
Por John MacArthur
O que está acontecendo com a igreja evangélica contemporânea? De onde vêm tantos escândalos, tantos episódios lamentáveis, tanta hipocrisia, tanta ganância e iniquidade? Estamos testemunhando a falência da igreja?
Para alguns – e com toda a razão - tais perguntas podem soar exageradas, até mesmo absurdas. Ora, a igreja vai muito bem, obrigado. Não há motivo para alarme. O evangelho está sendo pregado, muitas vidas estão se prostrando aos pés do Salvador, dia a dia.
No entanto, é inegável que boa parte da igreja evangélica – e aqui tratarei especificamente da igreja brasileira – está nas mãos de enganadores, mercenários, falsos pastores, que muitas vezes assumem títulos pomposos como “apóstolos” e “bispos”, entre outros, sempre com o mesmo objetivo: enriquecer à custa da religiosidade e da ingenuidade do povo. Mas não apenas isso. Muitas vezes, igualmente, o povo que lota as “igrejas” fundadas por esses falsos mestres não é nem um pouco ingênuo. O fato é que as pessoas buscam a prosperidade material, a vida boa, as posses e as bênçãos terrenas, e certos tipos de líderes e de “igrejas” são especialmente apropriados para esse tipo de gente. Junta-se a fome com a vontade de comer: os que enganam por amor ao dinheiro e os que gostosamente se deixam enganar – por amor ao dinheiro. Estou me referindo a uma grande parcela da igreja evangélica brasileira, que já nasceu torta, que nunca foi séria, e que leva o nome “evangélica” por uma aberração cultural, não por merecimento. Esse tipo de “igreja” não é igreja, e muito menos evangélica.
Há dois mil anos atrás o Apóstolo Paulo já advertia Timóteo a respeito de falsos líderes religiosos que “têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5). É inegável que muitos deles estão atuando hoje no Brasil! Pensam, de fato, que a vida cristã é fonte de lucro, e descaradamente apregoam suas mentiras a respeito de Deus, a respeito da Bíblia, blasfemando, corrompendo e poluindo tudo o que tocam e todos aqueles que caem em suas teias de aranha – todos os que, cativados pelas falsas promessas de saúde e prosperidade, ajudam a encher cada vez mais os seus cofres e contas bancárias. Judas, meio-irmão do Senhor, também já advertia a verdadeira Igreja a respeito desses mercenários: “Esses homens são rochas submersas (...) pastores que só cuidam de si mesmos. Nuvens sem água (...) árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas (...) ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas” (Jd 12, 13). Sim, rochas submersas, que fazem naufragar os incautos. Sim, pastores que só cuidam de si mesmos, para os quais o rebanho não passa de fonte de comida e vestimenta. Sim, estrelas errantes, que induzem os outros ao erro, a uma vida completamente errada diante de Deus e diante dos homens. O Apóstolo Pedro também advertiu a Igreja a respeito deles: “Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade” (2Pe 2.2). Sim, por causa deles, a verdadeira Igreja é difamada dia a dia, o evangelho e o próprio Nome do Senhor são blasfemados pelos homens. Pedro prossegue: “Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda”. Sempre a cobiça! “Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos!” (2Pe 2.14). Judas concorda quanto ao destino desses falsos mestres: “Ai deles! Pois seguiram o caminho de Caim, buscando o lucro caíram no erro de Balaão, e foram destruídos na rebelião de Corá” (Jd 11). Afirmando ser ministros de Cristo, não passam de ministros de Mamom. Se conhecessem um pouco a Bíblia que tanto utilizam como pretexto para suas asseverações loucas e seus desvarios, saberiam que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6.10) e que “Ninguém pode servir a dois senhores (...) vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6.24). Se conhecessem a Palavra de Deus, que arrogantemente ostentam em seus púlpitos mentirosos, não ensinariam seus seguidores a amar o mundo (1Jo 2.15-17). A esses falsos mestres, preletores da prosperidade, enganadores do povo, lobos vorazes, que tomem vergonha na cara enquanto ainda é tempo, e que se convertam ao verdadeiro evangelho, ao verdadeiro Cristianismo. Às pessoas que os seguem, que também criem vergonha, que também se arrependam, e que parem de correr atrás de ilusões, de promessas vazias, e que busquem ao Senhor, o Deus vivo e verdadeiro, o Deus da Bíblia, enquanto ainda é possível achá-lO.
