sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A SOBERANIA DE DEUS

Por Rev. G. Van Baren.

Muitas pessoas negam a Deus e Seu controle sobre todas as coisas. Insistem em caminhar em sua própria ignorância, pois rejeitam o testemunho bíblico. No entanto, muitos cristãos também parecem incertos quanto à extensão do poder e do controle soberano de Deus. Estão dispostos a conceder que Deus salva os pecadores, mas não têm certeza se Deus pode realmente levar a cabo Seu propósito. Tais crentes concordam que Deus envia todas as coisas boas, mas não estão dispostos a crer que Ele envie também guerras e enfermidades. Estão sempre a postos para afirmar que Deus guia e orienta as pessoas de bem – mas negam que os homens maus e perversos também estejam sob o controle e a direção do Todo-Poderoso.

Uma das verdades defendidas histórica e enfaticamente pelas igrejas reformadas (calvinistas) é a da soberania do nosso Deus. A soberania de Deus refere-se ao governo total e absoluto de Deus sobre todas as coisas, um tipo de governo que somente Deus possui. A soberania de Deus não tem limitações e é um direito pessoal de Deus. Ele não é o dirigente de uma espécie de democracia na qual o governo é exercido de acordo com a vontade da maioria. Antes, o governo e a autoridade pertencem exclusivamente a Deus, e Ele os exercita plenamente em Sua criação. Ele é soberano. Nada nem ninguém escapa à Sua vontade.

Esta é uma verdade vital. Se abandonada ou distorcida, não resta nada senão doutrinas e opiniões contrárias à Palavra de Deus. Considere essa questão à luz do ensino bíblico.

Em primeiro lugar, a soberania de Deus inclui o fato de que Ele formou todo o universo por meio de Sua poderosa Palavra, além de preservar a existência do mesmo. Esse é um fato assombroso! O universo em si mesmo é tão vasto que o homem não sabe como descrever seu começo ou fim. O número de estrelas é tão grande que é praticamente incontável. A energia lançada ao espaço por esses corpos celestiais não pode ser medida.

Alguns afirmam que é impossível conhecer a origem do universo. Alguns sugerem que ele é eterno, que sempre existiu. Mas a Bíblia simplesmente diz que “no princípio Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1) e que “pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível” (Hb 11.3). Deus criou o universo e está infinitamente acima e além do universo. Como disse Salomão ao orar pela dedicação do templo em Jerusalém: “Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí!” (1Rs 8.27).

Mas a soberania de Deus não está limitada à criação do universo. Ele é soberano e dirige e governa tudo o que acontece. Deus coloca o mar dentro de seus limites: “Quem represou o mar pondo-lhe portas, quando ele irrompeu do ventre materno?” (Jó 38.8). E novamente: “Ele cobre o céu de nuvens, concede chuvas à terra e faz crescer a relva nas colinas” (Sl 147.8). Não é surpreendente que Deus faça cada gota de chuva cair onde Ele quer? Sim, Ele faz cada floco de neve cair de acordo com a Sua vontade. E essa não é toda a extensão de Seu poder. O poder de Deus se estende sobre as aves dos céus e mesmo sobre os cabelos de nossas cabeças. Jesus disse: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Mt 10.29,30).

E ainda mais surpreendente é o fato de que Deus dirige as guerras, a peste, as enfermidades, as calamidades e os vendavais sobre a terra. Deus não envia somente a paz, Ele também ordena a guerra. Ele não somente concede saúde, mas também envia a enfermidade e a morte. Deus diz em Isaías 45.7: “Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o SENHOR, faço todas essas coisas”. E lemos no Salmo 46.8: “Venham! Vejam as obras do SENHOR, seus feitos estarrecedores na terra”. Portanto, quando os cristãos ficam sabendo ou mesmo se deparam com terríveis tempestades ou tornados, quando eles testemunham a destruição causada pelas epidemias, quando eles veem a ruína e a devastação das guerras, deixem que eles confessem: “A mão do Senhor dirige todas essas coisas”.

Há algo ainda mais maravilhoso a respeito da soberania de Deus. Seu governo alcança ainda os homens mais perversos – e até mesmo o diabo. Muitos negam isso. Frequentemente sugerem que Deus influencia e dirige os homens “bons”, mas os homens perversos e os demônios seriam forças menores alheias ao governo divino. Admitem que Deus pode frustrar os planos diabólicos dessas forças das trevas, mas afirmam que elas são, fundamentalmente, forças independentes. Se essa opinião fosse correta, haveria uma séria limitação ao poder e à soberania de Deus. O fato, no entanto, é que Deus é soberano também com respeito ao mal e aos agentes da maldade. Eles não podem levantar um só dedo, não podem levar a cabo nenhum ato perverso sem que estejam debaixo do controle absoluto de Deus.

