segunda-feira, 11 de maio de 2009

TRIUNIDADE: A DIVERSIDADE NA UNIDADE

INTRODUÇÃO

Em contraste com outros aspectos da doutrina de Deus, o desenvolvimento histórico da doutrina da Triunidade foi tratado muito cuidadosamente, e também com toda a certeza trata-se de um assunto estimado na história do dogma. Não pretendo suplantar tudo o que já foi descoberto, analisado e posto em prática sobre a doutrina da Triunidade. Grandes vultos eclesiásticos já se ocuparam desta Santíssima doutrina, dentre eles cita de passagem, Tertuliano, Agostinho e recentemente Karl Barth, que, todos hão de admitir, prestou um grande serviço à Teologia por dar nova ênfase à decisiva importância da doutrina da Triunidade dentro do evangelicalismo.
O Deus “Trino” é o Deus da revelação, não o Deus dos filósofos, e está no topo da revelação de Deus em si mesmo como um “principium cognoscendi”. Pois trata da revelação dada pelo Criador e sustentador de todas as coisas. Passando à Teologia como um “principium essendi”, por se tratar em uma das mais discutidas e importantes da dogmática.
A doutrina bíblica é apenas um lado da questão da formulação da triunidade, que também teve a contribuição da especulação filosófica. E foi exatamente aqui que se deram as maiores aberrações sobre a doutrina.
Ao considerar esta parte da dogmática, é necessário que um tom de reverência santa e temor caracterizem toda a abordagem. Que haja a mesma atitude que Moisés teve ao aproximar-se da montanha onde a sarça ardia sem se queimar, com reverencia e temor, trato deste assunto “triunidade”, pois, estou pisando em solo sagrado. Que Deus me ajude.


A TRIUNIDADE

“III. Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho”. (1)


A TRI-UNIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

Conceituando

O termo Trindade vem sendo usado há dezesseis séculos, para tentar explicar a natureza de Deus. A unidade de Deus é fundamental na religião cristã, e nenhuma doutrina pode ser verdadeira sendo inconsistente com este princípio. Entendo pelas Escrituras que o Pai é Deus, o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus. Conciliar a Deidade com cada uma dessas três pessoas com a estrita unidade de Deus é tarefa de grande dificuldade. Usualmente os teólogos afirmam que os três são um em essência.
Quando um cristão usa a palavra trindade (que significa, simplesmente, três), inconscientemente comunica aos ouvintes não cristãos um conceito de politeísmo, por isso acredito que a escolha do termo trindade é infeliz e não comunica o que se propõe.
A palavra trindade “trinitas” foi cunhada a fim de referir-se à pluralidade que há em Deus, ao mesmo tempo em que manteria o pensamento da unidade divina, concordo que a intenção foi boa, mas não atingiu o alvo desejado.
Muitos não cristãos supõem que o cristianismo acredita e adora a três deuses, e não a um só Deus. E não somente os não cristãos, mas muitos da própria cristandade não aceitam o conceito trinitariano entre estes se destacam as “Testemunhas de Jeová” e os “unitaristas”.
Por esses e outros motivos acredito que o termo mais apropriado para descrever corretamente o verdadeiro conceito bíblico da natureza de Deus, o vocábulo “tri-unidade”, transmite melhor a idéia de que Deus é um só, e ao mesmo tempo em que consiste em três pessoas.


A UNIDADE

A Unidade de Deus
Para melhor compreendermos o assunto, devemos fazer uma distinção entre “unitas singularitatis” e “unitas simplicitatis”.

Unidade Singular (unitas singularitatis)
Esse atributo salienta a unidade e a unicidade de Deus, o fato de que Ele é numericamente um e que, pela natureza do caso, só pode existir apenas um, e que todos os outros tem sua existência dele, por meio dele e para Ele. (2) Em várias passagens a Bíblia nos ensina que existe somente um Deus verdadeiro, Salomão ensinou isso ao pedir que Deus os ajudasse: “para que todos os povos da terra saibam que o Senhor é Deus e que não há outro” (1Rs 8.60). E Paulo escrevendo aos Coríntios: “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, para quem são todas as coisas, e nós também, por Ele”. (1Co 8.6). Há, no entanto muitas outras passagens que salientam não uma unidade numérica, mas uma unicidade composta como é o caso da bem conhecida declaração da unicidade Divina em Dt 6.4 “ouve [shema] Israel, o Senhor [Yahweh/Iavé] nosso Deus [Elohim] é o único [echad] Senhor [Yahweh/Iavé] (3). Também vemos que em (Êxodo 15.11), que o Senhor é o único que faz Jus ao nome Iavé. E exclui completamente o politeísmo.

