugar central. Não é exagerado, portanto, dizer que "há um sentido no qual a pregação não é simplesmente um elemento, mas a própria base da adoração". [31]
A importância e a centralidade da pregação encontram-se severamente abaladas na atualidade. O Dr. Lloyd-Jones queixava-se, já em sua época, da atividade de certos "dirigentes de louvor" que procuravam produzir uma "atmosfera" para a adoração, mas que empregavam tanto tempo para isso, que no final não havia tempo para pregar naquela atmosfera! [32] Em geral, hoje lutamos contra a tendência de abreviar cada vez mais o tempo dedicado à pregação com o objetivo de aumentar ainda mais o erroneamente chamado "período de louvor" e outros elementos secundários. Como diz W. H. Cadman,
"A adoração cristã é ao mesmo tempo a Palavra de Deus e a resposta humana em obediência à Palavra".
Obliterar a pregação é privar o povo de Deus de um meio de graça essencial, primordial para a sua obediência e serviço. Como afirma Calvino,
"A Igreja não pode ser edificada a não ser pela pregação externa, e os santos não poderão manter-se unidos uns aos outros por qualquer outro vínculo que não seja o de guardar a ordem que Deus estabeleceu para a Sua Igreja" [33] (Ef 4.12).
Não é possível ignorar a importância que a Bíblia atribui à pregação, tanto dentro como fora do contexto da adoração. O Novo Testamento utiliza mais de trinta verbos para expressar a atividade da pregação. Os termos "Palavra de Deus", "Palavra do Senhor" ou simplesmente "Palavra", nas epístolas paulinas, são utilizados muitas vezes para indicar a palavra pregada (cf. Cl 4.3; 1Ts 1.6,8; 3.1; 2Tm 2.9; 4.1; etc). [34] Com isto concorda Bullinger: "A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus". [35]
Somos informados que os Apóstolos estavam "todos os dias, no templo e de casa em casa", e que "não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo" (At 5.42). E a pregação de Paulo em Trôade excede em muito os parâmetros modernos da homilética (cf. At 20.9).
Obviamente, nem tudo que é chamado de pregação é digno desse nome. Por isso, um antigo documento cristão nos lembra as características que a verdadeira pregação deve ter:
"O ministério da Palavra deve ser levado a cabo com esforço, simplicidade, fidelidade, sabedoria, seriedade, amor e tal como ensinado por Deus". [36]
Nesse sentido, é essencial que a pregação seja expositiva. Isso significa não somente (como alguns pensam) explicar uma série de versículos consecutivos, mas também a fiel exposição e aplicação do que as Escrituras dizem, seja um versículo ou uma passagem isolada, seja uma série de sermões sobre um determinado livro da Bíblia. Não podem ser considerados como pregação os sermões que consistem meramente em comentários sobre assuntos atuais, ou notícias de jornais, ou novelas, ou discussões éticas ou filosóficas. Essas formas de "pregar" carecem da autoridade distintiva que provém unicamente da Palavra de Deus. [37]
É importante, pois, que os cristãos - seguindo o exemplo dos bereanos - exerçam seu direito ao livre exame das Escrituras, porque se aqueles o exerceram mesmo diante de um Apóstolo, quanto mais devemos aplicá-lo a aqueles que encontram-se, hoje, tão distantes da inspiração apostólica!
As Ofertas
"Eis-me aqui. Envia-me!" (v. 8)
Isaías não trouxe nenhum tipo de oferta ao Senhor. Mas o que fez - e essa é nossa melhor oferta a Deus - foi oferecer a si mesmo. Sim, como disseram os serafins, "a terra inteira está cheia da sua glória" (v. 3), então tudo o que nela há pertence a Deus (cf. Sl 24.1), e duplamente os remidos!
Adoremos, pois, a Deus com tudo o que somos e o que temos. Como diz um antigo cântico:
Todos juntos louvemos
Ao Senhor, a quem devemos
O que somos e o que temos,
Tudo d'Ele vem!
