sexta-feira, 20 de abril de 2012

BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

Breve Histórico do Movimento Pentecostal


Entre os anos 1893-1900, surgiram e se proliferaram nos Estados Unidos as chamadas "Igrejas de Santidade", que enfatizavam o batismo no (ou com, ou por) Espírito Santo como uma "segunda bênção" a ser recebida pelos cristãos (a primeira seria a salvação) e a perfeição moral como uma consequência dessa segunda bênção. Podemos reconhecer claramente o eco das teologias de John Wesley e Charles Finney influenciando tais igrejas.

Em 1901, Charles Fox Parham começou a ensinar que o falar em línguas seria a evidência do batismo no Espírito Santo. Atos 2.1-4 deveria ser normativo para todos os cristãos. Algum tempo depois, em 1906, William Seymor, na rua Azusa (Los Angeles), liderou o que seria conhecido mais tarde como "Movimento Pentecostal". Tal movimento chega ao Brasil em 1910, com a Congregação Cristã. No ano seguinte, 1911, os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg causam uma divisão na Primeira Igreja Batista de Belém do Pará, fundando aquela que é hoje a maior denominação evangélica do Brasil: a Assembleia de Deus. Essa foi a "primeira onda" do movimento pentecostal em solo tupiniquim.

A segunda onda veio na década de 1950. Em 1951 foi fundada a Igreja do Evangelho Quadrangular (Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e voltará). Em 1955 nasce a igreja O Brasil para Cristo (primeira igreja pentecostal fundada somente por brasileiros). Em 1962 surge a Igreja Pentecostal Deus é Amor. A ênfase destes novos pentecostais era a cura divina.

A "terceira onda" pentecostal veio a partir de mais divisões causadas em igrejas tradicionais, ortodoxas, já existentes. Não nasceram de novos convertidos, de novas igrejas, mas de cismas e desavenças em igrejas já estabelecidas. Assim, da Convenção Batista Brasileira,  por exemplo, saíram os batistas "renovados" que fundariam, mais tarde, suas próprias convenções, como a Convenção Batista Nacional (1967). Nessa época começa também o Movimento Católico de Renovação Carismática: parte do povo católico romano passou a imitar alguns aspectos do movimento pentecostal em sua liturgia e teologia.

A "quarta onda" foi a que mais estragos causou e continua causando ao evangelicalismo brasileiro, pois nela surgiram as chamadas "igrejas neopentecostais", cujas doutrinas afastaram-se tanto do Cristianismo bíblico que podem corretamente ser classificadas como seitas pseudocristãs. Em 1977 surgiu a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo. Em 1980 R. R. Soares funda a Igreja Internacional da Graça de Deus. Mais recentemente, Valdemiro Santiago criou a Igreja Mundial do Poder de Deus (e - pasmem! - já existe a "Igreja Mundial Renovada"...). A ênfase neopentecostal é o pernicioso "evangelho da saúde e da prosperidade". Verdadeiras máquinas caça-níquel, tais "igrejas", além de enriquecer tremendamente seus (donos?) líderes (somente num país como o Brasil tais homens podem prosperar à custa da ignorância do povo e da cumplicidade das autoridades), são conhecidas por mesclar elementos do espiritismo, ocultismo e de religiões afro-brasileiras com uma pitada (bem pequena, por sinal) de passagens bíblicas esparsas e sempre fora de contexto. Ignorância e ganância são os pilares de sustentação de tais "igrejas".


Batismo no Espírito Santo: o ensino pentecostal

De modo geral, todas essas igrejas e denominações, desde a primeira até a quarta "ondas", ensinam que o  batismo no Espírito Santo é uma "segunda bênção", que devemos buscá-la com afinco, e que nem todos os cristãos são batizados no Espírito Santo.

Mas, o que a Bíblia diz?


Batismo no Espírito Santo: o ensino bíblico

O Antigo Testamento fala da "promessa do Espírito":


"A fortaleza será abandonada, a cidade barulhenta ficará deserta, a cidadela e a torre das sentinelas se tornarão covis, uma delícia para os jumentos, uma pastagem para os rebanhos, até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta" (Isaías 32.14,15).


"Pois derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes" (Isaías 44.3).


"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias" (Joel 2.28,29).


Especialmente em Joel, notamos que a promessa é que o Espírito será derramado sobre todos, "até sobre os servos e as servas": ninguém que pertence ao Senhor deixará de receber o derramamento do Espírito Santo. O Senhor também promete derramar seu Espírito sobre todos os povos.


No Novo Testamento, o Espírito é derramado, em primeiro lugar, sobre os judeus:


"Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2.1-4).


Esta é a experiência que os pentecostais querem que seja "normativa" para todos os cristãos: o falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Porém, curiosamente, eles não mencionam o "som como de um vento muito forte" e o surgimento do "que parecia ser línguas de fogo" como evidências igualmente obrigatórias. Por que será?


Falando em línguas, os discípulos proclamam "as maravilhas de Deus" aos habitantes de Jerusalém e aos visitantes que ali estão, vindo de todas as partes do mundo, que os ouvem falando em seus respectivos idiomas nacionais (versículos 5-12). Mas alguns zombam, dizendo que aqueles cristãos estão bêbados. Em resposta, Pedro apela para a profecia de Joel, citada acima. Ele prega Jesus Cristo àquela gente, e como resultado cerca de três mil pessoas tornam-se cristãs (versículos 13-41).


Era necessária uma manifestação visível da vinda do Espírito Santo à Igreja, para marcar a nova era inaugurada por Jesus. Por isso o som de vento, por isso a aparição de algo semelhante a línguas de fogo (não fogo verdadeiro, mas algo parecido com fogo, de acordo com o texto bíblico), por isso as línguas faladas para que todos entendessem o que estava acontecendo. Estava inaugurada a Era do Espírito! Estava cumprida a profecia de Joel e era necessário que houvesse manifestações visíveis e perceptíveis para que tal cumprimento fosse percebido e reconhecido.


Em segundo lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito Santo sendo derramado sobre os samaritanos:


"Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo" (Atos 8.14-17).


Aparentemente houve alguma manifestação visível do recebimento do Espírito nos crentes samaritanos, pois foi claramente percebido por todos à volta, embora o texto não mencione o falar em línguas nem o som de vento nem as línguas semelhantes a fogo (cf. versículos 18-25).


Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do derramamento do Espírito sobre aqueles samaritanos, e isso na presença dos Apóstolos Pedro e João, dada a antipatia e o desprezo com que os judeus encaravam aquele povo. Os samaritanos eram considerados piores do que cães, e daquele modo Deus deixou bem claro a Pedro, João e os demais crentes judeus que os samaritanos podiam, sim, fazer parte do povo de Deus.


Em terceiro lugar, o Novo Testamento mostra o Espírito sendo derramado sobre os gentios:


"No outro dia chegaram a Cesareia. Cornélio os esperava com seus parentes e amigos mais íntimos que tinha convidado. Quando Pedro ia entrando na casa, Cornélio dirigiu-se a ele e prostrou-se aos seus pés, adorando-o. Mas Pedro o fez levantar-se, dizendo: 'Levante-se, eu sou homem como você'.
"Conversando com ele, Pedro entrou e encontrou ali reunidas muitas pessoas e lhes disse: 'Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum. Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção. Posso perguntar por que vocês me mandaram buscar?'
"Cornélio respondeu: 'Há quatro dias eu estava em minha casa orando a esta hora, às três horas da tarde. De repente, colocou-se diante de mim um homem com roupas resplandescentes e disse: Cornélio, Deus ouviu sua oração e lembrou-se de suas esmolas. Mande buscar em Jope a Simão, chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que mora perto do mar. Assim, mandei buscar-te imediatamente, e foi bom que tenhas vindo. Agora estamos todos aqui na presença de Deus, para ouvir tudo o que o Senhor te mandou dizer-nos'.
"Então Pedro começou a falar: 'Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas novas de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. Sabem o que aconteceu em toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele.
'Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que foi a ele que Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome'.
"Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus.
"A seguir Pedro disse: 'Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós!' Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias" (Atos 10.24-48).


Todos os gentios que estavam ouvindo a Pedro foram batizados no Espírito Santo - "como nós", conforme o próprio Pedro reconheceu. Os judeus "ficaram admirados" de que "até sobre os gentios!" foi concedido o dom do Espírito. Novamente, era necessária uma manifestação perceptível do batismo no Espírito Santo, para provar aos judeus que "até mesmo aos gentios" Deus concedera tamanha graça. (O "dom" do Espírito Santo, conforme Atos 2.38 e 10.45 deixam bem claro, é outro modo de dizer "o batismo no Espírito Santo").


Em quarto lugar, o Novo Testamento mostra o dom do Espírito Santo sendo concedido aos discípulos de João Batista.


"Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: 'Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?'
"Eles responderam: 'Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo'.
"'Então, que batismo vocês receberam?', perguntou Paulo.
"'O batismo de João', responderam eles.
"Disse Paulo: 'O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus'. Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens" (Atos 19.1-7).


O mesmo padrão repete-se aqui: uma demonstração notável do batismo no Espírito Santo era necessária, para demonstrar que aqueles "discípulos" agora eram, verdadeiramente, parte integrante da Igreja de Jesus Cristo. Aqueles homens, provavelmente judeus da velha aliança, ainda esperavam o Messias prometido pelos profetas e por João Batista. Paulo lhes anunciou a boa nova de que o Messias já viera, na pessoa de Jesus. Assim que receberam a mensagem, receberam igualmente o batismo no Espírito Santo, tal como ocorreu com Cornélio e os demais gentios em sua casa.


Nas epístolas do Novo Testamento encontramos mais informações a respeito do batismo no Espírito Santo.


"Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória" (Efésios 1.13,14).


Devemos prestar atenção a estas palavras. Fomos selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa quando ouvimos e cremos na palavra da verdade, o evangelho. Nesse momento - no instante da nossa conversão - recebemos o dom do Espírito Santo, assim como Cornélio e os discípulos de João Batista. No momento da nossa conversão, recebemos o Espírito Santo da promessa - aquele mesmo de Joel, aquele mesmo de Atos 2, aquele mesmo do Pentecoste. Ou seja: o batismo no Espírito Santo ocorre no momento de nossa conversão, quando recebemos o dom do Espírito, o Espírito Santo da promessa, que nos "sela" como propriedade exclusiva de Deus.


"Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória" (Romanos 8.12-17).


Todos os verdadeiros cristãos são guiados pelo Espírito Santo. Eles O receberam - todos, sem exceção - e agora são guiados por Ele, adotados como filhos pelo Deus vivo, tornados herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo - em suma, nada lhes falta. Não há necessidade de uma "segunda bênção". Quem está em Cristo tem o Espírito e é filho do Pai, herdeiro de Deus. Não há nada faltando aqui. Não há nada para ser "completado" aqui.


"Mas quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3.4-6).


Todos os verdadeiros cristãos receberam o batismo no Espírito Santo no instante de sua conversão: Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo; o qual Ele derramou sobre nós generosamente. O batismo - o "lavar" - é regenerador, é renovador, pois nos purifica dos pecados e nos torna nova criação em Cristo (2Co 5.17). É o batismo - que Ele derramou generosamente sobre nós - no Espírito Santo, que nos purifica e renova.


"Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito" (1 Coríntios 12.13).


Esta passagem é claríssima. Num só corpo - a Igreja - todos nós (sem exceções!) fomos batizados em um único Espírito! Não importa se você é judeu, samaritano, romano, grego ou até mesmo brasileiro - no instante em que você foi inserido no corpo de Cristo (a Igreja), isto é, no momento de sua conversão, você foi batizado no Espírito Santo. Simples assim. É o que o texto diz, é o que o Novo Testamento ensina, embora muitos não aceitem.


Mas, e as línguas? Não são as línguas evidência do batismo no Espírito Santo? No entanto, nem todos os que se convertem falam em línguas - alguns falam, outros falam depois, e ainda outros jamais falarão em línguas. Se o batismo no Espírito Santo ocorre no instante da conversão, como as passagens bíblicas supracitadas indicam, por que nem todos os que se tornam cristãos falam em línguas no instante de sua conversão?


A resposta bíblica é clara: porque as línguas são um dom, distribuído pelo Espírito Santo a quem Ele quer distribuir, e nem todos os cristãos recebem o mesmo dom. Em Atos, o falar em línguas era necessário para marcar a vinda do Espírito Santo e inaugurar a era da Igreja e para indicar que aos cristãos judeus que o Espírito Santo seria derramado sobre todos os povos, sem distinção. Hoje tais manifestações visíveis já não são necessárias: o Espírito já veio, a era da Igreja já começou e há cristãos de praticamente todas as etnias.


Vejamos o ensino bíblico:


"A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer" (1Coríntios 12.7-11).


Note bem: a um é dada a palavra de sabedoria... a outro... palavra de conhecimento; a outro... fé; a outro... dons de curar (...) a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Cada cristão recebe um dom diferente, e não há nenhum dom que seja comum a todos. A mesma ideia é ressaltada na passagem seguinte:


"Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dons de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons" (1Coríntios 12.27-31).


Falam todos em línguas? A resposta, obviamente, é não. Nem todos têm dons de curar, nem todos falam em línguas, porque não existe nenhum dom que seja comum a todos os cristãos, pois somos "membros uns dos outros" e cada um tem uma função específica no corpo de Cristo. "Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros do corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (1Coríntios 12.17-19).


Portanto, biblicamente, o falar em línguas não é evidência do batismo no Espírito Santo; o batismo no Espírito Santo não é uma "segunda bênção", mas ocorre no momento da conversão quando somos "selados", "lavados" e "regenerados" pelo Espírito Santo. A Bíblia é clara! O movimento pentecostal, surgido no início do século passado, simplesmente não levou em consideração os fatos bíblicos, mas trocou o ensino das Escrituras por experiências pessoais, particulares, mal interpretadas. Também desprezou dois mil anos de história da Igreja: teria o Espírito Santo se enganado durante tanto tempo, guiando e orientado os cristãos sobre o batismo no Espírito Santo de modo diferente do ensino pentecostal, e isso durante cerca de dois mil anos?


Mas então, o que acontece com os cristãos que afirmam, e que estão convencidos, que receberam uma "segunda bênção", um "batismo", tempos depois de sua conversão, batismo esse assinalado (na maioria das vezes, mas não em todas elas) pelo falar em línguas?


Tais experiências podem muito bem ser explicadas pelo que as Escrituras chamam de "ser cheio do Espírito Santo", isto é, a plenitude do Espírito, que sói ser acompanhada pelo recebimento ou desenvolvimento de dons espirituais.


A Plenitude do Espírito: o ensino bíblico


A Bíblia nos ordena a ser cheios do Espírito. Somos instados a buscar uma vida de plenitude do Espírito Santo:


"Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito" (Efésios 5.18).


Em nenhum lugar as Escrituras ordenam ao crente que busque o batismo no Espírito Santo. Se o batismo no Espírito fosse uma "segunda bênção", uma segunda experiência na vida cristã, como quer o movimento pentecostal, certamente a Bíblia nos diria isso claramente e mais, nos daria ordens e instruções para buscar o batismo. No entanto, o que a Bíblia ordena? Não que recebamos o batismo no Espírito (já o recebemos quando da nossa conversão!), mas que nos deixemos encher pelo Espírito! Aos crentes é ordenado não que busquem o batismo no Espírito Santo, mas que sejam cheios do Espírito Santo.


A plenitude do Espírito em nossas vidas nos capacita para a obra de Deus. O ministério só pode ser corretamente cumprido na plenitude do Espírito:


"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor" (Lucas 4.18,19).


"Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que deverão dizer" (Lucas 12.11,12).


"Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" (João 14.26).


"Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito" (João 15.26).


"Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês" (João 16.13-15).


Testemunhar, proclamar, pregar, conhecer as coisas de Deus - tudo isso é tornado efetivo pelo Espírito Santo. Sem Sua atuação em nossas vidas, não temos meios de servir a Deus de modo eficaz. Precisamos ser cheios do Espírito Santo.


"Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: 'Autoridades e líderes do povo!'" (Atos 4.8). Pedro recebeu ousadia e sabedoria para proclamar o Evangelho mesmo diante da oposição dos líderes religiosos.


"Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa..." (Atos 6.3). A escolha dos Sete deveria ser feita com base na plenitude do Espírito. Para executar corretamente o serviço à Igreja, tais homens deveriam ser "cheios do Espírito Santo", requisito fundamental para o ministério cristão.


"Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus" (Atos 7.55). No momento do martírio, Estêvão foi cheio do Espírito Santo e recebeu, assim, força e encorajamento para enfrentar a morte horrível por apedrejamento, avistando o Senhor Jesus que, "em pé" (e não sentado em Seu trono) o esperava na glória celestial.


"Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse..." (Atos 13.9). Paulo também recebeu o enchimento do Espírito, que o capacitou a enfrentar e vencer o mago judeu que tentava impedir que o procônsul romano Sérgio Paulo ouvisse a Palavra de Deus.


Precisamos ser cheios do Espírito Santo.


A Capacitação do Espírito


O Espírito Santo nos enche e nos capacita para o serviço cristão (2Coríntios 3.3-6). A vida cristã é vida no Espírito. É Ele que nos vivifica em Cristo, e nos transmite as bênçãos da salvação que Jesus Cristo conquistou para nós, de acordo com o desígnio eterno do Pai.


"Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8.13,14). O Espírito Santo nos guia, nos orienta em nossa caminhada e nos ajuda a mortificar nossa natureza pecaminosa.


"Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8.26). O Espírito nos capacita a orar, e quando não somos capazes de fazê-lo, Ele mesmo intercede por nós até mesmo "com gemidos inexprimíveis". (Alguns creem que aqui Paulo está se referindo ao falar em línguas, porém não é o crente que "geme", é o próprio Espírito, e isso com gemidos inexprimíveis, isto é, não com palavras, seja em que língua for - estranha ou conhecida).


Em 1Coríntios 2.1-16, o Apóstolo nos indica que a mensagem e a pregação cristãs devem consistir não meramente de palavras de sabedoria humana, mas de "demonstração do poder do Espírito" (v. 4). As coisas de Deus nos são reveladas pelo Espírito de Deus (versículos 10-12). O homem que não tem o Espírito (não regenerado, não salvo) não tem condições de compreender "as coisas que vêm do Espírito de Deus" (v. 14). O Espírito nos dá "a mente de Cristo" (v. 16).


Já mencionamos que os dons espirituais são distribuídos pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.4-11,27-31; Efésios 4.11; Hebreus 2.4; 1Pedro 4.10,11). O maior dom, entretanto, é o amor (1Coríntios 13), que é o "fruto" do Espírito em nós, isto é, o resultado da obra do Espírito Santo em nosso caráter:


"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (...) se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito" (Gálatas 5.22,23,25). A maior obra do Espírito Santo em nossas vidas é a transformação do nosso caráter depravado e desesperadamente corrupto, que só sabe produzir as "obras da carne" (Gálatas 5.19-21), no caráter santo e justo do Senhor Jesus Cristo, no processo da santificação. (E falta de caráter cristão é justamente o que pode ser observado, frequentemente, na liderança neopentecostal).