Unidade Simples (unitas simplicitatis)
Embora a unidade discutida no item anterior distinga Deus dos demais seres, a perfeição agora em foco revela a unidade interior e qualitativa do ser Divino. Quando falamos de simplicidade de Deus, empregamos o termo para descrever o estado ou a qualidade que consiste em ser simples, a condição de estar livre de divisão em partes e, portanto, de composição. Quer dizer que Deus não é composto e não é suscetível de divisão em nenhum sentido da palavra. Isso implica que as três pessoas da Triunidade não são outras tantas partes das quais se compõe à essência Divina, que não há distinção entre a essência e as perfeições de Deus, e que os atributos não são adicionados a sua essência. A Bíblia fala de Deus como amor e justiça, luz e vida, identificando-o como assim com suas perfeições.

Pluralidade e unidade
Em Números 13, Moisés registrou o relato sobre doze espias hebreus que tinham sido enviados para espiar a terra de Canaã. Quando retornaram daquela missão (v. 23), eles pararam em Escol, onde cortaram um ramo de videira com um cacho de uvas. A palavra que aparece como “um“ em “um cacho”, é novamente “Echad”, pelo próprio texto fica claro que esse único cacho de uvas consistia de muitas uvas.
De igual modo, em Esdras 2.64, está registrado: “Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta”. A palavra traduzida por “toda”, na expressão “toda esta congregação”, é a palavra hebraica “echad”, logicamente toda a congregação de Israel era composta de muitos indivíduos, nada menos do que 42.360 israelitas, que compunham uma única congregação.
Em Jeremias 32.38,39. A mesma palavra “echad” está inserida, trazendo-nos uma vez mais a idéia de unidade composta, veja: “Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho...” A referencia a “um só coração” e “um só caminho” envolve a nação de Israel na sua completude. Assim, muitos, coletivamente, são considerados como “somente um”.
É importante salientar, que uma palavra hebraica que comunica a idéia de “unidade absoluta” existe. O termo é “yachid”. E é encontrada em Gênesis 22.2: “Toma teu filho, teu único (yachid), Isaque, a quem amas, e vai-te a terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto”.
Provérbios 4.3, Salomão assevera: “... Eu era filho em companhia de meu pai, tenro, e único diante de minha mãe”. O termo usado para “único” é “yachid”. Davi escreve no Salmo 22.20: “Livra a minha alma da espada, e das presas do cão a minha vida”, onde tem “minha vida”, no hebraico é “minha única”, sendo usada a palavra hebraica “yachid”.
Também encontra escrito em Juízes 11.34: “Vindo, pois Jafté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças: e era ela filha única; não tinha ele outro filho nem filha”. Jeremias declara, em 6.26 de seu livro: “Ó filha de meu povo, cinge-te de cilício, e revolve-te na cinza. Pranteia como por um filho único...”
Percebe-se, portanto, que os escritores sagrados, inspirados pelo Espírito Santo, dispunham de duas palavras que podiam escolher para usar para referir-se a unidade como demonstrei acima. Deus usou os escritores para selecionar o termo “echad” para comunicar algo de sua natureza, que o identifica com a idéia de pluralidade. Esse substantivo coletivo sempre foi escolhido, e não o singular absoluto “yachid”, para não deixar dúvidas do que Deus queria nos transmitir.