Se cremos que cumprimos com este aspecto da adoração simplesmente dando nosso dinheiro, ou o dízimo, estamos muito enganados. Se bem que o dízimo é o mínimo que devemos dar, também o que fica para nós pertence ao Senhor, inclusive todo o nosso ser. E devemos usar e administrar tudo para a glória de Deus. Na adoração oferecemos a Deus nossos corpos em "sacrifício vivo" (cf. Rm 12.1, ARA). A adoração é um exercício integral. Mesmo na nova criação teremos um corpo - um corpo glorificado - com o qual também adoraremos a Deus por toda a eternidade.
Dito isso, é importante reconhecer que nossas ofertas monetárias, procedentes de um coração agradecido, são mais do que mera contribuição. Como diz Herbert Carson,
"Nossas ofertas são a prova de nosso reconhecimento da providência de Deus". [38]
Davi, falando dos preparativos para a construção do Templo, reconheceu que nossas ofertas são uma devolução a Deus daquilo que Ele nos deu de antemão (1Cr 29.14).
Devido à nossa natureza pecaminosa, o ato de ofertar nunca foi fácil, e menos ainda nestes tempos de consumismo. Esse fator leva muitas vezes a dar ao Senhor daquilo que sobra, depois de termos satisfeito todas as necessidades artificiais que o marketing moderno nos faz sentir. Isso repercute negativamente na obra de Deus, que muitas vezes sofre um estancamento devido à falta de recursos.
Por outro lado, no entanto, a solução não está num enfoque excessivo sobre finanças que em algumas ocasiões apela ao sentimentalismo (ou a outros métodos indignos) para recolher fundos. Pelo contrário, se os crentes veem suas ofertas como uma forma de honrar o Senhor (cf. Pv 3.9), seguirão o exemplo dos filipenses em seu cuidado material para com Paulo (Fp 4.18).
Muito se tem debatido sobre a conveniência ou não de recolher ofertas no transcurso do culto - especialmente em consideração aos não-crentes que possam estar presentes. Não entraremos nesse debate aqui, mas certamente não deve faltar no culto a menção - especialmente em oração - de que estamos trazendo nossas ofertas ao Senhor.
Os Sacramentos
"Logo um dos serafins voou até mim trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. Com ela tocou em minha boca e disse: Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado" (vv. 6-7).
Habitualmente consideramos como sacramentos do Antigo Testamento a circuncisão e a Páscoa. Evidentemente, Isaías não estava participando de nenhum deles nessa ocasião. No entanto, a ação de um dos serafins de tocar seus lábios com uma brasa viva pode muito bem ser descrita como sacramental.
Se consideramos um sacramento como uma ordenança "na qual mediante os símbolos visíveis é representada, selada e aplicada nos crentes a graça de Deus em Cristo e os benefícios do pacto da graça" [39], ou como "um sinal visível e exterior de uma graça espiritual e interior" [40], a qualificação faz muito sentido. Não há dúvidas de que Isaías recebeu um sinal visível pelo qual foi-lhe aplicada a graça propiciatória de Deus em Cristo.
Os sacramentos [ordenanças, para os batistas] são parte integrante do culto cristão, e não devem ser celebradas como se fossem um mero apêndice do mesmo. Eles marcam o caminho da adoração ao mostrar de forma pictórica a obra de redenção proclamada pela Palavra.
Os sacramentos demonstram que a adoração acontece por meio da cruz, que não há outro caminho para a presença de Deus além do "novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo" (Hb 10.20). Por isso canta o salmista: "Então irei ao altar de Deus, a Deus, a fonte da minha plena alegria. Com a harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus!" (Sl 43.4).
Os sacramentos, assim como o culto cristão em sua totalidade, são para os remidos: "Com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus..." (Ap 5.9,10). "Cristo amou a igreja e entregou-se por ela" (Ef 5.25). Esses sinais externos proclamam a realidade espiritual e interna de que Cristo morreu pelos eleitos e somente eles são dignos de participar dos símbolos da redenção.