O Espírito de Deus nos capacita para a adoração genuína e nos faz perder toda a confiança em nossa própria capacidade humana diante das demandas espirituais da obra de Deus (Filipenses 3.3). O Evangelho somente pode ser pregado "pelo Espírito Santo enviado dos céus" (1Pedro 1.12). Os autores bíblicos registraram sem erro a Palavra de Deus porque foram movidos ou impelidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.21).


A doutrina do Espírito Santo é de importância fundamental para a Igreja, pois somos habitação do Espírito, e como vimos, sem Ele não há vida cristã, nem ministério, nem dons espirituais nem pregação genuína. Não temos o direito de jogar fora o claro ensino bíblico a respeito do Espírito Santo em troca de experiências pessoais e de movimentos surgidos muito tempo depois da Igreja ser estabelecida e que se arrogam o direito de trazer "novos ensinos e revelações" supostamente da parte de Deus. Sola Scriptura - Somente as Escrituras. A Bíblia é suficiente e única, e não pode ser substituída por nenhuma nova doutrina. O movimento pentecostal surgiu nos primórdios do século XX. A Palavra de Deus terminou de ser escrita há dois mil anos atrás, e nada deve ser acrescentado a ela.


"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.29).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Justiça sem Deus é Injustiça


Amós 6.12
“Poderão correr cavalos na rocha? E lavrá-la com bois? No entanto, haveis tornado o juízo em veneno e o fruto da justiça, em alosna.”
Amós foi um homem do campo e cuidava do gado em uma região da Judéia, chamada de Tecoa. O período em que Amós assumiu a tarefa dada a ele por Deus, ser um profeta, a nação estava corrompido e a maldade e corrupção chegavam a graus alarmantes. Os pobres eram oprimidos e o direito era torcido para beneficio próprio e de poderosos.
Por isso então, Deus traria Juízo sobre a nação. Nação esta que se achava distinta das demais, todavia a sua distinção das outras nações estava perdida. O que fazia de Israel (Nação toda), distinta, era a aliança com Deus, no momento em que eles abandonaram os preceitos de deus e começaram a viver segundo bem lhes parecia, sua distinção como nação de Deus se perdeu e tornaram-se dessa forma, piores do que as nações pagãs que as rodeavam.
I – A Justiça Torcida no Tempo de Amós e a Justiça torcida nos dias de Hoje
Nos tempos de Amós, o povo era oprimido pelos poderosos, que tinham investidura para conduzir a nação no caminho da Justiça e da harmonia, recebendo assim, o fruto de sua distinção, porém, Os reis e os magistrados banqueteavam-se com a impiedade. Ao passo que o povo tornava-se ímpio, ao afastar-se de Deus e quebrar a aliança com ele; os reis e magistrados tornaram-se ímpios profissionais, pois deviam orientar e desorientavam; deviam ser justos e eram injustos, deveriam ser bons e eram maus, deveriam ser tementes a Deus e tornaram-se néscios, deveriam ser defensores dos fracos e dos marginalizados, porém, tornaram-se, seus reais opressores - ímpios profissionais.
O clamor dos fracos nem sempre foi bem visto. Friedrich Nietsche, por exemplo, em seu livro: “O Anticristo” ataca o cristianismo e o Deus Cristão como, sendo os defensores dos mais fracos. O Ideal de “Super homem”, que mais tarde vingou no pensamento de Hitler, e o levou a tentar purificar a raça ariana, e ao genocídio de milhares de homens, mulheres e crianças, que estavam indefesos em campos de concentração nazistas. Deus dos céus viu aqueles assassinatos e ouviu o choro de milhares de milhares que padeciam de fome, frio, trabalhos forçados e a angústia mortal dos sofredores.
Para os nazistas, a carnificina, o genocídio, as câmaras de gás, eram males necessários para que surgissem homens mis fortes, mais puros, perfeitos, os fracos e inferiores deveriam ser exterminados.
Hitler saiu de cena como pessoa, porém não como ideal de vida, pois, para a sobrevivência dos mais fortes, os mais fracos e indefesos devem ser exterminados, “descartados”, pois suas vidas são inviáveis, e trazem mais prejuízos do que ganhos.
A.       Amós, como um profeta de Deus, levanta-se em meio à maldade dos Juízes de alega que seus julgamentos são antinaturais. Assim como, os cavalos não podem andar nas rochas, e convém lembrar que neste período não ferravam os cavalos, o que faria tal empreendimento arrancar os cascos dos cavalos, cavalos não andam em rochas, não escalam montanhas. Um cavalo que andasse em rochas seria antinatural, algo que não vem de sua natureza intrínseca.
B.       Da mesma forma como um cavalo andando sobre rochas seria loucura, até mesmo antinatural, arar o mar seria inútil e mesmo uma sandice, quem faria tal coisa? Amós expõe a loucura dos Juízes ao julgar e condenar inocentes, seria mais fácil um cavalo galopar sobre as alturas rochosas de uma montanha, ou um anencefálico arar o mar, do que Deus deixar de Julgar as loucuras que são feitas para o prejuízo da vida humana, que deveria ser salva e antinaturalmente é condenada, e que para isso, inutilmente tenta-se argumentar científica, moral e filosoficamente.
C.       Amós denuncia que, Os guardiões da Justiça, haviam tornado o Juízo em Veneno. Tomemos a palavra veneno em suas aplicações: a primeira delas é: substância que em contato com o organismo, o prejudica e compromete o funcionamento deste, podendo levar a óbito, em segundo lugar, figuradamente, pode ser aquilo que corrompe moralmente, má intenção ou mesmo, interpretação maldosa.
D.       E por fim, o Profeta de Tecoa, denúncia, que o fruto daquilo que no passadofora justo, todavia, doravante, tem se tornado em amargura de injustiça e maldade.
II – Quando o Parecer Jurídico mata aquele que deveria amparar, o Juízo é tornado em Veneno.
Assim como fora na longínqua Israel do passado, repetiu-se antinaturalidade dos pareceres jurídicos no decurso da história, com as gerações que nos antecederam. Assim também nos sucede na época presente.
Nos últimos dias votou-se no Supremo Tribunal Federal a assim chamada “ADPF 54”. Que estruturalmente é uma ação iniciada no ano de 2004, e julgada entre os dias 11 e 12 do corrente mês, e que liberou o aborto quando, o nascituro é diagnosticado anencefálico.
Mas o fato jurídico atual do aborto a anencefálicos, não pretende simplesmente salvaguardar a mulher de traumas durante e pós-gestação, deve-se perceber que tal parecer, tem por finalidade, criar precedentes para mais tarde obter-se a completa legalização do aborto no Brasil.
Ademais, o Supremo Tribunal Federal extrapolou sua competência legal ao julgar o mérito da questão, pois, o poder legislativo é quem deveria fazê-lo. Sendo que, a constituição Federal lega aos parlamentares esta prerrogativa.
É tão absurdo e ultrajante à vida, o parecer do STF, que o ministro Cezar Peluso, Começou por dizer que “a vida não é conceito artificial criado pela ciência jurídica para efeitos práticos”, já que “a vida e a morte são fenômenos pré-jurídicos dos quais o direito se apropria para determinados fins”. E frisou: “Todos os fetos anencéfalos, a não ser que estejam mortos, têm vida. Se o feto não tivesse vivo, não poderia morrer”. Assim, ainda segundo Cezar Peluso, “o aborto provocado de feto anencéfalo é conduta vedada, de modo frontal, pela ordem jurídica, e esta Corte não tem poder ou competência para abolir ou atenuar o crime de aborto”.(Fonte: Jornal do Brasil, 12/04/2012).
Mesmo as audiências públicas ocorridas 16/08/2008; 26/08/2008 e 28/08/2008, com formidáveis exposições pró-vida, por parte dos representantes da CNBB, e de organizações pró-vida, foram capazes de reverter a situação. Impetrando hoje, decorridos alguns anos, das audiências, em nós, brasileiros, o  gosto amargo do genocídio permitido pelas instituições federais no Brasil.
O que o STF esta abrindo, são as portas para o assassinato de milhões de vidas de fato e de direito, que não mais nascerão. O hálito da barbárie novamente se percebe, decorridos apenas poucas décadas desde Hitler. A Sociedade ocidental, que se gaba de abrir precedentes há coisas que no passado não distante eram impensáveis, a semelhança de Israel dos tempos de Amós, o terremoto será a paga pela depravação das esferas sociais e públicas. Terremoto que talvez não seja pela movimentação de placas tectônicas, mas a semelhança do passado, ao período de Amós, foi o cativeiro e a escravidão.
Cativeiro da impiedade, tornando homens em feras, desumanizando a humanidade. Matando indefesos, a quem se deveria proteger e cuidar enquanto tivesse vida. Mas o que é vida? Perguntam; o que é a verdade? Indagam; quando acontece a morte? Inquirem, somente com o intento de relativizar o absoluto para que seus planos de lucro pela morte que será causada, seja coberta pelo manto podre do pretenso auxílio ao  mais forte.
Nietsche estaria ao lato do STF, afinal, os fracos e indefesos não merecem a vida. Hitler se congratularia com a notícia, talvez até elevasse um brinda em frente a suástica nazista dos aperfeiçoados e puros, homens sem defeitos.
Tal parecer jurídico do STF permitindo o aborto de Anencefálicos, nada mais é do que uma nódoa em nossa sociedade, a qual, a semelhança os religiosos Fariseus dos tempos de Jesus, que; reconheciam que seus pais haviam matado os profetas, e então embelezam os túmulos dos arautos de Deus, declarando assim que o seus pais fizeram errado, porém eles ainda fizeram o pior, pois pediram a liberdade de um criminoso chamado Barrabás e condenaram o Filho de Deus. Que nossa sociedade, não fique calada engolindo uma aberração jurídica atrás da outra, que através de malabarismos hermenêuticos fazem lei, o que por natureza não o é.
III – O Resultado do parecer Jurídico reflete a maldade temporal de cada geração.
Se nossa geração, nada fizer concernente aos desmandos, abusos, e paganização que está se alastrando no Brasil, não seremos dignos de sermos chamados cristãos, sobre nós não estará o espírito que moveu os mártires antigos em sua luta pela verdade do Evangelho de Jesus Cristo.
Se pararmos de seguir e enriquecer falsos apóstolos e falsos profetas e focarmos nossa atenção em lutar pelos desvalidos oferecendo o evangelho que trás esperança e lutando pela esperança que o evangelho descreve, aí então, seremos dignos do nome que levamos – Cristãos.
Caso contrário, seremos cooptados a presente manifestação anticristã, que também é anti-vida e antinatural. Que o conselho de Paulo o apóstolo lhe agarre pela mão: “não se conforme com este mundo” transforme-se mentalmente pelo Evangelho.
Que Pedro, João, Lucas, Mateus          , Gregório de Nissa, Lutero e tantos outros sejam nossos heróis, e não aqueles que tudo fazem diante da TV, para ganhar dinheiro.
IV – O Juiz que torce o direito aqui nesta vida será réu na vindoura.
Nem mesmo um Juiz iníquo, que não teme a Deus e nem respeita os homens, está alheio à responsabilidade de seus atos diante do tribunal do Juízo no último dia.
Construir precedentes sem justiça levará a ruina, pois Deus ouve o clamor do desamparado vê o sangue do inocente, jamais terá o culpado por inocente.
Por isso, senhores, todo aquele que consente na morte de um inocente, pelo sangue do inocente prestará contas. Continuem a abrir precedentes para o infanticídio, enchendo os bolsos de clínicas da morte e enriquecendo aborteiros, Josef Mengele ficaria orgulhoso destes colegas de profissão. Continuem Senhores a fazer injustiça, pois ficarão de fora os cães, os assassinos.
Fica o Salmo 82. Como lembrete aos “deuses da Justiça Brasileira”: “1Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento. 2Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? 3Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. 4Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. 5Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas. vacilam todos os fundamentos da terra.6Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. 7Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir.”.
E ao descer ao mundo dos mortos haverá a prestação de contas no tribunal que não erra.
Conclusão
Tempos maus exigem cristãos excelentes, cada geração teve seus campeões, seus profetas, que muito pouco previam o futuro, mas denunciavam o erro, e advertiam o povo e as autoridades. Norteando o caminho de volta à retidão e a Justiça. Que Amós nos inspire a lutar pelos desamparados, que são condenados a morte.
Quando o direito é corrompido, a esperança firma-se no Deus Justo, que transcende a compreensão humana, mas que nem por isso, se afastou de sua criação, mas mostra-se ao homem, revela-se. E sua revelação escrita, a Bíblia, é o padrão maior de Justiça a ser seguido, pois aponta o caminho para o Céu.
Crendo ou descrendo, todos os seres humanos prestarão contas de seus atos ao Todo poderoso, que julgará com justiça, não por pressão ou pré-conceitos. Seu parecer jamais poderá ser contestado, quer por homens em desgraça ou por demônios infernais.
Deus é o Senhor do Universo e Juiz de toda a criação racional – que um dia apresentar-se-á diante dele para prestar contas.

