Breve Histórico do Movimento Pentecostal
Entre os anos 1893-1900, surgiram e se proliferaram nos Estados Unidos as chamadas "Igrejas de Santidade", que enfatizavam o batismo no (ou com, ou por) Espírito Santo como uma "segunda bênção" a ser recebida pelos cristãos (a primeira seria a salvação) e a perfeição moral como uma consequência dessa segunda bênção. Podemos reconhecer claramente o eco das teologias de John Wesley e Charles Finney influenciando tais igrejas.
Entre os anos 1893-1900, surgiram e se proliferaram nos Estados Unidos as chamadas "Igrejas de Santidade", que enfatizavam o batismo no (ou com, ou por) Espírito Santo como uma "segunda bênção" a ser recebida pelos cristãos (a primeira seria a salvação) e a perfeição moral como uma consequência dessa segunda bênção. Podemos reconhecer claramente o eco das teologias de John Wesley e Charles Finney influenciando tais igrejas.
Em 1901, Charles Fox Parham começou a ensinar que o falar em línguas seria a evidência do batismo no Espírito Santo. Atos 2.1-4 deveria ser normativo para todos os cristãos. Algum tempo depois, em 1906, William Seymor, na rua Azusa (Los Angeles), liderou o que seria conhecido mais tarde como "Movimento Pentecostal". Tal movimento chega ao Brasil em 1910, com a Congregação Cristã. No ano seguinte, 1911, os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg causam uma divisão na Primeira Igreja Batista de Belém do Pará, fundando aquela que é hoje a maior denominação evangélica do Brasil: a Assembleia de Deus. Essa foi a "primeira onda" do movimento pentecostal em solo tupiniquim.
A segunda onda veio na década de 1950. Em 1951 foi fundada a Igreja do Evangelho Quadrangular (Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e voltará). Em 1955 nasce a igreja O Brasil para Cristo (primeira igreja pentecostal fundada somente por brasileiros). Em 1962 surge a Igreja Pentecostal Deus é Amor. A ênfase destes novos pentecostais era a cura divina.
A "terceira onda" pentecostal veio a partir de mais divisões causadas em igrejas tradicionais, ortodoxas, já existentes. Não nasceram de novos convertidos, de novas igrejas, mas de cismas e desavenças em igrejas já estabelecidas. Assim, da Convenção Batista Brasileira, por exemplo, saíram os batistas "renovados" que fundariam, mais tarde, suas próprias convenções, como a Convenção Batista Nacional (1967). Nessa época começa também o Movimento Católico de Renovação Carismática: parte do povo católico romano passou a imitar alguns aspectos do movimento pentecostal em sua liturgia e teologia.
A "quarta onda" foi a que mais estragos causou e continua causando ao evangelicalismo brasileiro, pois nela surgiram as chamadas "igrejas neopentecostais", cujas doutrinas afastaram-se tanto do Cristianismo bíblico que podem corretamente ser classificadas como seitas pseudocristãs. Em 1977 surgiu a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo. Em 1980 R. R. Soares funda a Igreja Internacional da Graça de Deus. Mais recentemente, Valdemiro Santiago criou a Igreja Mundial do Poder de Deus (e - pasmem! - já existe a "Igreja Mundial Renovada"...). A ênfase neopentecostal é o pernicioso "evangelho da saúde e da prosperidade". Verdadeiras máquinas caça-níquel, tais "igrejas", além de enriquecer tremendamente seus (donos?) líderes (somente num país como o Brasil tais homens podem prosperar à custa da ignorância do povo e da cumplicidade das autoridades), são conhecidas por mesclar elementos do espiritismo, ocultismo e de religiões afro-brasileiras com uma pitada (bem pequena, por sinal) de passagens bíblicas esparsas e sempre fora de contexto. Ignorância e ganância são os pilares de sustentação de tais "igrejas".
Batismo no Espírito Santo: o ensino pentecostal
Batismo no Espírito Santo: o ensino pentecostal
De modo geral, todas essas igrejas e denominações, desde a primeira até a quarta "ondas", ensinam que o batismo no Espírito Santo é uma "segunda bênção", que devemos buscá-la com afinco, e que nem todos os cristãos são batizados no Espírito Santo.
Mas, o que a Bíblia diz?
Batismo no Espírito Santo: o ensino bíblico
Batismo no Espírito Santo: o ensino bíblico
O Antigo Testamento fala da "promessa do Espírito":
"A fortaleza será abandonada, a cidade barulhenta ficará deserta, a cidadela e a torre das sentinelas se tornarão covis, uma delícia para os jumentos, uma pastagem para os rebanhos, até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta" (Isaías 32.14,15).
"Pois derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes" (Isaías 44.3).
"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias" (Joel 2.28,29).
Especialmente em Joel, notamos que a promessa é que o Espírito será derramado sobre todos, "até sobre os servos e as servas": ninguém que pertence ao Senhor deixará de receber o derramamento do Espírito Santo. O Senhor também promete derramar seu Espírito sobre todos os povos.
No Novo Testamento, o Espírito é derramado, em primeiro lugar, sobre os judeus:
"Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2.1-4).
Esta é a experiência que os pentecostais querem que seja "normativa" para todos os cristãos: o falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Porém, curiosamente, eles não mencionam o "som como de um vento muito forte" e o surgimento do "que parecia ser línguas de fogo" como evidências igualmente obrigatórias. Por que será?
Falando em línguas, os discípulos proclamam "as maravilhas de Deus" aos habitantes de Jerusalém e aos visitantes que ali estão, vindo de todas as partes do mundo, que os ouvem falando em seus respectivos idiomas nacionais (versículos 5-12). Mas alguns zombam, dizendo que aqueles cristãos estão bêbados. Em resposta, Pedro apela para a profecia de Joel, citada acima. Ele prega Jesus Cristo àquela gente, e como resultado cerca de três mil pessoas tornam-se cristãs (versículos 13-41).