Povo brasileiro, leia a Bíblia! Povo brasileiro, pare de buscar na religião a solução para seus problemas financeiros, e comece a buscar, incansavelmente, em Jesus Cristo a solução para o maior de todos os seus problemas – a condenação eterna devido ao pecado. Somente em Jesus Cristo estamos livres dessa condenação! (Rm 8.1). Povo brasileiro, abandone esses falsos mestres, essas falsas “igrejas”, e procure por pastores sérios, busque igrejas sérias, verdadeiras! Povo brasileiro, abandone a falsa religião, a superstição “evangélica”, e busque o verdadeiro Cristianismo, conheça a verdadeira Igreja! Povo brasileiro, pare de acreditar nos charlatães da religião e comece a ler a Bíblia!
Jesus Cristo é a revelação maior de Deus para a humanidade. Ele é chamado, com toda a propriedade, de “Palavra de Deus”, em passagens como João 1.1,14 e Apocalipse 19.13. O autor de Hebreus chama a atenção para o fato de que Deus, “nestes últimos dias, falou-nos por meio do Filho” (1.2). Jesus é o Logos, o Verbo, a Palavra viva do Deus vivo, a revelação última e definitiva de Deus para os homens (João 14.8-10). Por isso, conhecer a Cristo é fundamental, é a vida eterna (João 17.3). Durante o tempo em que Ele andou com os Apóstolos, transmitiu a eles as grandes verdades de Deus, e Sua mensagem transformou suas vidas para sempre.
Atualmente não podemos andar com Jesus do mesmo modo que seus discípulos originais. No entanto, temos os escritos desses discípulos, que juntamente com os escritos dos Profetas do Antigo Testamento, constituem a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus para nós. Deus operou nesses homens, dirigindo-os por meio do Espírito Santo, para que registrassem as palavras de Deus para as gerações seguintes – para nós.
Paulo escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3.16). A palavra inspirada, aqui, é a tradução da expressão grega theopneustos, que significa, literalmente, “soprada por Deus”. A Bíblia é o sopro de Deus! É o fôlego de vida do Todo-Poderoso, que gera vida espiritual naqueles que a recebem. Assim como Adão tornou-se “um ser vivente” ao receber o sopro divino, assim também nós recebemos o “fôlego de vida” proveniente das Sagradas Escrituras.
Nossa tremenda responsabilidade, como Igreja, é estudar diligentemente essa Palavra, pôr em prática seus preceitos em nossas vidas e transmiti-la aos nossos semelhantes. Nas palavras de Hermann Bavinck, o grande teólogo reformado holandês do século XIX: “A Igreja não recebeu essa Escritura de Deus para simplesmente repousar sobre ela, muito menos para enterrar esse tesouro na terra. Pelo contrário, a Igreja é chamada para preservar essa Palavra de Deus, explaná-la, pregá-la, aplicá-la, traduzi-la, difundi-la no estrangeiro, recomendá-la e defendê-la – em uma palavra, fazer com que os pensamentos de Deus, revelados na Escritura, triunfem em todos os lugares e em todas as épocas sobre os pensamentos do homem. Toda a obra que a Igreja é chamada a fazer é a de ministrar a Palavra de Deus” (1). E na sua vida... a Palavra de Deus também triunfou?
NOTA
A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).
Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadasanti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.
Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.
Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.
NO DIA 31 DE OUTUBRO DE 1517, HÁ 493 ANOS ATRÁS, UM MONGE AGOSTINIANO CHAMADO MARTINHO LUTERO AFIXA SUAS 95 TESES NA PORTA DA IGREJA DE WITTENBERG, ALEMANHA, PROTESTANDO CONTRA A VENDA DE INDULGÊNCIAS QUE OBJETIVAVA LEVANTAR FUNDOS PARA A CONSTRUÇÃO, EM ROMA, DA BASÍLICA DE SÃO PEDRO.
ESSA DATA TORNOU-SE UM MARCO NA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO, SENDO COMEMORADA, A CADA ANO, COMO O DIA DA REFORMA.
MAS COMO TUDO ISSO COMEÇOU?
10 DE NOVEMBRO DE 1483 – NASCE MARTINHO LUTERO, NA PEQUENA CIDADE DE EISLEBEN, NUMA FAMÍLIA DE ORIGEM CAMPONESA MAS QUE VIVIA DO TRABALHO NAS MINAS DE COBRE. EDUCADO SOB A DURA DISCIPLINA DAQUELA ÉPOCA, CERTA VEZ APANHOU DE SUA MÃE ATÉ SANGRAR POR TER ROUBADO UMA NOZ. EM SUA ESCOLA, LEVOU 15 CHIBATADAS POR NÃO CONSEGUIR DECLINAR UM VERBO EM LATIM.