É importante, portanto, que os sacramentos estejam unidos à Palavra e que sejam definidos por ela. [41] Não somente uma brasa viva foi aplicada aos lábios de Isaías, mas também foi-lhe dada uma explicação a respeito daquela ação simbólica. É interessante notar que Agostinho de Hipona descreveu os sacramentos como "palavras visíveis".
Portanto, rejeitemos os "sacramentos" que a Igreja de Roma têm acrescentado, pois, como dizem os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, os verdadeiros sacramentos foram "ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho". Calvino diz:
"Aprendamos, pois, que a parte principal dos sacramentos consiste na Palavra, e que sem ela são corrupções absolutas, como as que vemos hoje no papismo, no qual os sacramentos se transformam em peças teatrais". [42]
Os sacramentos são uma proclamação do que Deus tem feito para a nossa salvação, não uma tentativa humana de aproximar-se de Deus e ser aceito por Ele. Demonstram que a fé cristã é teocêntrica, e não antropocêntrica: "vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha" (1Co 11.26).
Os sacramentos são uma prática habitual da Igreja primitiva (cf. At 2.41,42; 9.18; 10.48; 16.33; 20.7; etc) e, especialmente, a Ceia do Senhor era muito mais frequente. Celebrá-la poucas vezes por ano não faz justiça ao modelo apostólico.
Muita discussão tem sido gerada em torno da questão se os sacramentos são meros símbolos [posição batista tradicional] ou meios de graça [posição reformada tradicional]. Particularmente concordo com Calvino, que os sacramentos são meios de graça. Se não fossem, seria difícil entender a Ceia como participação no corpo e no sangue de Cristo (cf. 1Co 10.16).
Assim como as demais partes do culto, os sacramentos devem ser celebrados com decência e ordem. A prática da igreja de Corinto era certamente reprovável (1Co 11.20-22), como também qualquer atitude que careça da devida solenidade e reverência. Se Cristo nos concedeu tais símbolos externos, o elemento exterior, longe de ser circunstancial, é parte essencial dos mesmos. Celebrar, por exemplo, a Ceia com Coca-Cola não deixa de ser uma incongruência tão grande quanto utilizar frutas em vez de pão.
A comunhão fraternal
"E proclamavam uns aos outros" (v. 3).
A adoração dos anjos tinha uma dimensão vertical (para Deus) e uma dimensão horizontal (uns aos outros). É evidente que eles procuravam louvar a Deus, mas o faziam numa dimensão coletiva. É o que poderíamos chamar de comunhão fraternal na adoração.
Esta é, sem dúvida, uma das razões para a existência do culto público. Quando adoramos a Deus como igreja, não buscamos simplesmente dar "mais glória" a Deus, mas sim ter comunhão uns com os outros.
Os cristãos primitivos conheciam, indubitavelmente, esse aspecto da adoração. Não somente perseveravam na doutrina dos Apóstolos, nos sacramentos e nas orações, mas também na comunhão dos santos (At 2.42).
O autor da epístola aos Hebreus pede a seus leitores, num contexto de culto, que se exortem mutuamente (Hb 10.25). Paulo, em 1Co 11 - 14, tem como premissa que os membros participam de comunhão fraternal na adoração. A forma que essa comunhão adota depende da interpretação e aplicação feitas pelas igrejas, mas de qualquer modo, jamais uma igreja pode ser um mero centro de pregação ou - pior ainda - um centro de espetáculos no qual os membros não passam de meros espectadores.