A Escritura demonstra cabalmente a veracidade de nossas afirmações. Em Êxodo, capítulos 3 e 4, lemos que Moisés, que havia fugido do Egito, pastoreava os rebanhos de seu sogro Jetro. Esta era a sua ocupação havia muitos anos. Porém, de repente, Deus mudou a vida de Moisés. Deus se encontrou com Moisés na sarça que ardia sem se consumir, ordenou-lhe que fosse a Faraó e que ordenasse ao rei do Egito que libertasse o povo de Deus. Mas então, Deus disse a Moisés: “Quando você voltar ao Egito, tenha o cuidado de fazer diante do faraó todas as maravilhas que concedi a você o poder de realizar. Mas eu vou endurecer o coração dele, para não deixar o povo ir” (Ex 4.21). Como resultado desse ato de Deus, o coração de Faraó se endureceu. E apesar de Deus ter endurecido o coração de Faraó, o próprio Faraó é que foi responsabilizado e terrivelmente castigado, por meio das dez pragas, pelo seu pecado de resistir a Deus.

E por que Deus endureceria o coração de Faraó? O Apóstolo Paulo responde em Romanos 9.17: “Pois a Escritura diz ao faraó: Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra”.

Outros exemplos são mencionados nas Escrituras. Em 1Reis 22, Ahab busca o conselho de seus falsos profetas para enfrentar a Síria. Esses falsos profetas, de forma unânime, o aconselharam a guerrear contra os sírios, assegurando-lhe a vitória. Mas então Ahab chamou um profeta de Deus, Micaías. Micaías explicou ao rei que Deus havia colocado um espírito mentiroso na boca daqueles falsos profetas, para que Ahab fosse morto em batalha. Deus era soberano mesmo sobre aqueles falsos profetas!

Isso não é tudo. Mesmo o diabo está sob o controle direto de Deus. Possivelmente a evidência mais clara a esse respeito encontra-se no livro de Jó. No primeiro capítulo lemos que Satanás comparece diante de Deus. Deus chama a atenção de Satanás para Jó, “irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, retrucou Satanás (v.9). Então Deus diz a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele” (v. 12). Assim Deus deu a Satanás um poder específico, porém limitado, para levar a cabo seu malvado desígnio de tentar fazer Jó amaldiçoar a Deus.

Mas a Bíblia revela mais e surpreendentes provas da soberania de Deus. Esse Deus Todo-Poderoso, por meio de Seu próprio poder, salva o Seu povo do pecado e da morte e o leva em segurança ao lar celestial. Muitos pregadores equivocados podem sugerir que Deus não pode salvar o pecador, que essa é uma escolha puramente humana. Sugerem que Jesus bate à porta do pecador insistentemente, do lado de fora, chamando à porta. A ação decisiva que leva à salvação deve ser tomada pelo homem. Mas não é isso o que a Bíblia ensina. Em Jeremias 31.18,19 lemos: “Ouvi claramente Efraim lamentando-se: Tu me disciplinaste como a um bezerro indomado, e fui disciplinado. Traze-me de volta, e voltarei, porque tu és o SENHOR, o meu Deus. De fato, depois de desviar-me, eu me arrependi; depois que entendi, bati no meu peito. Estou envergonhado e humilhado porque trago sobre mim a desgraça da minha juventude”. E lemos sobre a pregação dos missionários Paulo e Barnabé: “Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna” (At 13.48). Em outra viagem missionária, Paulo pregou a um grupo de mulheres às margens de um rio. Uma dessas mulheres chamava-se Lídia. Sobre ela a Bíblia declara: “Uma das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo” (At 16.14).

A soberania de Deus também torna-se evidente na crucificação de Jesus. Ao examinar os eventos da crucificação, poder-se-ia pensar que Deus perdeu o controle. Aparentemente Satanás esteve prestes a vencer. Mas isso foi exatamente o que não aconteceu! Deus tinha todas as coisas sob controle na cruz. Tudo o que aconteceu, aconteceu em harmonia com o Seu propósito. É assim que Pedro explica aos seus ouvintes no Pentecoste, quando disse: “Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz” (At 2.23). Deus havia determinado que a cruz deveria vir – mas homens perversos tomaram e crucificaram Jesus. Assim, Deus utilizou a má ação de homens maus para cumprir Seu glorioso propósito.

É também esse mesmo soberano e todo-poderoso poder de Deus que Ele exerce preservando Seu povo na salvação que Ele nos concede. Lemos em Filipenses 1.6: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus”.

O Deus soberano revelou Seu controle absoluto sobre todas as coisas, salvando Seu povo do pecado e levando-o à glória celestial.

É importante que o cristão fiel sustente esse ensino bíblico a respeito da soberania de Deus? Certamente! A própria razão de ser do universo é para que o nome de Deus seja grandemente exaltado. Tudo o que aconteceu, tudo o que está para acontecer deve servir ao propósito de glorificar a Deus. Ninguém nem nada poderá tentar tirar qualquer coisa da soberania do nosso Deus.

A marca característica de toda heresia é comprometer a verdade da soberania de Deus. O homem introduzirá tudo o que exalta ao homem, tudo o que exalta o poder e a habilidade do homem, ou aquilo que faz com que o homem tenha certa capacidade para merecer ou conquistar algo de Deus. Ou então deliberadamente tentam sugerir que outros possuem um poder independente de Deus.

Mas a marca de um verdadeiro cristão e de uma verdadeira igreja cristã é crer e confessar a verdade bíblica da absoluta soberania de Deus. Toda doutrina, toda confissão de fé deve estar alicerçada sobre a verdade da soberania de Deus. Qualquer coisa que diminua essa verdade deve ser rejeitada. A verdadeira doutrina bíblica revela a verdade de que Deus é o único Soberano do universo.