Era necessária uma manifestação visível da vinda do Espírito Santo à Igreja, para marcar a nova era inaugurada por Jesus. Por isso o som de vento, por isso a aparição de algo semelhante a línguas de fogo (não fogo verdadeiro, mas algo parecido com fogo, de acordo com o texto bíblico), por isso as línguas faladas para que todos entendessem o que estava acontecendo. Estava inaugurada a Era do Espírito! Estava cumprida a profecia de Joel e era necessário que houvesse manifestações visíveis e perceptíveis para que tal cumprimento fosse percebido e reconhecido.
Em segundo lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito Santo sendo derramado sobre os samaritanos:
"Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo" (Atos 8.14-17).
Aparentemente houve alguma manifestação visível do recebimento do Espírito nos crentes samaritanos, pois foi claramente percebido por todos à volta, embora o texto não mencione o falar em línguas nem o som de vento nem as línguas semelhantes a fogo (cf. versículos 18-25).
Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do derramamento do Espírito sobre aqueles samaritanos, e isso na presença dos Apóstolos Pedro e João, dada a antipatia e o desprezo com que os judeus encaravam aquele povo. Os samaritanos eram considerados piores do que cães, e daquele modo Deus deixou bem claro a Pedro, João e os demais crentes judeus que os samaritanos podiam, sim, fazer parte do povo de Deus.
Em terceiro lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito sendo derramado sobre os gentios:
"No outro dia chegaram a Cesareia. Cornélio os esperava com seus parentes e amigos mais íntimos que tinha convidado. Quando Pedro ia entrando na casa, Cornélio dirigiu-se a ele e prostrou-se aos seus pés, adorando-o. Mas Pedro o fez levantar-se, dizendo: 'Levante-se, eu sou homem como você'.
"Conversando com ele, Pedro entrou e encontrou ali reunidas muitas pessoas e lhes disse: 'Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum. Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção. Posso perguntar por que vocês me mandaram buscar?'
"Cornélio respondeu: 'Há quatro dias eu estava em minha casa orando a esta hora, às três horas da tarde. De repente, colocou-se diante de mim um homem com roupas resplandescentes e disse: Cornélio, Deus ouviu sua oração e lembrou-se de suas esmolas. Mande buscar em Jope a Simão, chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que mora perto do mar. Assim, mandei buscar-te imediatamente, e foi bom que tenhas vindo. Agora estamos todos aqui na presença de Deus, para ouvir tudo o que o Senhor te mandou dizer-nos'.
"Então Pedro começou a falar: 'Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas novas de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. Sabem o que aconteceu em toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele.
'Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que foi a ele que Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome'.
"Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus.
"A seguir Pedro disse: 'Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós!' Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias" (Atos 10.24-48).
Todos os gentios que estavam ouvindo a Pedro foram batizados no Espírito Santo - "como nós", conforme o próprio Pedro reconheceu. Os judeus "ficaram admirados" de que "até sobre os gentios!" foi concedido o dom do Espírito. Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do batismo no Espírito Santo, para provar aos judeus que "até mesmo aos gentios" Deus concedera tamanha graça. (O "dom" do Espírito Santo, conforme Atos 2.38 e 10.45 deixam bem claro, é outro modo de dizer "o batismo no Espírito Santo").
Em quarto lugar, o Novo Testamento mostra o dom do Espírito Santo sendo concedido aos discípulos de João Batista.
"Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: 'Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?'
"Eles responderam: 'Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo'.
"'Então, que batismo vocês receberam?', perguntou Paulo.
"'O batismo de João', responderam eles.
"Disse Paulo: 'O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus'. Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens" (Atos 19.1-7).
O mesmo padrão repete-se aqui: uma demonstração notável do batismo no Espírito Santo era necessária, para demonstrar que aqueles "discípulos" agora eram, verdadeiramente, parte integrante da Igreja de Jesus Cristo. Aqueles homens, provavelmente judeus da velha aliança, ainda esperavam o Messias prometido pelos profetas e por João Batista. Paulo lhes anunciou a boa nova de que o Messias já viera, na pessoa de Jesus. Assim que receberam a mensagem, receberam igualmente o batismo no Espírito Santo, tal como ocorreu com Cornélio e os demais gentios em sua casa.
Nas epístolas do Novo Testamento encontramos mais informações a respeito do batismo no Espírito Santo.
"Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória" (Efésios 1.13,14).
Devemos prestar atenção a estas palavras. Fomos selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa quando ouvimos e cremos na palavra da verdade, o evangelho. Nesse momento - no instante da nossa conversão - recebemos o dom do Espírito Santo, assim como Cornélio e os discípulos de João Batista. No momento da nossa conversão, recebemos o Espírito Santo da promessa - aquele mesmo de Joel, aquele mesmo de Atos 2, aquele mesmo do Pentecoste. Ou seja: o batismo no Espírito Santo ocorre no momento de nossa conversão, quando recebemos o dom do Espírito, o Espírito Santo da promessa, que nos "sela" como propriedade exclusiva de Deus.
"Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória" (Romanos 8.12-17).
Todos os verdadeiros cristãos são guiados pelo Espírito Santo. Eles O receberam - todos, sem exceção - e agora são guiados por Ele, adotados como filhos pelo Deus vivo, tornados herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo - em suma, nada lhes falta. Não há necessidade de uma "segunda bênção". Quem está em Cristo tem o Espírito e é filho do Pai, herdeiro de Deus. Não há nada faltando aqui. Não há nada para ser "completado" aqui.
"Mas quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3.4-6).
Todos os verdadeiros cristãos receberam o batismo no Espírito Santo no instante de sua conversão: Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo; o qual Ele derramou sobre nós generosamente. O batismo - o "lavar" - é regenerador, é renovador, pois nos purifica dos pecados e nos torna nova criação em Cristo (2Co 5.17). É o batismo - que Ele derramou generosamente sobre nós - no Espírito Santo, que nos purifica e renova.
"Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito" (1 Coríntios 12.13).
Esta passagem é claríssima. Num só corpo - a Igreja - todos nós (sem exceções!) fomos batizados em um único Espírito! Não importa se você é judeu, samaritano, romano, grego ou até mesmo brasileiro - no instante em que você foi inserido no corpo de Cristo (a Igreja), isto é, no momento de sua conversão, você foi batizado no Espírito Santo. Simples assim. É o que o texto diz, é o que o Novo Testamento ensina, embora muitos não aceitem.
Mas, e as línguas? Não são as línguas evidência do batismo no Espírito Santo? No entanto, nem todos os que se convertem falam em línguas - alguns falam, outros falam depois, e ainda outros jamais falarão em línguas. Se o batismo no Espírito Santo ocorre no instante da conversão, como as passagens bíblicas supracitadas indicam, por que nem todos os que se tornam cristãos falam em línguas no instante de sua conversão?
A resposta bíblica é clara: porque as línguas são um dom, distribuído pelo Espírito Santo a quem Ele quer distribuir, e nem todos os cristãos recebem o mesmo dom. Em Atos, o falar em línguas era necessário para marcar a vinda do Espírito Santo e inaugurar a era da Igreja e para indicar que aos cristãos judeus que o Espírito Santo seria derramado sobre todos os povos, sem distinção. Hoje tais manifestações visíveis já não são necessárias: o Espírito já veio, a era da Igreja já começou e há cristãos de praticamente todas as etnias.
Vejamos o ensino bíblico:
"A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer" (1Coríntios 12.7-11).
Note bem: a um é dada a palavra de sabedoria... a outro... palavra de conhecimento; a outro... fé; a outro... dons de curar (...) a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Cada cristão recebe um dom diferente, e não há nenhum dom que seja comum a todos. A mesma ideia é ressaltada na passagem seguinte:
"Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dons de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons" (1Coríntios 12.27-31).
Falam todos em línguas? A resposta, obviamente, é não. Nem todos têm dons de curar, nem todos falam em línguas, porque não existe nenhum dom que seja comum a todos os cristãos, pois somos "membros uns dos outros" e cada um tem uma função específica no corpo de Cristo. "Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros do corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (1Coríntios 12.17-19).
Portanto, biblicamente, o falar em línguas não é evidência do batismo no Espírito Santo; o batismo no Espírito Santo não é uma "segunda bênção", mas ocorre no momento da conversão quando somos "selados", "lavados" e "regenerados" pelo Espírito Santo. A Bíblia é clara! O movimento pentecostal, surgido no início do século passado, simplesmente não levou em consideração os fatos bíblicos, mas trocou o ensino das Escrituras por experiências pessoais, particulares, mal interpretadas. Também desprezou dois mil anos de história da Igreja: teria o Espírito Santo se enganado durante tanto tempo, guiando e orientado os cristãos sobre o batismo no Espírito Santo de modo diferente do ensino pentecostal, e isso durante cerca de dois mil anos?
Mas então, o que acontece com os cristãos que afirmam, e que estão convencidos, que receberam uma "segunda bênção", um "batismo", tempos depois de sua conversão, batismo esse assinalado (na maioria das vezes, mas não em todas elas) pelo falar em línguas?
Tais experiências podem muito bem ser explicadas pelo que as Escrituras chamam de "ser cheio do Espírito Santo", isto é, a plenitude do Espírito, que sói ser acompanhada pelo recebimento ou desenvolvimento de dons espirituais.
A Plenitude do Espírito: o ensino bíblico
A Bíblia nos ordena a ser cheios do Espírito. Somos instados a buscar uma vida de plenitude do Espírito Santo:
"Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito" (Efésios 5.18).
Em nenhum lugar as Escrituras ordenam ao crente que busque o batismo no Espírito Santo. Se o batismo no Espírito fosse uma "segunda bênção", uma segunda experiência na vida cristã, como quer o movimento pentecostal, certamente a Bíblia nos diria isso claramente e mais, nos daria ordens e instruções para buscar o batismo. No entanto, o que a Bíblia ordena? Não que recebamos o batismo no Espírito (já o recebemos quando da nossa conversão!), mas que nos deixemos encher pelo Espírito! Aos crentes é ordenado não que busquem o batismo no Espírito Santo, mas que sejam cheios do Espírito Santo.
A plenitude do Espírito em nossas vidas nos capacita para a obra de Deus. O ministério só pode ser corretamente cumprido na plenitude do Espírito:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor" (Lucas 4.18,19).
"Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que deverão dizer" (Lucas 12.11,12).
"Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" (João 14.26).
"Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito" (João 15.26).
"Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês" (João 16.13-15).
Testemunhar, proclamar, pregar, conhecer as coisas de Deus - tudo isso é tornado efetivo pelo Espírito Santo. Sem Sua atuação em nossas vidas, não temos meios de servir a Deus de modo eficaz. Precisamos ser cheios do Espírito Santo.
"Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: 'Autoridades e líderes do povo!'" (Atos 4.8). Pedro recebeu ousadia e sabedoria para proclamar o Evangelho mesmo diante da oposição dos líderes religiosos.
"Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa..." (Atos 6.3). A escolha dos Sete deveria ser feita com base na plenitude do Espírito. Para executar corretamente o serviço à Igreja, tais homens deveriam ser "cheios do Espírito Santo", requisito fundamental para o ministério cristão.
"Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus" (Atos 7.55). No momento do martírio, Estêvão foi cheio do Espírito Santo e recebeu, assim, força e encorajamento para enfrentar a morte horrível por apedrejamento, avistando o Senhor Jesus que, "em pé" (e não sentado em Seu trono) o esperava na glória celestial.
"Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse..." (Atos 13.9). Paulo também recebeu o enchimento do Espírito, que o capacitou a enfrentar e vencer o mago judeu que tentava impedir que o procônsul romano Sérgio Paulo ouvisse a Palavra de Deus.
Precisamos ser cheios do Espírito Santo.
A Capacitação do Espírito
O Espírito Santo nos enche e nos capacita para o serviço cristão (2Coríntios 3.3-6). A vida cristã é vida no Espírito. É Ele que nos vivifica em Cristo, e nos transmite as bênçãos da salvação que Jesus Cristo conquistou para nós, de acordo com o desígnio eterno do Pai.
"Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8.13,14). O Espírito Santo nos guia, nos orienta em nossa caminhada e nos ajuda a mortificar nossa natureza pecaminosa.
"Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8.26). O Espírito nos capacita a orar, e quando não somos capazes de fazê-lo, Ele mesmo intercede por nós até mesmo "com gemidos inexprimíveis". (Alguns creem que aqui Paulo está se referindo ao falar em línguas, porém não é o crente que "geme", é o próprio Espírito, e isso com gemidos inexprimíveis, isto é, não com palavras, seja em que língua for - estranha ou conhecida).
Em 1Coríntios 2.1-16, o Apóstolo nos indica que a mensagem e a pregação cristãs devem consistir não meramente de palavras de sabedoria humana, mas de "demonstração do poder do Espírito" (v. 4). As coisas de Deus nos são reveladas pelo Espírito de Deus (versículos 10-12). O homem que não tem o Espírito (não regenerado, não salvo) não tem condições de compreender "as coisas que vêm do Espírito de Deus" (v. 14). O Espírito nos dá "a mente de Cristo" (v. 16).
Já mencionamos que os dons espirituais são distribuídos pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.4-11,27-31; Efésios 4.11; Hebreus 2.4; 1Pedro 4.10,11). O maior dom, entretanto, é o amor (1Coríntios 13), que é o "fruto" do Espírito em nós, isto é, o resultado da obra do Espírito Santo em nosso caráter:
"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (...) se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito" (Gálatas 5.22,23,25). A maior obra do Espírito Santo em nossas vidas é a transformação do nosso caráter depravado e desesperadamente corrupto, que só sabe produzir as "obras da carne" (Gálatas 5.19-21), no caráter santo e justo do Senhor Jesus Cristo, no processo da santificação. (E falta de caráter cristão é justamente o que pode ser observado, frequentemente, na liderança neopentecostal).
O Espírito de Deus nos capacita para a adoração genuína e nos faz perder toda a confiança em nossa própria capacidade humana diante das demandas espirituais da obra de Deus (Filipenses 3.3). O Evangelho somente pode ser pregado "pelo Espírito Santo enviado dos céus" (1Pedro 1.12). Os autores bíblicos registraram sem erro a Palavra de Deus porque foram movidos ou impelidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.21).
A doutrina do Espírito Santo é de importância fundamental para a Igreja, pois somos habitação do Espírito, e como vimos, sem Ele não há vida cristã, nem ministério, nem dons espirituais nem pregação genuína. Não temos o direito de jogar fora o claro ensino bíblico a respeito do Espírito Santo em troca de experiências pessoais e de movimentos surgidos muito tempo depois da Igreja ser estabelecida e que se arrogam o direito de trazer "novos ensinos e revelações" supostamente da parte de Deus. Sola Scriptura - Somente as Escrituras. A Bíblia é suficiente e única, e não pode ser substituída por nenhuma nova doutrina. O movimento pentecostal surgiu nos primórdios do século XX. A Palavra de Deus terminou de ser escrita há dois mil anos atrás, e nada deve ser acrescentado a ela.
"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.29).
"A fortaleza será abandonada, a cidade barulhenta ficará deserta, a cidadela e a torre das sentinelas se tornarão covis, uma delícia para os jumentos, uma pastagem para os rebanhos, até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta" (Isaías 32.14,15).
"Pois derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes" (Isaías 44.3).
"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias" (Joel 2.28,29).
Especialmente em Joel, notamos que a promessa é que o Espírito será derramado sobre todos, "até sobre os servos e as servas": ninguém que pertence ao Senhor deixará de receber o derramamento do Espírito Santo. O Senhor também promete derramar seu Espírito sobre todos os povos.
No Novo Testamento, o Espírito é derramado, em primeiro lugar, sobre os judeus:
"Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2.1-4).
Esta é a experiência que os pentecostais querem que seja "normativa" para todos os cristãos: o falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Porém, curiosamente, eles não mencionam o "som como de um vento muito forte" e o surgimento do "que parecia ser línguas de fogo" como evidências igualmente obrigatórias. Por que será?
Falando em línguas, os discípulos proclamam "as maravilhas de Deus" aos habitantes de Jerusalém e aos visitantes que ali estão, vindo de todas as partes do mundo, que os ouvem falando em seus respectivos idiomas nacionais (versículos 5-12). Mas alguns zombam, dizendo que aqueles cristãos estão bêbados. Em resposta, Pedro apela para a profecia de Joel, citada acima. Ele prega Jesus Cristo àquela gente, e como resultado cerca de três mil pessoas tornam-se cristãs (versículos 13-41).
Era necessária uma manifestação visível da vinda do Espírito Santo à Igreja, para marcar a nova era inaugurada por Jesus. Por isso o som de vento, por isso a aparição de algo semelhante a línguas de fogo (não fogo verdadeiro, mas algo parecido com fogo, de acordo com o texto bíblico), por isso as línguas faladas para que todos entendessem o que estava acontecendo. Estava inaugurada a Era do Espírito! Estava cumprida a profecia de Joel e era necessário que houvesse manifestações visíveis e perceptíveis para que tal cumprimento fosse percebido e reconhecido.