Historicamente os reformadores adotaram, geralmente, os conteúdos cúlticos indicados nesta seção. Assim, o culto das manhãs de domingo em Genebra constava dos seguintes pontos:
1. Frase bíblica: Salmo 124.8.
2. Oração de abertura (escrita na liturgia) buscando a misericórdia de Deus.
3. Salmo cantado.
4. Oração livre (escrita pelo próprio pastor).
5. Leitura bíblica.
6. Sermão.
7. Oração principal (escrita na liturgia).
8. O Pai Nosso.
9. Salmo cantado.
10. Bênção final (a bênção de Arão, Nm 6.24-26). [43]
Além disso, no culto de comunhão era lido o Credo Apostólico. Em tempos posteriores, os puritanos independentes, provavelmente sob a influência de John Owen, eliminaram do culto todas as orações litúrgicas, ainda que a lógica dessa mudança (já que os hinos são orações litúrgicas com música) não pareça muito correta. [44]
OS EFEITOS DA ADORAÇÃO
"Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (v. 5)
Em certo sentido, a visão de Isaías não foi uma experiência agradável. Na verdade, ele sentiu-se muito mal: "Ai de mim!". Sentiu-se "perdido", literalmente "silenciado", incapaz de dizer ou fazer coisa alguma na presença de Deus. Sentiu-se, acima de tudo, indigno de louvar a Deus com seus "lábios impuros".
Obviamente ele teve uma impressão maravilhosa da glória e da santidade de Deus, mas o texto ressalta seu sentimento de indignidade.
A adoração genuína deve ter algum efeito, em maior ou menor grau, sobre nós. Caso contrário, é bem provável que não tenhamos adorado em nenhum sentido. A presença de Deus - a "fumaça", v. 4, é uma manifestação da presença divina, como podemos ver em outros casos no Antigo Testamento - e o som de Sua voz não deixam ninguém impassível.
A adoração a Deus põe em evidência nosso estado pecaminoso diante d'Ele. Isso é algo que podemos esquecer facilmente em nosso dia a dia, mas que voltamos a sentir vividamente na presença de Deus.
Essa experiência não significa uma pecaminosidade especial por parte dos adoradores; santos homens de Deus, nos tempos bíblicos, sentiram-se extremamente pecadores na presença de Deus: Moisés diante da sarça ardente, Elias no monte Horeb, Jó diante do torvelinho, Ezequiel junto ao rio Quebar, o Apóstolo João em Patmos, etc...
Não estou comparando tais visões com a experiência cotidiana da adoração cristã, mas, essencialmente, o elemento comum é a manifestação da presença de Deus e isso estabelece um inegável paralelismo.
A depravação total dos seres humanos torna-se ainda mais evidente ao contemplar a Deus e ao nos comparar com Ele em vez de com nossos semelhantes. Então percebemos a imensa iniquidade que contamina todas as nossas faculdades. Interessante notar que a característica comum a todos os avivamentos do passado é a profunda convicção de pecado que apoderava-se de todos os que participavam de tais eventos.
Certamente a adoração deveria significar uma experiência agradável na presença de Deus (cf. Sl 16.11). Mas a ênfase atual na alegria e no júbilo na adoração - em vez de convicção de pecado, temor e reverência - é completamente oposta ao modelo bíblico. De fato, pode-se perceber facilmente uma evidente contradição entre a "extravagância" da adoração moderna e as manifestações visíveis da presença de Deus na Bíblia (cf. Ml 3.2). Existe um enorme contraste entre a irreverente familiaridade para com Deus na adoração atual e os "lábios impuros" de Isaías e seu povo.
A adoração pode ter efeitos físicos em alguns casos. "Os batentes das portas tremeram" (v. 4). E quando os Apóstolos oraram em certa ocasião com outros crentes, "tremeu o lugar em que estavam reunidos" (At 4.31). Semelhantemente, nossas emoções podem - e devem! - ser afetadas pela adoração, mas sua manifestação dependerá de nosso temperamento e de outros fatores. Não somente nossas faculdades morais e intelectuais estarão envolvidas; deve haver um elemento emocional também. No entanto, as emoções devem ser a consequência de um entendimento intelectual e de uma aceitação moral. Existe sempre o perigo do emocionalismo barato e da manipulação das emoções em determinados círculos, mas isso não deve impedir que exista um lugar correto para as emoções em nossos cultos. Uma adoração sem sentimentos não é coerente com um encontro real e pessoal com Deus.