O cristão também deve viver e andar no conhecimento dessa verdade. Muitas vezes alguém pode pensar a respeito de si mesmo como se fosse independente – livre do poder e da autoridade de Deus. Uma pessoa não busca o rosto de Deus em oração como deveria. Ou não apóia a causa do Reino de Deus, como um filho fiel é chamado a fazê-lo. Encontra prazer neste mundo com toda a sua luxúria. Tal indivíduo vive como se Deus não fosse o único Soberano.

Que maravilhosa verdade é a confissão da soberania de Deus! Meu Deus é Aquele que ouve e pode responder minhas orações. Meu Deus dirige todas as coisas para o bem (Rm 8.28). Porque meu Deus é absolutamente soberano, não há coincidências nem casualidades que possam sobrevir a mim. E certamente na casa do Senhor morarei eternamente – meu Deus soberano faz com que assim seja por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.

Que consolação, que segurança é para o cristão conhecer e confessar a soberania de Deus. Não há nada que nos possa separar do amor de Deus. “Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39). Isso é verdade porque Deus é o Deus Soberano. Sim, graças a Deus que Ele é soberano!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ESPÍRITO SANTO: BATISMO E PLENITUDE

O Espírito Santo é Deus, conhecido tradicionalmente como “a Terceira Pessoa da Trindade”. É Ele quem efetua a experiência do novo nascimento, também chamada de batismo no Espírito Santo. Isso ocorre no momento em que cremos em Jesus e entregamos nossa vida a Ele, quando então recebemos o Espírito Santo. Assim, o cristão torna-se templo vivo do Deus vivo, templo do Espírito Santo, morada de Deus, unido a Cristo e participante das bênçãos da salvação. Esse “batismo” marca o início de nossa nova vida em Cristo e é, também, a nossa integração ao Corpo de Cristo, a Igreja. O batismo no Espírito Santo também recebe os nomes de selo, penhor, habitação, regeneração e novo nascimento, entre outros.

O cumprimento das promessas do derramamento do Espírito Santo deu-se em Jerusalém sobre os discípulos de Cristo (At 2.1-21,33). Os crentes samaritanos também receberam o derramamento do Espírito (At 8.14-17), bem como os gentios convertidos a Cristo (At 10.44-46). Os sinais – especialmente o falar em línguas – autenticavam a realidade do derramamento do Espírito. Os cristãos judeus precisavam desse tipo de autenticação, para aceitar os crentes samaritanos e gentios como irmãos em Cristo (cf. At 11.17,18). Os cristãos efésios, de igual maneira, receberam o Espírito (At 19.2-6). Estava cumprida a promessa (At 2.39).

Em todo o Novo Testamento, não há nenhum trecho, nenhuma passagem, onde conste uma exortação para “buscar o batismo no Espírito Santo”. Por quê? Porque o batismo no Espírito Santo é o ato soberano e gracioso de Deus de enviar o Espírito para os crentes no momento da conversão, ao receberem Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, unindo-os então ao Corpo de Cristo, a Igreja (At 2.38,39; Ef 1.13,14; Rm 8.9; 1Co 12.13). Quando a pessoa crê em Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, recebe o Espírito (Rm 8.8,9; 1Co 12.13; Ef 1.13). No caso de At 2, houve o cumprimento histórico de uma profecia (Jl 2.28-32; cf. At 2.17-21). Esse cumprimento precisava ser perceptível para ser reconhecido (At 2.12,16). E foi o início de um novo relacionamento entre o Espírito Santo e o povo de Deus. Hoje, tais sinais perceptíveis já não são necessários, e o dom de línguas, assim como qualquer outro dom espiritual, não é um “sinal” do batismo no Espírito Santo, mas sim um presente de Deus àqueles que já são habitação do Espírito, pela fé em Jesus. Experiências posteriores de crentes atuais com o Espírito Santo (como o falar em línguas, por exemplo) são explicadas, biblicamente, como a “plenitude” ou enchimento do Espírito – ou, simplesmente, conversão genuína! [1]

Experiências com o Espírito Santo são sempre bem-vindas – quando genuínas! O Espírito Santo é Deus; Ele não virá com poder sem um propósito definido, visando glorificar a Deus. Toda experiência genuína com o Espírito Santo causará, certamente, uma mudança no caráter e na vida do crente, santificando-o e tornando-o uma pessoa mais amorosa, mais humilde e mais ativa no serviço a Deus e na fé em Cristo. Infelizmente, hoje em dia, em muitos lugares, o Espírito Santo é usado como mero pretexto para experiências subjetivas e meramente emocionais, que nada têm a ver com a genuína experiência cristã. O Espírito Santo jamais fará qualquer coisa contrária à Palavra que Ele mesmo inspirou e esclarece.

NOTA:
[1]. Mais informações sobre batismo e plenitude do Espírito Santo podem ser encontradas em GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999; e STOTT, John. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O TRÍPLICE PROPÓSITO DE DEUS


Em Efésios 1.1-14 a Palavra de Deus, por meio da inspiração do Espírito e da genialidade de Paulo, nos presenteia com um belíssimo vislumbre da eternidade:

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso:

A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.

Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória.

Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.

Aqui podemos ver, entre tantos tesouros e gemas preciosas, um tríplice propósito na eleição divina, no eterno desígnio de Deus para as vidas dos remidos.

Em primeiro lugar, Deus, desde a eternidade, nos abençoou em Cristo. Jesus é o grande, o maior e o melhor presente de Deus para a humanidade. Em Cristo a palavra “GRAÇA” encontra sua plenitude, todo o seu poder e alcance, toda a sua beleza e maravilha. Não há palavras para descrever o valor e a importância de Jesus Cristo para nós, seres humanos caídos e necessitados, perdidos e condenados além de qualquer esperança de salvação. Sem Jesus, a vida seria uma tragédia e a eternidade um túnel sem fim de trevas, desespero e dor. Estávamos mortos em transgressões e pecados (2.1,5), éramos por natureza merecedores da ira divina (2.3), estrangeiros e forasteiros (2.19), inimigos de Deus (Rm 5.10), ímpios (Rm 5.6). Mas, por um amor incompreensível, eterno, infinito, imutável, inquebrantável, o Pai enviou seu precioso e  amado Filho para nos resgatar (Jo 3.16; 2Co 5.21), para sofrer e morrer em nosso lugar, entregando-se totalmente à dor e à morte para nos dar a vida: “Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 5.2). Cristo é o nosso presente, o nosso maravilhoso presente, o amor radiante de Deus resplandecendo em nossas vidas, dissipando as trevas. Nele temos a vida eterna, a redenção, a salvação, nele temos o propósito e o sentido da vida, a recompensa e o prêmio, a alegria e a paz. Suas mãos estendidas na cruz, suas feridas, são a marca eterna de seu amor por nós. Sua ressurreição e sua vida são a garantia de nossa felicidade, de nossa bem-aventurança eterna. Jesus Cristo é suficiente e Ele é nosso bem supremo, nosso tesouro, nossa paz, nossa alegria. Nele temos todas as bênçãos celestiais, o Céu e a eternidade abertos para nós. Nele somos adotados como filhos do maravilhoso Deus de amor, e desfrutaremos de Sua bendita presença para todo o sempre e do derramar perpétuo de Seu amor. Nele temos a redenção de todos, todos, todos os nossos pecados, a purificação de nossas vidas, de nossas mentes, de nossas emoções, de nossas almas, de nossa consciência para que desfrutemos da eternidade sem culpa nem dor, as indescritíveis riquezas de Sua graça. Nele recebemos, já agora, o Espírito Santo há muito prometido, nosso maravilhoso Conselheiro que nos acompanha nesta vida e nos sela como propriedade exclusiva de Deus. Em Cristo temos tudo! Nele, e somente nele, recebemos absolutamente todas as bênçãos de Deus.

Em segundo lugar, Deus, desde a eternidade, nos predestinou para o louvor da Sua glória. Deus nos criou para o louvor da Sua glória (Is 43.7). Em Cristo, esse propósito soberano de Deus cumpre-se finalmente em nossas vidas. Sem Deus não há propósito nem sentido nem razão para viver. Sem Cristo erramos o alvo de nossa existência e vivemos e morremos para nós mesmos e não para Deus, nosso Criador. Sem Cristo a vida humana não passa de um grande desperdício e de uma grande tragédia. Sem Cristo a humanidade não passa de um grande rio caudaloso a despencar em cataratas nas profundezas abissais do inferno. (Passaremos a eternidade perscrutando as grandezas insondáveis de Cristo, descobrindo mais e mais, infinitamente mais, riquezas e tesouros da salvação!) Somente em Cristo a vida humana adquire sentido e propósito, pois em Cristo finalmente somos restaurados para que vivamos para o louvor da glória de Deus. Todas as coisas – inclusive nós, seres humanos – foram criadas por Ele e para Ele (Rm 11.36; Cl 1.16). “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Fomos feitos para glorificar a Deus em nosso falar, em nosso pensar, em nosso agir, em nosso viver, em nosso sentir, em nosso proceder. Fomos feitos para glorificar a Deus com nossa conduta, com nossas ações, com nosso raciocínio, com nossas emoções. Fomos feitos para glorificar a Deus com tudo o que fomos e seremos, com tudo o que somos e temos. Fomos feitos para glorificar a Deus amando e servindo a Deus e ao nosso próximo, nesse bendito rio de amor que flui do coração do Pai para o nosso coração (Rm 5.5). Somente em Cristo a humanidade recupera a esperança que havia perdido. Sim, só em Cristo a vida humana adquire razão, propósito e sentido! Fomos feitos para glorificar a Deus.

