Alguns pensam que, como filhos do pacto e membros da Igreja, podem ter certeza de sua eleição e assim viver despreocupadamente. Mas, será assim mesmo? Na verdade, não. Lemos em João 3 a respeito da visita que Nicodemos fez a Jesus, na calada da noite. O Senhor explica ao "mestre de Israel" que somente por meio do novo nascimento, do arrependimento e da fé podemos obter de Deus a vida eterna. Bem diferente da crença judaica de então, de que o Messias seria um libertador político que os livraria do odiado Império Romano. Jesus explica a Nicodemos o propósito de Deus para a salvação de todo aquele que crê, de acordo com Jo 3.16. Tudo pela bondade divina, tal como expressa no Salmo 65. Bondade que nos escolheu antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis perante Ele, conforme Paulo escreveu aos efésios.
Muitos sentem calafrios quando questionados a respeito de sua eleição ou reprovação por Deus. Perguntados sobre sua fé, respondem positivamente, com confiança; mas quando indagados sobre sua eleição, começam a hesitar, cheios de medo. "E se eu não for um dos eleitos?". Muitos vivem com esse temor, inseguros a respeito de sua salvação final. Mas a Bíblia trata de um modo totalmente diferente a eleição divina. A Bíblia não demonstra temor, mas irrompe em louvor: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (Ef 1.3). A eleição é o tesouro, a verdadeira riqueza dos crentes, tal como é cantada no Salmo 65. Tanto para os crentes do Antigo Testamento quanto para os crentes do Novo, a eleição não produz medo e inquietação, mas conforto e consolação. Louvamos a Deus quando percebemos que nossa salvação não depende de coisa alguma em nós mesmos, mas simplesmente da graça de Deus. Por isso ela é indestrutível. Antes mesmo de criar o universo, Deus nos escolheu em Cristo, em amor e em compaixão.
Quando nosso planeta ainda não existia, Deus, apesar de nossos futuros tropeços, fracassos, falhas e pecados, nos escolheu soberanamente em Cristo Jesus para a salvação e a vida eterna. Decidiu levar muitos homens e mulheres à fé salvífica, salvá-los pela graça mediante o sangue de Cristo, justificá-los, santificá-los e finalmente glorificá-los. Tudo isso antes mesmo de nossa existência.
É algo que devemos temer? Não, a maravilha da eleição é algo que deve levar-nos à adoração, ao louvor, à segurança. Nossa fé testifica de nossa eleição, porque a fé é o resultado da eleição.
Adaptado e traduzido de:
Evert de Vries.
Biblioteca de la Iglesia Reformada.
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