terça-feira, 12 de outubro de 2010

O QUE UM CONFESSOR TEM A NOS ENSINAR SOBRE A CORAGEM? RICHARD WURMBRAND E A IGREJA PERSEGUIDA, ONTEM E HOJE

O Rev. Richard Wurmbrand foi ministro do Evangelho e passou quatorze anos como prisioneiro dos comunistas, torturado em sua própria terra, a Romênia. Os guardas tentaram forçá-lo a confessar que pertencia a uma rede de espionagem imperialista, foi açoitado, torturado e obrigado a ingerir drogas. Apesar de tudo ele resistiu e ficou firme. Passou dois anos na “cela da morte” – assim chamada por não ter voltado ninguém dali com vida.
Este notável cristão tem muito a nos dizer hoje sobre fé e coragem; o interessante é que, no entanto, que muito pouco hoje se fala sobre ele. Alguns teólogos dogmáticos afirmam que a história não é cíclica, o que discordo, pois o próprio escritor de provérbios mui sabiamente informa sentenciando: “o que é já foi o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que já foi” (Ec 3.15); “4Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. 5Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. 6O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos. 7Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr. 8Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. 9O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. 10Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós” (Ec 1.4-10).
Os rumores que têm inquietado os brasileiros hoje, inquietaram muitos cristãos sinceros no passado, pessoas que tiveram que lutar contra um autoritarismo e mordaça imposta pelo sistema dominante.
Já desde a aurora do Cristianismo havia essa tensão, basta dar uma pequena olhada nos escritos dos apologistas dos primeiros dois séculos, que tentavam dissuadir os imperadores e as autoridades de sua loucura contra a verdade do evangelho.
No obscuro período da Era das Trevas, igualmente poucas vozes se alçavam contra um descalabro de perversão intolerante de pensamentos diferentes e em pública manifestação de fé, podemos citar Savonarola na Itália, grande mártir poderoso na eloquência e invicto na fé; ou Huss, grande homem que foi traído por Sigismundo (retirou seu salvo conduto) ao que acabou sendo morto por ser fiel à sua consciência e a  seu amado Senhor, diz-se que morreu cantando.
Não poderia deixar de lado e estrela matutina na Reforma Protestante, seu nome: John Wycliffe que em 1380 traduz a Bíblia para a língua inglesa apesar da desaprovação da Igreja Romana. Poderia citar um sem número de outros heróis cristãos que merecem ser lembrados, mas isso seria trabalho para um livro, não para o que é proposto neste artigo sobre um mártir moderno.