AS CONSEQUÊNCIAS DA ADORAÇÃO
"Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: 'Quem enviarei? Quem irá por nós?'. E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!" (v. 8).
A visão de Isaías não teve somente efeitos imediatos, mas consequências duradouras. Em outras palavras, não somente afetou as emoções do profeta, mas também a vontade do profeta.
A experiência de Isaías não consistiu meramente num incidente isolado em sua vida ou no argumento para contar uma história ou escrever um livro. Pelo contrário: marcou um momento transcendental que condiciou definitivamente a sua vida e todo o seu ministério posterior. Para Isaías, seu encontro com Deus teve consequências que podem ser resumidas numa palavra: serviço. Ou, especificamente, serviço evangelístico.
A manifestação de Deus para Isaías não teve meramente o propósito de que o profeta contemplara a glória divina. Deus buscava não somente um adorador, mas também um servo; alguém que levasse a cabo uma importante missão em nome de Deus. A pergunta (e o desafio) de Deus foi geral: "Quem enviarei?". A resposta de Isaías foi particular: "Eis-me aqui. Envia-me!". A adoração bíblica nunca pode ser uma experiência mística e introspectiva, mas sim tremendamente prática. É triste observar nos participantes de certos tipos de "adoração" que, depois do culto, não demonstram o menor interesse nem mesmo pelos seus irmãos ao lado.
De acordo com a Bíblia, a adoração precede o serviço, não o contrário. Como acertadamente indica John Blanchard:
"A adoração vem antes do serviço, e o Rei antes dos assuntos do Rei".
Ou, nas palavras de A. W. Tozer:
"Deus quer adoradores mais do que obreiros; certamente, os únicos obreiros aceitáveis são os que aprenderam a arte da adoração".
Ou, como Calvino expressou séculos atrás:
"O primeiro fundamento da justiça é sem dúvida a adoração a Deus".
E como indica John Murray:
"Aquele ou aquilo a quem adoramos determinará nossa conduta".
A fé reformada não deve, portanto, ser confundida com o hipercalvinismo que, com seu conceito fatalista da predestinação, inevitavelmente evoca apatia e desânimo. C. H. Spurgeon, por exemplo, cria piamente na predestinação; no entanto, ninguém pode duvidar de seu zelo evangelístico, sua paixão pelas almas e de suas insistentes exortações para que os pecadores se voltassem para Deus. Sua posição neste sentido encontra-se perfeitamente retratada no livro O Spurgeon que foi esquecido, de Iain Murray (Editora PES).
A adoração nos capacita para servir melhor a Deus. A comissão de Isaías poderia ser chamada de "missão impossível": pregar uma mensagem que todos desprezariam e cujo ápice seria uma destruição total (vv. 9-13). Diante disso ele bem poderia perguntar: "Mas, quem está capacitado para tanto?" (cf. 2Co 2.16). E a resposta bem poderia ser: somente aquele que foi capacitado por Deus por meio da adoração. Somente assim pode-se prestar um serviço teocêntrico, não condicionado pela resposta das pessoas e sem recorrer a métodos de marketing, sem a ansiedade de contar novos convertidos, porém olhando somente a glória de Deus. Somente assim pode-se perseverar ("Até quando, Senhor?", v. 11) sem resultados imediatos ou aparentes. Isaías não chegaria sequer a ver o exílio. Referindo-se aos versículos 9 e 10, Alec Motyer reconhece: "Não há modo de escapar ao claro significado dessa passagem". [45]
Somente na presença de Deus compreendemos que Ele não nos envia para ter sucesso, mas para sermos fiéis. Não para colecionar números e estatísticas, mas para ser "o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo" (2Co 2.15).
Somente podemos servir a Deus adequadamente depois de ter uma visão de Deus, convicção de pecado e certeza do perdão. Como disse Davi, "Então ensinarei os teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti" (Sl 51.13).