A ALEMANHA DAQUELE PERÍODO ENFRENTAVA DESOLAÇÕES E INÚMERAS DOENÇAS. A PESTE BUBÔNICA CEIFAVA INÚMERAS VIDAS, MATANDO CIDADES INTEIRAS. UM QUARTO DA POPULAÇÃO INFANTIL MORRIA ANTES DOS 05 ANOS DE IDADE.
SOMENTE HAVIA UM CONSOLO: A IGREJA E SUA PROMESSA DE UM PARAÍSO.
TAL PROMESSA HAVIA TRANSFORMADO A IGREJA NA INSTITUIÇÃO MAIS PODEROSA DO MUNDO. MAIS RICA DO QUE OS REIS, MAIS PODEROSA DO QUE OS IMPERADORES – MAS TAMBÉM TIRÂNICA E DESESPERADAMENTE CORRUPTA.
A GRANDE QUESTÃO PARA O HOMEM DAQUELES TEMPOS ERA: “COMO POSSO SER SALVO?”. LUTERO TAMBÉM VIVIA ANGUSTIADO COM ESSA QUESTÃO. JESUS CRISTO ERA APRESENTADO COMO UM JUIZ TERRÍVEL, PRONTO PARA ABATER COM SUA ESPADA OS PECADORES. O ÚNICO CAMINHO SEGURO ERA APROVEITAR TODOS OS RECURSOS QUE A IGREJA OFERECIA – SACRAMENTOS, PENITÊNCIAS, INDULGÊNCIAS, PEREGRINAÇÕES, A INTERCESSÃO DOS SANTOS, ETC – PARA TENTAR OBTER A SALVAÇÃO E A VIDA ETERNA. COMO MUITOS OUTROS EM SEU TEMPO, LUTERO EXPERIMENTAVA VIVIDAMENTE O “TERROR AO SAGRADO”.
ESTUDIOSO DEDICADO, EM 1502 ELE RECEBE O GRAU DE BACHAREL EM ARTES E EM 1505 O DE MESTRE EM ARTES. SEU PAI DETERMINARA QUE ELE DEVERIA ESTUDAR DIREITO, MAS EM JULHO DE 1505, DURANTE UMA VIAGEM, FOI SURPREENDIDO À NOITE POR UMA TERRÍVEL TEMPESTADE. RELÂMPAGOS RISCAVAM O AR. UM RAIO CAIU A POUCOS METROS DE LUTERO, LANÇANDO-O AO CHÃO. PROSTRADO DE JOELHOS, CLAMOU: “SANTA ANA, AJUDE-ME! SE ME SALVARES, TORNAR-ME-EI MONGE!”
O HOMEM QUE ASSIM INVOCAVA UMA SANTA MAIS TARDE REJEITARIA O CULTO AOS SANTOS. AQUELE QUE ACABAVA DE PROMETER TORNAR-SE MONGE MAIS TARDE RENUNCIARIA AO MONASTICISMO. LEAL FILHO DA IGREJA CATÓLICA, MAIS TARDE ABALARIA AS BASES DO CATOLICISMO. SERVO DEVOTO DO PAPA, MAIS TARDE IDENTIFICARIA OS PAPAS COM O PRÓPRIO ANTICRISTO.
