terça-feira, 13 de março de 2012

A ELEIÇÃO, NOSSA SEGURANÇA

Alguns pensam que, como filhos do pacto e membros da Igreja, podem ter certeza de sua eleição e assim viver despreocupadamente. Mas, será assim mesmo? Na verdade, não. Lemos em João 3 a respeito da visita que Nicodemos fez a Jesus, na calada da noite. O Senhor explica ao "mestre de Israel" que somente por meio do novo nascimento, do arrependimento e da fé podemos obter de Deus a vida eterna. Bem diferente da crença judaica de então, de que o Messias seria um libertador político que os livraria do odiado Império Romano. Jesus explica a Nicodemos o propósito de Deus para a salvação de todo aquele que crê, de acordo com Jo 3.16. Tudo pela bondade divina, tal como expressa no Salmo 65. Bondade que nos escolheu antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis perante Ele, conforme Paulo escreveu aos efésios.

Muitos sentem calafrios quando questionados a respeito de sua eleição ou reprovação por Deus. Perguntados sobre sua fé, respondem positivamente, com confiança; mas quando indagados sobre sua eleição, começam a hesitar, cheios de medo. "E se eu não for um dos eleitos?". Muitos vivem com esse temor, inseguros a respeito de sua salvação final. Mas a Bíblia trata de um modo totalmente diferente a eleição divina. A Bíblia não demonstra temor, mas irrompe em louvor: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (Ef 1.3). A eleição é o tesouro, a verdadeira riqueza dos crentes, tal como é cantada no Salmo 65. Tanto para os crentes do Antigo Testamento quanto para os crentes do Novo, a eleição não produz medo e inquietação, mas conforto e consolação. Louvamos a Deus quando percebemos que nossa salvação não depende de coisa alguma em nós mesmos, mas simplesmente da graça de Deus. Por isso ela é indestrutível. Antes mesmo de criar o universo, Deus nos escolheu em Cristo, em amor e em compaixão.

Quando nosso planeta ainda não existia, Deus, apesar de nossos futuros tropeços, fracassos, falhas e pecados, nos escolheu soberanamente em Cristo Jesus para a salvação e a vida eterna. Decidiu levar muitos homens e mulheres à fé salvífica, salvá-los pela graça mediante o sangue de Cristo, justificá-los, santificá-los e finalmente glorificá-los. Tudo isso antes mesmo de nossa existência.

É algo que devemos temer? Não, a maravilha da eleição é algo que deve levar-nos à adoração, ao louvor, à segurança. Nossa fé testifica de nossa eleição, porque a fé é o resultado da eleição.

Adaptado e traduzido de:
Evert de Vries.
Biblioteca de la Iglesia Reformada.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

OS OTÁRIOS, A IDOLATRIA E A MARIOLATRIA

Recentemente um padre católico-romano chamou os protestantes de "otários" por afirmarem que podem achegar-se a Deus sem Maria. Como diz o velho ditado: "Roma, sempre a mesma!". Sempre a mesma imundície. Otários são os pobres coitados que deixam-se arrebatar pela grosseira idolatria romanista. Otários são os infelizes que depositam sua confiança e seu destino eterno em ídolos e imagens que "têm boca, mas não podem falar, olhos, mas não podem ver; têm ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não podem sentir cheiro; têm mãos, mas nada podem apalpar; pés, mas não podem andar; e não emitem som algum com a garganta. Tornem-se como eles aqueles que os fazem e todos os que neles confiam" (Sl 115.5-8). Sim, os idólatras acabam ficando iguais a seus ídolos, tão inúteis quanto as imagens que tanto veneram. Otários são aqueles miseráveis que se encurvam diante de imagens de madeira; que se prostram diante de imagens de gesso; que acendem velas para estatuetas de barro. Otários são os reféns de uma falsa igreja, prisioneiros de um falso cristianismo, que na verdade não passa do antigo paganismo romano com um verniz pseudocristão. Roma, sempre a mesma imundície!


A estupidez é a característica marcante da idolatria. As Escrituras deixam bem claro que idolatria é coisa de tolos, ou, nas palavras do padre, de "otários". O profeta Isaías deixa isso bem claro: "Todos os que fazem imagens nada são, e as coisas que estimam são sem valor. As suas testemunhas nada veem e nada sabem, para que sejam envergonhados. Quem é que modela um deus e funde uma imagem, que de nada lhe serve? Todos os seus companheiros serão envergonhados; pois os artesãos não passam de homens. Que todos eles se ajuntem e declarem sua posição; eles serão lançados ao pavor e à vergonha. O ferreiro apanha uma ferramenta e trabalha com ela nas brasas; modela um ídolo com martelos, forja-o com a força do braço. Ele sente fome e perde a força; passa sede e desfalece. O carpinteiro mede a madeira com uma linha e faz um esboço com um traçador; ele o modela toscamente com formões e o marca com compassos. Ele o faz na forma de um homem, de um homem em toda a sua beleza, para que habite num santuário. Ele derruba cedros, talvez apanhe um cipreste, ou ainda um carvalho. Ele o deixou crescer entre as árvores da floresta, ou plantou um pinheiro, e a chuva o fez crescer. É combustível usado para queimar; um pouco disso ele apanha e se aquece, acende um fogo e assa um pão. Mas também modela um deus e o adora; faz uma imagem e se encurva diante dela. Metade da madeira ele queima no fogo; sobre ela ele prepara sua refeição, assa a carne e come a sua porção. Ele também se aquece e diz: 'Ah! Estou aquecido; estou vendo o fogo'. Do restante faz um deus, seu ídolo; inclina-se diante dele e o adora. Ora a ele e diz: 'Salva-me; tu és o meu deus'. Eles nada sabem, nada entendem; seus olhos estão tapados, não conseguem ver, e suas mentes estão fechadas, não conseguem entender. Ninguém pára para pensar, ninguém tem o entendimento para dizer: 'Metade dela usei como combustível; até mesmo assei pão sobre suas brasas, assei carne e comi. Faria eu algo repugnante com o que sobrou? Iria eu ajoelhar-me diante de um pedaço de madeira?'. Ele se alimenta de cinzas, um coração iludido o desvia; ele é incapaz de salvar a si mesmo ou de dizer: 'Esta coisa na minha mão direita não é uma mentira?'" (Is 44.9-20). Como é estúpida a idolatria! Como são tolos os idólatras! Como são sem entendimento todos aqueles que se prostram diante de imagens, que adoram - "veneram", segundo os padres - seres criados em vez do único Criador! Sim, a idolatria é coisa de otários.