sábado, 14 de abril de 2012

IDOLATRIA

Por J. C. RYLE.

"Fujam da idolatria" (1Co 10.14).

À primeira vista pode parecer que o texto que encabeça esta página não seja necessário na Inglaterra. Numa época de educação e inteligência como a nossa, quase podemos chegar à conclusão de que é perda de tempo dizer a um inglês que "fuja da idolatria".

Atrevo-me a dizer que pensar assim seria um grande erro. Creio que vivemos num tempo em que a questão da idolatria encontra-se bem perto de nós, ao nosso redor e mesmo entre nós. Em poucas palavras, o segundo mandamento está sendo transgredido.

Sem mais preâmbulos, proponho que consideremos os seguintes quatro pontos:

I. Definição de idolatria. O que é?
II. A causa da idolatria. De onde provém?
III. A forma que a idolatria adota na Igreja visível de Cristo. Onde está?
IV. A abolição definitiva da idolatria. O que acabará com ela?

Creio que a questão está cercada de dificuldades. Nossa sorte está lançada numa época em que a Verdade está constantemente em perigo de ser sacrificada no altar de uma suposta tolerância, de um suposto amor, de uma suposta paz. Contudo, estou certo de que a verdade sobre a idolatria é a mesma em todas as épocas, em todos os tempos.

I. Permitam-me, em primeiro lugar, oferecer uma definição de idolatria, e mostrar-lhes o que a idolatria é.

Compreender isso é da maior importância. Nessa questão há muitas indefinições e confusões, como sói acontecer em assuntos religiosos. O cristão que não deseja errar continuamente em sua jornada espiritual precisa ter uma rota bem sinalizada em sua mente, com definições claras.

Afirmo, portanto, que a idolatria é a adoração em que a honra que somente Deus merece e somente a Ele deve ser rendida é entregue a Suas criaturas ou a invenções de Suas criaturas.

A idolatria tem várias faces. Pode adotar uma infinidade de formas segundo o grau de ignorância ou de conhecimento. Pode ser obviamente absurda e ridícula ou pode aproximar-se bastante da Verdade e admitir as defesas mais apaixonadas. Mas, seja na adoração a um deus hindu ou na adoração à hóstia na basílica de São Pedro em Roma, o princípio da idolatria é o mesmo. Em ambos os casos, a honra que somente Deus merece é tirada d'Ele e  entregue a algo que não é Deus. E onde quer que isso aconteça, seja num templo pagão ou em igrejas que professam ser cristãs, acontece um ato de idolatria.

Não é preciso que um homem rejeite formalmente a Deus e a Cristo para ser um idólatra. Longe disso. É perfeitamente compatível professar reverência ao Deus da Bíblia e ao mesmo tempo praticar a idolatria. Os filhos de Israel nunca pensaram em renunciar a Deus quando persuadiram Aarão para que fizesse um bezerro de ouro. "Estes são teus deuses [Elohim] que te tiraram da terra do Egito", disseram. E a festa em honra ao bezerro foi chamada de "festa dedicada a Yahweh" (Ex 32.4,5). Jeroboão, por exemplo, jamais pretendeu pedir às dez tribos que abandonassem sua lealdade ao Deus de Davi e Salomão. Quando ergueu os bezerros de ouro em Dã e Betel, disse: "Vocês já subiram muito a Jerusalém. Aqui estão os seus deuses [seus Elohim], ó Israel, que tiraram vocês do Egito" (1Rs 12.28). Devemos observar que em nenhum desses casos um ídolo foi erigido no lugar de Deus, mas sim como uma "ajuda", uma "escada" para cultuar a Deus. Mas em ambos os casos um grande pecado foi cometido. A honra devida unicamente a Deus foi entregue a uma representação de Deus. A majestade e a glória de Yahweh foram ofendidas. O segundo mandamento foi quebrado. Aos olhos de Deus houve um flagrante ato de idolatria.

É tempo de tirarmos de nossas mentes ideias vagas sobre idolatria tão comuns em nossa época. Não devemos pensar, como fazem muitos, que somente há dois tipos de idolatria: a idolatria espiritual do homem que ama a sua esposa, seu filho ou seu dinheiro mais do que ama a Deus e a crassa e aberta idolatria do homem que se inclina diante de uma imagem de madeira, metal ou pedra porque não conhece outra coisa. Sem dúvida, a idolatria é um pecado que ocupa um espaço muito maior do que isso. Não é meramente algo que ocorre na Índia e de que ouvimos falar em reuniões missionárias, nem é algo que se limita a nossos corações e que podemos confessar, de joelhos, diante do Trono da Graça. Idolatria é uma enfermidade que assola a Igreja de Cristo muito mais do que se imagina. É um mal que, como o homem do pecado, se assenta no santuário de Deus (2Ts 2.4). É um pecado que todos precisamos vigiar e contra o qual todos devemos orar constantemente. Ele se desliza em nossa adoração de forma quase imperceptível, e, de repente, cai sobre nós. Quão terríveis são as palavras que Isaías dirigiu não ao adorador de Baal, mas ao judeu frequentador do Templo:  "Mas aquele que sacrifica um boi é como quem mata um homem; aquele que sacrifica um cordeiro, é como quem quebra o pescoço de um cachorro; aquele que faz oferta de cereal é como quem apresenta sangue de porco, e aquele que queima incenso memorial, é como quem adora um ídolo. Eles escolheram os seus caminhos, e suas almas têm prazer em suas práticas detestáveis" (Is 66.3).

Este é um pecado que Deus censurou especialmente em Sua Palavra. Um dos Dez Mandamentos está dedicado à sua proibição. Nem um só deles contém uma declaração tão solene da natureza de Deus e de Seus juízos contra os desobedientes: "Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam" (Ex 20.5). Talvez nenhum outro mandamento seja tão enfatizado quanto este, especialmente no capítulo 4 de Deuteronômio.

Esse é o pecado que os judeus parecem ter sido mais propensos a cometer antes da destruição do Templo de Salomão. O que é a história de Israel sob seus juízes e reis, senão a triste repetição de inúmeras quedas na idolatria? Uma e outra vez lemos sobre os "lugares altos" e seus falsos deuses. Uma e outra vez lemos da recaída no velho pecado. Parece que o amor aos ídolos fazia parte da carne e do sangue dos israelitas. Em outras palavras, o pecado dominante da Igreja do Antigo Testamento era a idolatria. Israel desviava-se constantemente para os ídolos e adorava a obra de mãos humanas.

