Texto:
Hb 4.9
“Portanto,
resta um repouso para o povo de Deus.”
O
capítulo em questão está avizinhado do capítulo 3, onde Cristo é declaro como
tendo maior glória do que Moisés, pois este era servo, aquele todavia, filho
amado. Terminando com a declaração sobre o descanso prometido por Deus a seu
povo e os motivos que levaram Deus a exercer juízo sobre seu povo no deserto.
O
capítulo 5. O autor trata de cristo declarando ser ele o grande sumo sacerdote,
homem, porém sem pecados, declarado sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.
Terminando o versículo trazendo uma advertência contra a apostasia, exortando a
igreja para que não tenha um crescimento demorado ou até mesmo falta de experiência
para com a palavra da justiça.
O
Capítulo 4 então, esta dentro da idéia de que mesmo tendo as promessas de Deus
para serem desfrutadas e que as mesas trazem alento, sempre se deve estar
alerta e vigilante contra as astucias do próprio coração humano, que é a
representação do homem por completo em suas afeições e desejos mais íntimos,
caros e ocultos.
Israel
é um bom exemplo à igreja do que acontece quando as bênçãos são preferidas sem
que se analise primeiro o que implica em perseverar para ganhá-las ou
permanecer com elas, e o foco aqui, a benção é descrita como o descanso que
Deus dá.
I – As boas novas de um descanso
são anunciadas a todos (v1,2)
Aos judeus foi
anunciada a palavra de descanso, não se deve ser entendida esta passagem de
descanso somente a de que entraria na terra da promessa, terra que manava leite
e mel. O escritor de Hebreus lembra que o salmista faz referencia ao tempo de
Moisés e Josué, mas vai além, falando de um descanso ainda,. Muito tempo depois
de Moisés e de José, o que leva o escritor da carta aos Hebreus a entender o
descanso tanto como tendo acontecido em parte, em um lugar no passado, como
também joga esta promessa de Descanso, no futuro, não se limitando com isso, a
afirmar que o cristão terá um descanso somente no céu, mas que ele já o
desfrutará aqui nesta vida, mesmo que não em sua totalidade.
Da mesma forma que a
promessa foi feita aos Judeus através da mensagem dos patriarcas, profetas e
justos, sendo ilustrados através da entrada na terra da promessa, os judeus
receberam testemunho da parte de Deus que há um descanso além daquele físico e
semanal da qual todo povo participava, um descanso que é adquirido pela fé. Assim
como aos Hebreus, os não judeus receberam a mesma promessa, porém no tempo
oportuno ela se manifestou. Desde o Patriarca Abraão Deus já havia declarado
que abençoaria todas as da terra, tendo o ápice e o cumprimento desta promessa
no descendente de Abraão – Jesus Cristo, que uniu judeus e não judeus a Deus,
acabando com toda e qualquer inimizade.
Esta mensagem do
Evangelho de que em Cristo as muralhas de separação caíram, a semelhança da
queda dos muros de Jericó. hoje os não judeus são participantes da mesma
promessa de um descanso presente e futuro, porém, para muitos parece que esta
promessa falhou, pois que descanso há para aqueles fiéis que vivem com
dificuldades das mais diversas? Em perseguição ou morte? Que descanso há para
aqueles que perderam seus amigos ou parentes em acidentes? ou assassinados? ou
até mesmo em tragédias naturais?
A questão não esta no
repouso ou descanso da inércia de sofrimento, mas o repouso no fato de que
agora não estamos mais desgarrados, temos o sumo pastor que nos cuida pois: “1O
Senhor é o meu pastor; nada me faltará. 2Ele
me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; 3refrigera-me a
alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4Ainda que eu
ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum, porque tu estás comigo;o teu bordão e o teu cajado
me consolam. 5Preparas-me uma mesa
na presença dos meus adversários, unges-me
a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. 6Bondade e misericórdia
certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” Sl 23.
O Salmista define muito
bem qual é o descanso afinal, não a folga dos trabalhos, nem a ausência de
problemas, mas suprema presença e cuidado de Deus pelo seu povo, que recebe de
Deus aquilo de que tanto necessita já em vida e completamente na eternidade.