A PLURALIDADE NO NOME DE DEUS

Nas nossas traduções da língua portuguesa, ao traduzirem as palavras hebraicas “El” e “Elohim”, os tradutores usaram letra maiúscula “D”, “Deus”, no hebraico, essas palavras significam ambas, “Todo-poderoso”.
Ambos esses nomes, na verdade, são uma só palavra. De particular importância se dá ao fato que dentre as 2.750 vezes em que essas palavras são empregadas no Antigo Testamento, Elohim, a forma plural, é empregada nada menos do que 2.500 vezes.
Êxodo 20.2,3. É-me um belo aliado para demonstrar este fato. Nesta passagem, Moisés estava transmitindo os dez mandamentos de Deus ao povo de Israel. Yahweh, pois, declara ali: “Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim”. Nesta declaração, “Deus” e “deuses” são idênticas no original hebraico, isto é, Elohim. A variação que se vê nas traduções bíblicas em língua portuguesa deve-se ao fato que os tradutores, apesar de traduzirem a segunda ocorrência da palavra por “deuses”, no primeiro caso, no entanto preferiu traduzir Elohim no singular, “Deus”.
Não sou especialista em tradução, mas acredito que se poderia traduzir esta passagem mais naturalmente, usando o próprio princípio de tradução de equivalência verbal. “Eu sou o Senhor teus Deuses... Não terás outros deuses diante de mim”. Seria aceitável.
Deus decidiu comunicar o conceito de pluralidade na unidade através dos escritos de Moisés, para demonstrar mesmo que de maneira velada no Antigo Testamento a sua Tri-unidade, pois Deus poderia simplesmente ter usado um termo singular para a sua pessoa, para a sua unidade, mas não o quis, pois os termos singulares não transmitiriam o ensinamento correto do que Ele estava ensinando através de Moisés.
Que a pluralidade existente na Deidade é Triúna, é algo que se tem demonstrado acima, mas posso ir mais adiante ao tema e tomar como base a tripla declaração da santidade de Deus (Is 6.3). E na tripla benção do sumo sacerdote (Nm 6.24-26). Entretanto, um argumento mais satisfatório é derivado da passagem em que as três pessoas divinas são distintamente trazidas à cena (Is 48.16. 61.1; 63.7-10).

A TRINDADE NA TRADIÇÃO CRISTÃ
A regra de fé de Irineu assegura que:
“A igreja embora tenha aparecido em todo o universo, desde os confins da terra, recebeu dos apóstolos e dos seus discípulos, a fé em um só Deus, Pai Onipotente, que fez os céus e a terra e os mares e tudo o que neles se encontra; e um só Jesus Cristo, Filho de Deus, que se encarnou pela nossa salvação; e um só Espírito Santo; que por meio dos profetas anunciou as economias divinas, os acontecimentos, o nascimento virginal, a Paixão, a Ressurreição dos mortos e a ascensão corporal ao céu do dileto Jesus Cristo, nosso Senhor e a sua parousia, quando dos céus ele comparecerá à direita do Pai, para restaurar todas as coisas e ressuscitar a carne de toda humanidade.”(4)
A segunda confissão Helvética.
Deus é uno. Cremos e ensinamos que Deus é um em essência ou natureza, subsistindo por si mesmo, todo suficiente em si mesmo, invisível, incorpóreo, imenso, eterno, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, o supremo-bem, vivo, vivificador e preservador de todas as coisas, onipotente e supremamente sábio, clemente ou misericordioso, justo e verdadeiro. Abominamos a pluralidade de deuses, porque está claramente escrito: “O Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4). “Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.2-3). “Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus. Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45.5.21). “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo, e grande em misericórdia e fidelidade” (Êx 34.6).
Deus é trino. Entretanto, cremos e ensinamos que o mesmo Deus imenso, uno e indiviso é inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado por inefável geração, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e outro, desde a eternidade e deve ser com ambos adorado.
Assim, não há três deuses, mas três pessoas, consubstanciais, co-eternas e co-iguais, distintas quanto às hipóstases e quanto à ordem, tendo uma precedência sobre a outra, mas sem qualquer desigualdade. Segundo a natureza ou essência, acham-se tão unidas que são um Deus, e a essência divina é comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
A Escritura ensina-nos manifesta distinção de pessoas, quando o anjo diz, entre outras coisas, à bem-aventurada Virgem; “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). E, igualmente, no batismo de Cristo, ouve-se uma voz do céu a seu respeito, dizendo: “Este é o meu Filho amado” (Mt 3.17). O Espírito Santo também apareceu em forma de pomba (Jo 1.32). E, quando o Senhor mesmo mandou os apóstolos batizarem, mandou-os batizar “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Em outra parte do Evangelho, diz ele: “O Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome” (Jo 14.26). E noutro lugar: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”, etc. (Jo 15.26). Em resumo, recebemos o Credo dos Apóstolos, porque ele nos comunica a verdadeira fé. (5)