Vou pular o período da Reforma, pois já escrevi sobre este tema, e o mesmo pode ser consultado neste mesmo blog, e faço um corte histórico e reporto para o período contemporâneo.
A República de Weimar foi sucateada pela política do Reich nazista, que ano após ano foi cerceando os direitos comuns e interferindo na vida do cidadão com uma ideologia de socialismo racial, tudo regado a muito dinheiro público e aparições hollywodianas, com discursos extemporâneos e inflamados, cheios de idealismo insano, profano, demagógico e preconceituoso.
Uma nação forte, precisa de um líder forte, e para isso o Reich tinha de que se orgulhar, Hitler – o salvador da pátria, o “messias” - resolveria tudo com seu plano bem descrito em “Mein Kampf” (“Minha Luta”, de 1924). Em 10 anos de guerra foram ceifadas mais de 70 milhões de vidas.
O Holocausto judeu, nos campos de concentração, é uma voz alçada aos quatro ventos do que a radicalidade de uma ideologia político-partidária é capaz de fazer, destarte todos os documentos, fotos e filmes da época, relatos de sobreviventes e todos os livros de história que foram escritos sobre o tema. Apesar de tudo isso, um sujeito da mesma estirpe de Hitler, muito menos carismático é claro, surge no paraíso dos aiatolás, o Irã, e peremptoriamente desdiz tudo o que está documentado sobre o genocídio judeu.
É de assustar que sujeitos como esse tenham relações com o Brasil, que, diga-se de passagem, está já há algum tempo flertando com totalitaristas. Por um lado estende o tapete vermelho a Mahmoud Ahmadinejad, por outro, morre de amores por Fidel Castro, ao mesmo tempo que tenta agradar Palestinos e Judeus, lê-se: gregos e troianos, tentando pacificar o mundo com uma ingenuidade forçosa e  discursos sofríveis.
Naquele período, negado por alguns que usam viseira de cavalo nos olhos, alguns vultos são dignos de nota. Karl Barth, fecundo teólogo dialético da escola neo-ortodoxa e Paul Tillich, adepto do liberalismo teológico e um de seus ícones, ambos tiveram que sair da Alemanha, pois estavam sendo perseguidos por não se encaixarem no enquadramento filosófico-ideológico do estado hitlerista, que à semelhança de um canto de sereia seduzia tanto católicos quanto evangélicos, sendo que uns e outros deveriam fazer frente à avalanche que se formava e serem os primeiros responsáveis por denunciar e sabotar aquele sistema iníquo. Todavia, capitularam. Com exceção de alguns que não dobraram seus joelhos àquele infame Baal nazista, dentre eles Dietrich Bonhoeffer, mártir, entre tantos dessa época.
Pelos idos de 1948, em outro país do Leste Europeu, mais precisamente na Romênia, residia o Rev. Richard Wurmbrand, que nos dá uma vívida imagem do que e como uma ideologia é capaz de agir. Diz ele: “a partir de 23 de agosto de 1944, um milhão de soldados russos entraram na Romênia, e logo após os comunistas assumiram o poder de nosso país. Então começou um pesadelo que fazia o sofrimento sob o nazismo parecer nada” (1). Prossegue Richard informando que a Romênia tinha uma população de dezoito milhões de pessoas e que o partido comunista tinha apenas dez mil membros, mas isso não impediu o ímpeto comunista, pois o secretário de exterior russo, chamado Vishinski, entrou no gabinete do Rei Miguel I da Romênia e esmurrando a mesa disse: “você tem que nomear comunistas para o governo!” (2).
Mas, qual é a semelhança do nazismo e do comunismo? São contrários! Não, os dois são socialismos, ao passo que o Nazismo é um socialismo de raça, o Comunismo é um socialismo de classe, mas ambos são socialismos, populistas e totalitários, será que a história não estaria se repetindo novamente de forma cíclica? Os homens não são somente responsáveis por seus pecados pessoais, mas também pecados cometidos no plano nacional (3).
Nosso Confessor prossegue: “desde que os comunistas assumiram o poder, cuidadosa e astutamente, para seus propósitos, têm seduzido a Igreja [...] quando os comunistas assumiram o poder, milhares de pastores, padres e ministros não sabiam como distinguir as duas vozes”. As vozes de que Richard se refere, são as vozes do amor e da sedução; o comunismo de seu tempo usava a voz da sedução, porém não amava, apenas usava o poder para seus sórdidos planos, exatamente como fez na Rússia, China, Coréia do Norte, Cuba e etc.
No congresso romeno, reunidas as autoridades religiosas, tanto católicas quanto protestantes, uma a uma começaram a exaltar Stalin (ateu) e declarar lealdade ao comunismo. Um padre chegou a colocar um emblema da foice e do martelo na batina e pediu para não mais o chamar de sua santidade, mas de camarada bispo (4). No lado protestante não era diferente, a foice e o martelo estavam em seus corações. A cegueira estava patente.
Wurmbrand então se levantou e discursou no Parlamento comunista, exaltando a Cristo, todo o país ouviu a proclamação do evangelho, ele pagou por isso, mas segundo o próprio Richard: valeu a pena.
O legado e as experiências desse confessor moderno devem nos fazer refletir, principalmente quanto ao maquiavelismo dos socialismos que presenciamos, que tudo fazem para chegar ao poder e depois de lá instalados, tudo fazem para se manter lá, basta dar uma olhadinha na Venezuela, Bolívia, Cuba e que Deus nos guarde de acontecer aqui no Brasil.
A sórdida dissimulação para alguns não é percebida, mas está diante de nossos olhos. Defensores do populismo vociferam contra o Cristianismo: “Calhordice, Calhordice”, e mais uma vez Maquiavél é confirmado. No entanto aqueles com uma mínima cultura podem perceber quem são os calhordas na história, bem como os covardes, que não merecem ser chamados de homens, pois ao primeiro sinal de censura capitulam.
Richard Wurmbrand, depois de sua declaração de fidelidade a Cristo, foi posto em uma cela por dois anos sem ver a ninguém, exceto seus torturadores, sua esposa foi levada para uma prisão e lá também foi torturada. Para este grande homem, que o mundo não foi digno de tê-lo, o viver era Cristo e o morrer, ganho. Sofreu, foi torturado por sua fé, que hoje alguns vendem por promessas, barganham em conchavos, esbravejam tachando-a de calhordice.
Se perguntássemos a Richard hoje, se foi difícil, certamente a resposta seria sim, muito difícil, mas ele arremataria dizendo: “Valeu apena”. Nas palavras de Billy Graham: “seu  desafio não será em vão”. Que Richard nos fale hoje.


NOTAS
(1)   WURMBRAND, Richard. Torturado por amor a Cristo. Ed. Voz dos mártires, p.14.
(2)     Ibidem.
(3)     Idem, p.15.
(4)     Idem, p. 16.

2 comentários:

Unknown disse...

Nobre Reverendo!!!!

Neste artigo podems ver uma aula de história, política e também de filosofia,é o que infelizmente está acontecendo em nosso país mass o que nos dá animo é saber que existiram mártires pra nós encorajar para realizar a obra do nosso mestre.
Vemos os sistemas das igrejas e do mundo que tentam colocar uma mordaça naqueles que querem fazer a obra d nosso Deus.
Fico muito feliz em ler este artigo do nobre por que nos dá motivações pra ir adiante mesmo com tempestades em nossas vidas, que o nosso Deus continue abençoando o reverendo em graça e em sabedoria, a qual ele está usando e muito obrigado por escrever estes nababescos artigos!!!
Grati et Pax!!!!

Rev. Geremias Vale disse...

Caríssimo Josué!
estou feliz com a sua contribuição ao nosso blog, com seus comentários.
o Rev. Richard é uma voz, que mesmo hoje fala.
que sigamos o exemplo dele, e nunca, jamais seremos coptados pela cultura do jeitinho e tampouco seremos engodados pelo engano do partidarismo político
seja ele de esquerda ou de dirita
forte abraço