TRÊS SEMANAS DEPOIS MARTINHO LUTERO ENTROU NO MOSTEIRO DA ORDEM DE SANTO AGOSTINHO EM ERFURT. EM 1507 FOI ORDENADO MONGE E NO MESMO ANO CELEBROU SUA PRIMEIRA MISSA. AQUELA MISSA FOI UMA EXPERIÊNCIA EXCRUCIANTE PARA LUTERO, ATERRORIZADO POR ESTAR DIANTE DA DIVINDADE – ELE, UM PECADOR, OUSAVA CONSAGRAR A HÓSTIA SAGRADA! NAQUELE TEMPO CRIA-SE QUE O HÁBITO DE MONGE ERA UM “SEGUNDO BATISMO” QUE PERDOAVA OS PECADOS; LUTERO, PORÉM, NÃO CONSEGUIA AQUIETAR SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA, QUE O ACUSAVA DIANTE DO DEUS TERRÍVEL DE SANTIDADE E JUSTIÇA. JEJUAVA POR VÁRIOS DIAS SEGUIDOS, SE AUTO-FLAGELAVA, PRATICAVA INÚMERAS PENITÊNCIAS, MAS SEMPRE E SEMPRE CONTINUAVA SENTINDO A MANCHA TERRÍVEL DO PECADO EM SUA CONSCIÊNCIA. “COMO POSSO SER SALVO?” ERA DEVOTO DE VÁRIOS SANTOS: CONFESSAVA-SE POR MAIS DE SEIS HORAS SEGUIDAS, REMOENDO CADA PEQUENO DETALHE DE SEUS ATOS E PENSAMENTOS, EM BUSCA DE PERDÃO. COMO UM HOMEM PODERIA SUPORTAR A PRESENÇA DE DEUS, A MENOS QUE FOSSE SANTO?
EM 1510-1511 SUA ORDEM O ENVIOU A ROMA A NEGÓCIOS. LÁ ELE TESTEMUNHOU A CORRUPÇÃO E A LUXÚRIA DA IGREJA ROMANA. FICOU CHOCADO COM A LEVIANDADE E IMORALIDADE DOS SACERDOTES ROMANOS. ELES PRÓPRIOS COSTUMAVAM DIZER QUE “SE EXISTE UM INFERNO, ROMA ESTÁ CONSTRUÍDA SOBRE ELE”.
EM 1511 LUTERO FOI TRANSFERIDO PARA A UNIVERSIDADE DE WITTENBERG. SEU LÍDER ESPIRITUAL, STAUPITZ, ACREDITAVA QUE LUTERO PODERIA VENCER SEUS MEDOS CASO ESTUDASSE A BÍBLIA, E EM WITTENBERG PRECISAVAM DE UM PROFESSOR. AO ENTRAR EM CONTATO COM AS ESCRITURAS, A FIM DE PREPARAR SUAS AULAS, LUTERO DEPAROU-SE COM A AFIRMAÇÃO DE PAULO EM ROMANOS 1.17: “O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ”. ISSO O CONVENCEU DE QUE SOMENTE PELA FÉ EM CRISTO ALGUÉM PODE TORNAR-SE JUSTO DIANTE DE DEUS. O ESTUDO DA BÍBLIA O LEVOU A CRER SOMENTE EM CRISTO PARA A SUA SALVAÇÃO.
EM 1517 O MONGE DOMINICANO TETZEL COMEÇA A VENDER INDULGÊNCIAS NA ALEMANHA, PARA SUPRIR O PAPA LEÃO X DE RECURSOS A FIM DE PAGAR A GIGANTESCA SOMA DE DINHEIRO QUE ELE HAVIA EMPRESTADO AOS BANQUEIROS ALEMÃES FUGGER. LEÃO X QUERIA CONSTRUIR A BASÍLICA DE SÃO PEDRO, E QUERIA QUE A MESMA FOSSE MAIOR E MAIS PORTENTOSA DO QUE O ANTIGO PARTENON GREGO. TETZEL AFIRMAVA QUE AS INDULGÊNCIAS PODERIAM PERDOAR QUAISQUER PECADOS E QUE A CRUZ ERGUIDA COM O BRASÃO DE LEÃO X TINHA O MESMO PODER QUE A PRÓPRIA CRUZ DE CRISTO. ELE AFIRMAVA: “NO INSTANTE EM QUE UMA MOEDA TILINTA NO FUNDO DO COFRE, UMA ALMA ESCAPA DO PURGATÓRIO!”
AQUILO FOI DEMAIS PARA O RECÉM-CONVERTIDO MARTINHO LUTERO. EM 31 DE OUTUBRO DE 1517 ELE AFIXA 95 TESES NA PORTA DA IGREJA DE WITTENBERG. NELAS, EM LATIM, CONDENA O SISTEMA DE INDULGÊNCIAS E DESAFIA A TODOS PARA UM DEBATE SOBRE O ASSUNTO. A TRADUÇÃO PARA O ALEMÃO E A PUBLICAÇÃO DAS 95 TESES ACABAM POR TIRAR A DISCUSSÃO DO AMBIENTE ACADÊMICO E PRECIPITAR OS ACONTECIMENTOS.