A TERMINOLOGIA “TRINITÁRIA” HISTÓRICA
Desde o princípio os latinos foram mais felizes que os gregos na uso da terminologia trinitária. Tertuliano fornecera-lhes os termos: natureza, substância, para significar o que é comum às três pessoas, isto é, a essência igualmente introduzirá a Palavra Pessoa para significar o que é particular, enquanto a essência deve ser considerada como individual subsistente em si, usara deste termo em relação ao Pai e ao Filho, originando-se daí o hábito de falar de: “Tres Personae e de Una Natura, ou substantia, ou essentia” – (Três pessoas e de uma natureza ou essência).
Aos gregos faltou tanta precisão na sua terminologia para significar o que é comum, usavam fisis “physis” foi também usado para designar pessoa, portanto no mesmo sentido de upostasis “hipostasys”.
Os termos essência, substância e natureza, a igreja usou-as no IV Concílio Lateranense, como sinônimos, mas podem ser distinguidos com maior precisão como se vê a seguir:

A) Essência; indica a razão íntima do ser, aquilo pelo qual é propriamente o que é. Aplica-se ao termo a tudo quanto é, de algum modo, um entre “ens” real ou possível, existente em si ou num outro.

B) Substância: É a essência enquanto está em algo subsistente em si ou por si, opõe-se ao acidente, que não existe em si, mas no sujeito. Distingue Aristóteles a substância primeira e ser individual existente realmente, substância por excelência; e a substância Segunda. Conceito individual, conceito universal. Exemplo: Sócrates na sua existência concreta é uma substância primeira; a humanidade, isto é, aquilo pelo que Sócrates é homem, é uma substância segunda.

C) Natureza: É na maioria das vezes sinônimo de essência, porém em termos mais precisos serve para indicar a essência enquanto é princípio de modificação e de atividade (Natureza, de nasci, eu nasço).

TRI-UNIDADE NO NOVO TESTAMENTO
Se no Antigo Testamento a Tri-unidade de Deus é revelada de modo velado, no Novo Testamento, porém, ela está claramente exibida nas palavras ordenança do batismo em Mateus 28.19: “Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Somos batizados em um único nome, porque Deus é um só, mas esse nome é o do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pois pertence igualmente a cada uma das pessoas divinas.
Encontro com essa doutrina logo no início da minha profissão de fé no cristianismo. No batismo como já me referi acima e também temos esta crença logo na primeira declaração do credo apostólico:
“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu filho unigênito, nosso Senhor; concebido pelo Espírito Santo...” (6).

Jesus o Cristo – numa perspectiva Tri-unitária
No Novo Testamento, em centenas de versículo explícitos que chamam Jesus de “Deus” e “Senhor” e empregam alguns outros título de divindade em referência a Ele, e em muitas passagens que lhes atribuem ações ou palavras aplicáveis somente a Deus, declara repetidas vezes a divindade plena de Jesus. “...aprouve a Deus que, Nele, residisse toda Plenitude” (Colossenses l.19), e: “Nele , habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.0), Jesus é corretamente chamado “Emanuel”, “Deus Conosco” (Mateus 1.23).

A natureza de Cristo
Teólogos evangélicos de gerações anteriores não hesitaram em fazer distinção entre coisas feitas pela natureza humana de Cristo, mas não pela natureza divina, ou pela natureza divina e não pela humana. Parece que em tempos como os nossos temos que ressaltar a Confissão de Calcedônia de que: “é preservada a propriedade de cada natureza”.
Quando nos referimos à natureza humana de Jesus, podemos dizer que Ele subiu ao céu e não está no mundo (João 16.28; 17.11; Atos 1.9-11), mas concernente à sua natureza divina, podemos dizer que Jesus está presente em toda a parte: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18.20); “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mateus 28.20); “se alguém me ama, guardará a minha Palavra e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (João 14,23); podemos, portanto afirmar que Jesus voltou para o céu e que também está presente conosco, do mesmo modo, podemos dizer quanto à humanidade de Jesus que Ele tinha trinta anos, mas concernente à sua natureza divina ele sempre existiu, porquanto é eterno (João 1.1-2-8.58). Em sua natureza humana Jesus cansava e experimentava a fraqueza (Mateus 4.2-8.24; Marcos 15:21; João 4.6), enquanto que sua natureza divina era Onipotente (Mateus 8.26-27; Colossenses 1.17; Hebreus 1.3).