Em segundo lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito Santo sendo derramado sobre os samaritanos:
"Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo" (Atos 8.14-17).
Aparentemente houve alguma manifestação visível do recebimento do Espírito nos crentes samaritanos, pois foi claramente percebido por todos à volta, embora o texto não mencione o falar em línguas nem o som de vento nem as línguas semelhantes a fogo (cf. versículos 18-25).
Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do derramamento do Espírito sobre aqueles samaritanos, e isso na presença dos Apóstolos Pedro e João, dada a antipatia e o desprezo com que os judeus encaravam aquele povo. Os samaritanos eram considerados piores do que cães, e daquele modo Deus deixou bem claro a Pedro, João e os demais crentes judeus que os samaritanos podiam, sim, fazer parte do povo de Deus.
Em terceiro lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito sendo derramado sobre os gentios:
"No outro dia chegaram a Cesareia. Cornélio os esperava com seus parentes e amigos mais íntimos que tinha convidado. Quando Pedro ia entrando na casa, Cornélio dirigiu-se a ele e prostrou-se aos seus pés, adorando-o. Mas Pedro o fez levantar-se, dizendo: 'Levante-se, eu sou homem como você'.
"Conversando com ele, Pedro entrou e encontrou ali reunidas muitas pessoas e lhes disse: 'Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum. Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção. Posso perguntar por que vocês me mandaram buscar?'
"Cornélio respondeu: 'Há quatro dias eu estava em minha casa orando a esta hora, às três horas da tarde. De repente, colocou-se diante de mim um homem com roupas resplandescentes e disse: Cornélio, Deus ouviu sua oração e lembrou-se de suas esmolas. Mande buscar em Jope a Simão, chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que mora perto do mar. Assim, mandei buscar-te imediatamente, e foi bom que tenhas vindo. Agora estamos todos aqui na presença de Deus, para ouvir tudo o que o Senhor te mandou dizer-nos'.
"Então Pedro começou a falar: 'Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas novas de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. Sabem o que aconteceu em toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele.
'Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que foi a ele que Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome'.
"Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus.
"A seguir Pedro disse: 'Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós!' Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias" (Atos 10.24-48).
Todos os gentios que estavam ouvindo a Pedro foram batizados no Espírito Santo - "como nós", conforme o próprio Pedro reconheceu. Os judeus "ficaram admirados" de que "até sobre os gentios!" foi concedido o dom do Espírito. Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do batismo no Espírito Santo, para provar aos judeus que "até mesmo aos gentios" Deus concedera tamanha graça. (O "dom" do Espírito Santo, conforme Atos 2.38 e 10.45 deixam bem claro, é outro modo de dizer "o batismo no Espírito Santo").
Em quarto lugar, o Novo Testamento mostra o dom do Espírito Santo sendo concedido aos discípulos de João Batista.
"Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: 'Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?'
"Eles responderam: 'Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo'.
"'Então, que batismo vocês receberam?', perguntou Paulo.
"'O batismo de João', responderam eles.
"Disse Paulo: 'O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus'. Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens" (Atos 19.1-7).
O mesmo padrão repete-se aqui: uma demonstração notável do batismo no Espírito Santo era necessária, para demonstrar que aqueles "discípulos" agora eram, verdadeiramente, parte integrante da Igreja de Jesus Cristo. Aqueles homens, provavelmente judeus da velha aliança, ainda esperavam o Messias prometido pelos profetas e por João Batista. Paulo lhes anunciou a boa nova de que o Messias já viera, na pessoa de Jesus. Assim que receberam a mensagem, receberam igualmente o batismo no Espírito Santo, tal como ocorreu com Cornélio e os demais gentios em sua casa.
Nas epístolas do Novo Testamento encontramos mais informações a respeito do batismo no Espírito Santo.
"Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória" (Efésios 1.13,14).
Devemos prestar atenção a estas palavras. Fomos selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa quando ouvimos e cremos na palavra da verdade, o evangelho. Nesse momento - no instante da nossa conversão - recebemos o dom do Espírito Santo, assim como Cornélio e os discípulos de João Batista. No momento da nossa conversão, recebemos o Espírito Santo da promessa - aquele mesmo de Joel, aquele mesmo de Atos 2, aquele mesmo do Pentecoste. Ou seja: o batismo no Espírito Santo ocorre no momento de nossa conversão, quando recebemos o dom do Espírito, o Espírito Santo da promessa, que nos "sela" como propriedade exclusiva de Deus.
"Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória" (Romanos 8.12-17).
Todos os verdadeiros cristãos são guiados pelo Espírito Santo. Eles O receberam - todos, sem exceção - e agora são guiados por Ele, adotados como filhos pelo Deus vivo, tornados herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo - em suma, nada lhes falta. Não há necessidade de uma "segunda bênção". Quem está em Cristo tem o Espírito e é filho do Pai, herdeiro de Deus. Não há nada faltando aqui. Não há nada para ser "completado" aqui.
"Mas quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3.4-6).
Todos os verdadeiros cristãos receberam o batismo no Espírito Santo no instante de sua conversão: Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo; o qual Ele derramou sobre nós generosamente. O batismo - o "lavar" - é regenerador, é renovador, pois nos purifica dos pecados e nos torna nova criação em Cristo (2Co 5.17). É o batismo - que Ele derramou generosamente sobre nós - no Espírito Santo, que nos purifica e renova.
"Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito" (1 Coríntios 12.13).
Esta passagem é claríssima. Num só corpo - a Igreja - todos nós (sem exceções!) fomos batizados em um único Espírito! Não importa se você é judeu, samaritano, romano, grego ou até mesmo brasileiro - no instante em que você foi inserido no corpo de Cristo (a Igreja), isto é, no momento de sua conversão, você foi batizado no Espírito Santo. Simples assim. É o que o texto diz, é o que o Novo Testamento ensina, embora muitos não aceitem.