Além de crassa estupidez, idolatria é pecado. Louvar, cultuar, adorar ou mesmo "venerar" qualquer ser que não seja o Criador, é abominável para Deus. E o Senhor deixa isso bem claro, inúmeras vezes, nas páginas da Bíblia. Eis somente algumas poucas passagens que os otários, digo, os romanistas, insistem em ignorar:


"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e obedecem aos meus mandamentos" (Ex 20.4-6).


"Eu sou o SENHOR; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor" (Is 42.8).


"Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém" (Rm 1.22-25).


Sim, trocaram a glória de Deus pelas imagens. Trocaram a verdade de Deus pela mentira. O louvor, a adoração e as ações de graças que somente devem ser prestados ao Deus vivo, os idólatras os entregam a seus ídolos de madeira, gesso e barro, seus "santos" e "santas", homens e mulheres mortos há muito tempo e que não podem ajudar ninguém. Somente o Senhor é o "Deus imortal" (Rm 1.23). Quão tola é a idolatria! Quem são os "otários" agora?


Certa vez, o povo da cidade de Listra tentou adorar a Paulo e Barnabé, pois os haviam confundido com os deuses Hermes e Zeus, respectivamente. Qual a resposta dos apóstolos de Cristo? "Homens, por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês. Estamos trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há" (At 14.15). A muito custo conseguiram impedir a multidão de adorá-los. De acordo com a mentalidade romanista, eles poderiam muito bem ter dito: "Homens, não nos adorem como deuses, mas podem venerar-nos como santos, acendendo velas e fazendo orações para nós, honrando-nos como homens de Deus". Ora, Paulo e Barnabé não fizeram nada disso. Ao contrário, chamaram a atenção da multidão para "o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há". Somente esse Deus é digno de receber adoração! Idolatria é loucura!


Quando João tem a "brilhante ideia" de prostrar-se diante de um anjo para adorá-lo, o anjo o repreendeu, dizendo: "Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus!" (Ap 19.10). Os romanistas prostram-se até mesmo diante de imagens de anjos, acendem velas para eles também. Adorem a Deus, queridos! Quão insensata é a idolatria! Diante da atitude de Paulo, Barnabé e do anjo que repreendeu a João, que são os "otários" agora???


Os católico-romanos insistem em afirmar que não "adoram", apenas "veneram" os santos. Pergunto: qual a diferença? Na prática, qual a diferença? Quando um devoto acende sua vela,  se ajoelha diante de uma imagem, e "reza" para aquela entidade, agradecendo, pedindo, suplicando, louvando e elogiando, por acaso - pergunto - isso não é o mesmo que adorar? Quando um católico-romano diz que confia em Jesus e em Maria para a sua salvação, não está trocando a verdade de Deus pela mentira, e glorificando um ser criado em lugar do Criador? Honestamente...


Sim, idolatria é estupidez. Tendo a Bíblia, insistem em suas práticas antibíblicas. A Palavra de Deus declara claramente que "há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus" (1Tm 2.5). Nada de outros mediadores, nada de "co-redentora", nada de "medianeira"! Há um só mediador, Jesus Cristo. A Bíblia é clara. Quão tola é a idolatria!


A idolatria, quando aplicada especificamente a Maria, é conhecida como mariolatria. É um dos pecados preferidos dos romanistas, sem dúvida. "Nada sem Maria", dizem, sentindo-se orgulhosos de sua afronta a Deus. Mas, o que a própria Maria disse?


Ao ser informada pelo anjo Gabriel de que seria a mãe do Messias, Maria respondeu com um maravilhoso cântico, conhecido como Magnificat. Veja como Maria começou o cântico:


"Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc 1.46,47, ênfase acrescentada). "Meu Salvador!". Maria declara que Deus é o seu Salvador. Quem precisa de salvação? Por acaso não são os pecadores que precisam de salvação? Aqui cai por terra toda a estapafúrdia mitologia romanista sobre Maria. Aqui é desmascarada a insensatez da mariolatria. Quão tola é a idolatria! Quem são os otários agora???


Se Maria fosse tão importante como dizem os romanistas, será que a Bíblia não faria menção  disso? Se fosse correto adorar, digo, "venerar" Maria e os santos e as santas e os anjos, etc, será que a Bíblia não nos daria instruções para fazê-lo? Quão tola é a idolatria!


Os romanistas ainda acusam, tola e ingenuamente, os protestantes de "odiar" Maria. Como poderíamos odiar a mãe de nosso Senhor Jesus Cristo? Maria foi uma serva de Deus, uma mulher corajosa (ao aceitar tornar-se a mãe do Messias, sabia que sua vida estaria em perigo) e um exemplo de piedade cristã. Não odiamos Maria, pelo contrário: nós, protestantes, honramos a verdadeira Maria, a Maria da Bíblia e da História. Quem odeia Maria são aqueles que a substituíram por uma lenda antibíblica e que agora rendem a glória devida somente a Deus a uma fraude que leva o nome de Maria. Quão estúpida é a idolatria!


Quem são os "otários" agora?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

LIÇÕES DE UM VERDADEIRO APÓSTOLO

"Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Viemos a ser um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados! Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo" (1Co 4.9-13).

"De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nosso corpo mortal. De modo que em nós atua a morte; mas em vocês, a vida.

Está escrito: 'Cri, por isso falei' (Sl 116.10). Com esse mesmo espírito de fé nós também cremos e, por isso, falamos, porque sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês. Tudo isso é para o bem de vocês, para que a graça, que está alcançando um número cada vez maior de pessoas, faça que transbordem as ações de graças para a glória de Deus.