Argumentos gerais em favor da tri-unidade
1. Na visão de Daniel. Ao profeta Daniel foi concedido à visão do Filho do Homem o que se dirigiu ao Ancião de Dias (Dn. 7.9, 13-14). O ‘Filho do Homem’ só pode ser Cristo Jesus, o Filho de Deus. O Ancião de Dias, revelado no v. 9 é claramente Deus, o Pai, e não algum anjo ou querubim.
2. Na visão do Apóstolo João cerca de 600 anos depois do tempo de Daniel. João o Apóstolo, recebeu uma visão semelhante na ilha de Patmos cerca do ano 96 d.C., ele também viu o trono de Deus, e Deus o Pai, nele sentado. Diante do trono em pé estava o cordeiro de Deus que é Jesus que morreu por nós. A terceira pessoa da Tri-unidade também figura como os Sete Espíritos de Deus, expressão esta que significa o Espírito Santo na sua Plenitude de operação (Apocalipse 4.2-3; 5.1, 6-10), vemos, igualmente, que os vinte e quatro anciãos que adoram Deus o Pai, e ao cordeiro (Apocalipse 4; 10; 5.8-10, 13; e 7.9-10).
3. Na visão de Estêvão (Atos 7.55) que registra o martírio de Estevão o primeiro mártir da Igreja. Mas Estevão cheio do Espírito Santo fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus (o Pai), e Jesus que estava a sua direita. Aqui nota-se claramente o testemunho (martírio).
4. No texto de (I João 5.6-11, 13, 20), o tríplice testemunho sobre Cristo, sobre Cristo o Filho de Deus, é o testemunho das três pessoas da Triunidade, mencionadas no v.7 e v.8. Segundo a Bíblia, era necessário que houvesse duas ou três testemunhas para provar alguma coisa.

O ESPÍRITO SANTO NA TRI-UNIDADE
Por incrível que pareça, há líderes cristãos que não sabem que o Espírito Santo é uma Pessoa. Pelo fato de o Espírito Santo não se manifestar em carne, não significa que não seja uma pessoa. Tal idéia confunde corpo com personalidade. Deus o Pai é uma pessoa, Deus o Filho também é uma pessoa, e já o era antes de sua encarnação, e Deus o Espírito Santo também é uma pessoa.
O que é uma pessoa? É qualquer ser que tenha a capacidade de pensar, sentir, exercer vontade e agir. Os homens, os anjos e até os demônios são pessoas, e não é necessário ter um corpo físico para ser uma pessoa. O rico nas chamas do inferno podia fazer tudo isso (pensar, exercer vontade, agir), embora seu corpo estivesse numa sepultura na superfície da terra (Lucas 16).
1. O Espírito Santo tem sabedoria. I Coríntios 2.10-11;
2. O Espírito Santo exerce volição. I Coríntios 12.11.
O Espírito Santo tem mente – Romanos 8.27. A palavra mente no original grego significa pensamento próprio, sentimento.
O Espírito Santo pode agir, ele perscruta (I Coríntios 2.10), fala (Atos 2.4), testifica (João 15.26; Gálatas 4.6), intercede (Romanos 8.26), ensina (João 14.26, 16.12-14), guia (Romanos 8.14), ordena (Atos 16.6-7, 13.2), separa (Atos 20.28), revela (2 Pedro 1.21). Devemos ter muito cuidado ao tratar o Espírito Santo. É possível entristecê-lo (Isaías 63.10; Efésios 4.30), rebelar-se contra ele (Isaías 63.10), fazer agravo a ele (Hebreus 10.29), mentir a ele (Atos 5.3), blasfemar contra ele (Mateus 12.31-32), resistir a ele (Gênesis 6.3), e até apagá-lo (I Tessalonicenses 5.19). As escrituras afirmam categoricamente que o Espírito Santo é Deus. E os quatro atributos naturais da divindade encontram-se nele também:

1. ETERNIDADE – Hebreus 4.14.
2. ONIPOTÊNCIA – Gênesis 1.2; Lucas 1.35; Romanos 8.11.
3. ONIPRESENÇA – Salmo 139.7-10.
4. ONISCIÊNCIA - I Coríntios 2.10-11.
E também são atribuídas ao Espírito Santo obras que somente Deus pode fazer como:
1. CRIAÇÃO – Gênesis 1.2; Jó 33.4; Salmo 104.30.
2. IMPLANTAÇÃO DA VIDA – Gênesis 2.7; Romanos 8.6.
3. INSPIRAÇÃO – 2 Samuel 23.2-3; 2 Pedro 1.21.


Devemos crer na Tri-unidade?
Uma pergunta emerge das páginas das Escrituras: “Devemos Crer em um Deus que consiste em mais de uma pessoa, ou devemos aceitar o politeísmo?” Tenho certeza que a Bíblia não ensina o politeísmo. É intransponível o abismo entre o ensina da tri-unidade de Deus e o conceito de muitas divindades. Acusar os cristãos de “triteísmo” é sem fundamento. O politeísmo ensina que os deuses são entidades independentes umas das outras, deuses que sempre entram em choque com outros deuses por seus próprios interesses, mas dentro da Tri-unidade, sempre há harmonia e unidade perfeitas.

Conclusão

O ponto de vista que tenho apresentado é importante para fortalecer a fé na doutrina da Triunidade. Enquanto imagino que é necessária uma plena compreensão da natureza de Deus para o exercício da fé, aí então, a verdade será abraçada com decisão, ao examinar as proposições em que a doutrina se expressa, fica inteligível a triunidade, e então a doutrina é recebida com alegria e fé inabalável.
Os vocábulo “trindade” e “tri-unidade”, não aparecem na Bíblia, e, por isso, existe uma certa objeção contra o seu uso. Outro fator de resistência é a forma filosófica com que a doutrina é apresentada, e essas explicações nem sempre têm dirimido as dúvidas, pelo contrário, muitas vezes as tem aumentado.
Na Patrística há muitos elementos sobre a “trinitas”, termo este, usado e inventado por um advogado líbio chamado Tertuliano, que em seus ensaios beirava perigosamente o “triteísmo”. Por isso, não vejo muita ajuda na patrologia para este assunto em particular, exceto claro, o tratado de Agostinho sobre a Trindade.
O ponto crucial do problema inteiro repousa, em última análise, sobre o impacto exercido pela vida e ministério de Jesus o Cristo, por mais de dois milênios. Ele tem cativado os corações humanos, e trem dominado a história a ponto de dividi-la em antes e depois de sua vida terrena.
A doutrina da Tri-unidade é um daqueles preciosos mistérios que desafiam a Teologia, e justamente por ser um mistério é que repousa no ser inescrutável de Deus, que não pode ser totalmente dissecado. E nem plenamente entendido.

NOTAS

1. Confissão de Westminster. Cap. 2, § 3, de Deus e Santíssima Trindade.
2. Teologia Sistemática, Louis Berkhof, São Paulo 2004: ed. Cultura Cristã, p.61.

3 . Jerusalém um cálice de tontear, Dave Hunt, Porto Alegre 1999: ed. Chamada da Meia Noite, p.234.

4 . apud. BARTMANN, Bernardo. Teologia dogmática. São Paulo: Paulinas, 1962, p. 271

5. Segunda confissão Helvética capítulo 3 – A Trindade.

6 .GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.996.

BIBLIOGRAFIA

Confissão de Westminster. Cap. 2, § 3,

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, São Paulo, Cultura
Cristã: 2004, p.61.

HUNT, Dave. Jerusalém um cálice de tontear. Porto Alegre:
Chamada da Meia Noite, 1999, p.234.

BARTMANN, Bernardo. Teologia Dogmática, São Paulo:
Paulinas, 1962, p. 271.

Segunda Confissão Helvética – A Trindade.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova,
1999, p. 996.

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