Em terceiro lugar, Deus, desde a eternidade, nos escolheu para a santidade. Fomos escolhidos desde antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença (v. 4). Ele nos separou desde a eternidade para Si. Ele nos separou desde a eternidade do pecado e da morte. Desde a eternidade nos escolheu, selecionou e separou para uma vida de beleza e valor. Esse propósito eterno cumpre-se a cada dia, no tempo, em nossas vidas, nos separando dia a dia para Si, continuamente nos separando do pecado e da morte, por meio de Sua graça, de Sua Palavra, do Espírito Santo da promessa. No devido tempo Ele enviou Seu Filho para nos resgatar e transformar, nos salvar e separar do mal e da morte. Preparou na eternidade um caminho de boas obras para nós (2.10), para que no tempo andemos por ele, um Caminho que nos santifica, que nos separa. Nos separa do mal. Nos separa para Ele. Passo a passo, no tempo. Um passo de cada vez, no Caminho eterno preparado para nós. Esse Caminho é Cristo. Vida em santidade é vida em Cristo, vida em obediência, vida em sintonia com o Eterno. Ele mesmo é o caminho e o destino. Ele mesmo é nosso guia e companheiro nessa caminhada. Suas misericórdias se renovam a cada manhã, no tempo, em nossas vidas, pois assim Ele decidiu na eternidade, ao nos separar. A vida cristã é uma caminhada, ou uma corrida, passo a passo na vontade de Deus. Ele nos escolheu para uma vida de santidade. No passado, na velha vida sem Deus, já gastamos tempo suficiente fazendo a vontade da carne, da nossa velha natureza pecaminosa. Vida em santidade é a nova vida que Ele nos dá: as coisas velhas passaram, eis que surgem coisas novas (2Co 5.17)! Deus é Deus de coisas novas, de novidade de vida, de vida nova, e nos separou para que andemos em novidade de vida, vida eterna e plena, vida transbordante e indestrutível. Ele nos separou para Si desde a eternidade. Quem nos separará do amor de Cristo? Ele mesmo nos separou para Si! Por isso, nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (cf. Rm 8.35,38,39). Ele nos separou para Si desde a eternidade para que vivamos uma vida separados do pecado e do mal e da morte e da condenação. Ele nos separou para Si desde a eternidade para que vivamos livres do pecado e de suas consequências. Ele nos separou para Si desde a eternidade para que sejamos santos e irrepreensíveis em Sua presença bendita. Ah, os prazeres transitórios do pecado não valem a pena, jamais valem a pena, quando comparados com a suprema grandeza e o supremo privilégio e a suprema alegria e o supremo deleite da presença de Cristo em nossas vidas! Jesus é a alegria suprema, o prazer supremo, capaz de mais do que compensar qualquer suposto “prazer” que este mundo possa aparentemente oferecer! Ele nos separou para Si desde a eternidade para que hoje, no tempo, tenhamos prazer e alegria e plena satisfação n’Ele e somente n’Ele, a fim de sermos santos e irrepreensíveis em Sua presença maravilhosa. Por isso a vida em santidade é mais bela, valiosa e produtiva do que qualquer outro estilo de vida que possa existir ou que possamos imaginar. Ele nos separou para Si para que sejamos santos e vivamos verdadeiramente como santos – separados do pecado, do mal e de uma vida sem Deus. Ele nos separou desde a eternidade para Si.

Este post é baseado em um sermão que preguei no dia do Senhor, 08 de janeiro de 2012, na Primeira Igreja Presbiteriana Reformada do Uruguai, na cidade de Rivera - Uruguai.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

TEMPOS DE ANGÚSTIA


Que estes últimos anos são tempos difíceis e que os dias atuais vivem de contradição, não há dúvidas. A sociedade tem uma capacidade de metamorfosear-se de forma incrível. Algumas bandeiras levantadas hoje eram impensáveis há alguns anos atrás, verdades científicas tidas como irrefutáveis já caíram, a moda, por mais moderna que seja, sempre se inspira em algo do passado, mas sempre com retoques atuais.

Nada reflete com mais veemência os dias atuais do que o relativismo. O relativismo, filosoficamente, defende que as verdades (morais; religiosas; políticas e científicas) mudam de acordo com a época e conforme a sociedade muda.

Dentro do arcabouço relativista, ninguém é detentor de uma verdade absoluta, pois a mesma não existe, cada grupo e cada indivíduo tem a sua verdade, e a verdade de um não é necessariamente a mesma verdade do outro.

No âmbito moral (e acredito que este seja o mais importante, pois todos os outros são resultados deste), o relativismo ensina que algo é moralmente errado para um e pode não ser para outro, pois os valores morais são diferentes. Aí costuma-se dizer; “esta é a tua verdade, não a minha”. Neste sentido manifesta-se o quão prejudicial é viver o relativismo.

No âmbito moral o relativismo leva a tomada de posições contraditórias e doentias. No âmbito político, manifesta-se de modo que, a despeito da grande arrecadação de impostos e do altíssimo custo dos parlamentares ao bolso do contribuinte, poucas leis são projetadas de forma que supra o anseio da maioria, o que seria de se esperar em uma democracia, ou até a palavra democracia deve ser relativizada?

Quão absurdo, um religioso evangélico orar agradecendo a Deus por dinheiro de corrupção, talvez tivesse lido alguma carta instrutiva de Judas Iscariotes, recebida por sonho de barriga cheia. Ainda, quando alas católicas retrocedem em sua luta quando lembradas que, se seguirem com a oposição teriam seu acordo (Vaticano X Brasil) revisto.