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno" (2Co 4.8-18).

"Não damos motivo de escândalo a ninguém, em circunstância alguma, para que o nosso ministério não caia em descrédito. Ao contrário, como servos de Deus, recomendamo-nos de todas as formas: em muita perseverança; em sofrimentos, privações e tristezas; em açoites, prisões e tumultos; em trabalhos árduos, noites sem dormir e jejuns; em pureza, conhecimento, paciência e bondade; no Espírito Santo e no amor sincero; na palavra da verdade e no poder de Deus; com as armas da justiça, quer de ataque, quer de defesa; por honra e por desonra; por difamação e por boa fama; tidos por enganadores, sendo verdadeiros; como desconhecidos, apesar de bem conhecidos; como morrendo, mas eis que vivemos; espancados, mas não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo muitos outros; nada tendo, mas possuindo tudo" (2Co 6.3-10).

Que diferença dos verdadeiros Apóstolos do Novo Testamento para esse bando medonho de "superapóstolos" e falsos apóstolos de hoje! Quanta diferença entre Paulo e os mercenários de hoje, que constróem verdadeiros impérios financeiros para si, à custa da fé, da ignorância e da ganância de multidões fanatizadas! Quanta diferença entre os Apóstolos do Evangelho de Jesus Cristo, e os "apóstolos", "patriarcas" e "bispos" do evangelho da prosperidade, um falso e mentiroso evangelho, utilizado por mercenários da fé - homens que nem de longe lembram a honradez, honestidade e abnegação de um verdadeiro Apóstolo de Jesus Cristo.

Texto bíblico utilizado: NVI.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CULTURALMENTE DEIXADOS PARA TRÁS

Por Gary North.
Traduzido e adaptado por Fábio Vaz.

"Deixados para Trás" é uma série de livros e filmes de sucesso estrondoso, gerando mais de um quarto de bilhão de dólares em somente cinco anos. Muito dinheiro, muitos leitores, grande audiência, grandes esperanças para um pequeno produtor de filmes.

Um dos co-autores dessa série é o Rev. Tim LaHaye, autor de vários livros, dentre os quais "Temperamentos Transformados", uma espécie de "horóscopo cristão" ("antes eu era de escorpião, agora sou colérico") pseudo-psicológico, e de várias obras de cunho dispensacionalista.

A série "Deixados para Trás" é baseada no fundamentalismo dispensacionalista e na premissa de que Mateus 13 não deve ser interpretado de modo literal. Essa é uma passagem que trata com o tema do Reino de Deus na história humana. Contém muitas das parábolas de Jesus, incluindo a que trata do joio e do trigo. Essa é a parábola na qual os trabalhadores dirigem-se ao dono do campo e dizem que um inimigo semeou joio em meio ao trigo. Eles devem arrancar o joio?

"Ele respondeu: Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderiam arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até a colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro" (Mt 13.29,30).

Os discípulos de Jesus aproximaram-se dele, depois que as multidões se haviam ido, e perguntaram-lhe acerca do significado dessa parábola.

"Ele respondeu: Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno, e o inimigo que o semeia é o diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheita são anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era. O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz cair no pecado e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça" (Mt 13.37-43).

Jesus foi absolutamente claro: não haverá separação coletiva entre pecadores e santos na história. Somente no fim dos tempos haverá uma separação corporativa: ovelhas e bodes, trigo e joio, salvos e perdidos, os que guardam o pacto e os que não guardam. Mas até então a separação é somente institucional e confessional, não física nem corporativa. 

Até 1830 a Igreja Cristã ensinou universalmente a doutrina da não-separação na história. Mas em 1830 uma pequena seita inglesa fundada por Edward Irving proclamou uma nova doutrina. A Igreja escapará da tribulação futura de sete anos ao ser retirada da história! A Igreja será levada ao céu num evento chamado de "arrebatamento"! (A palavra "arrebatamento" não aparece no texto grego do Novo Testamento, e muito menos a ideia de que uma futura tribulação durará exatos sete anos).

As ideias dos seguidores de Irving foram logo adotadas por John Nelson Darby, líder de uma pequena seita britânica conhecida como Os Irmãos de Plymouth. Darby levou essa doutrina aos Estados Unidos, e a partir de 1880 ela começou a ser difundida entre os fundamentalistas daquele país, em parte graças aos esforços de C. I. Scofield, autor das notas da "Bíblia de estudo" que leva seu nome. Os fundamentalistas, em sua luta contra o "Evangelho Social" e o liberalismo teológico, tornaram-se presas fáceis das concepções de Irving-Darby, aceitando a tese do arrebatamento pré-tribulacionista e pré-milenista. Tal arrebatamento acontecerá 1007 anos antes do Juízo Final, sete anos antes da volta de Cristo e do início do milênio.

Outra novidade desse esquema era que Cristo arrebataria a Igreja logo antes do início da tribulação, e três anos e meio antes do período conhecido como "grande tribulação" (que duraria, igualmente, três anos e meio, totalizando sete anos). No final da grande tribulação o Senhor retornará para estabelecer Seu reino de mil anos. O pré-milenismo tradicional ou histórico, ao contrário, sempre ensinou que Cristo retornará somente no fim da tribulação (um período indefinido de tempo, e não sete anos exatos) e que a Igreja passará por toda a tribulação, sem nenhum arrebatamento pré-tribulacionista. Segundo o pré-milenismo histórico, não haverá nenhum período da história humana em que a Igreja não esteja presente.

Mas para Irving e Darby, e seus seguidores, os dispensacionalistas, Jesus Cristo virá secretamente para arrebatar a Igreja e levá-la ao céu, "deixando para trás" o restante da humanidade, que enfrentará sozinha os horrores da grande tribulação. Logo o Anticristo estabelecerá um governo mundial e três anos e meio depois do arrebatamento os exércitos do Anticristo cercarão Jerusalém e matarão quase dois terços dos judeus de todo o mundo (alguém precisa avisar os dispensacionalistas que há muitos judeus em Nova York, Los Angeles, Miami, e muitos outros lugares do mundo...).