Esse é o pecado, dentre todos os demais, que tem acarretado os juízos mais severos de Deus sobre a Igreja visível. Trouxe sobre Israel os exércitos do Egito, Síria, Assíria e Babilônia. Dispersou as dez tribos, queimou Jerusalém e levou Judá e Benjamim ao cativeiro. Em tempos posteriores trouxe sobre as igrejas orientais a avalanche da invasão sarracena e transformou muitos jardins espirituais em desertos. A desolação que hoje reina onde outrora pregaram Cipriano e Agostinho, a morte em vida na qual estão presas as igrejas da Ásia Menor e da Síria, tudo isso é consequência desse pecado. Todas as coisas testificam da mesma grande verdade que proclama nosso Senhor em Isaías: "Eu sou o SENHOR; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor" (Is 42.8).

Precisamos entender o fenômeno da idolatria se quisermos manter pura a Igreja de Cristo. Não foi em vão que o Apóstolo Paulo nos deu esta ordem: "Fujam da idolatria".

II. Em segundo lugar, permitam-me mostrar a causa da idolatria. De onde ela provém?

Para o homem que tem uma ideia exagerada sobre o intelecto humano e a razão, a idolatria pode parecer uma coisa absurda. Pode pensar que a idolatria é irracional demais para pôr alguém em perigo, exceto, talvez, mentes muito débeis.

Para alguém que vê o Cristianismo de modo superficial, o perigo da idolatria pode parecer muito pequeno. "Mesmo que quebrem muitos mandamentos" - dizem - "os cristãos não são susceptíveis de cair no engano da idolatria".

Bem, pensar desse modo demonstra um lamentável desconhecimento da natureza humana. Há raízes secretas de idolatria no interior de todos nós. A presença marcante da idolatria em todas as épocas entre os pagãos e as advertências dos ministros protestantes contra a idolatria comprovam cabalmente isso.

A causa de toda a idolatria é a corrupção natural do coração do homem. Essa grande enfermidade congênita com a qual todos os filhos de Adão nascem infectados se manifesta de muitas e variadas formas. Da mesma fonte de onde saem "os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez" (Mc 7.21,22) surgem também as falsas ideias sobre Deus e as falsas ideias sobre adoração; e quando o Apóstolo Paulo fala aos gálatas sobre as "obras da carne" (Gl 5.20), coloca a idolatria em lugar de destaque entre elas.

O homem terá sempre algum tipo de religião. Deus não ficou sem testemunho entre nós. Como velhas inscrições soterradas sob montanhas de escombros, como escritos quase apagados em antigos palimpsestos, há algo gravado tenuamente no fundo do coração humano, algo que nos faz sentir que deve haver alguma religião e algum tipo de culto. A prova disso pode ser encontrada ao redor de todo o planeta. O homem sempre terá alguma forma de culto.

Então entram em jogo os efeitos da Queda. O desconhecimento de Deus, os conceitos carnais e vis a respeito da natureza e dos atributos divinos, ideias mundanas e sensuais a respeito do culto que é aceitável para a Divindade, tudo isso caracteriza a religião do homem natural. Há um desejo em sua mente de ver, sentir e tocar a Divindade. Quer trazer Deus ao seu próprio nível degradado. Não tem a mínima ideia sobre a religião do coração, da fé e do espírito. Em resumo, deseja viver com Deus ao mesmo tempo em que vive de forma corrompida e caída. Até ser renovado pelo Espírito Santo, o homem sempre prestará um culto distorcido. A idolatria, portanto, é um produto do coração caído do homem. É uma erva daninha que, como terra sem cultivo, o coração está sempre disposto a produzir.


Nos surpreendemos ao ler sobre a idolatria de Israel, a Igreja do Antigo Testamento, a adoração a Baal, Moloque, Quemos e Aserá; os lugares altos e os postes-ídolo; as imagens de madeira, e tudo isso à luz da lei mosaica? Não deveríamos nos surpreender. Há uma explicação. Há uma causa.


Nos surpreendemos ao ler sobre como a idolatria se infiltrou gradualmente na Igreja de Cristo, como pouco a pouco foi substituindo o verdadeiro Evangelho, até que os homens chegaram a preferir o altar da Virgem Maria ao de Jesus Cristo? Deixemos de nos surpreender; é compreensível. Há uma causa.


Nos surpreende ouvir falar de homens que abandonam o protestantismo e voltam para a Igreja de Roma? Pensamos que é inexplicável e cremos que nós mesmos jamais poderíamos abandonar a verdadeira adoração pela do papa? Não deveríamos ficar surpresos. Há uma causa.


Essa causa é a corrupção do coração humano. Há uma propensão e uma tendência natural em todos nós de oferecer a Deus uma adoração carnal, sensual, e não a que Ele ordena em Sua Palavra. Estamos sempre dispostos, devido a nossa preguiça e incredulidade, a inventar ajudas visíveis e atalhos em nossa aproximação a Deus. De fato, a idolatria é fácil, é como ir ladeira abaixo, num caminho amplo e espaçoso. A adoração genuína, por outro lado, é como remar contra a corrente. Qualquer outra forma de adoração é mais agradável para o coração corrompido do ser humano do que aquela descrita por nosso Senhor: "Em espírito e em verdade" (Jo 4.23).


Particularmente não fico surpreso com a amplitude de idolatria que existe tanto no mundo quanto na Igreja visível. Creio que é perfeitamente factível que vivamos para ver muito mais do que poderíamos imaginar, nesse quesito. Não ficaria surpreso se surgisse algum poderoso Anticristo pessoal antes do fim, poderoso intelectualmente, poderoso em talentos para o governo, sim, e poderoso, talvez, até mesmo em sinais milagrosos. Não ficaria surpreso em ver alguém assim levantando-se contra Cristo e comandando uma conspiração contra o Evangelho. E estou certo de que muitos se deleitariam em honrar semelhante personagem. Creio que muitos o tratariam como um deus, o reverenciariam como a encarnação da Verdade e o cultuariam como um grande herói. É uma possibilidade. Mas de uma coisa estou certo: nenhum homem está a salvo da idolatria, mesmo os que afirmam desprezar qualquer religião; e a incredulidade e o ateísmo estão a um passo da mais crassa idolatria. Não pensemos, pois, que estamos imunes à idolatria. "Aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!" (1Co 10.12). Faremos bem em examinar nossos próprios corações: o germe da idolatria está aí. Lembremos as palavras de Paulo: "Fujam da idolatria".


III. Em terceiro lugar, desejo mostrar as formas que a idolatria tem adotado na Igreja visível. Onde ela está?


Creio que não existe nada mais infundado do que a teoria de que a Igreja de Cristo está a salvo da idolatria. Nem a Escritura nem os fatos apoiam tal teoria. A Igreja contra a qual as portas do inferno não prevalecerão não é a Igreja visível, mas sim todo o corpo dos eleitos, a congregação dos verdadeiros crentes de todo povo e nação. A maior parte da Igreja visível tem sustentado, frequentemente, muitas heresias. Suas ramificações nunca estão a salvo de algum erro fatal, tanto na doutrina quanto na prática. Um abandono da fé, uma queda, o esquecimento do primeiro amor em qualquer parte da Igreja visível não deveria surpreender ao leitor mais atento do Novo Testamento.


Aparentemente parece que os Apóstolos esperavam que a idolatria surgisse mesmo antes do cânon do Novo Testamento ser encerrado. É interessante observar como Paulo trata dessa questão em sua primeira epístola aos Coríntios. Se algum irmão em Corinto fosse idólatra, os membros da igreja não deveriam nem comer com ele (1Co 5.11). "Não sejam idólatras, como alguns deles foram" (1Co 10.7). "Fujam da idolatria" (1Co 10.14). Quando escreve aos colossenses, os adverte contra a "adoração de anjos" (Cl 2.18). E João encerra sua primeira epístola com o solene mandamento: "Filhinhos, guardem-se dos ídolos" (1Jo 5.21).


A bem conhecida profecia do capítulo 4 da primeira epístola de Paulo a Timóteo contém uma passagem deveras interessante: "O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios" (1Tm 4.1). Na verdade o real significado dessa expressão é "doutrinas sobre espíritos mortos". E à luz desse significado, a passagem torna-se uma predição direta do auge da forma de idolatria mais perniciosa: a adoração dos santos mortos.


Farei referência, ainda, ao final do capítulo 9 de Apocalipse. Ali podemos ler, no versículo 20: "O restante da humanidade que não morreu por essas pragas, nem assim se arrependeu das obras das suas mãos; eles não pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar". Aventuro-me a afirmar que é bem possível que as pragas do capítulo 9 de Apocalipse cairão sobre a Igreja visível e que é muito improvável que o Apóstolo João estivesse profetizando sobre os pagãos  que jamais ouviram o Evangelho. A idolatria, aqui, é um pecado predito a respeito da Igreja visível.


E agora, ao passar da Bíblia para os fatos do nosso dia a dia, o que é que observamos? Respondo sem hesitar que existem provas inequívocas de que as advertências e predições da Bíblia não foram feitas sem causa e que efetivamente a idolatria surgiu na Igreja visível de Cristo, e continua existindo nela.