Há uma ausência de verdade para guiar a sociedade? Não! A verdade existe. Esta verdade não é científica, que, aliás, não se propõe a ser a verdade, foi elevada a este nível, por pseudo-cientistas que vivem por fé, não por razão - talvez uma razão de botequim, regada a uísque, café e brioche! Porém não pelos resultados experimentais de seus laboratórios, pois se os mesmos fossem levados a sério, os livros didáticos há muito teriam deixado de lado as farsas ensinadas a gerações passadas, como a existência do Homem de Neanderthal, por exemplo.

A verdade existe, e não é relativa a cada indivíduo e a cada sociedade, tempo e cultura, mas uma verdade universal, eterna e infalível. Sim. Estou falando da verdade única e absoluta sobre o universo, Deus e sua Palavra escrita – a Bíblia.

Quantos e tantos tentaram minimizar o impacto deste livro sobre as sociedades. A Bíblia foi queimada, proibida de ser editada e lida, confiscada e seus leitores foram mortos e torturados, porém, como alguém disse no passado: “a Bíblia é uma bigorna que tem gasto  muitos martelos”, podem bater, não farão nenhum arranhão na Verdade Divina, ela será sempre a ser a verdade absoluta, a despeito da raiva dos opositores.

Verdades como somente a Bíblia: pois somente este livro pode indicar o caminho para a felicidade e a paz e ainda torna o leitor sábio e um bem aventurado.

Somente Cristo: Ele e somente Ele é o redentor, não compartilha sua missão com mais ninguém, os que ele salvou Ele intercede, salva e os torna santos, Ele é o único Mediador e ninguém mais.

Somente a fé: é o instrumento usado por Deus para levar a cabo sua obra no coração humano. Todos têm fé, um cientista quando diz: “o mundo teve origem através do big bang”, está meramente expressando a sua fé, pois ele não pode reproduzir o big bang em laboratório, este evento, se é que existiu, não pode ser experimentado. Um filósofo quando alude às palavras de Platão ou de Sócrates, o faz por fé, porque não se sabe se as palavras realmente foram ditas por esses filósofos, suas cópias são distantes pelo menos quase mil anos de seus eventos, porém não se diz que com a Bíblia se dá o mesmo? Eu respondo não! Os mais de 24.000 fragmentos e textos existentes comprovam sua veracidade (sem contar os manuscritos do mar morto, que é praticamente palavra por palavra), e através dos métodos atuais de pesquisa, pode-se ter absoluta certeza que a Bíblia que lemos hoje, é a Bíblia que Jesus lia e que os Apóstolos e evangelistas escreveram.

Porém a fé que salva é um presente de Deus, não pode vir do homem, pois em seu estado natural o homem está morto por causa do pecado e nada mais é do que um rebelde para com Deus; seus desejos anseiam por tudo aquilo que Deus detesta, porém Deus com sua graça comum a todos os homens permite que haja bondade, e beleza em muitos atos humanos.

A fé para a salvação é presente de Deus assim como a graça, que é definida como um favor que não se merece (ninguém merece a salvação). Assim, portanto, ninguém se salva, é salvo por Deus (Ef 2.8,9).

Os Cristãos verdadeiros não se curvam a ninguém, a não ser a Deus e a Jesus o Cristo, não somos contra governo algum, porém temos o nosso governo celestial, e a nossa constituição que é a Bíblia.

Nosso Rei nos ordena a não nos intimidarmos com as ameaças de morte ou perseguição, portanto senhores, avante, avante e avante.

Não fugiremos à nossa responsabilidade de defendermos o que é correto e a verdade, e por ela não abrimos mão, e como diria Paulo, o grande apóstolo, não retrocedemos nem por uma hora, para que a verdade do evangelho permaneça entre vocês, se alguém quer nosso louvor, saiba que não o terá, somente rendemos louvor e dobramos nossos joelhos a Deus, pois somente a Ele toda a Glória.

Nunca em toda a história do Cristianismo houve tanta perseguição quanto nos dias atuais. Deste a morte de Estêvão, que inaugurou a grande galeria de mártires santos, nunca em toda a História, cristãos têm sofrido tanta oposição como agora.

Homens e mulheres, pessoas às quais esse mundo não era digno, foram mortas pelas perseguições movidas pelos fariseus, escribas e saduceus dos tempos bíblicos; foram queimados; torturados e jogados às feras pelos Césares, enforcados e jogados em campos de concentração por Hitler, são mortos por fanáticos islâmicos; perseguidos pelo FBI como criminosos, (Cf. o Caso de: Jenkins x sua ex-parceira lésbica Lisa Miller), onde Pastores Menonitas estão sendo presos...

Outros são obrigados a fugir para o exterior como Julio Severo, que por sua militância em defender a família foi perseguido e está sendo perseguido. Todos os citados aqui, não se sentem como simples vítimas de cortes supremas tendenciosas e relativistas, mas seguidores e seguidoras de Jesus Cristo e por ele enfrentam qualquer coisa. Afinal; poderiam eles dizer outra coisa diferente do que disse o antigo mártir Policarpo, quando este, instado a negar sua fé diante da ameaça de morte disse: “como poderia negar aquele que por longos anos só me tem feito o bem? Vocês me ameaçam com o fogo que queima e logo se apaga, pois, desconhecem o fogo da justiça de Deus que permanece sempre acesso pela eternidade”.