Uma razão psicológica importante pela qual os fundamentalistas norte-americanos apóiam com tanto afinco o Estado de Israel é a seguinte: a doutrina do arrebatamento pré-tribulacionista ensina que a futura perseguição aos santos será a perseguição aos judeus, não aos cristãos! Pois os cristãos já teriam sido "arrebatados".


"Deixados para Trás" é inteiramente baseado na doutrina do arrebatamento pré-tribulacionista de Darby, o que é um verdadeiro dogma para a maioria dos dispensacionalistas. A série identifica os bandidos (funcionários das Nações Unidas e dos Bancos Centrais internacionais) e os mocinhos (os cristãos irrelevantes, que desaparecem logo no início da história, deixando para trás suas roupas e pertences). Isso deixa aos não-cristãos o posto de protagonistas da história.


O filme e o livro começam com o desaparecimento instantâneo e misterioso de milhões de pessoas ao redor do mundo, todos os verdadeiros cristãos do planeta. Um desaparecimento silencioso, abrupto, inexplicável. O problema dos autores do livro é que - aparentemente - esqueceram-se de mencionar a trombeta.


Em 1Tessalonicenses 4.16,17 lemos: "Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre."


Em outra epístola Paulo escreveu: "num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados". A trombeta é mencionada nas duas passagens, sinalizando que o evento será tudo, menos secreto e silencioso. Ao contrário, será público e aberto. Ambas passagens referem-se ao mesmo evento, o retorno de Jesus Cristo, visível e manifesto a todos, jamais secreto.


Por que a voz do arcanjo e a trombeta de Deus não são mencionadas no livro e no filme? Porque a série "Deixados para Trás" fala de um arrebatamento secreto, bem ao estilo dispensacionalista. Segundo eles, todos os cristãos desaparecerão da Terra, mas ninguém ouvirá trombeta alguma, nem verá o Senhor, pois Ele virá secretamente.


Depois do arrebatamento secreto, segundo o enredo, a vida prossegue normalmente. Todos os cristãos do planeta desapareceram, mas as companhias aéreas continuam operando, os bancos continuam abertos, as redes de TV continuam transmitindo. Em suma, a sociedade continua funcionando muito bem, obrigado. A infraestrutura permanece intacta. Todos os cristãos sumiram, e a vida prossegue normalmente.


Gostaria que essa série fosse uma comédia ou uma paródia, mas o livro e o filme representam fielmente a crença dispensacionalista e fundamentalista de que o Cristianismo é socialmente irrelevante.


Os fundamentalistas veem os cristãos como não oferecendo nada socialmente relevante para o mundo, nada culturalmente importante para a civilização humana. O mundo pode se virar muito bem sem os cristãos. Nos campos da Educação, Ciência, Tecnologia, Profissões e Artes - sobretudo nas Artes - os fundamentalistas creem que os cristãos são necessariamente irrelevantes. Podemos perceber claramente essa crença em sua teoria do intervalo de sete anos entre o arrebatamento secreto da Igreja e a segunda vinda de Cristo para estabelecer o reino milenar. A mensagem é clara: a ausência dos cristãos depois do arrebatamento secreto mal será notada, porque eles mal são notados nos dias de hoje.


No filme, a única evidência da ausência dos cristãos é o número de automóveis abandonados subitamente e acidentados. Nenhum avião cai no filme - será que nenhum cristão, em todo o mundo, é capaz de pilotar um avião de passageiros?


A doutrina do arrebatamento secreto pré-tribulacionista deixou uma marca profunda no fundamentalismo norte-americano (e em seus imitadores tupiniquins). Que cristão iria desejar pagar o preço para mudar nossa sociedade, se está esperando um "arrebatamento secreto" a qualquer momento, que o livrará de todos os problemas do mundo? Depois disso, o Anticristo herdará a terra por sete anos. Por que, então, sacrificar-se para melhorar a sociedade, se ela cairá inevitavelmente nas mãos dos descrentes e do grande inimigo de Deus?


A Bíblia ensina justamente o contrário: "O homem bom deixa herança para os filhos de seus filhos, mas a riqueza do pecador é armazenada para os justos" (Pv 13.22). Mas a doutrina dispensacionalista do arrebatamento secreto insiste em que a riqueza dos justos ficará para os ímpios. Então, para que trabalhar toda uma vida a fim de construir algo que ficará "para trás", nas mãos dos descrentes? Para que melhorar uma sociedade condenada à ruína?


O protestantismo fundamentalista é radicalmente orientado para o presente, para o aqui e agora, porque não vê esperança no futuro da nação. Por isso, na maioria dos casos, nos Estados Unidos o protestantismo fundamentalista é claramente identificado com as classes economicamente menos produtivas.


Alguém que não tem fé no futuro de seu legado a longo prazo provavelmente não se preocupará em economizar, nem trabalhará longas horas, arduamente, para fundar e desenvolver um negócio, nem dedicará longos anos para obter educação superior, nem fará qualquer outra coisa que envolva sacrifícios a longo prazo, exceto, talvez, missões no estrangeiro. Porque tal pessoa não espera nada de bom para o futuro.


Ludwig von Mises argumentou que as pessoas imediatistas não se importam em pagar juros altos e pouco interesse têm por economizar ou poupar. Disse ainda que as sociedades imediatistas, sem interesse pelo futuro, experimentam escassa formação de capital e baixo crescimento econômico. O resultado é que são "deixadas para trás".


Finalizo este texto com um versículo da Bíblia. Deve ser aplicado em mais de um sentido.


"Se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará para a batalha?" (1Co 14.8).


Cultural, intelectual e politicamente, os fundamentalistas norte-americanos adeptos do dispensacionalismo foram "deixados para trás". Eles têm feito seus melhores esforços para não deixar nada de valor para trás. Estão comprometidos teologicamente com a irrelevância cultural que o dogma dispensacionalista lhes impõe. Culturalmente ouviram o som incerto de uma trombeta errada.