Somente assim Isaías pôde oferecer a si próprio, dizendo: "Eis-me aqui!". Isaías ofereceu a si mesmo a Deus antes mesmo de conhecer qual seria a sua missão. É que, quando contemplamos a face de Deus em adoração, não são os dons ou as atividades concretas que contam, mas sim o ardente desejo de servir a Deus.
CONCLUSÃO
Creio ter demonstrado a tese principal deste artigo: que a fé reformada [calvinista], com seu alto conceito de Deus, da soberania e da glória divinas, é a que melhor nos capacita para adorar a Deus e fazê-lo de modo agradável a Ele, honrando-O, ao mesmo tempo em que nos capacita, igualmente, para servi-Lo adequadamente.
No entanto - e isto é fundamental - somente numa vivência espiritual, real, piedosa e efetiva, esta fé poderá dar os desejados frutos que glorifiquem a Deus.
No Terceiro Milênio de Cristianismo, no qual nos coube viver, poderemos continuar adorando a Deus se permanecermos na fé herdada de nossos pais e que - se Cristo não voltar antes - poderemos deixar como um precioso legado para os nossos filhos.
SOLI DEO GLORIA!
NOTAS
[23] Interessante a tradução oferecida por Leupold: "O que enche a terra constitui a Sua glória". Exposition of Isaiah, página 128. Evangelical Press, 1977.
[24] The Subordinate Standards of the Free Church of Scotland, Directory for the Public Worship of God, páginas 138-139.
[25] Instituição, III, xx, 2.
[26] Ibid., III, xx, 50, § 3. Sobre o Pai Nosso em geral, veja os comentários de Calvino na Instituição, III, xx, 34-52.
[27] Ibid., III, xx, 29-30.
[28] Ibid., III, xx, 32.
[29] Ibid., III, xx, 31.
[30] Selecciones Literarias nº 29, artigo "Música, maestro!".
[31] Herbert Carson: "Halleluja!", página 27.
[32] Dr. Lloyd-Jones: Preaching and Preachers, página 17. Publicado no Brasil sob o título Pregação & Pregadores, Editora Fiel.
[33] Instituição, IV, i, 5.
[34] Nuevo Diccionario de Teología, artigo "Predicación".
[35] Segunda Confissão Helvética, capítulo 1.
[36] Directory for the Public Worship of God da Igreja Livre da Escócia.
[37] Para um tratamento amplo sobre a pregação expositiva, veja Denis Lane: Predica la Palabra (Editorial Peregrino, 1989). Em português, veja Hernandes Dias Lopes: A Importância da Pregação Expositiva para o Crescimento da Igreja (Editora Candeia); David Otis Fuller: Spurgeon Ainda Fala (Edições Vida Nova); John Stott: O Perfil do Pregador (Edições Vida Nova); Charles W. Koller: Pregação Expositiva Sem Anotações (Editora Mundo Cristão); Haddon Robinson e Craig B. Larson: A Arte e o Ofício da Pregação Bíblica (Shedd Publicações); Jilton Moraes: Homilética: da pesquisa ao púlpito e Homilética: do púlpito ao ouvinte (Editora Vida).
[38] Herbert Carson: "Halleluja!", página 82.
[39] Louis Berkhof: Teología Sistemática, página 737 (da edição espanhola).
[40] Livro de Oração Comum da Igreja da Inglaterra.
[41] Instituição, IV, XVII, 39.
[42] Citado por E. J. Young: The Book of Isaiah, volume 1, página 252.
[43] Nick Needham: "Reformed Worship: Lessons from History?", revista Grace, dezembro de 1996.
[44] Ibid.
[45] The Prophecy of Isaiah, página 78.
FONTE: Segunda parte do artigo Una fe que lleva a la adoración, capítulo 4 do livro:
PUIGVERT, Pedro (org.). Una Fe para el III Milenio: El Cristianismo histórico: lo que es y lo que implica. Moral de Calatrava (Ciudad Real): Peregrino, 2002, pp. 173-197. Leia a Parte 1 aqui. Traduzido do espanhol por F. V.
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