Opor-se ao relativismo em todas as instâncias traz resultados, e não se enganem, sempre trouxe, se o caminhar com Cristo cobrar o seu preço hoje, estaremos dispostos a pagar.

domingo, 18 de dezembro de 2011

CIRCO GOSPEL



No Circo Gospel tudo é tão surreal
Quebrar maldição hereditária é coisa normal
Decretar bênção, prosperidade, cura e riquezas
“Exigir nossos direitos como filhos das promessas”
Dar entrevista para o bispo
Num carro importado, sem ligar para o fisco
Clamar em nome de Jeová
E mandar a crise passar
Rompendo em fé ordenar a Deus
Que nos obedeça, pois somos sacerdotes seus
Cantar heresias, entoar mantras e louvores ao ego
Porque é mais lucrativo do que glorificar ao Deus vivo
São tantos apóstolos, patriarcas, príncipes e reis
Não precisam mais da Bíblia nem de suas leis
E tome marcha pra Gezuiz, ato profético e igreja do poder
Tem gente que não muda nem se renascer
“Pra que santidade, se é tão gostosa a vaidade?”
“Pra que doutrina, se meu carro não tem nem buzina?”
Querem mais é enriquecer, conquistar, prosperar
Por isso seguem seus gurus sem ao menos questionar
Um país de tolos, um circo gospel
Pastores mercenários, multidões interesseiras
Correndo atrás do vento, rumo ao nada
Trocando a verdade por mentiras grosseiras
Tudo por interesse
Tudo por interesse
E muitos se perdem para sempre
Diante de tanta ganância e sandice
Por isso, meu amigo,
Pregue a Palavra, proclame a sã doutrina
Sei que hoje em dia isso é um perigo
Mas é nosso chamado, nossa vocação
Num tempo de apostasia, numa era de perdição
Sabendo que os eleitos serão finalmente salvos

Mesmo em meio a tanta degradação.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ADORAÇÃO: QUEM É DEUS E PORQUE ELE É DIGNO DE SER ADORADO

Deus é digno de toda a glória, pois Ele criou todas as coisas, inclusive nós seres humanos (Ap 4.11) e nos resgatou à custa do sangue de Seu próprio Filho (Ap 5.11-14). Ele é o Criador (Gn 1.1), Sustentador (Hb 1.3), Redentor (Gl 3.13) e Consumador (Hb 12.2) de todas as coisas. Ele criou tudo o que existe – incluindo a nós, seres humanos – para o louvor da Sua glória (Sl 19.1; Is 43.7; Rm 11.36; Ef 1.4-6,11,12; Ap 4.11).
           
Em tudo o que fez, Jesus buscou a glória do Pai (Jo 7.18; 12,27,28; 14.13; 17.1; Rm 15.7). Ele nos advertiu que não buscar a glória de Deus torna a fé impossível (Jo 5.44). O Espírito Santo veio para glorificar o Filho de Deus (Jo 16.14) e somos instruídos, na Palavra, a viver para a glória de Deus (1Co 10.31; 1Pe 4.11), pois para isso fomos criados.[1]

Portanto, Deus é zeloso de sua própria glória. Ele corretamente busca a Sua própria glória acima de todas as coisas, pois, se procedesse de outro modo, seria idólatra. Deus é o maior valor do universo; priorizar qualquer outra coisa além de Deus, é idolatria (veja Rm 1.18-22). Assim, Ele declara: “Eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso” (Ex 20.5), e “Não darei a minha glória a nenhum outro” (Is 48.11). Ele jamais deixará de exaltar a Sua glória, “pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13). Deus é o Sumo Bem, e ao buscar a Sua própria glória, Ele nos apresenta o valor infinito de Seu próprio ser, o resplendor da Sua santidade, a beleza infinita de Sua natureza, que Ele compartilha conosco em amor. Por isso, o salmista exclama, extasiado: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita!” (Sl 16.11). Aurélio Agostinho, bispo de Hipona, declarou a Deus em suas Confissões: “Tu és a própria beleza!”. É esse amor por Deus, esse desejo pela glória de Deus e pela Sua presença maravilhosa em nossas vidas, que desejamos transmitir às pessoas, por meio de nossas vidas e ministérios. “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1,2). “Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. SENHOR, meu Deus, eu te darei graças para sempre!” (Sl 30.11,12). Deus, o próprio Deus, é a única fonte da verdadeira alegria; por isso, a adoração nunca é mecânica, ou automática: adorar é expressar a Deus o nosso amor, a nossa gratidão, a nossa alegria e o nosso anseio pela Sua presença!

“Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome” (Sl 5.11).

“Em ti quero alegrar-me e exultar, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Sl 9.2).

“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão” (Sl 63.1-3).

“A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl 73.25,26).[2]
           
A Palavra de Deus diz: “todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16), e “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém” (Rm 11.36). A respeito de Seu povo, Ele diz: “A quem criei para a minha glória, a quem formei e fiz” (Is 43.7). Existimos para a glória de Deus! Essa é a grande verdade que nós, cristãos reformados, devemos viver, ensinar e demonstrar, levando as pessoas à verdadeira adoração, à verdadeira vida cristã.

Por tudo isso, a adoração a Deus “é a função primordial que a Igreja deve exercer na face da Terra. Adorar significa cultuar, orar, rogar, venerar, homenagear. Deus deve ser adorado pelos seus filhos em vista de sua majestade, poder, santidade, bondade, retidão e providência em favor dos homens”[3].