Gary North é autor de uma série de onze volumes chamada "Um Comentário Econômico da Bíblia". A série pode ser baixada gratuitamente (em inglês) no site do autor: www.garynorth.com.


Fonte:


Hombre Reformado.
http://www.hombrereformado.org/culturalmente-dejado-atras

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A SOBERANIA DE DEUS

Por Rev. G. Van Baren.

Muitas pessoas negam a Deus e Seu controle sobre todas as coisas. Insistem em caminhar em sua própria ignorância, pois rejeitam o testemunho bíblico. No entanto, muitos cristãos também parecem incertos quanto à extensão do poder e do controle soberano de Deus. Estão dispostos a conceder que Deus salva os pecadores, mas não têm certeza se Deus pode realmente levar a cabo Seu propósito. Tais crentes concordam que Deus envia todas as coisas boas, mas não estão dispostos a crer que Ele envie também guerras e enfermidades. Estão sempre a postos para afirmar que Deus guia e orienta as pessoas de bem – mas negam que os homens maus e perversos também estejam sob o controle e a direção do Todo-Poderoso.

Uma das verdades defendidas histórica e enfaticamente pelas igrejas reformadas (calvinistas) é a da soberania do nosso Deus. A soberania de Deus refere-se ao governo total e absoluto de Deus sobre todas as coisas, um tipo de governo que somente Deus possui. A soberania de Deus não tem limitações e é um direito pessoal de Deus. Ele não é o dirigente de uma espécie de democracia na qual o governo é exercido de acordo com a vontade da maioria. Antes, o governo e a autoridade pertencem exclusivamente a Deus, e Ele os exercita plenamente em Sua criação. Ele é soberano. Nada nem ninguém escapa à Sua vontade.

Esta é uma verdade vital. Se abandonada ou distorcida, não resta nada senão doutrinas e opiniões contrárias à Palavra de Deus. Considere essa questão à luz do ensino bíblico.

Em primeiro lugar, a soberania de Deus inclui o fato de que Ele formou todo o universo por meio de Sua poderosa Palavra, além de preservar a existência do mesmo. Esse é um fato assombroso! O universo em si mesmo é tão vasto que o homem não sabe como descrever seu começo ou fim. O número de estrelas é tão grande que é praticamente incontável. A energia lançada ao espaço por esses corpos celestiais não pode ser medida.

Alguns afirmam que é impossível conhecer a origem do universo. Alguns sugerem que ele é eterno, que sempre existiu. Mas a Bíblia simplesmente diz que “no princípio Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1) e que “pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível” (Hb 11.3). Deus criou o universo e está infinitamente acima e além do universo. Como disse Salomão ao orar pela dedicação do templo em Jerusalém: “Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí!” (1Rs 8.27).

Mas a soberania de Deus não está limitada à criação do universo. Ele é soberano e dirige e governa tudo o que acontece. Deus coloca o mar dentro de seus limites: “Quem represou o mar pondo-lhe portas, quando ele irrompeu do ventre materno?” (Jó 38.8). E novamente: “Ele cobre o céu de nuvens, concede chuvas à terra e faz crescer a relva nas colinas” (Sl 147.8). Não é surpreendente que Deus faça cada gota de chuva cair onde Ele quer? Sim, Ele faz cada floco de neve cair de acordo com a Sua vontade. E essa não é toda a extensão de Seu poder. O poder de Deus se estende sobre as aves dos céus e mesmo sobre os cabelos de nossas cabeças. Jesus disse: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Mt 10.29,30).

E ainda mais surpreendente é o fato de que Deus dirige as guerras, a peste, as enfermidades, as calamidades e os vendavais sobre a terra. Deus não envia somente a paz, Ele também ordena a guerra. Ele não somente concede saúde, mas também envia a enfermidade e a morte. Deus diz em Isaías 45.7: “Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o SENHOR, faço todas essas coisas”. E lemos no Salmo 46.8: “Venham! Vejam as obras do SENHOR, seus feitos estarrecedores na terra”. Portanto, quando os cristãos ficam sabendo ou mesmo se deparam com terríveis tempestades ou tornados, quando eles testemunham a destruição causada pelas epidemias, quando eles veem a ruína e a devastação das guerras, deixem que eles confessem: “A mão do Senhor dirige todas essas coisas”.

Há algo ainda mais maravilhoso a respeito da soberania de Deus. Seu governo alcança ainda os homens mais perversos – e até mesmo o diabo. Muitos negam isso. Frequentemente sugerem que Deus influencia e dirige os homens “bons”, mas os homens perversos e os demônios seriam forças menores alheias ao governo divino. Admitem que Deus pode frustrar os planos diabólicos dessas forças das trevas, mas afirmam que elas são, fundamentalmente, forças independentes. Se essa opinião fosse correta, haveria uma séria limitação ao poder e à soberania de Deus. O fato, no entanto, é que Deus é soberano também com respeito ao mal e aos agentes da maldade. Eles não podem levantar um só dedo, não podem levar a cabo nenhum ato perverso sem que estejam debaixo do controle absoluto de Deus.

A Escritura demonstra cabalmente a veracidade de nossas afirmações. Em Êxodo, capítulos 3 e 4, lemos que Moisés, que havia fugido do Egito, pastoreava os rebanhos de seu sogro Jetro. Esta era a sua ocupação havia muitos anos. Porém, de repente, Deus mudou a vida de Moisés. Deus se encontrou com Moisés na sarça que ardia sem se consumir, ordenou-lhe que fosse a Faraó e que ordenasse ao rei do Egito que libertasse o povo de Deus. Mas então, Deus disse a Moisés: “Quando você voltar ao Egito, tenha o cuidado de fazer diante do faraó todas as maravilhas que concedi a você o poder de realizar. Mas eu vou endurecer o coração dele, para não deixar o povo ir” (Ex 4.21). Como resultado desse ato de Deus, o coração de Faraó se endureceu. E apesar de Deus ter endurecido o coração de Faraó, o próprio Faraó é que foi responsabilizado e terrivelmente castigado, por meio das dez pragas, pelo seu pecado de resistir a Deus.