EM JULHO DE 1519 LUTERO É CONVOCADO PARA DEBATER COM O REPRESENTANTE PAPAL, JOHN ECK. SOBREVIVE GRAÇAS AO APOIO DA NOBREZA ALEMÃ, PARTICULARMENTE DO PRÍNCIPE FREDERICO, ELEITOR DA SAXÔNIA E RESPONSÁVEL PELA UNIVERSIDADE DE WITTENBERG.
EM 1520 PUBLICA SUAS OBRAS APELO À NOBREZA GERMÂNICA, O CATIVEIRO BABILÔNICO E SOBRE A LIBERDADE DO HOMEM CRISTÃO. EM JUNHO O PAPA LEÃO X PROMULGOU A BULA EXSURGE DOMINE, QUE RESULTOU NA EXCOMUNHÃO DE LUTERO. AS OBRAS DE LUTERO SÃO QUEIMADAS EM ROMA. LUTERO QUEIMA A BULA PAPAL NA ALEMANHA.
EM NOVO CONCÍLIO, EM 1521, LUTERO NOVAMENTE RECUSA A RETRATAR-SE. LEVADO POR SEUS AMIGOS, CONTRA A SUA VONTADE, PARA O CASTELO WARTBURG, ONDE PERMANECEU ESCONDIDO ATÉ 1522, LUTERO ESCAPOU DA FÚRIA ASSASSINA DA IGREJA ROMANA.
EM SEU EXÍLIO EM WARTBURG LUTERO TRADUZIU A BÍBLIA PARA O ALEMÃO, A FIM DE QUE O POVO FINALMENTE TIVESSE ACESSO ÀS ESCRITURAS. ENQUANTO ISSO, SEUS ALIADOS NÃO PERDIAM TEMPO, LEVANDO ADIANTE A OBRA DA REFORMA. EM 1521 SAI A PUBLICAÇÃO DA OBRA LOCI COMMUNES, DE PHILLIPPE MELANCHTON. NELA, MELANCHTON REJEITOU A AUTORIDADE DA IGREJA ROMANA E DOS CONCÍLIOS, ESTABELECENDO ACIMA DE TODOS A BÍBLIA COMO AUTORIDADE FINAL PARA OS CRISTÃOS.
A BÍBLIA ALEMÃ DE LUTERO FOI FINALMENTE PUBLICADA EM 1534. FOI A PRIMEIRA BÍBLIA NO VERNÁCULO DO POVO ALEMÃO, E SERVIU DE MARCO PARA A PADRONIZAÇÃO DA LÍNGUA.
NA ESTEIRA DE LUTERO VIRIAM OUTROS REFORMADORES, COMO ULRICH ZWINGLIO E JOÃO CALVINO (AMBOS NA SUÍÇA), JOHN KNOX (NA ESCÓCIA) E OUTROS. DEPOIS VIRIAM OS ANABATISTAS E SUA REFORMA RADICAL, CUJO LÍDER DE UM DOS PRINCIPAIS GRUPOS FOI MENNO SIMMONS (OS MENONITAS TÊM ESSE NOME EM HOMENAGEM A ELE).
LOGO A REFORMA ESPALHOU-SE POR OUTROS PAÍSES DA EUROPA, COMO HOLANDA E MESMO A INGLATERRA, ONDE POR QUESTÕES MERAMENTE PESSOAIS O REI HENRIQUE VIII ROMPEU COM O PAPA E TORNOU-SE O CHEFE DA IGREJA INGLESA, DANDO ORIGEM AO ANGLICANISMO.
E NA HOLANDA DO SÉCULO XVII, UM GRUPO DE REFUGIADOS INGLESES DEU INÍCIO A UM MOVIMENTO DE FÉ QUE DARIA ORIGEM, POSTERIORMENTE, À IGREJA BATISTA. OS PRIMEIROS BATISTAS A PRATICAR O BATISMO POR IMERSÃO FORAM OS BATISTAS REFORMADOS (CALVINISTAS) INGLESES, QUE SE CONGREGARAM A PARTIR DE 1633.
OS PRINCÍPIOS DA REFORMA (CINCO SOLAS):
SOLA FIDE – SOLA GRATIA – SOLA SCRIPTURA – SOLUS CHRISTUS
SOLI DEO GLORIA
(SOMENTE A FÉ – SOMENTE A GRAÇA – SOMENTE AS ESCRITURAS
SOMENTE CRISTO – GLÓRIA SOMENTE A DEUS)