Tudo em nossos cultos deve ser planejado e realizado para glorificar a Deus, e não a homens. Adoração inclui reverência (Is 6.5; Ap 5.14). “A adoração é um aspecto do culto a Deus no qual o adorador fica tão comovido, cheio de temor reverente e enlevado pela sua consciência da glória e majestade de Deus, que cai prostrado diante dEle”[4]. O sentimento é o mesmo de João, ao deparar-se com o resplendor do Cristo glorificado: “Quando o vi, caí aos seus pés como morto” (Ap 1.17). Cultos elaborados de modo a entreter ou mesmo divertir os participantes, nada têm a ver com o verdadeiro culto cristão, onde a presença majestosa do Senhor infunde temor, respeito e reverência.

Adoração, portanto, é a atividade de glorificar a Deus em nossas vidas – e no culto - com nossos dons e talentos, nossas vozes e instrumentos, com todo o nosso coração, de modo a engrandecer a Deus na congregação. É “o ato que revela ou expressa o quanto Ele é grandioso e glorioso. A adoração representa a reflexão consciente da dignidade e do valor de Deus”[5]. A adoração genuína significa que “buscamos com fervor a satisfação em Deus; que o buscamos fervorosamente como o nosso prêmio, o tesouro, o alimento da alma, o deleite do coração, o prazer do espírito. Ou para dar a Cristo o alto lugar de honra – ou seja, buscar com fervor tudo o que Deus significa para nós em Cristo crucificado e ressurreto”[6]. Que possamos transmitir todo o valor, a dignidade, a plenitude de alegria, de vida e de excelência que há em Deus! “Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração” (Cl 3.16).

Fomos criados para a glória de Deus. A primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster, “Qual o fim principal do homem?”, tem como resposta: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nEle para sempre” (Sl 86.9; Is 60.21; Rm 11.36; 1Co 6.20; 10.31; Ap 4.11; Sl 16.5-11; 144.15; Is 12.2; Lc 2.10; Fp 4.4; Ap 21.3,4). “Portanto, adorar é uma expressão direta do nosso principal propósito na vida”[7]. Adorar a Deus é o motivo pelo qual fomos criados! Nada é mais importante; nada pode substituir a adoração.

A adoração genuína, com conhecimento bíblico e reverência, fará com que o nosso coração se alegre na presença de Deus (Sl 16.11; 27.4; 73.25; 84; 92.1-5). Deus também alegra-se em nós (Is 62.3-5; Sf  3.17). Quando adoramos, nos aproximamos de Deus (Hb 10.19-22; 12.18-24), Deus se aproxima de nós (Tg 4.8), recebemos o socorro do Senhor (Hb 4.16) e os inimigos de Deus fogem (2Cr 20.21,22).[8]

Adoremos, portanto, “em espírito e em verdade” (Jo 4.23), isto é, no Espírito Santo (em comunhão com Deus e com a igreja) e de acordo com a sã doutrina bíblica, para que nossa adoração seja de fato “aceitável, com reverência e temor” (Hb 12.28,29), mas também com “alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8). Adoremos ao Senhor porque Ele é digno!




NOTAS

1. Este parágrafo foi baseado em PIPER, John. Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus em missões. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, pp. 22-23.
2. Cf. PIPER, John. Teologia da Alegria: a plenitude da satisfação em Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2001, pp. 63-85. Este livro está sendo publicado atualmente sob o título Em Busca de Deus.
3. MARTINS, Jaziel Guerreiro. Manual do Pastor e da Igreja. Curitiba: A. D. Santos, 2002, p. 18.
4. DICKIE, Robert L. O que a Bíblia ensina sobre Adoração. São José dos Campos: Fiel, 2007, p. 49.
5. PIPER, John. Irmãos, nós não somos Profissionais: um apelo aos pastores para ter um ministério radical. São Paulo: Shedd Publicações, 2009, p. 247.
6. Ibidem, p. 250.
7. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 848.
8. Este parágrafo foi baseado em GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, pp. 849-852.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

UM DESABAFO REFORMADO

Você sabe o que comemoramos no mês de outubro? Ou o que deveríamos comemorar? Alguns falam em missões, outros em mês das crianças, outros em eventos evangelísticos e celebrações... mas nada disso seria realidade sem a bendita Reforma Protestante. Em 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero afixou suas 95 Teses na porta da igreja de Wittenberg, dando início ao movimento reformado. A Bíblia foi devolvida ao povo. O Cristianismo bíblico e histórico foi restaurado. Nenhuma de nossas igrejas "evangélicas" existiria sem a Reforma. E alguns ainda se dão ao luxo de ignorá-la. Um povo que despreza seu passado está desperdiçando seu presente e jogando fora seu futuro... Graças a Deus que em muitas igrejas, ainda, a Reforma Protestante é lembrada e celebrada! Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós, que nos dizemos "evangélicos" e "protestantes", e nos visite poderosamente com um grande - e verdadeiro - avivamento, para que possamos erguer com dignidade a tocha que nos foi passada pelas gerações anteriores de cristãos. Soli Deo Gloria, o brado reformado: Glória somente a Deus!