Porém, mesmo que a
mensagem seja uma alegre boa notícia, os judeus não a aproveitaram e esta
promessa não teve efeito algum para muitos deles, pois não foi acompanhada pela
fé. a mensagem foi ouvida, simplesmente ouvida, nenhuma resposta a ela foi dada
por parte de muitos judeus que diziam ser filhos da promessa.
A mensagem foi ouvida,
mas não houve nenhuma resposta. Não houve obediência. Há duas maneiras de dizer
não, uma é declarando o “não” abertamente, a outra e nada falando e nada
fazendo.
Assim, como não ouve
resposta o autor de Hebreus verifica que no verso 3 do cap. 4. Sua inércia e
falta de obediência era a maneira que os judeus declaram sua incredulidade quanto
à promessa de Deus. Israel ouviu a palavra, mas não respondeu. E esta a
manifestação de ausência de resposta que demonstra o coração ingrato, desviado
e endurecido da nação.
II – Alguns entraram no descanso
outros não (v1,2,3)
Visto que o repouso não
se refere somente aquele repouso semanal, mas vai além, e que não esta restrita
somente aos judeus, mas também aos não judeus, que em todas as épocas esta
mensagem de boas novas foi declarada, pergunta-se então. Por que alguns
entraram e outros não? O fato é resolvido pelo fato de que a condição para
desfrutar do descanso oferecido de Deus é a fé, nunca foi de outra maneira, os
crentes do Antigo pacto olhavam com fé para o libertador e messias que viria no
futuro, assim deveriam apresentar suas ofertas e sacrifícios. Os crentes do
novo pacto da mesma forma olham com fé no fato concretizado e realizado no
espaço e no tempo na pessoa de Jesus Cristo, que fez convergir nele todas as
formas simbólicas de sacrifício do Antigo Testamento, sendo ele mesmo de fato o
sacrifício substitutivo pelo seu povo cumprindo assim a palavra dos profetas “Mas ele
foi traspassado pelas nossas
transgressões e moído pelas
nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados” Isaías 53.5
O Novo Testamento afirma que só é possível obter descanso através de um encontro com o Messias, que é Jesus. "Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso."
III – O descanso não pode ter sido
dado por Moisés nem por Josué, pois o salmista o usa no contexto espiritual de
fé e descrença. (v 7,8)
O autor de Hebreus usa o salmo 95,
que conclama a adoração a Deus que é a rocha da nossa salvação, porém termina
relembrando a promessa de descanso e o juízo os descrentes na promessa de Deus,
a carta de Hebreus coloca o salmista ao seu lado ao enfatizar o caráter
espiritual da promessa feita por Deus e ilustrada na entrada de Canaã. Portanto,
ainda como aquele povo não entrou no repouso espiritual, mas tomou posse da
terra, ainda resta um repouso que não físico e uma terra a ser habitada, terra
esta, porém não em nosso tempo e espaço, mas ainda a ser manifestada mesmo que
já revelada pelo Apóstolo João em Patmos: “A
pessoa que conseguir a vitória, eu farei com que ela seja uma coluna no templo
do meu Deus, e essa pessoa nunca mais sairá dali. E escreverei nela o nome do
meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que virá do céu, da
parte do meu Deus. E também escreverei nela o meu novo nome[...]E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu. Ela vinha de Deus, enfeitada e preparada, vestida como uma noiva
que vai se encontrar com o noivo” Apocalipse 3.12; 21.2
A promessa é gloriosa,
porém requer esforço. Para que não caia no mesmo exemplo de desobediência de
Israel Hb 4.11, sendo que o capítulo anterior declara que os pecados de Israel
foram: “coração duro; eles provocaram e tentaram a Deus, andam vagando em seu
coração, isto é não são firmes, e que não conhecem os caminhos de Deus. Hb
3.7-11. O versículo onze é uma boa dica aos desavisados, de que não devem ser
sem piedade em suas vidas, porém a firmeza de propósito em seguir a Deus deve
ser perseguida pelos fiéis, com toda a força que há, e de todo o coração.
Assim como Israel não
se esforçou no deserto e não entrou este pode ser o perigo da igreja peregrina
hoje, Israel é um exemplo a ser visto e não imitado.
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