No século IV, Jerônimo queixou-se dos "erros das imagens, que vieram dos gentios para os cristãos"; e Eusébio disse: "Vemos que apresentam imagens de Pedro e Paulo e mesmo de nosso Senhor Jesus Cristo, costume que vem dos antigos hábitos pagãos e que hoje se conservam com indiferença". No século V, Pôncio Paulino, bispo de Nola, fez que pintassem as paredes dos templos com histórias do Antigo Testamento, para que as pessoas olhassem as imagens e decidissem se abster de excessos e revoltas. Mas pouco a pouco aquilo deu margem à idolatria. Irene, mãe de Constantino VI, reuniu um concílio no século VIII, em Nicéia, promulgando um decreto segundo o qual deveriam pôr imagens em todas as igrejas da Grécia e que tais imagens deveriam ser honradas. Nosso Livro de Homilia [da Igreja da Inglaterra] declara: "Congregações e clero, eruditos e analfabetos, homens, mulheres e crianças de todas as classes sociais e idades, em toda a cristandade, naufragaram na mais abominável idolatria, o vício mais detestável por Deus e o mais condenável para o homem, e isso durante mais de 800 anos".


Essa é uma história triste, mas exata. Creio que nenhum homem deveria surpreender-se diante do fato de que a idolatria começou na Igreja primitiva, se considerar cuidadosamente a excessiva reverência que a mesma rendia, desde seus começos, aos aspectos exteriores da religião. Creio que nenhum homem imparcial pode ler a linguagem utilizada por quase todos os "Pais" da Igreja com respeito à própria Igreja, aos bispos, ao ministério, ao batismo, à Ceia do Senhor, aos mártires, aos santos mortos; nenhum homem pode ler tais escritos sem dar-se conta da diferença gritante entre sua linguagem e a linguagem da Escritura em relação a essas questões. São atmosferas bem diferentes. Ao ler os escritos dos Pais, percebemos que não estamos mais em terreno santo. Descobrimos que as coisas que na Bíblia são de importância secundária, começam a ser tratadas como essenciais e fundamentais na literatura patrística. Descobrimos que as coisas relacionadas aos sentidos são exaltadas a uma posição que Paulo, Pedro, Tiago e João, falando pelo Espírito Santo, jamais as consideraram. Sim, ao ingressar na literatura patrística, entramos também nos primórdios da idolatria. Detectamos ali as sementes de um gigantesco esquema de idolatria que posteriormente foi formalmente aceito e estabelecido em todos os rincões da cristandade.


Em nossa própria época, não tenho dúvidas de que a idolatria encontra sua manifestação mais notória na Igreja de Roma.


Sim, a idolatria é um dos mais clamorosos pecados dos quais a Igreja de Roma é culpada. Digo isso com pleno reconhecimento de nossas falhas como protestantes, inclusive não pouca idolatria em nossas fileiras. Mas quando falamos de idolatria formal, reconhecida e sistematizada, francamente devemos falar de catolicismo romano.


Idolatria é ter imagens e retratos de "santos" nas igrejas e reverenciá-los sem base nem precedente algum para isso nas Escrituras. Portanto, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.


Idolatria é invocar a virgem Maria e aos santos e dirigir-se a eles utilizando uma linguagem que nas Escrituras é reservada somente para a Santíssima Trindade. Portanto, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.


Idolatria é inclinar-se diante de coisas materiais e atribuir a elas um poder e uma santidade muito superiores aos que eram atribuídos, por exemplo, à arca da aliança ou ao altar de sacrifícios do Antigo Testamento; e um poder e uma santidade completamente alheios à Palavra de Deus. Portanto, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.


Idolatria é adorar aquilo que foi feito pelas mãos dos homens, chamar isso de Deus e adorá-lo quando é erguido diante de nossos olhos. E posto que é assim com a doutrina da transubstanciação e com a elevação da hóstia, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.


Idolatria é fazer de homens ordenados mediadores entre Deus e o povo, roubando do Senhor Jesus Cristo o Seu ofício e rendendo a tais homens uma honra que até mesmo os Apóstolos e os anjos rejeitaram para si, como podemos ver nas Escrituras. E posto que é assim que acontece com a honra concedida aos papas e sacerdotes, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.


Sei que meu linguajar choca muitas mentes. Os homens gostam de fechar os olhos diante de males que deveriam ser rejeitados. Preferem não ver as coisas que implicam consequencias desagradáveis. Homens assim negarão que a Igreja de Roma é idólatra.


Os romanistas nos dizem que a reverência que a Igreja de Roma dá aos santos e às imagens não equivale à idolatria. Eles nos informam que há distinções entre a adoração "latria" e "dulia", entre uma mediação de redenção e uma mediação de intercessão, e isso os deixa sem culpa. Minha resposta é que a Bíblia desconhece essas distinções e que, na prática efetiva da absoluta maioria dos católicos romanos, tais distinções artificiais não existem em absoluto.


Os romanistas nos dizem, também, que é um erro supor que os católicos romanos realmente adoram imagens e retratos diante dos quais realizam seus cultos, e que somente os utilizam como "ajudas" para a devoção, e que na realidade estão olhando bem mais além. Minha resposta é que muitos pagãos podem dizer o mesmo de sua idolatria. Tal desculpa não é válida. Os termos do segundo mandamento são bem claros: proíbe-se prostrar, além de adorar. E a conduta da Igreja de Roma, com sua preocupação de excluir o segundo mandamento de seus catecismos e ensinos, fala por si mesma como um fato que testifica da consciência culpada pela idolatria dos dirigentes católicos.


Os romanistas nos dizem, ainda, que não temos provas de nossas asseverações a respeito da idolatria; que baseamos nossas conclusões nos "abusos" que cometem os membros mais ignorantes da comunhão católica, e que é absurdo dizer que uma Igreja onde há tantos homens sábios e eruditos seja uma Igreja idólatra. Ora, qualquer um que leia as orações católicas dirigidas a Maria (escritas por ilustres membros do colegiado católico) verá que não cometemos nenhum exagero quando afirmamos que a Igreja de Roma é idólatra. Tais orações e louvores são dirigidos a uma mulher que, apesar de ser grandemente favorecida e de ser a mãe terrena de nosso Senhor, era no entanto tão pecadora quanto qualquer um de nós, uma mulher que confessou sua própria necessidade de um Salvador pessoal: "O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc 1.47). Essa linguagem, à luz do Novo Testamento, revela a terrível idolatria da qual a Igreja de Roma é culpada.


Mas, além disso, temos outras evidências fornecidas pela própria Roma. O que os devotos, homens e mulheres, fazem diante do papa? Que religião impera atrás dos muros do Vaticano? Como é o catolicismo em Roma, sem travas nem restrições? Que os homens observem o que acontece naquele lugar, e em suas sucursais espalhadas pelo mundo todo, e não poderão deixar de chegar à conclusão de que o romanismo não passa de um gigantesco sistema de adoração a Maria e aos santos e a imagens e a relíquias e a sacerdotes; em poucas palavras, uma grande idolatria organizada.


Há uma grande diferença entre os dogmas da Igreja de Roma e as opiniões particulares de seus membros. Creio que muitos católicos romanos são incoerentes em seus corações e são até mesmo melhores do que a igreja a qual pertencem, pelo menos assim espero. Lembro aqui dos jansenitas, de Quesnel e de Martin Boss. Creio que há muitos pobres católicos que praticam a idolatria porque não conhecem nada melhor. Não têm uma Bíblia que os instrua. Não contam com um ministro fiel que lhes ensine. Temem ao sacerdote diante deles e não se atrevem a pensar por si mesmos. Em tempos como estes, quando muitos estão dispostos a separar-se da verdadeira Igreja e seguir para a Igreja de Roma, minha consciência me repreenderia caso não advertisse claramente aos homens que o catolicismo romano é idólatra e que quem se une a ele une-se também aos ídolos.


Em nenhum outro lugar a idolatria se manifesta tão visivelmente como na Igreja de Roma.


IV. E agora, em último lugar, desejo falar sobre a abolição definitiva da idolatria. O que acabará com ela?


Considero que a alma do homem que não deseja a extinção da idolatria encontra-se enferma.  Não pode estar em comunhão com o Deus verdadeiro o coração que pensa nos bilhões que estão mergulhados no paganismo ou os que honram ao falso profeta Maomé ou aos que oferecem diariamente orações a Maria e aos santos, e não clama: "Oh, meu Deus, quando chegará o fim de todas essas coisas? Até quando, Senhor?".


Aqui, como em outras questões, a palavra da profecia vem em nosso auxílio. Um dia chegará ao fim toda forma de idolatria. Sua condenação é certa. Sua destruição está assinalada. Seja em templos pagãos, seja em supostas igrejas "cristãs", a idolatria será destruída na Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Então se cumprirá plenamente a profecia de Isaías: "os ídolos desaparecerão por completo" (Is 2.18). Cumprir-se-ão as palavras de Miquéias: "Destruirei as suas imagens esculpidas e as suas colunas sagradas; vocês não se curvarão mais diante da obra de suas mãos" (Mq 5.13). E as palavras de Sofonias: "O SENHOR será terrível contra eles, quando destruir todos os deuses da terra" (Sf 2.11).


E as palavras de Zacarias: "Naquele dia eliminarei da terra de Israel os nomes dos ídolos, e nunca mais serão lembrados" (Zc 13.2). Numa palavra, o Salmo 97 encontrará seu pleno cumprimento: "O SENHOR reina! Ficam decepcionados todos os que adoram imagens e se vangloriam de ídolos. Prostram-se diante dele todos os deuses!" (Sl 97.1,7).


A Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo é essa bendita esperança que deve consolar todos os filhos de Deus. É a estrela polar que deve guiar nossa viagem. É o ponto no qual todas as nossas expectativas devem concentrar-se. "Pois em breve, muito em breve Aquele que vem virá, e não demorará" (Hb 10.37). O Senhor manifestará Seu grande poder, reinará e fará com que todo joelho se dobre diante d'Ele.