Mas, e as línguas? Não são as línguas evidência do batismo no Espírito Santo? No entanto, nem todos os que se convertem falam em línguas - alguns falam, outros falam depois, e ainda outros jamais falarão em línguas. Se o batismo no Espírito Santo ocorre no instante da conversão, como as passagens bíblicas supracitadas indicam, por que nem todos os que se tornam cristãos falam em línguas no instante de sua conversão?
A resposta bíblica é clara: porque as línguas são um dom, distribuído pelo Espírito Santo a quem Ele quer distribuir, e nem todos os cristãos recebem o mesmo dom. Em Atos, o falar em línguas era necessário para marcar a vinda do Espírito Santo e inaugurar a era da Igreja e para indicar que aos cristãos judeus que o Espírito Santo seria derramado sobre todos os povos, sem distinção. Hoje tais manifestações visíveis já não são necessárias: o Espírito já veio, a era da Igreja já começou e há cristãos de praticamente todas as etnias.
Vejamos o ensino bíblico:
"A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer" (1Coríntios 12.7-11).
Note bem: a um é dada a palavra de sabedoria... a outro... palavra de conhecimento; a outro... fé; a outro... dons de curar (...) a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Cada cristão recebe um dom diferente, e não há nenhum dom que seja comum a todos. A mesma ideia é ressaltada na passagem seguinte:
"Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dons de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons" (1Coríntios 12.27-31).
Falam todos em línguas? A resposta, obviamente, é não. Nem todos têm dons de curar, nem todos falam em línguas, porque não existe nenhum dom que seja comum a todos os cristãos, pois somos "membros uns dos outros" e cada um tem uma função específica no corpo de Cristo. "Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros do corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (1Coríntios 12.17-19).
Portanto, biblicamente, o falar em línguas não é evidência do batismo no Espírito Santo; o batismo no Espírito Santo não é uma "segunda bênção", mas ocorre no momento da conversão quando somos "selados", "lavados" e "regenerados" pelo Espírito Santo. A Bíblia é clara! O movimento pentecostal, surgido no início do século passado, simplesmente não levou em consideração os fatos bíblicos, mas trocou o ensino das Escrituras por experiências pessoais, particulares, mal interpretadas. Também desprezou dois mil anos de história da Igreja: teria o Espírito Santo se enganado durante tanto tempo, guiando e orientado os cristãos sobre o batismo no Espírito Santo de modo diferente do ensino pentecostal, e isso durante cerca de dois mil anos?
Mas então, o que acontece com os cristãos que afirmam, e que estão convencidos, que receberam uma "segunda bênção", um "batismo", tempos depois de sua conversão, batismo esse assinalado (na maioria das vezes, mas não em todas elas) pelo falar em línguas?
Tais experiências podem muito bem ser explicadas pelo que as Escrituras chamam de "ser cheio do Espírito Santo", isto é, a plenitude do Espírito, que sói ser acompanhada pelo recebimento ou desenvolvimento de dons espirituais.
A Plenitude do Espírito: o ensino bíblico
A Bíblia nos ordena a ser cheios do Espírito. Somos instados a buscar uma vida de plenitude do Espírito Santo:
"Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito" (Efésios 5.18).
Em nenhum lugar as Escrituras ordenam ao crente que busque o batismo no Espírito Santo. Se o batismo no Espírito fosse uma "segunda bênção", uma segunda experiência na vida cristã, como quer o movimento pentecostal, certamente a Bíblia nos diria isso claramente e mais, nos daria ordens e instruções para buscar o batismo. No entanto, o que a Bíblia ordena? Não que recebamos o batismo no Espírito (já o recebemos quando da nossa conversão!), mas que nos deixemos encher pelo Espírito! Aos crentes é ordenado não que busquem o batismo no Espírito Santo, mas que sejam cheios do Espírito Santo.
A plenitude do Espírito em nossas vidas nos capacita para a obra de Deus. O ministério só pode ser corretamente cumprido na plenitude do Espírito:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor" (Lucas 4.18,19).
"Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que deverão dizer" (Lucas 12.11,12).
"Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" (João 14.26).
"Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito" (João 15.26).
"Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês" (João 16.13-15).
Testemunhar, proclamar, pregar, conhecer as coisas de Deus - tudo isso é tornado efetivo pelo Espírito Santo. Sem Sua atuação em nossas vidas, não temos meios de servir a Deus de modo eficaz. Precisamos ser cheios do Espírito Santo.
"Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: 'Autoridades e líderes do povo!'" (Atos 4.8). Pedro recebeu ousadia e sabedoria para proclamar o Evangelho mesmo diante da oposição dos líderes religiosos.
"Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa..." (Atos 6.3). A escolha dos Sete deveria ser feita com base na plenitude do Espírito. Para executar corretamente o serviço à Igreja, tais homens deveriam ser "cheios do Espírito Santo", requisito fundamental para o ministério cristão.
"Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus" (Atos 7.55). No momento do martírio, Estêvão foi cheio do Espírito Santo e recebeu, assim, força e encorajamento para enfrentar a morte horrível por apedrejamento, avistando o Senhor Jesus que, "em pé" (e não sentado em Seu trono) o esperava na glória celestial.
"Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse..." (Atos 13.9). Paulo também recebeu o enchimento do Espírito, que o capacitou a enfrentar e vencer o mago judeu que tentava impedir que o procônsul romano Sérgio Paulo ouvisse a Palavra de Deus.
Precisamos ser cheios do Espírito Santo.
A Capacitação do Espírito
O Espírito Santo nos enche e nos capacita para o serviço cristão (2Coríntios 3.3-6). A vida cristã é vida no Espírito. É Ele que nos vivifica em Cristo, e nos transmite as bênçãos da salvação que Jesus Cristo conquistou para nós, de acordo com o desígnio eterno do Pai.
"Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8.13,14). O Espírito Santo nos guia, nos orienta em nossa caminhada e nos ajuda a mortificar nossa natureza pecaminosa.
"Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8.26). O Espírito nos capacita a orar, e quando não somos capazes de fazê-lo, Ele mesmo intercede por nós até mesmo "com gemidos inexprimíveis". (Alguns creem que aqui Paulo está se referindo ao falar em línguas, porém não é o crente que "geme", é o próprio Espírito, e isso com gemidos inexprimíveis, isto é, não com palavras, seja em que língua for - estranha ou conhecida).
Em 1Coríntios 2.1-16, o Apóstolo nos indica que a mensagem e a pregação cristãs devem consistir não meramente de palavras de sabedoria humana, mas de "demonstração do poder do Espírito" (v. 4). As coisas de Deus nos são reveladas pelo Espírito de Deus (versículos 10-12). O homem que não tem o Espírito (não regenerado, não salvo) não tem condições de compreender "as coisas que vêm do Espírito de Deus" (v. 14). O Espírito nos dá "a mente de Cristo" (v. 16).
Já mencionamos que os dons espirituais são distribuídos pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.4-11,27-31; Efésios 4.11; Hebreus 2.4; 1Pedro 4.10,11). O maior dom, entretanto, é o amor (1Coríntios 13), que é o "fruto" do Espírito em nós, isto é, o resultado da obra do Espírito Santo em nosso caráter:
"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (...) se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito" (Gálatas 5.22,23,25). A maior obra do Espírito Santo em nossas vidas é a transformação do nosso caráter depravado e desesperadamente corrupto, que só sabe produzir as "obras da carne" (Gálatas 5.19-21), no caráter santo e justo do Senhor Jesus Cristo, no processo da santificação. (E falta de caráter cristão é justamente o que pode ser observado, frequentemente, na liderança neopentecostal).
O Espírito de Deus nos capacita para a adoração genuína e nos faz perder toda a confiança em nossa própria capacidade humana diante das demandas espirituais da obra de Deus (Filipenses 3.3). O Evangelho somente pode ser pregado "pelo Espírito Santo enviado dos céus" (1Pedro 1.12). Os autores bíblicos registraram sem erro a Palavra de Deus porque foram movidos ou impelidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.21).
A doutrina do Espírito Santo é de importância fundamental para a Igreja, pois somos habitação do Espírito, e como vimos, sem Ele não há vida cristã, nem ministério, nem dons espirituais nem pregação genuína. Não temos o direito de jogar fora o claro ensino bíblico a respeito do Espírito Santo em troca de experiências pessoais e de movimentos surgidos muito tempo depois da Igreja ser estabelecida e que se arrogam o direito de trazer "novos ensinos e revelações" supostamente da parte de Deus. Sola Scriptura - Somente as Escrituras. A Bíblia é suficiente e única, e não pode ser substituída por nenhuma nova doutrina. O movimento pentecostal surgiu nos primórdios do século XX. A Palavra de Deus terminou de ser escrita há dois mil anos atrás, e nada deve ser acrescentado a ela.
"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.29).
7 comentários:
Caríssimo Fabio!
muito elucidativa sua exposição historico-teológica. sabendo que existem igrejas pentecostais sérias, e que dentro do escopo pietista, buscam ser cheios do espírito santo, vale ressaltar e esta é a impressão que tive ao ler seu texto, e assim esta correto ao afirmar, que a Bíblia tem a primazia sobre qualquer experiência humana, por mais extraordinária que ela seja. Spurgeon disse que sua fé não precisava de milagres para crer; E mesmo Lutero declarou que poderia chover milagres. Ficaria com a Bíblia. o maior problema que vejo é entre aqueles que você enumerou, e além, o de classificar os cristãos em dois grupos, os mais abençoados por serem "batizados" e os menos abençoados, por não serem batizados no ou com o Espírito Santo, Não existe Cristão de segunda categoria, e isso deve ficar bem claro.
ótima exposição
abç
É verdade, querido amigo. Com certeza existem inúmeras igrejas pentecostais sérias, eu mesmo conheci Jesus numa delas. O que não pode, como você bem frisou, é essa cultura de dividir os cristãos em duas "castas": os bem-aventurados que "receberam o batismo no Espírito Santo" e os pobres coitados que "ainda não receberam" (e no molde pentecostal clássico, nunca receberão, pois como vimos nem todos falarão em línguas...). O pentecostal sério é aquele que dá primazia à Palavra de Deus, julgando todas as coisas por meio das Escrituras. E que não aceita essa crença de "crente de segunda categoria". O verdadeiro batismo no Espírito, como a Bíblia deixa claro, acontece no instante da conversão, e experiências posteriores de "poder" são bem mais explicadas - quando genuínas - pelo enchimento do Espírito Santo (que sempre nos capacita para a obra de Deus). Obrigado pela tua cooperação e que o Senhor continue a usar a tua sabedoria cada vez mais, para a glória de Deus! Grande abraço.
Distinto irmão Fábio,
Sugiro a leitura do último capítulo de "Pregação e Pregadores" (D.M. Lloyd-Jones) e, se possível, "Joy Unspeakable" (Lloyd-Jones)para enriquecer seu entendimento sobre tão maravilhoso assunto.
Shalom adonai,
Pr. João Eiró
Prezado Pr. João Eiró,
Obrigado pelo seu comentário. Realmente o Dr. Lloyd-Jones é um dos maiores pregadores de todos os tempos. Seus livros, em sua imensa maioria (penso que todos) são, na verdade, publicações de sermões e palestras do Doutor. "Pregação e Pregadores" é leitura indispensável, obrigatória, um verdadeiro banquete para todos aqueles que querem servir com excelência o nosso Deus. Em minhas aulas no seminário de nossa igreja sobre biografias de cristãos, dou destaque especial ao Dr. Martyn Lloyd-Jones, entre outros. Porém, na questão quanto ao batismo no Espírito Santo, pelo que as Escrituras nos revelam, sou obrigado a discordar da opinião do grande Lloyd-Jones (mas só nesse ponto!,rsrsrs) e me posiciono ao lado de outros servos de Deus como John Stott, Russell Shedd, Wayne Grudem e John Piper, bem como muitos outros, que criam e creem no batismo do Espírito Santo como simultâneo (e mesmo equivalente) ao novo nascimento. Mas não deixemos de ler Lloyd-Jones, pois o Doutor sempre terá muito a nos ensinar.