E por que Deus endureceria o coração de Faraó? O Apóstolo Paulo responde em Romanos 9.17: “Pois a Escritura diz ao faraó: Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra”.

Outros exemplos são mencionados nas Escrituras. Em 1Reis 22, Ahab busca o conselho de seus falsos profetas para enfrentar a Síria. Esses falsos profetas, de forma unânime, o aconselharam a guerrear contra os sírios, assegurando-lhe a vitória. Mas então Ahab chamou um profeta de Deus, Micaías. Micaías explicou ao rei que Deus havia colocado um espírito mentiroso na boca daqueles falsos profetas, para que Ahab fosse morto em batalha. Deus era soberano mesmo sobre aqueles falsos profetas!

Isso não é tudo. Mesmo o diabo está sob o controle direto de Deus. Possivelmente a evidência mais clara a esse respeito encontra-se no livro de Jó. No primeiro capítulo lemos que Satanás comparece diante de Deus. Deus chama a atenção de Satanás para Jó, “irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, retrucou Satanás (v.9). Então Deus diz a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele” (v. 12). Assim Deus deu a Satanás um poder específico, porém limitado, para levar a cabo seu malvado desígnio de tentar fazer Jó amaldiçoar a Deus.

Mas a Bíblia revela mais e surpreendentes provas da soberania de Deus. Esse Deus Todo-Poderoso, por meio de Seu próprio poder, salva o Seu povo do pecado e da morte e o leva em segurança ao lar celestial. Muitos pregadores equivocados podem sugerir que Deus não pode salvar o pecador, que essa é uma escolha puramente humana. Sugerem que Jesus bate à porta do pecador insistentemente, do lado de fora, chamando à porta. A ação decisiva que leva à salvação deve ser tomada pelo homem. Mas não é isso o que a Bíblia ensina. Em Jeremias 31.18,19 lemos: “Ouvi claramente Efraim lamentando-se: Tu me disciplinaste como a um bezerro indomado, e fui disciplinado. Traze-me de volta, e voltarei, porque tu és o SENHOR, o meu Deus. De fato, depois de desviar-me, eu me arrependi; depois que entendi, bati no meu peito. Estou envergonhado e humilhado porque trago sobre mim a desgraça da minha juventude”. E lemos sobre a pregação dos missionários Paulo e Barnabé: “Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna” (At 13.48). Em outra viagem missionária, Paulo pregou a um grupo de mulheres às margens de um rio. Uma dessas mulheres chamava-se Lídia. Sobre ela a Bíblia declara: “Uma das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo” (At 16.14).

A soberania de Deus também torna-se evidente na crucificação de Jesus. Ao examinar os eventos da crucificação, poder-se-ia pensar que Deus perdeu o controle. Aparentemente Satanás esteve prestes a vencer. Mas isso foi exatamente o que não aconteceu! Deus tinha todas as coisas sob controle na cruz. Tudo o que aconteceu, aconteceu em harmonia com o Seu propósito. É assim que Pedro explica aos seus ouvintes no Pentecoste, quando disse: “Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz” (At 2.23). Deus havia determinado que a cruz deveria vir – mas homens perversos tomaram e crucificaram Jesus. Assim, Deus utilizou a má ação de homens maus para cumprir Seu glorioso propósito.

É também esse mesmo soberano e todo-poderoso poder de Deus que Ele exerce preservando Seu povo na salvação que Ele nos concede. Lemos em Filipenses 1.6: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus”.

O Deus soberano revelou Seu controle absoluto sobre todas as coisas, salvando Seu povo do pecado e levando-o à glória celestial.

É importante que o cristão fiel sustente esse ensino bíblico a respeito da soberania de Deus? Certamente! A própria razão de ser do universo é para que o nome de Deus seja grandemente exaltado. Tudo o que aconteceu, tudo o que está para acontecer deve servir ao propósito de glorificar a Deus. Ninguém nem nada poderá tentar tirar qualquer coisa da soberania do nosso Deus.

A marca característica de toda heresia é comprometer a verdade da soberania de Deus. O homem introduzirá tudo o que exalta ao homem, tudo o que exalta o poder e a habilidade do homem, ou aquilo que faz com que o homem tenha certa capacidade para merecer ou conquistar algo de Deus. Ou então deliberadamente tentam sugerir que outros possuem um poder independente de Deus.

Mas a marca de um verdadeiro cristão e de uma verdadeira igreja cristã é crer e confessar a verdade bíblica da absoluta soberania de Deus. Toda doutrina, toda confissão de fé deve estar alicerçada sobre a verdade da soberania de Deus. Qualquer coisa que diminua essa verdade deve ser rejeitada. A verdadeira doutrina bíblica revela a verdade de que Deus é o único Soberano do universo.

O cristão também deve viver e andar no conhecimento dessa verdade. Muitas vezes alguém pode pensar a respeito de si mesmo como se fosse independente – livre do poder e da autoridade de Deus. Uma pessoa não busca o rosto de Deus em oração como deveria. Ou não apóia a causa do Reino de Deus, como um filho fiel é chamado a fazê-lo. Encontra prazer neste mundo com toda a sua luxúria. Tal indivíduo vive como se Deus não fosse o único Soberano.

Que maravilhosa verdade é a confissão da soberania de Deus! Meu Deus é Aquele que ouve e pode responder minhas orações. Meu Deus dirige todas as coisas para o bem (Rm 8.28). Porque meu Deus é absolutamente soberano, não há coincidências nem casualidades que possam sobrevir a mim. E certamente na casa do Senhor morarei eternamente – meu Deus soberano faz com que assim seja por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.