Até então não desfrutamos perfeitamente de nossa redenção, como diz Paulo aos efésios: "vocês foram selados para o dia da redenção" (Ef 4.30). Até Cristo voltar nossa salvação não estará completa, como diz Pedro: "são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo" (1Pe 1.5). Em resumo, o melhor está por vir.


Mas, no dia do regresso de nosso Senhor, todo desejo receberá sua plena satisfação. Já não estaremos mais abatidos e exaustos por esse sentimento de debilidade e decepção. Na presença do Senhor encontraremos plenitude de alegria, e ao despertarmos em Sua semelhança estaremos satisfeitos verdadeiramente (Sl 16.11; 17.15).


Agora há muitas abominações na Igreja visível ante as quais somente podemos gemer e clamar como faziam os fiéis no tempo de Ezequiel (cf. Ez 9.4). Não podemos eliminar todos os erros. O trigo e o joio crescem juntos até chegar a colheita. Mas está próximo o dia em que o Senhor Jesus purificará uma vez mais o Seu templo e lançará fora toda a imundície. Fará a obra da qual os atos de Ezequias e Josias foram um pálido tipo em suas épocas. Lançará fora as imagens e destruirá a idolatria em todas as suas manifestações.


Quem anela agora pela conversão do mundo pagão? Não a veremos em sua plenitude até a manifestação do Senhor Jesus. Então, e somente então, será cumprida esta palavra: "Naquele dia os homens atirarão aos ratos e aos morcegos os ídolos de prata e os ídolos de ouro, que fizeram para adorar" (Is 2.20).


Quem anseia agora pela redenção de Israel? Não a veremos em sua plenitude até que o Redentor venha a Sião. A idolatria na Igreja professante de Cristo tem sido uma das mais terríveis pedras de tropeço no caminho dos judeus. Quando comece a cair, começará a ser retirado o véu que cobre o coração de Israel (cf. Sl 102.16).


Quem deseja agora a queda do Anticristo e a purificação da Igreja de Roma? Não a veremos até o fim desta era. Esse vasto sistema de idolatria será consumido pela manifestação do Senhor (cf. 2Ts 2.8).


Quem quer uma Igreja perfeita, uma Igreja na qual não exista mais a menor mancha de idolatria? Não a veremos até o retorno do Senhor. Então, e somente então, veremos uma Igreja perfeita, uma Igreja sem mancha nem ruga nem coisas semelhantes (cf. Ef 5.27), uma Igreja da qual todos os membros estarão regenerados e todos serão filhos de Deus.


Se é assim, os homens não devem surpreender-se quando os instemos a estudar a profecia e a confiar na doutrina da Segunda Vinda de Cristo. Essa é a "tocha que ilumina na escuridão", à qual faremos bem em prestar atenção. Deixemos que outros se entreguem às fantasias, se assim o desejam, com a ideia imaginária de uma "Igreja do futuro". Deixemos que os filhos deste mundo sonhem com um tipo de "homem vindouro" que compreenda todas as coisas e ponha ordem neste mundo. Somente estão cultivando uma amarga decepção. Reconhecerão que suas visões são infundadas e vazias como um sonho fugaz. A eles podem bem ser aplicadas as palavras do profeta: "Mas agora, todos vocês que acendem fogo e fornecem a si mesmos tochas acesas, vão, andem na luz de seus fogos e das tochas que vocês acenderam. Vejam o que receberão da minha mão: vocês se deitarão atormentados" (Is 50.11).


Atente para a Segunda Vinda de Cristo. Esse é o único Dia em que se corrigirá todo abuso e se castigará toda corrupção e fonte de tristeza. Aguardando esse Dia, trabalhemos e sirvamos a nossa geração; não estando ociosos, como se nada pudesse ser feito para refrear o mal; mas também não num ativismo cego e infrutífero, pois vemos todas as coisas ainda sujeitas ao nosso Senhor. Depois de tudo, a noite está avançada e o Dia vem se aproximando. Eu o exorto a esperar no Senhor.


Posto que as coisas são assim, os homens não devem se surpreender de nossas advertências a respeito da Igreja de Roma. Sem dúvida, quando a ideia de Deus a respeito da idolatria é revelada tão claramente em Sua Palavra, parece o cúmulo do absurdo unir-se a uma instituição tão impregnada de idolatria como a Igreja de Roma. Nem pensar em ter comunhão com ela, quando Deus diz: "Saiam dela, vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam!" (Ap 18.4). Nem pensar em buscá-la, quando o Senhor nos adverte para que a abandonemos e não nos convertamos em seus súditos. "Fuja pela sua vida, fuja da ira vindoura". Pertencer à Igreja de Roma certamente é cegueira mental, uma cegueira como a daquele que, mesmo avisado, embarca num navio que está naufragando; uma cegueira indesculpável, diante de tudo aquilo que se pode ver na Igreja de Roma.


Todos devemos vigiar. Não devemos aceitar nada a priori. Não devemos supor apressadamente que somos muito sábios para que alguém nos engane. Aqueles que pregam devem clamar em voz alta e jamais calar, não permitir que nenhuma falsa amabilidade os silencie com respeito às heresias destes tempos. Aqueles que ouvem devem cingir-se com o cinto da Verdade e ter suas mentes cheias de ideias claras com relação ao fim de todos os que se prostram diante de ídolos. Veja, o fim de todas as coisas se aproxima e com ele a abolição da idolatria. É hora de aproximar-se de Roma? Não será hora de afastar-se dela? É hora de mitigar e menosprezar a corrupção de Roma e de negar a gravidade de seus pecados? Sem dúvida deveríamos ser muito mais zelosos e impedir qualquer tentativa de romanizar a verdadeira religião, e duplamente cuidadosos a fim de evitar toda conivência com qualquer traição contra Cristo, e sempre dispostos a protestar contra a adoração antibíblica de qualquer tipo. Repito que a destruição da idolatria é certa; portanto, afastemo-nos da Igreja de Roma.


O assunto que estou tratando é de importância profunda e transcendente e exige a séria atenção de todos os protestantes. Tem estado em marcha um exitoso processo de desprotestantização. Sustento que devemos resistir firmemente ao romanismo. Apesar da suposta erudição e devoção de seus defensores, trata-se de um movimento pernicioso, destruidor de almas e contrário às Escrituras. Dizer que a união com Roma seria um insulto para os nossos reformadores martirizados é ser muito suave: seria um pecado e uma ofensa contra Deus! Antes de vê-la unida à Igreja de Roma, preferiria ver minha amada Igreja perecer em pedaços. Melhor morrer do que tornar-se papista!


Sem dúvida, a Unidade abstrata é algo excelente; mas a Unidade sem a Verdade é inútil. A Paz e a Uniformidade são belas e valiosas: mas a Paz sem o Evangelho - a Paz baseada num episcopado comum e não numa fé comum - carece de valor e não merece apelativo. Quando Roma tiver revogado os decretos de Trento e suas adições ao Credo, quando Roma houver se retratado de suas doutrinas falsas e antibíblicas, quando Roma renunciar formalmente à adoração de imagens, à adoração a Maria e à transubstanciação; então, e somente então, será hora de falar em união com ela. Até então há um abismo sobre o qual não se pode construir uma ponte segura. Até então, chamo todos os pastores a resistir até a morte contra a ideia de união com Roma. Nosso lema deve ser: "Não à comunhão com os idólatras!".


Escrevo tudo isso com tristeza. Mas as circunstâncias fazem com que seja absolutamente necessário que nos pronunciemos. Independentemente de para que lado do horizonte olhemos, vejo motivos para alarme. Não temo em absoluto pela verdadeira Igreja de Cristo. Mas temo pela Igreja da Inglaterra e por todas as igrejas protestantes da Inglaterra. A maré de acontecimentos parece ir contra o protestantismo e a favor do romanismo. Parece que Deus tem uma controvérsia conosco como nação e que está a ponto de castigar-nos pelos nossos pecados.


Não sou profeta. Não sei para onde nos dirigimos. Mas é possível que em alguns anos a Igreja da Inglaterra una-se à Igreja de Roma. Talvez a coroa real britânica descanse outra vez sobre a cabeça de um papista. Talvez a missa volte a ser rezada em Westminster. O resultado será que todos os cristãos que leem a Bíblia devem abandonar a Igreja da Inglaterra ou então aprovar a adoração de ídolos, transformando-se em idólatras! Deus nos conceda que jamais cheguemos a semelhante estado de coisas!


E agora somente me resta concluir mencionando algumas diretrizes para as almas de meus leitores. Vivemos numa época em que a Igreja de Roma caminha entre nós com forças renovadas e jactando-se de recuperar o terreno perdido. Permitam-me sinalizar como poderemos estar a salvo dela.


1) Precisamos de um profundo conhecimento da Palavra de Deus. Leiamos nossas Bíblias diligentemente. Que a Palavra habite em nós abundantemente. A leitura bíblica deve ser nossa prioridade. A Bíblia é a espada do Espírito; jamais a deixemos de lado. A Bíblia é nossa lâmpada, a verdadeira tocha, não andemos sem a sua luz. A Bíblia é a estrada real. Se a deixarmos por outro caminho - por mais bonito, antigo e frequentado que pareça - não devemos nos surpreender se acabamos adorando imagens e relíquias e indo ao confessionário com regularidade.


2) Precisamos de um zelo piedoso pelo Evangelho. Não deixemos de censurar qualquer tentativa, por menor que seja, de tirar um jota ou um til do Evangelho. Subtrair ensinos da Palavra de Deus é um caminho seguro para a idolatria.