A paz do Senhor Jesus.
Também creio da mesma maneira que o irmão, mas tenho dificuldade com o seguinte texto, já exposto acima:
"Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo" (Atos 8.14-17).
O que aconteceu aqui? Os crentes de Samaria já haviam sido batizados em nome do Senhor Jesus, ou seja, eram convertidos, mas o Espírito Santo ainda não havia vindo sobre eles. Como isso pode ser possível? Isso aparentemente indica que: ou eles foram batizados de forma errada, isto é, sem serem convertidos (mesmo para os que praticam o pedobatismo, aqui não é o caso, pois não eram crianças, e já haviam sido batizados no "nome do Senhor Jesus", o que mostra claramente que já haviam crido em Jesus, e também sido batizados) ou que a descida do Espírito Santo sobre eles era realmente algum tipo de segunda benção.
Se o irmão puder esclarecer esse texto, agradeço.
Prezado Hermann Vargens,
Obrigado por participar com seu comentário. Realmente, o texto citado por você (At 8.14-17), já foi tratado no post, onde afirmei que era necessária uma manifestação visível de que os samaritanos haviam recebido de fato o Espírito Santo, principalmente diante dos cristãos judeus de Jerusalém, e tal manifestação ocorreu na presença de testemunhas importantes (além de protagonistas), ou seja, os Apóstolos Pedro e João. Alguns intérpretes (como Werner de Boor, no Comentário Esperança de Atos dos Apóstolos, Editora Evangélica Esperança), creem que os samaritanos, no fundo, apenas haviam mudado de "guru": ao presenciar os milagres feitos por intermédio de Filipe, abandonaram Simão o mago para seguir o diácono da igreja de Jerusalém. A conversão real teria ocorrido, mesmo, com a pregação de Pedro e João. De qualquer modo, o texto bíblico deixa claro que aqueles samaritanos não tinham recebido o Espírito Santo ainda (v.16), embora já tivessem sido batizados "em nome de Jesus", isto é, sob a autoridade de Jesus. Outros autores (como Howard Marshall, em seu comentário sobre Atos dos Apóstolos de Edições Vida Nova) creem que era necessário o sinal visível da vinda do Espírito Santo sobre os samaritanos, para calar de uma vez por todas toda e qualquer oposição por parte dos cristãos judeus (que é o argumento que defendo, igualmente, para os cristãos gentios e os discípulos de João Batista em At 19.1-7). Essa é igualmente a opinião de John Stott ("A Mensagem de Atos", ABU, páginas 175-176). Os crentes samaritanos experimentaram um "hiato" de tempo entre sua conversão (por meio do ministério de Filipe) e o recebimento do Espírito Santo (por meio da imposição de mãos de Pedro e João). Obviamente, isso foi um acontecimento extremamente raro e não representa o padrão apresentado pelo Novo Testamento, como os textos bíblicos citados no post podem comprovar. "A explicação mais natural para esse atraso da dádiva do Espírito é que era a primeira vez que o evangelho tinha sido pregado não só fora de Jerusalém, mas também dentro de Samaria" (Stott, p. 175). George Ladd (Teologia do Novo Testamento, Editora Hagnos, 2001, p. 327) observa: "O batismo com o Espírito é o ato do Espírito Santo reunindo, em uma unidade espiritual, pessoas de diferentes origens raciais e formação social, a fim de que formem o corpo de Cristo - a ekklesia. Na realidade, a ekklesia nasceu no Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado (...)O fato da unicidade da ekklesia é o significado teológico de várias extensões do Pentecostes em Atos. O Espírito veio primeiro aos crentes judeus, depois aos samaritanos e daí aos gentios, e finalmente a um pequeno grupo de discípulos de João Batista. Essas quatro vindas do Espírito marcam os quatro passos estratégicos na extensão da ekklesia e ensinam que há uma só ekklesia, na qual todos os convertidos, tanto judeus, samaritanos, gentios ou seguidores de João, são batizados pelo mesmo Espírito". Portanto, os crentes samaritanos, sob a pregação de Filipe, creram, mas permaneceram numa situação semelhante à dos salvos do Antigo Testamento, até a chegada de Pedro e João e com eles, o recebimento do batismo no Espírito Santo, para selar e demonstrar indiscutivelmente a sua unidade com os crentes judeus, apesar das antigas rixas entre ambos os grupos.
Postei no meu facebook..Pq Achei um primor o estudo!Mas não tinha me detido nos comentários..E um irmão que leu o estudo e os comentários..Postou algo e vou postar aqui pq tb é meu pensamento e opinião..Graça e e paz...
" Ruth Rossini, gostei muito do post, ótima exposição bíblica, mas... Mas, nos comentários, fica aquela posição de que há igrejas pentecostais "sérias". Ora, há testemunhas de jeová sérias; há mórmons sérios também. Enfim, ou o movimento pentecostal é heresia ou não é. "Sério" é um adjetivo que não cabe depois de toda longa exposição feita no post."
Tb penso assim...
A doutrina pentecostal em si é uma doutrina estranha...Ensinos estranhos ao evangelho,praticas estranhas..
Frequentei por 15 anos neo e pentecostais..Erro é erro..Sim é sim,não é não..!
Soli Deo Glória
Ruth Rossini
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