Que consolação, que segurança é para o cristão conhecer e confessar a soberania de Deus. Não há nada que nos possa separar do amor de Deus. “Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39). Isso é verdade porque Deus é o Deus Soberano. Sim, graças a Deus que Ele é soberano!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ESPÍRITO SANTO: BATISMO E PLENITUDE

O Espírito Santo é Deus, conhecido tradicionalmente como “a Terceira Pessoa da Trindade”. É Ele quem efetua a experiência do novo nascimento, também chamada de batismo no Espírito Santo. Isso ocorre no momento em que cremos em Jesus e entregamos nossa vida a Ele, quando então recebemos o Espírito Santo. Assim, o cristão torna-se templo vivo do Deus vivo, templo do Espírito Santo, morada de Deus, unido a Cristo e participante das bênçãos da salvação. Esse “batismo” marca o início de nossa nova vida em Cristo e é, também, a nossa integração ao Corpo de Cristo, a Igreja. O batismo no Espírito Santo também recebe os nomes de selo, penhor, habitação, regeneração e novo nascimento, entre outros.

O cumprimento das promessas do derramamento do Espírito Santo deu-se em Jerusalém sobre os discípulos de Cristo (At 2.1-21,33). Os crentes samaritanos também receberam o derramamento do Espírito (At 8.14-17), bem como os gentios convertidos a Cristo (At 10.44-46). Os sinais – especialmente o falar em línguas – autenticavam a realidade do derramamento do Espírito. Os cristãos judeus precisavam desse tipo de autenticação, para aceitar os crentes samaritanos e gentios como irmãos em Cristo (cf. At 11.17,18). Os cristãos efésios, de igual maneira, receberam o Espírito (At 19.2-6). Estava cumprida a promessa (At 2.39).

Em todo o Novo Testamento, não há nenhum trecho, nenhuma passagem, onde conste uma exortação para “buscar o batismo no Espírito Santo”. Por quê? Porque o batismo no Espírito Santo é o ato soberano e gracioso de Deus de enviar o Espírito para os crentes no momento da conversão, ao receberem Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, unindo-os então ao Corpo de Cristo, a Igreja (At 2.38,39; Ef 1.13,14; Rm 8.9; 1Co 12.13). Quando a pessoa crê em Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, recebe o Espírito (Rm 8.8,9; 1Co 12.13; Ef 1.13). No caso de At 2, houve o cumprimento histórico de uma profecia (Jl 2.28-32; cf. At 2.17-21). Esse cumprimento precisava ser perceptível para ser reconhecido (At 2.12,16). E foi o início de um novo relacionamento entre o Espírito Santo e o povo de Deus. Hoje, tais sinais perceptíveis já não são necessários, e o dom de línguas, assim como qualquer outro dom espiritual, não é um “sinal” do batismo no Espírito Santo, mas sim um presente de Deus àqueles que já são habitação do Espírito, pela fé em Jesus. Experiências posteriores de crentes atuais com o Espírito Santo (como o falar em línguas, por exemplo) são explicadas, biblicamente, como a “plenitude” ou enchimento do Espírito – ou, simplesmente, conversão genuína! [1]

Experiências com o Espírito Santo são sempre bem-vindas – quando genuínas! O Espírito Santo é Deus; Ele não virá com poder sem um propósito definido, visando glorificar a Deus. Toda experiência genuína com o Espírito Santo causará, certamente, uma mudança no caráter e na vida do crente, santificando-o e tornando-o uma pessoa mais amorosa, mais humilde e mais ativa no serviço a Deus e na fé em Cristo. Infelizmente, hoje em dia, em muitos lugares, o Espírito Santo é usado como mero pretexto para experiências subjetivas e meramente emocionais, que nada têm a ver com a genuína experiência cristã. O Espírito Santo jamais fará qualquer coisa contrária à Palavra que Ele mesmo inspirou e esclarece.

NOTA:
[1]. Mais informações sobre batismo e plenitude do Espírito Santo podem ser encontradas em GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999; e STOTT, John. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O TRÍPLICE PROPÓSITO DE DEUS


Em Efésios 1.1-14 a Palavra de Deus, por meio da inspiração do Espírito e da genialidade de Paulo, nos presenteia com um belíssimo vislumbre da eternidade:

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso:

A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.

Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória.

Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.

Aqui podemos ver, entre tantos tesouros e gemas preciosas, um tríplice propósito na eleição divina, no eterno desígnio de Deus para as vidas dos remidos.

Em primeiro lugar, Deus, desde a eternidade, nos abençoou em Cristo. Jesus é o grande, o maior e o melhor presente de Deus para a humanidade. Em Cristo a palavra “GRAÇA” encontra sua plenitude, todo o seu poder e alcance, toda a sua beleza e maravilha. Não há palavras para descrever o valor e a importância de Jesus Cristo para nós, seres humanos caídos e necessitados, perdidos e condenados além de qualquer esperança de salvação. Sem Jesus, a vida seria uma tragédia e a eternidade um túnel sem fim de trevas, desespero e dor. Estávamos mortos em transgressões e pecados (2.1,5), éramos por natureza merecedores da ira divina (2.3), estrangeiros e forasteiros (2.19), inimigos de Deus (Rm 5.10), ímpios (Rm 5.6). Mas, por um amor incompreensível, eterno, infinito, imutável, inquebrantável, o Pai enviou seu precioso e  amado Filho para nos resgatar (Jo 3.16; 2Co 5.21), para sofrer e morrer em nosso lugar, entregando-se totalmente à dor e à morte para nos dar a vida: “Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 5.2). Cristo é o nosso presente, o nosso maravilhoso presente, o amor radiante de Deus resplandecendo em nossas vidas, dissipando as trevas. Nele temos a vida eterna, a redenção, a salvação, nele temos o propósito e o sentido da vida, a recompensa e o prêmio, a alegria e a paz. Suas mãos estendidas na cruz, suas feridas, são a marca eterna de seu amor por nós. Sua ressurreição e sua vida são a garantia de nossa felicidade, de nossa bem-aventurança eterna. Jesus Cristo é suficiente e Ele é nosso bem supremo, nosso tesouro, nossa paz, nossa alegria. Nele temos todas as bênçãos celestiais, o Céu e a eternidade abertos para nós. Nele somos adotados como filhos do maravilhoso Deus de amor, e desfrutaremos de Sua bendita presença para todo o sempre e do derramar perpétuo de Seu amor. Nele temos a redenção de todos, todos, todos os nossos pecados, a purificação de nossas vidas, de nossas mentes, de nossas emoções, de nossas almas, de nossa consciência para que desfrutemos da eternidade sem culpa nem dor, as indescritíveis riquezas de Sua graça. Nele recebemos, já agora, o Espírito Santo há muito prometido, nosso maravilhoso Conselheiro que nos acompanha nesta vida e nos sela como propriedade exclusiva de Deus. Em Cristo temos tudo! Nele, e somente nele, recebemos absolutamente todas as bênçãos de Deus.