3) Precisamos de ideias claras e sadias sobre o nosso Senhor Jesus Cristo e da salvação que há n'Ele. Ele é "a imagem do Deus invisível" e a verdadeira proteção contra toda idolatria quando O conhecemos verdadeiramente. Edifiquemos nossas vidas sobre o firme fundamento da obra que Ele completou na cruz. Tenhamos bem claro que Jesus já fez tudo o que é necessário para que sejamos salvos e que nossa parte é simplesmente exercer a fé de  uma criança. Não duvidemos que com esta fé já estamos plenamente justificados e que não podemos acrescentar nada aos méritos de Cristo.


Acima de tudo, mantenhamos comunhão contínua com a pessoa do Senhor Jesus! Habitemos n'Ele diariamente, alimentemos-nos d'Ele continuamente, olhemos para Ele e apoiemos-nos n'Ele o tempo todo! Compreendamos isso, e a ideia de outros mediadores parecerá completamente absurda. "Que necessidade tenho eu de ídolos?", diremos. "Tenho a Cristo e n'Ele tenho tudo. Que tenho a ver com os ídolos? Tenho Jesus em meu coração, Jesus na Bíblia, Jesus no Céu, e não quero nem preciso de nada mais!".


Uma vez que permitimos que o Senhor Jesus ocupe o lugar correto em nossos corações, todas as demais coisas em nossa religião serão ajustadas corretamente. A Igreja, os ministros, os sacramentos ou ordenanças, tudo o mais ocupará um segundo lugar.


A menos que Cristo se assente como Sacerdote e Rei no trono de nossos corações, nosso pequeno reino interior estará em perpétua confusão. Mas se Ele for "tudo em tudo", aí tudo irá bem. Diante d'Ele cairá todo ídolo! Conhecer a Cristo corretamente, crer em Cristo verdadeiramente, amar a Cristo de todo o coração é a verdadeira proteção contra o ritualismo, o catolicismo romano e toda forma de idolatria.


John Charles Ryle (1816-1900) foi o primeiro bispo de Liverpool, um escritor prolífico e defensor do caráter protestante da Igreja da Inglaterra. Mais de 100 anos depois de sua morte, seus escritos ainda falam poderosamente aos cristãos da atualidade.


Fonte: RYLE, J. C. Advertencias a las Iglesias. Moral de Calatrava (Ciudad Real): Peregrino, 2003, pp. 132-157. Traduzido do espanhol. 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Dia em que Deus lança em Rosto a Justiça dos Homens


“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”
Nesta data comumentemente chamada de Sexta Feira Santa, costuma-se lembrar do grande Sacrifício de Jesus Cristo em Favor daqueles que se vêm como pecadores. Por outro lado, a data também deve ser um lembrete para que se confie somente na Justiça que Vem de Deus.  A Justiça humana por melhor que seja, é interpretada e aplicada por seres humanos imperfeitos e guiados por seus próprios interesses, o que, aliás, não vem de agora, sempre foi assim. A lei volta e meia é assassinada por quem deveria ser seu guardador e fiel interprete, é o verdadeiro fato de um Camerlengo furtar o que deveria guardar.
O direito Romano é com certeza o mais abrangente e completo sistema de leis que a humanidade já teve, influenciando e inspirando inclusive os dias atuais, como o código Justinianeu. O “JUS” ou direito é o complexo de leis e normas obrigatórias de conduta, impostas pelo estado para assegurar a convivência dos agrupamentos humanos. (Esta definição é tão básica que Ulpiano no Corpus Iuris Civilis declara: “Ubi Societas Ibi Jus” Onde há sociedade, está o direito).
O direito, a moral e a religião se entrelaçam, quer queiram os Juristas atuais ou não, é somente dar uma olhada para o passado, para constatar tal fato. Não há conhecimento sem pré-supostos, a imparcialidade só existe virtualmente, sendo de esta maneira uma falácia abolir a moral e a religião de seu papel no direito, pois; as fontes da lei eram: os costumes e a consulta feita aos assim chamados prudentes, os quais eram pessoas com alto conhecimento jurídico daí o nome “juris prudentes” de nossa “jurisprudência atual”
Em uma aula de introdução ao direito com o Prof. Spinelli no dia 10/09/09 foi dito que: ”o direito, portanto, não visa o aperfeiçoamento do homem – esta meta pertence à moral [...] o direito não é o único instrumento responsável pela harmonia da vida social. A moral, a religião e as regras de trato social são outros processos normativos que condicionam, a vivencia do homem em sociedade”.
Porém é sabido que há distinções entre direito e moral, pois, o relativismo impõe uma moralidade não exigível a ninguém. Ao passo que a separação entre estado e religião, algo que foi objeto de muito esforço por protestantes como os Presbiterianos e os Batistas, hoje é visto como um elemento somente do estado sobre as religiões.
Desconfio dos Juristas que em sua doutrina do direito alegam estar sem pressupostos na moralidade para suas decisões forenses. Pois
1.    Mesmo considerando Jesus Inocente, tendo como base os fatos e as contradições dos acusadores bem como a incoerência da acusação, Pôncio Pilatos; conhecedor do direito, por motivo moral, decide ir contra a própria lei e contra a própria consciência de julgamento justo, pois por medo, decide crucificar aquele que já havia declarado inocente – por isso desconfio dos juízes com moralidade relativista.
2.    A sexta feira é o dia em que Deus lança em rosto dos seres humanos sua pretensa retidão em juízos, pois os judeus com sua religiosidade e todos os preceitos perfeitos da lei de Moisés e das declarações sábias dos salmos e profetas – por moralidade relativizada, os líderes do Sinédrio Judeu o prenderam – pois por inveja decidiram entregar Jesus a Pilatos – por isso desconfio de religiosos e de Juízes de moralidade relativa.
3.    O mesmo povo que alguns dias antes recebia Jesus com ramos e mantos acarpetando o chão para que passasse, na sexta feira estava reunido para pedir a liberdade de um assassino confesso no lugar no mestre da Justiça, o criminoso então foi beneficiado pela liberdade benevolente da justiça romana, para os dias de festa solene – por isso desconfio do povo, dos religiosos e dos juízes de mentalidade moral impregnadas pelo relativismo.
De lá para cá, pouca coisa mudou nos corações dos nobres meritíssimos, pois mesmo não sendo Católico Romano, percebo que o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, motivado pelo relativismo moral que o permeia, decidiu acatar um pedido de uma entidade de lésbicas e, abolir o crucifixo dos tribunais – ato este que demonstra a falta de compreensão do dito conselho no que tange o que seja “laico”.
Não obstante a isso, querendo afastar Jesus e sua magnânima influencia dos tribunais – o que me envergonha como gaúcho que sou e, lança na lama a história de hombridade, liberdade e heroísmo de nosso querido povo riograndense. O contraditório de tudo é a deselegância dos já citados peritos da lei, em abolir o crucificado, mas folgar no feriado religioso – a contradição é uma patologia em direito, e o relativismo uma metástase no estado.
Porque aboliu-se o Crucifixo? Simples, pois o crucifixo mostra Jesus e sua doutrina, nada relativistas, mas absolutas, a verdade em meio à corrupção, a santidade em meio à degradação moral vigente, a futura prestação de contas, que muitos magistrados em sua empáfia de ‘deuses’ dos tribunais negam.
Quando se fala em crer em Deus, não há discordâncias, cada um tem o seu deus. o deus indulgente quanto a vida e a moralidade de cabaré, cada mais eivada de Sodoma e Gomorra, um deus bonachão que aceita tudo e nada pune, pois se punisse conduta moral seria dispensado por intolerância e ódio
Os tribunais de hoje, em nada são diferentes dos tribunais que condenaram Jesus. Seus pressupostos morais relativizados, seus interesses próprios, seus lucros, sua insânia permanece a mesma. As leis ainda são boas, de quem as interpreta é que se deve duvidar.
Com as atitudes recentes de perseguição legal a supostos promotores de ódio, como Julio Severo o qual, obrigado a exilar-se no exterior, e qual seu crime? Ser cristão e declarar os ensinamentos da Bíblia sobre o que deva ser uma família. E agora, Silas Malafaia, o qual, mesmo não concordando com sua teologia, considero-o Cristão e, agora no rol dos perseguidos por suas convicções cristãs. Silas é réu em processo que corre na 24ª Vara Federal de São Paulo, movido pela ABGLT. O Ministério Público Federal exige que o pastor Malafaia peça  desculpas no ar.
O cristianismo é o grupo mais perseguido ao redor do mundo, e ninguém ergue a voz para escrever uma linha sequer sobre isso, ao passo que o ocidente está cuspindo no prato que come, pois se não fosse o cristianismo, o ocidente estaria envolto na intolerância e preso numa floresta encantada de misticismo.
Mas com as últimas posições a nível federal, percebe-se a coerência da atitude dos magistrados do RS, pois Jesus é tirado das esferas públicas como o inspirador da Justiça e em seu lugar o Barrabás do interesse próprio é exaltado como um bom cidadão.
Pois bem o magistrado não quer Mais o crucificado e os legisladores já o aboliram, como obsoleto e fruto de uma era pré-educada, pois já começa a colher o fruto de sua dura cerviz. O Julgamento de Deus sobre o homem começa quando o Todo poderoso entrega o homem a si mesmo, para que vá mais longe a sua loucura edonista e perversão.
Este aumento de perversão sexual como se vê hoje é fruto do Juízo de Deus, é ler Romanos capítulo 1º, para ter o fato diante de si.
Por tudo isso que descrevi é que declaro desconfiar dos Magistrados e não ser otimista quanto à justiça de tribunais presididos por magistrados relativistas, pois andam de mãos dadas com Pilatos, prendendo e indiciando inocentes, seguindo o clamor de uma turba descontrolada, porém com influencia na mídia a na política à solta.
Que Deus nos ampare