Em segundo lugar, Deus, desde a eternidade, nos predestinou para o louvor da Sua glória. Deus nos criou para o louvor da Sua glória (Is 43.7). Em Cristo, esse propósito soberano de Deus cumpre-se finalmente em nossas vidas. Sem Deus não há propósito nem sentido nem razão para viver. Sem Cristo erramos o alvo de nossa existência e vivemos e morremos para nós mesmos e não para Deus, nosso Criador. Sem Cristo a vida humana não passa de um grande desperdício e de uma grande tragédia. Sem Cristo a humanidade não passa de um grande rio caudaloso a despencar em cataratas nas profundezas abissais do inferno. (Passaremos a eternidade perscrutando as grandezas insondáveis de Cristo, descobrindo mais e mais, infinitamente mais, riquezas e tesouros da salvação!) Somente em Cristo a vida humana adquire sentido e propósito, pois em Cristo finalmente somos restaurados para que vivamos para o louvor da glória de Deus. Todas as coisas – inclusive nós, seres humanos – foram criadas por Ele e para Ele (Rm 11.36; Cl 1.16). “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Fomos feitos para glorificar a Deus em nosso falar, em nosso pensar, em nosso agir, em nosso viver, em nosso sentir, em nosso proceder. Fomos feitos para glorificar a Deus com nossa conduta, com nossas ações, com nosso raciocínio, com nossas emoções. Fomos feitos para glorificar a Deus com tudo o que fomos e seremos, com tudo o que somos e temos. Fomos feitos para glorificar a Deus amando e servindo a Deus e ao nosso próximo, nesse bendito rio de amor que flui do coração do Pai para o nosso coração (Rm 5.5). Somente em Cristo a humanidade recupera a esperança que havia perdido. Sim, só em Cristo a vida humana adquire razão, propósito e sentido! Fomos feitos para glorificar a Deus.

Em terceiro lugar, Deus, desde a eternidade, nos escolheu para a santidade. Fomos escolhidos desde antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença (v. 4). Ele nos separou desde a eternidade para Si. Ele nos separou desde a eternidade do pecado e da morte. Desde a eternidade nos escolheu, selecionou e separou para uma vida de beleza e valor. Esse propósito eterno cumpre-se a cada dia, no tempo, em nossas vidas, nos separando dia a dia para Si, continuamente nos separando do pecado e da morte, por meio de Sua graça, de Sua Palavra, do Espírito Santo da promessa. No devido tempo Ele enviou Seu Filho para nos resgatar e transformar, nos salvar e separar do mal e da morte. Preparou na eternidade um caminho de boas obras para nós (2.10), para que no tempo andemos por ele, um Caminho que nos santifica, que nos separa. Nos separa do mal. Nos separa para Ele. Passo a passo, no tempo. Um passo de cada vez, no Caminho eterno preparado para nós. Esse Caminho é Cristo. Vida em santidade é vida em Cristo, vida em obediência, vida em sintonia com o Eterno. Ele mesmo é o caminho e o destino. Ele mesmo é nosso guia e companheiro nessa caminhada. Suas misericórdias se renovam a cada manhã, no tempo, em nossas vidas, pois assim Ele decidiu na eternidade, ao nos separar. A vida cristã é uma caminhada, ou uma corrida, passo a passo na vontade de Deus. Ele nos escolheu para uma vida de santidade. No passado, na velha vida sem Deus, já gastamos tempo suficiente fazendo a vontade da carne, da nossa velha natureza pecaminosa. Vida em santidade é a nova vida que Ele nos dá: as coisas velhas passaram, eis que surgem coisas novas (2Co 5.17)! Deus é Deus de coisas novas, de novidade de vida, de vida nova, e nos separou para que andemos em novidade de vida, vida eterna e plena, vida transbordante e indestrutível. Ele nos separou para Si desde a eternidade. Quem nos separará do amor de Cristo? Ele mesmo nos separou para Si! Por isso, nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (cf. Rm 8.35,38,39). Ele nos separou para Si desde a eternidade para que vivamos uma vida separados do pecado e do mal e da morte e da condenação. Ele nos separou para Si desde a eternidade para que vivamos livres do pecado e de suas consequências. Ele nos separou para Si desde a eternidade para que sejamos santos e irrepreensíveis em Sua presença bendita. Ah, os prazeres transitórios do pecado não valem a pena, jamais valem a pena, quando comparados com a suprema grandeza e o supremo privilégio e a suprema alegria e o supremo deleite da presença de Cristo em nossas vidas! Jesus é a alegria suprema, o prazer supremo, capaz de mais do que compensar qualquer suposto “prazer” que este mundo possa aparentemente oferecer! Ele nos separou para Si desde a eternidade para que hoje, no tempo, tenhamos prazer e alegria e plena satisfação n’Ele e somente n’Ele, a fim de sermos santos e irrepreensíveis em Sua presença maravilhosa. Por isso a vida em santidade é mais bela, valiosa e produtiva do que qualquer outro estilo de vida que possa existir ou que possamos imaginar. Ele nos separou para Si para que sejamos santos e vivamos verdadeiramente como santos – separados do pecado, do mal e de uma vida sem Deus. Ele nos separou desde a eternidade para Si.

Este post é baseado em um sermão que preguei no dia do Senhor, 08 de janeiro de 2012, na Primeira Igreja Presbiteriana Reformada do Uruguai, na cidade de Rivera - Uruguai.